Aleksey Markovic
Finalmente, lá vem o Petrov. Já estava a ponto de mandar um drone atrás dele.
— Finalmente Petrov, eu pensei que teria que enviar um drone para sua casa — reclamo, visivelmente impaciente.
— Eu sou um homem casado agora, tenho que esperar a minha esposa ficar pronta — responde ele, no mesmo tom, enquanto se senta.
Entrego-lhe os documentos sobre a mãe da Zayka. Estou prestes a dar-lhe uma surpresa que ele não esperava. Enquanto ele folheia os papéis, vejo a confusão em seus olhos.
— Como é que isso aconteceu? Como é que, Isabella Massimo casou com o capo da Camorra? Isso é loucura, ela era uma prostituta, ela é mãe da Sopy? — pergunta ele, chocado.
Aguardo um momento para que as informações se assentem antes de responder.
— Isabella Massimo nunca foi uma prostituta. Ela foi sequestrada ainda adolescente pela Cosa Nostra. Eles planejavam casá-la com Ricardo Constantine. Na época, ela era a herdeira da Camorra. Mas, após seu desaparecimento, a Camorra foi invadida pela máfia siciliana, que está no comando agora — explico, sem amenizar a revelação.
Petrov está visivelmente atordoado com a novidade. Se Isabella é realmente a herdeira legítima, isso complica tudo.
— Está me dizendo que Isabella Massimo é a senhora da Camorra, não por seu casamento, mas pelo sangue? — ele repete, ainda atônito.
— Sim e não. Isabella Cassano agora pode até ser a herdeira legítima da Camorra, mas isso não lhe confere autoridade. A família dela perdeu o poder há décadas. Portanto, seu casamento não lhe dá nenhuma vantagem — completo, rindo da ironia.
Vejo Petrov lutando para processar a informação. A expressão em seu rosto diz tudo.
— Respondendo à sua pergunta, sua sogra terminou como prostituta por causa de sua melhor amiga, que armou para ela — esclareço, antecipando sua confusão.
Não preciso dizer quem é a melhor amiga. É óbvio que é a serpente chamada Giana Constantine. A expressão no rosto de Petrov confirma que ele entendeu.
— Não precisa falar, Giana Constantine é um monstro — murmura ele, percebendo a enrascada em que estamos.
— Isso mesmo. Sua sogra falsa é assustadora. Essa mulher faz o d***o parecer amador. Ela armou para que a melhor amiga fosse expulsa por traição, tomou o lugar dela e a filha dela — completo, ainda surpreso com a frieza da Giana.
Petrov parece compreender o perigo que enfrentamos. Roberto Constantine foi um t**o, e seu destino provavelmente será selado por Giana. Mas, por causa de Zayka, temos que evitar o pior.
— Realmente, meu amigo, mas me conta como andam as coisas na África, a propósito, por quê foi até lá? — pergunta Petrov, mudando de assunto.
Sento-me direito na cadeira, preparando-me para explicar.
— Eu tinha alguns assuntos a resolver lá — respondo, tentando esconder o verdadeiro motivo.
Petrov sorri, sabendo exatamente o que está por trás do meu tom sombrio.
— Uma mulher? UAU! Ela deve ser realmente importante para tirar você de seu porão — provoca ele.
— Olha quem fala, você está amarrado a sua esposa igual a um cachorrinho — rebato.
— Por acaso o seu problema é a louca que está dançando com a minha esposa? — pergunta ele, levantando uma sobrancelha.
Assinto ligeiramente, sem revelar demais. Este jogo de segredos é perigoso, mas inevitável.
Yasmin Ayala
Entro na boate e sinto os olhares se voltarem para mim. A música alta, as luzes piscando, tudo contribui para a atmosfera carregada de energia. Minha decisão de vir aqui não é apenas um capricho, é uma mensagem. Avisto Aleksey do outro lado do salão e percebo o momento exato em que ele me vê. Seu olhar é intenso, misturando surpresa e uma faísca de algo mais. Sinto uma onda de satisfação ao notar sua reação. Caminho com confiança até o bar, cada passo calculado, cada movimento carregado de intenção. Peço uma bebida e, enquanto espero, sinto os olhares e murmúrios ao meu redor. Estou ciente de que sou o centro das atenções, mas é o olhar de Aleksey que me importa. Quero que ele veja que estou no controle, que não sou alguém facilmente intimidada ou manipulada. Enquanto bebo, lanço um olhar casual na direção de Aleksey, deixando um pequeno sorriso brincar em meus lábios. Sei que ele está observando cada um dos meus movimentos, tentando decifrar minhas intenções. É uma dança sutil de poder e atração, e estou determinada a não ceder terreno. Esta noite, sou eu quem dita as regras.
...
Quando Aleksey se vira para sair, sinto uma onda de ansiedade e me apresso para segui-lo.
— Onde vai? — pergunto, tentando disfarçar meu nervosismo. A ideia de ficar sozinha, especialmente depois do que aconteceu, me deixa inquieta.
Ele se vira para mim com um olhar que mistura irritação e algo mais difícil de identificar, mas que me deixa sem fôlego.
— Vou resolver o problema que você arranjou. Vê se não arranja problemas nesses poucos minutos sozinha — diz ele, com firmeza na voz.
Ele segura meu cabelo de leve, puxando minha cabeça para trás até nossos rostos ficarem bem próximos. Meu coração dispara, e fecho os olhos por reflexo, esperando o que ele vai fazer.
Em vez de um beijo, ele apenas solta meu cabelo e se afasta. Abro os olhos e vejo seu olhar fixo em mim. É um momento tenso que me faz tremer um pouco.
— Aleksey... — murmuro, com a voz quase um sussurro. Meus lábios estão entreabertos, e estou totalmente focada nele, ansiosa pelo que vem a seguir.
Mas ele se afasta, me deixando com a respiração acelerada e um turbilhão de emoções. A mistura de surpresa e confusão me deixa um pouco desorientada enquanto observo ele se afastar. Tento recuperar o fôlego, ainda sentindo a tensão no ar, percebendo o quanto estou ansiosa por ele. A intensidade do momento é esmagadora, e tudo o que posso fazer é esperar e tentar me recompor até que ele volte.
Observo a festa, buscando algo interessante para passar o tempo, quando vejo uma mulher sozinha, claramente irritada, em um canto. Me aproximo dela, notando seu vestido vermelho que destaca suas curvas e sua expressão de frustração.
— Noite r**m? — pergunto casualmente, parando ao lado dela.
Ela é ainda mais bonita de perto, com um brilho de fogo nos olhos.
— Muito r**m, eu fui trocada por alguns velhos de negócio — responde ela, apontando com a cabeça para uma mesa onde alguns homens estão sentados.
Um sorriso malicioso se forma nos meus lábios. É a oportunidade perfeita para alguma diversão.
— Quer dar uma lição nele? — sugiro, deixando meu tom diabólico claro.
Ela parece considerar a ideia por um momento, e vejo um brilho de determinação surgir em seus olhos. Quando ela concorda com a cabeça, sei que a noite está prestes a ficar muito mais interessante.
Levo-a até a pista de dança, aproveitando a atmosfera vibrante da música e das luzes.
— Eu sou Yasmin, e você? — me apresento assim que chegamos ao centro.
— Isabella Petrov, mas pode me chamar de diaba — grita ela por cima da música.
Rindo da energia que ela transmite, começo a dançar. Aparentemente, ela não está brincando, e eu estou mais do que disposta a ajudá-la a ensinar uma lição ao marido dela. Hoje, vamos mostrar a ele o que significa ser casado com uma "diaba".
A festa está animada, e noto Isabella tentando seguir o ritmo da música, parecendo um pouco perdida.
— Eu não sei dançar esse tipo de música, Yas. Como é que devo me mexer? — pergunta ela, curiosa e talvez um pouco nervosa.
— Só deixa a música te conduzir — grito por cima do som, tentando encorajá-la.
A música é envolvente e sensual. Vejo Isabella começar a se soltar, movendo-se primeiro com hesitação, mas logo deixando o corpo se ajustar ao ritmo. Ela encontra um fluxo natural, e sua dança se torna hipnotizante. Seus movimentos são suaves e confiantes, com uma graça que atrai olhares.
Ela se vira na direção do camarote, e sigo seu olhar. Ali, um homem observa cada movimento dela com intensidade. Mesmo sem estar perto, é óbvio que ele está lutando contra seus sentimentos.
— Amiga, você está ótima! Para alguém que disse que não sabe dançar, você está arrasando — elogio, impressionada, enquanto a música muda e ela se adapta com facilidade.
Ela continua dançando, com os olhos fixos no homem no camarote. A tensão entre eles é evidente, como se o ar ao redor deles estivesse carregado.
Chego mais perto, sentindo que é o momento perfeito para uma diversão extra.
— Vamos deixar isso ainda mais interessante? — sussurro em seu ouvido, puxando-a para mais perto.
Dançamos juntas, nossas mãos se movendo com naturalidade. Posso ver o homem no camarote tentando manter a calma, a surpresa e o fascínio em seu olhar inconfundíveis.
De repente, Isabella se vira para mim e, sem aviso, me beija. O gesto é inesperado e breve, mais sobre provocar e brincar do que qualquer outra coisa. Sinto a surpresa ao nosso redor.
— UAU! Isso foi inesperado, mas você mandou bem — digo rindo, continuando a dançar. Isabella sabe como chamar a atenção, sem dúvida.
Enquanto continuamos dançando, percebo que algo mudou. Ela para abruptamente, procurando pelo homem no camarote. Ele desapareceu, e isso parece deixá-la preocupada. A ansiedade em seu rosto é clara enquanto tenta sair da pista de dança.
— Aleksander, querido, preciso encontrar minha amiga — escuto-a sussurrar, tentando parecer calma, mas ele a detém antes que ela consiga ir longe.
— Onde pensa que vai, Zayka? Acha que vai sair impune depois disso? — sua voz é baixa e firme, e é óbvio o quanto ele está focado nela.
A tensão entre eles é quase palpável. Decido que é melhor me afastar e deixá-los resolver isso, dando espaço para que conversem. Estou recuando da pista de dança, ainda com a adrenalina correndo por minhas veias depois de toda a provocação, quando sinto alguém se aproximar rapidamente. Viro-me e vejo Aleksey vindo na minha direção. Seu rosto está uma mistura de fúria e algo mais intenso que não consigo definir de imediato.
— Raposinha, o que acha que está fazendo? — Ele segura meu braço, a expressão no rosto dele é de quem está prestes a explodir.
— Eu só estava me divertindo — respondo, tentando manter a calma. Mas o tom de voz dele deixa claro que ele não está no clima para desculpas.
— Se divertindo? — Ele puxa o ar entre os dentes. — Você acha que provocar Isabella assim, na frente de Aleksander, é diversão?
Sinto a tensão em seu toque, e vejo como seus olhos se fixam em mim com uma intensidade que faz meu coração acelerar. Tento soltar meu braço, mas ele segura firme, os dedos apertando minha pele.
— Olha, não foi nada demais. Só uma brincadeira para apimentar a noite — explico, esperando que ele entenda. Mas vejo que seu rosto só fica mais fechado.
— Você não tem ideia do que acabou de provocar. — Sua voz é um sussurro grave, e há algo em seu tom que me deixa inquieta. — Aleksander quase perdeu o controle, e isso foi perigoso para todos nós. Você não pode brinca com fogo assim.
Sinto uma onda de culpa misturada com adrenalina. Não tinha intenção de causar problemas sérios, só queria apimentar as coisas.
— Desculpe, Aleksey. Eu realmente não queria causar problemas. Só queria que Isabella se soltasse um pouco.
A raiva nos olhos dele diminui um pouco, mas ainda há uma energia intensa ali. Ele está claramente lutando para se controlar, respirando profundamente. Finalmente, ele solta meu braço, mas seus olhos ainda estão cravados nos meus.
— Raposinha, você não faz ideia de como é brincar com essas pessoas. — Sua voz é mais suave, mas ainda carregada de tensão. — Não faça isso de novo, entendeu?
— Entendi, Aleksey. — Tento manter a voz firme, mas o olhar dele faz meu estômago dar voltas. — Não vou fazer isso de novo, prometo.
Ele encara-me por um momento que parece eterno, antes de finalmente relaxar um pouco. Mas ainda sinto a intensidade de sua presença, o olhar que ele me dá faz meu coração bater mais rápido do que antes.
— Vamos embora daqui. — Ele se vira, começando a caminhar em direção à saída. — Temos que resolver algumas coisas, e você vem comigo.
Sigo-o, sentindo o peso do que aconteceu. A diversão da noite se transformou em algo muito mais sério, e agora percebo o quanto as coisas podem sair do controle quando se trata dessas pessoas. Aleksey está claramente perturbado, e eu só posso esperar que ele não esteja planejando algo que possa piorar a situação.