Nicole sorriu amargamente no momento em que teve que fugir da vida do único homem que amou durante toda a vida. Dilan a odiava, ele a detestava tanto que se a tivesse na sua frente iria matá-la sem dúvidas.
— Bom dia. Frederico, o melhor amigo de Dilan, cumprimentou-a. — Como você está?
— Estou bem, dentro do possível. Ela sussurrou, um pouco triste.
— E como está o Jonas?
— M*al, não sei mais o que fazer para que o meu filho fique bem. Ela soluçou. — Os médicos não me dão autorização para nada e...
— Você deve contar a Dilan o que está acontecendo. Disse Frederico, balançando a cabeça. — É um segredo que não posso mais continuar escondendo, tudo vai vir à tona em algum momento.
— Dilan não vai acreditar que temos um filho juntos. Ela sussurrou. — Ele deveria ter me dito que era estéril ou Natacha deveria ter dito isso.
— Não encontraram ninguém compatível com os órgãos do meu filho e a cada dia ele se afasta da lista de transplantes. E eu não sei mais o que fazer.
— É compreensível, se você não pedir ao pai dele para te ajudar, as coisas sempre continuarão assim. Frederico entregou-lhe um copo de café para beber. — Eles vão dar alta para ele?
— Sim, o médico disse que foi só o susto, mas tenho a sensação de que o meu filho vai morrer a qualquer momento e o pai dele me odeia porque acha que eu o enganei de propósito. Quero contar tudo para ele, no entanto, que não há explicação para isso e ainda mais porque Dilan é estéril.
— Ele não é estéril. O seu amigo franziu a testa. — O pequeno Jonas nasceu por um motivo. Ele pegou a mão dela. — Eu sei que você está com medo, que Carmen e Natacha tenham muito a ver com isso...
— Ele está com raiva e... Três anos em que estamos separados, é tempo suficiente para ele não me odiar mais e…
— Eu sei, você está certa, Dilan ainda não esqueceu tudo que vocês três fizeram. Ele a lembrou. — É uma pena que você tenha que passar por tudo isso, sinto muito mesmo.
— Eu sei, a por*ra da culpa é minha por não ter tido coragem de contar a ele o que está acontecendo comigo, mas não posso contar a ele que tivemos um filho quando ele é estéril. Natacha sabia disso e eu não estava com outro homem... até tive que mentir para ele quando estávamos juntos.
— Você contou a ele que fez uma cirurgia para ficar virgem de novo ele acreditou. Frederico riu sem poder evitar. — Vocês dois são um casal tremendo e é uma pena que vocês tenham se separado e que Dilan não queira ver você.
Os seus lábios inferior começou a tremer. — Dilan garantiu que eu não conseguisse emprego em lugar nenhum e por causa dele estou num dilema agora.
— É por isso que eu te digo que você deve contar a verdade para ele, ele pode te ajudar mais do que eu e você sabe disso.
— Se ele me ver, vai me jogar do último andar. Ela enxugou as mãos. — Você consegue um encontro com ele? Bem, se eu decidir.
— Claro, você sabe que nunca haverá problemas comigo. Ele acariciou a bochecha dela. — Espero que a Natacha mostre a cara em algum momento, porque você realmente não merece tudo isso.
— Natacha até mudou de nome assim que eu disse a ela que Dilan já sabia de tudo o que estava acontecendo. Ela balançou a cabeça— Vou ver o meu filho, muito obrigado por tudo.
— Vamos juntos, quero ver o meu sobrinho. Frederico estendeu a mão para ela. — Espero que você possa caminhar sozinha.
— Eu posso fazer isso.
Eles foram até o quarto onde estava Jonas, que estava com os braços cruzados sobre o peito e olhando para a enfermeira com vontade de matá-la.
— E se Dilan se atrever a dizer que ele não é filho dele, mate-o por mim. Fred sussurrou para ela e ela riu. — Onde está o meu sobrinho favorito?
— Você não tem mais sobrinhos. Respondeu Jonas, ainda parecendo malvado. — Mamãe, você está aqui.
— Olá, meu amor. Nicole se aproximou do filho para lhe dar um abraço. — Como você está se sentindo?
— M*al, estou com muita náusea e quero sair daqui. Jonas estendeu os braços para ela carregá-lo. — Aquela mulher me odeia.
— Para uma criança de três anos, ele tem o mesmo temperamento odioso do pai. Disse Frederico. — Por que é que quando você ne*ga um filho, ele ou ela se revela idêntico a você?
— Porque o pai dele nem sabe que ele existe. Ela sussurrou e beijou a bochecha do filho. — Muito obrigado, enfermeira.
— É um prazer, e tente educar o seu filho para que ele não diga tudo o que pensa.
Fosse brincadeira ou não, ela tinha que fazer isso, o seu filho não poderia sair pelo mundo fazendo as suas coisas como se não fosse nada, era impossível ter que lidar com ele e, além disso, ela tinha certeza que esse garotinho ia continuar jogando com relutância.
Frederico foi o único que lhe deu uma ajuda quando ela mais precisou, até lhe deu um teto quando Dilan lhe tirou a capacidade de trabalhar. Porém, ela teve que encontrar os meios necessários para tratar a doença que o seu filho tinha nos rins.
Fred a ajudou no que pôde e embora fosse o melhor amigo de Dilan, não havia dito nada a ele, pois sabia que o seu amigo não aceitaria.
— Quer ir para casa ou comer alguma coisa?
— E se a imprensa nos vir como da última vez? Perguntou Nicole, um pouco tímida. — Não quero que você tenha mais problemas por querer me ajudar...
— Não será um problema, pode ficar tranquila. Ele sorriu para ela. — Além disso, o meu sobrinho favorito tem que comer o que quiser.
— Ele tem três anos...
— E nessa idade o pai já sabia as somas mais difíceis que podem existir. Você não vê que aquela criança é uma minicópia do Volkan?
— Eu sou mais bonito. Disse Jonas, e ela mordeu o interior da bochecha para não rir do que o filho acabara de dizer. — Estou com fome e quero conhecer o meu pai.
— Ainda não é hora para isso. Fred o carregou, para que Nicole ficasse mais confortável. — O seu pai está viajando e ainda não sabe que te criou com muito amor.
Nicole balançou a cabeça um pouco triste, mas seu amigo estava fazendo tudo que podia para que ela não tivesse que lidar com tudo.
— O meu pai não me ama, mãe? Jonas perguntou, brincando com os dedos. — Ele nunca está comigo e...
— O seu pai deve te amar muito, ele só está confuso e ainda não podemos dizer a ele que você é filho dele. Ela passou as pontas dos dedos pelas bochechas do menino. — Quero que você saiba que eu te amo muito, que ninguém vai te machucar.
— Meu pai vai me machucar?
— Não, ninguém vai te machucar...
— Tenho que ir para a empresa. Informou Fred. — Serão alguns minutos, depois poderemos comer quando quisermos.
— É melhor esperarmos você em casa, não quero que Jonas fique doente ou coisa parecida.
— Não vai acontecer nada, garanto que Volkan não os verá e vocês ficarão no estacionamento. Ele ligou o carro. — Surgiu um problema com alguns documentos que a secretária de carregamento tinha que entregar.
— Não tenho certeza, aquela mulher sempre quis estar no mesmo lugar que eu. Se ela nos ver pode querer fazer alguma coisa. Nicole engoliu em seco. — Acho que você pode nos deixar em casa.
— Isso não vai acontecer.
Fred foi até a empresa de Dilan. Jonas estava com um sorriso enorme no rosto, mostrando que estava feliz porque iria ver o seu pai. Nicole não conseguia compartilhar aquele sentimento que o seu filho projetava.
Ela queria chorar de desamparo, porque se Volkan visse a sua minicópia, ele iria matá-la lentamente.
— Espere no carro, estarei de volta em alguns minutos. Disse Fred e ela assentiu.
Fred saiu do carro com uma cara carrancuda, pois teria que resolver os problemas.
— Por que não saímos? Quero ir ao banheiro e beber água. O garotinho cruzou os braços sobre o peito, assim como o seu pai fazia quando as coisas não aconteciam como ele queria. — Espero que você me dê a água, mãe.
— Agora não, espere alguns minutos, por favor…
— Não, quero água agora, por favor.
Ela procurou algumas notas nos bolsos da saia e conseguiu respirar feliz quando viu que tinha dinheiro para comprar água para o filho.
Naquele momento ela não sabia que as coisas não seriam totalmente bonitas e ainda mais porque aquele pequeno travesso tinha ideias claras de tornar a sua vida impossível a ponto de fazer tudo isso para ver o seu pai.
Ela saiu do carro, olhou para todos os lados e caminhou até o elevador que levava ao andar onde ficava o refeitório. Jonas aplaudiu muito assim que entraram no aparato do demô*nio e ela só pôde rezar o Pai-Nosso para que ninguém a reconhecesse.
Ela esperou o elevador chegar ao andar correspondente, ninguém pareceu perceber que era ela e ela ficou grata por isso. Muitas coisas passaram pela cabeça dela.
Ela pediu a garrafa de água e alguns salgadinhos para o filho, pagou e voltou para o elevador. Para seu azar, outra pessoa pediu o elevador para o último andar e ela quis impedi-lo. Ela abraçou o seu filho com força e a sua alma deixou o seu corpo quando encontrou Volkan cara a cara.
— O que diab*os você está fazendo aqui...?
— Olá, pai. Jonas o cumprimentou, animado.
Aquelas palavras, aquelas m*alditas palavras, acabaram arruinando tudo o que ele queria proteger com a sua vida.