Lembranças do dia do casamento.
Dilan franziu a testa ao ver calmamente o corpo que se movia pela pista de dança com ar de doçura e que, pela primeira vez, conquistou o carinho dos seus pais, pois segundo os seus cálculos, Natacha ou Nicole, como ela realmente era chamada. Bem, a sua esposa, ela nunca se deu bem com a sua família. E agora, por algum motivo, ela estava se divertindo com os pais. Havia algo diferente naquela mulher, todos ali estavam encantados, porém, ele tinha as suas dúvidas.
— Há algo de errado com você? Frederico perguntou, entregando-lhe um copo. — Você está olhando demais para Nicole e isso me deixou preocupado.
— Você não percebeu algo estranho nela? Ele perguntou, franzindo a testa, olhando para a mulher que acabara de se tornar a sua esposa. — Desde que ela voltou daquela viagem, não consigo tirar da cabeça que está tudo errado e que não é minha esposa quem está ali.
— Ela veio mudada daquela viagem, aproveite.
— Não é isso…
— Dilan. Nicole o chamou, pegando o seu braço. — Vamos dançar, por favor.
Dilan a observou por um momento, os seus olhos estavam brilhantes e os olhares dos presentes estavam neles e ele não teve escolha a não ser seguir em frente. Não era tão ru*im ela estar tão feliz, se dando bem com todo mundo. O estranho é que ela o convidou para dançar onde ela sabia que dançar não combina com ele.
— Você não quer dançar comigo? Ela perguntou, fazendo beicinho e pegando o copo dele para entregá-lo a um dos garçons. — Se você…
— Não se preocupe, você só me pegou desprevenido. Ele a cercou com os braços. — Por que você quer ir para outro lugar na sua lua de mel?
— Quero conhecer a Grécia, bom, os diferentes lugares. Eles começaram a se mexer com a música. — Você vai me levar?
— Claro. Só estou perguntando.
Aquele sorriso, aquele m*aldito sorriso que ela deu a ele não era o mesmo de sempre.
.......
Dilan olhou para Nicole com um olhar crítico, ela estava realmente organizando tudo para que Jonas e ele fossem trabalhar na empresa. Teve que ligar para o médico do filho para saber se era bom ou rui*m levá-lo para o trabalho, porque apenas duas semanas se passaram desde que ele fez a cirurgia e ele lhe disse que a recuperação estava indo muito rápido para uma criança da sua idade.
— Está tudo aqui. Disse Nicole, saindo da sala e caminhando em direção às escadas. — Vou ficar aqui, porque quem vai colocar os móveis no quarto do Jonas está chegando em breve e preciso que tudo esteja em ordem.
— Você está nos deixando, mãe. Disse Jonas, dos braços do pai. — Você está nos mandando para o matadouro, assim como no romance que vemos.
— Sim, é exatamente isso. Disse Dilan, seguindo-a como se ela fosse um cachorrinho. — É um perigo estarmos os dois no mesmo lugar, ele não me ama, eu também não e agora você está...
— Fazendo as coisas direito. Comentou Nicole, abrindo a porta para ela e entregando-lhe a bolsa. — Vá em frente, vou mandar comida para vocês, não comam nada e mande o seu motorista me procurar.
Ela bateu a porta na cara deles e não teve escolha a não ser ir até o carro, onde o motorista já os esperava.
— Tente não me envergonhar. Disse ele, sentando-o na cadeira e colocando-lhe o cinto de segurança. — A sua mãe tem fé que nos daremos bem. No entanto, farei o meu melhor.
— Eu quero ficar. Sussurrou Jonas. — Será onde o tio Fred trabalha?
— Sim, ele deve estar trabalhando para mim. O carro começou a andar. — Tudo o que tenho é seu, você é quem manda se eu morrer e...
— Então, se você morrer, eu fico com tudo o que você tem?
— Sim, você é meu filho. Ele respondeu confuso. — Por que você pergunta?
— Você tem que morrer rápido, eu tenho que ficar milionário e o tempo não é eterno.
Dilan abriu e fechou a boca como se fosse um peixe, aquela criança não poderia dizer algo assim. Ele tinha três anos, era um pirr*alho. É claro que muito inteligente e ainda mais porque assistia novelas com a mãe. Aquela criança precisava ser estudada. Sim, os melhores médicos e estudos sobre aquela criança para saber o que realmente estava acontecendo com ele, porque falar tantas coisas que lhe vinham à cabeça, não fazia sentido, até o próprio filho estava desejando a morte dele, algo inédito, caramba!
Quando chegaram na empresa, ele pegou a sua pasta, a bolsa de Jonas e com muito cuidado desceram do carro. O garotinho colocou os braços em volta dos ombros de Dilan, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa.
Os seus funcionários ficaram chocados ao vê-lo naquela fase de pai amoroso. Os boatos da imprensa estavam se tornando realidade, pois as fotos dele saindo do hospital, também com a mulher com quem se casou e depois desapareceu, eram verdadeiras. Aquele garotinho era idêntico a ele, a mesma criança que estava lá semanas antes.
— Bom dia, senhor. Cumprimentou a sua secretária, confusa. — Essa criança é...?
— Eu sou filho dele e tenho um nome. Disse Jonas, olhando para ela com a testa franzida. — Eu não quero ela aqui, tire ela de perto de mim.
— A sua mãe me disse a mesma coisa. Ele ignorou a secretária e entrou no escritório, sem perceber que havia fechado a porta na cara da menina. — O chão está limpo, então você pode andar, aqui o espaço é curto e você não fará nenhum esforço.
— A mamãe virá? Ele perguntou, sentando-se em uma das almofadas. — Eu não gosto daquela mulher.
— A sua mãe disse a mesma coisa, mas não posso demiti-la, porque ela é minha melhor funcionária. Ele suspirou e deixou as coisas de Jonas no sofá. — Há muito espaço e a sua mãe preparou alguns brinquedos para você. Você quer assistir televisão?
— Posso ver?
— Claro.
Jonas assistia tudo o que Dilan fazia, e até se divertiu assistindo a enorme televisão. E Dilan conseguiu se concentrar no trabalho, pois realmente tinha muito o que fazer. De vez em quando recebia ligações da sua secretária para certas coisas, que ignorava. A única ligação de fora que recebeu foi de Nicole, e ele nem precisou esperar dois toques para atender.
— Vocês dois ainda estão vivos? Nicole perguntou em tom divertido. — Imaginei que vocês estivessem se matado no caminho para a empresa.
— Quase conseguimos, porém, o seu filho sabe como conquistar as pessoas em um piscar de olhos. Comentou Dilan, observando Jonas brincar com o quebra-cabeça. — As coisas estão indo bem entre nos dois nesse momento.
— Foi uma boa ideia adiantar o seu momento juntos. Houve uma pequena pausa. — Vou levar comida para vocês, caso você tenha esquecido.
— Estou pensando nisso. Ele se virou na cadeira e olhou para a passagem pela cidade. — Como está tudo indo com a reforma do quarto?
— Eles trabalham rápido, só tenho a sensação de que nós três teremos que dormir mais alguns dias juntos na mesma cama, porque a tinta não vai secar durante a noite ou pelo menos é o que eu acho.
— Eu sei, só que a qualquer momento ele vai me jogar da cama porque segundo ele estou invadindo o espaço dele.
— Ele é um menino, você só precisa ter paciência com ele. Sussurrou Nicole, e ele ouviu um barulho do outro lado. — Receio ter que desligar agora, acho que a mobília acabou de ser quebrada.
— Você precisa de ajuda?
— Não, nem duas horas se passaram e você já quer vir.
Nicole encerrou a ligação, e ele estalou a língua, bravo, aquela mulher deixava os seus cabelos em pé com as coisas dela e sem dúvida ele a queria ao seu lado. Algumas batidas na porta o fizeram sair da realidade, para sua má surpresa, era sua secretária, que tinha alguns relatórios em mãos.
— Você tem uma reunião agora, senhor.
Ele levantou-se, pegou os relatórios e caminhou até onde o seu filho estava.
— Estarei no escritório ao lado, preciso que você fique aqui e não quebre nada.
— Eu ficarei aqui. Disse Jonas sem olhar para Dilan.
— Tudo bem. Ele olhou para sua secretária. — Ninguém entra no meu escritório, a menos que seja Frederico ou Nicole.
— Nicole? Aquela mulher…?
— Ela é minha esposa e ele é meu filho, caso você tenha visto a fofoca sobre entretenimento. Ele ajeitou o terno. — Vá fazer o seu trabalho.
Ele esperou que ela saísse do escritório e foi para a sala de reuniões que ficava ao lado do escritório dele. Ele deixou a porta entreaberta e foi fazer o seu trabalho. Frederico tinha visto de tudo desde a sua chegada, a tal ponto que o sorriso zombeteiro que ele tinha no rosto não iria desaparecer por nenhum motivo.
Dilan brincava com a caneta, ouvindo tudo o que os seus funcionários diziam.
A porta que dava para seu escritório se abriu, alertando todos os presentes. Jonas entrou na sala de reuniões engatinhando, pois ainda é um pouco difícil para ele andar bem após a cirurgia. Em uma da suas mãos havia um punhado de cabelo, a suas bochechas estavam vermelhas e ele chorava.
— Pai. Ele soluçou, procurando por ele.
Dilan levantou-se da cadeira e foi até onde Jonas estava chorando muito.
— O que aconteceu…
Dilan viu que ele não tinha ferimentos no corpo e que apenas respirava pesadamente. Ele caminhou rapidamente até o seu escritório, fechando a porta atrás de si e vendo que os seus brinquedos estavam no chão, espalhados por todos os lados. Ele tirou um punhado de cabelo da mão dela, percebendo que era da sua secretária.
— Estou aqui. Ele o balançou de um lado para o outro. — Papai está com você.