Claro que assim que eu cheguei em casa, na metade da tarde, com pouco tempo para organizar as coisas antes de buscar as crianças, eu acabei me sentindo um pouco irresponsável. Qual é a mãe que se preza que nem mesmo recolhe a louça suja do café da manhã, antes das quatro da tarde? Não era bem o tipo de mãe que eu costumava ser, é bem verdade, mas, se eu considerasse que agora, diferente de antes, eu era a mãe que trabalhava e cuidava das compras e de todas as caronas sozinhas sim, eu podia tolerar uns pratos sujos ou menos uma certa bagunça na cozinha e na lavanderia. Fim de semana eu daria um jeito.
Ainda estava pensando nas coisas que James havia dito sobre agora precisar dividir o seu tempo entre o escritório de New York e o de Los Angeles e sinceramente, não havia engolido facilmente a parte em que ele alugaria um flat em Malibu para facilitar as coisas. Na minha cabeça, nenhum homem em sã consciência decide deliberadamente sustentar três casas, ele devia estar ganhando realmente bem para isso e eu e as crianças, os maiores prejudicados nessa equação desfavorável de tempo, acabaríamos compensando com o dinheiro, a partir daquele momento, e com o aval de James, não havia nada que o papai ou a mamãe não pudessem pagar.
Obviamente eu estava desconfiada. Quem é que não estaria? De repente o meu marido se apresenta de uma forma mais calma e comedida e diz a mim que se eu quiser trabalhar, esta tudo bem, mas que eu não preciso e nem mesmo devo, ele tem dinheiro o suficiente para me dar uma vida de princesa. Eu nunca quis ua vida de princesa, mas talvez, poder trocar de carro e fazer algumas viagens seja uma boa forma de começar ou ainda, permitir-me um dia de paz, sossego e vinho tinto, pagando uma babá por algumas horas, apenas para poder relaxar e não sair correndo para atender as necessidades, vontades e birras dos meus três projetinhos de seres humanos. Reitero: eu amo os meus filhos e eu faria tudo por eles, mas absolutamente todas as mães do mundo, precisam de um tempo para elas mesmas.