ᎠᎨᏴ ᏗᎦᎵᏅᎯᏛ

1070 Words
Chloe, tendo se decidido a abraçar a ideia do desafio tribal, aproveitou um momento de pausa na conversa com Raoni para expressar seu interesse: "Fiquei sabendo que vai ter um ritual tribal em breve," ela começou, com um tom de voz que misturava curiosidade e uma cautela calculada. "Será que posso participar? Gostaria muito de aprender mais sobre sua cultura. Este lugar é lindamente único." Raoni, que a observava com um olhar analítico, estreitou os olhos, ponderando se Chloe estava sendo sincera em seu pedido ou se havia alguma intenção oculta por trás de suas palavras. Intrigado por sua natureza curiosa e pelo potencial desafio que ela poderia representar, ele acabou concordando: "Sinta-se à vontade para assistir ou participar, faça como bem entender," ele respondeu, sua voz carregada de uma leve suspeita. O sorriso que Chloe deu em resposta foi doce e angelical, talvez demasiado para o gosto de Raoni, que começou a suspeitar que talvez tivesse cometido um erro ao permitir tão prontamente a participação dela. Ele observou enquanto ela saía do escritório com uma postura de confiança que pouco fez para apaziguar suas dúvidas. Assim que Chloe deixou a sala, Raoni chamou rapidamente Ravi, seu amigo e braço direito: "A princesinha de Nova York quer participar do nosso ritual. Arranje uma roupa adequada para ela. Vamos ver se ela realmente está disposta a mergulhar na nossa cultura," instruiu Raoni, com um tom que misturava desafio e uma dose de malícia. Ravi, conhecendo bem o olhar calculista de Raoni, compreendeu o jogo em que estavam entrando. Raoni queria testar Chloe, possivelmente forçá-la a desistir e se arrepender de sua curiosidade impertinente. Enquanto isso, Chloe, que estava admirando alguns artefatos locais na sala, foi surpreendida por Ravi que se aproximou com um convite peculiar: "Vem comigo, cara pálida, vamos arrumar alguém para te ajudar com os preparativos para o ritual," disse ele, usando uma expressão que carregava um misto de sarcasmo e diversão. Tentando manter o espírito leve, Chloe respondeu com uma pitada de ironia: "Claro, huga-huga." Mas por dentro, sua mente fervilhava com estratégias e planos sobre como usar essa oportunidade a seu favor. Ravi não pôde deixar de fazer uma careta diante da resposta dela, e guiou-a para fora, onde se encontraram com uma matriarca da tribo. Falando em cherokee, ele explicou a situação: "Tia, o chefe permitiu que essa estrangeira participasse do nosso ritual. Poderia ajudá-la a se preparar?" A senhora índia, avaliando Chloe com um olhar que transbordava julgamento e ceticismo, concordou em ajudar, mas não sem antes soltar em cherokee, "ᎠᎨᏴ ᏗᎦᎵᏅᎯᏛ," uma frase que significava "mulher burra". Ravi não conseguiu conter uma risada, enquanto Chloe olhava desconfiada para a troca de palavras. Percebendo a confusão de Chloe, Ravi provocou: "Ou você pode ir embora se quiser." Chloe, sentindo uma mistura de indignação e desafio, quase mostrou seu dedo do meio para Ravi, mas se conteve e, em vez disso, assentiu resolutamente para a matriarca, decidida a seguir em frente com o plano. A matriarca levou Chloe até uma pequena cabana onde os preparativos para o ritual ocorreriam. No caminho, Chloe ponderava sobre a estranha e complicada situação em que havia se metido. Apesar da hostilidade velada e dos desafios que enfrentava, ela estava determinada a não apenas aprender sobre a cultura Cherokee, mas também a usar a experiência para alcançar seu objetivo maior: levar Raoni para Nova York. A matriarca guiou Chloe através de uma pequena clareira que serpenteava pelo denso arvoredo da fazenda. Entre as árvores emergia uma cabana, cuja construção exalava tradição. As paredes de madeira rústica, envelhecidas pelo tempo, contavam histórias de gerações, enquanto o telhado de palha se integrava perfeitamente ao ambiente natural ao redor. A estrutura modesta, mas imponente em seu contexto, era um santuário de tradições antigas preservadas com orgulho pela comunidade. Entrando na cabana, Chloe foi recebida por um interior que transmitia um acolhimento simples, mas profundo. O chão de madeira rangia suavemente sob seus pés, ecoando cada passo seu dentro do pequeno espaço. A cabana se dividia em dois quartos, uma cozinha equipada com utensílios básicos e uma porta discreta que Chloe presumiu levar ao banheiro. Na pequena sala, a presença de uma televisão moderna contrastava com o mobiliário de estilo artesanal, criando um diálogo visual entre o antigo e o novo. O ar estava impregnado com o aroma adocicado dos incensos que queimavam tranquilamente em um canto, emitindo uma fumaça que dançava levemente à luz que se infiltrava pelas janelas. Este cheiro, combinado com o som suave dos murmúrios da matriarca em cherokee, adicionava uma camada de misticismo e serenidade ao ambiente. Após observar Chloe detalhadamente, a matriarca finalmente quebrou o silêncio com sua voz rouca: "As roupas de minha filha devem servir," ela declarou, indicando uma decisão tomada após meticulosa consideração. Um pouco hesitante, mas querendo manter a cordialidade, Chloe perguntou: "Ela não vai se importar?" A resposta da mulher veio carregada de um peso emocional inesperado: "Não, ela morreu," disse ela, seu rosto marcado pela tristeza e resignação. Chloe, surpresa pela franqueza e pela natureza trágica da revelação, rapidamente expressou suas condolências: "Eu sinto muito." Com um olhar distante e uma expressão endurecida pelo tempo e memórias, a matriarca acrescentou, em cherokee, "ᎠᎨᏴ ᏗᎦᎵᏅᎯᏛ," antes de traduzir com um suspiro: "Ela não morreu assim... Ela se casou com um estrangeiro e morreu para mim." Percebendo a complexidade dos sentimentos da mulher e o abismo cultural que suas palavras sugeriam, Chloe assentiu respeitosamente, escolhendo não adentrar mais nos dramas pessoais da velha índia. A matriarca então se retirou para um dos quartos e, após alguns minutos, reapareceu: "Pode se trocar lá dentro. Já deixei a roupa em cima da cama. Depois, vou pintar você." Chloe adentrou o quarto indicado, encontrando as vestes tradicionais meticulosamente arranjadas sobre a cama. As roupas, feitas de tecidos naturais, eram adornadas com detalhes meticulosos—franjas de couro, bordados com motivos indígenas, e pequenas contas coloridas que refletiam a luz do entardecer que agora se infiltrava pela janela. Havia um respeito palpável e uma solenidade no modo como a vestimenta havia sido preparada para ela. Enquanto se trocava, Chloe refletia sobre a responsabilidade de vestir tais roupas, ponderando sobre o significado de cada detalhe, cada símbolo que agora adornava seu corpo. Era uma oportunidade para imergir, ainda que brevemente, em uma cultura profundamente diferente da sua, uma chance de ver o mundo através de outros olhos, perceber outras verdades.
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