Capítulo Cinco

1260 Words
Yasmin Ayala Espero a água ficar quente, não muito quente, mas também não muito fria, uma temperatura aceitável para mim, para que eu não morra de frio e que não me queime também. — Onde será esse trabalho amiga, você está cogitando fazer um trabalho na casa de alguém que você nem sequer conhece? Está quase escurecendo, você não vai sozinha — o modo amiga protetora dela, logo é activo na hora, quando ela começa com as ideias dela, ninguém consegue tirar isso da cabeça dela, ela simplesmente cisma e ponto final, ela cismou. — Ai relaxa, não vai acontecer absolutamente nada comigo, ele não é alguém que deva se preocupar, para ele eu não passo de uma formiga — falo saindo do meu quarto, um pouco apresentável, um conjunto de saia até os joelhos, acompanhada de meias calças térmicas, um body e um sobretudo. — Não vou relaxar, você está louca de fazer uma coisa dessas? Você é uma mulher e nós mulheres precisamos nos proteger — ela continua falando e falando enquanto eu luto com o meu cabelo para manter ele organizado e apresentável. Só porque eu não vou com a cara do dito cujo, isso não quer dizer que ele seja um animal e eu deva tratar ele de qualquer jeito. Eu tenho que explicar para a minha amiga que Aleksey Markovic, só olha para mim quando é necessário, ou obrigado, por ele eu posso até morrer que o mundo vai continuar girando, não entendo o porquê de tanta preocupação por parte dela. Antes que eu consiga retrucar as loucuras da minha amiga, meu celular toca e preciso ver o que é. Oi bisbilhoteira, antes que você pense que sou um stalkear ou o que c*****o você pensar, eu peguei seu número no grupo da turma. Oh! Ele sabe cumprimentar por mensagem, pensei que isso só fosse para a elite como ele. Oi Aleksey, eu não pensei nenhuma besteira e antes que reclame, eu já estou a caminho daí, não vou me atrasar. Trato logo de me explicar, não quero que ele me dê uma bronca só por chegar alguns minutinhos atrasada e eu não vou me atrasar, eu tenho trinta minutos para chegar a casa dele, ainda tenho muito tempo. Você vai se atrasar se pegar o transporte público, o meu motorista está aí para pegar você, saia logo de casa. Como sempre, ele não pede, ele ordena e a sua escrava Isaura, tem que obedecer, sem questionar ou sequer cogitar negar isso. Eu só quero que esse trabalho acabe logo e eu possa voltar a minha vida normal, em que eu sou um fantasma, sem vida e sem alma. — Amiga eu estou indo, não se preocupe comigo, o meu colega é um jovem com espírito de oitenta anos, ele não vai fazer nada comigo, na verdade ele só concordou com o trabalho porque não teve opção — explico saindo de casa, sem dar uma chance para ela de sequer pensar em me ajudar ou me prender em casa. Assim que saio do meu apartamento, um carro preto, uma Mercedez Benz, está estacionada do outro lado da rua, a sua frente, está um motorista, assim que ele me vê, ele acena para mim e eu vou até ele. — Senhorita Ayala? — ele sussura com seu sotaque Russo extremamente forte. Eu estou na Rússia a pouco tempo, é óbvio que o sotaque para mim é algo realmente surpreendente, mas o sotaque do motorista de Aleksey, superou todos os limites, ele carrega o “R” com tanta força que acho que nem os próprios vidros do carro aguentaram tanta pressão. — Sim sou eu mesma, como o senhor está? — Uso toda a minha educação que os meus pais deram, abro o meu melhor sorriso, mas o desgraçado do velho se mantém sério, igual a um robô, ele nem sequer esboça uma reacção humana. — Vamos, o senhor Markovic está esperando — o velho abre a porta para mim e entra no banco de frente ao meu. Parece que todo o povo que fica ao redor de Aleksey não tem emoções iguais a ele, era só o que me faltava, além de ter que suportar um velho de vinte e cinco anos com espírito de noventa, eu serei obrigada a suportar dois velhos de noventa anos. Eu mereço isso mesmo produção? Entro no carro do velho, o interior do carro é tão chique que me sinto uma moradora de rua. O couro dos bancos é tão novo e brilhante que estou cogitando roubar esse carro, um banco desses e todas as minhas dívidas de cartão estariam pagas. A viagem até o castelo do rei do gelo, dura pouco tempo, acho que por causa de tanto luxo que eu tive suportar no percurso, eu não senti a distância ou o carro se movendo. — Chegamos Senhorita, por favor — o motorista me ajuda a sair do carro e abre a porta para mim. Eu estou me sentindo uma daquelas protagonistas de musical natalino, igual ao príncipe de natal, em que conhece alguém na rua e nem sequer faz ideia que é um príncipe. Eu costumo chamar Aleksey Markovic de rei do gelo, só para provocar ele, mas isso não é só loucura, ele realmente é o rei do gelo. Além de ter um coração de gelo, ele mora num castelo, literalmente. O castelo está em uma colina, afastado de todas as casas, parece até que eu estou indo no castelo do Conde Drácula, talvez ele não seja o rei do gelo, talvez seja o conde Drácula e as histórias de Drácula nunca terminam bem. — Bem vinda a minha humilde casa Bisbilhoteira — Aleksey me recebe com um meio sorriso. É isso mesmo produção? Ele está “sorrindo” não é um sorriso grande ou coisa que me permita ver os dentes dele, mas é alguma coisa parecida com um sorriso. Ele está com roupas tão descontraídas que nem sequer parece a mesma pessoa, ele não parece o Aleksey Markovic que eu conheço. Ele está de uma calça moletom na cor cinza, chinelos sandálias na cor preta e uma camiseta na cor branca. Ele parece alguém comum até. Seus cabelos estão bagunçados, como se ele tivesse caído numa soneca, ele está tão sexy que seria bom se não fosse tão trágico cogitar uma Fanfic com Aleksey Markovic. — Obrigada, onde vamos fazer o trabalho? — minha voz sai tão trémula que ele percebe. A presença dele não me incomoda, na verdade ele não fez nada para mim, mas ele é tão tentador que a única coisa que eu quero no momento é fugir daqui e correr para a minha casa, enfiar a minha cabeça num buraco enorme e esquecer que eu desejei por alguns minutos a presença de Aleksey na minha vida. — Não se preocupe com o trabalho, vamos até a sala — ele me ajuda a colocar a pasta num lugar próprio e me conduz até a sala. Os nossos corpos ficam um muito próximo do outro, o aroma de seu perfume de sândalo, logo preenche as minhas narinas e me deixa embriagada. Ele cheira tão bem meu Deus. Eu não senti esse aroma da última vez que estive perto dele, na verdade da última vez, eu só me preocupei em brigar com ele e fugir logo em seguida, não tive a chance de ver o quão seus cabelos pretos são perfeitos e sedosos, o quão eles combinam com sua pele pálida, o quão eles criam um verdadeiro contraste com seus olhos azuis cristalinos.
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