Capítulo 2 - Uma nova Mulher

1132 Words
9 anos passaram desde que Anaíse sofreu a maior humilhação da sua vida e deixou a sua família. Depois da difícil conversa que teve com os seus pais, ela decidiu ir morar em Lisboa com a sua avó paterna e de lá continuar a sua faculdade. Maria Clara apesar da distância, estava sempre atenta a ela e acompanhava o seu pré natal com Maria Luísa, a obstetra portuguesa. Ela teve  uma linda menina a quem chamou Kailane, que estava agora com 9 anos e era muito inteligente e madura para a idade que tinha. Kailane adorava ajudar a mãe e a bisavó na pastelaria e até tentava fazer alguma coisa. Estavam as duas na cozinha quando a pequena perguntou: - Mamã! Quando a tia Clara vem visitar a gente? - Não sei meu amor. Mas ela prometeu que vinha passar a páscoa com a gente. - Vivaaaa! Posso fazer  bolo para ela e o Lucas? - Claro que sim princesa. Eles vão gostar muito. - Bom dia meninas.....Dona Dulce surgiu na cozinha. - Bom dia avó. - Bom dia Vovó Dulce. - Minha princesa! Queres me ajudar a arrumar as mesas antes de abrirmos? - Sim. Posso mamã? - Claro que sim. Vai no teu quarto e pega o  avental. Está bem? - Sim mamã. A pequena Kailane saiu e foi ao quarto. Já a sós com a neta, Dona Dulce perguntou: - Filha! Você pretende voltar ao Brasil algum dia? Anaíse respirou fundo antes de responder: - Não sei Avó. Estive lá apenas para o casamento da Clara e.... - Calma meu amor. Eu acho que está na hora de abrires novamente o teu coração para o amor. - Vó! Eu adoro estar aqui com a senhora. A Kailane é o único amor que quero na minha vida. Eu sou uma nova mulher. - Tens a certeza filha? Eu percebi que o jovem da livraria vem aqui só para te ver. - Como? Não acho Vovó.  Ele apenas é um óptimo cliente. Só isso. - Voltei. Podemos ir Vovó Dulce? - Claro meu amor. As duas saíram para arrumar as mesas pois já estava quase na hora de abrir a pastelaria. Meia - hora depois, os outros funcionários já tinham chegado, entre  eles Letícia que se tinha tornado muito amiga de Anaíse e trabalhava no balcão. - Bom dia Ana. - Bom dia Leti. Posso te esperar para o jantar lá em casa? - Claro. Eu não perderia a nossa noite de cinema por nada. - Óptimo. Não te esqueças do sorvete de Amoras para a Kailane.. - Não esqueço. Onde está ela? - Lá em cima com a vovó. Anaíse voltou para a cozinha e Letícia organizava os doces quando ouviu o som dos sinos da porta, o que significava que alguém tinha entrado. Ela ergueu os olhos e ficou muda. Diante dela estava um homem lindo que olhava com atenção para  tudo e sorria para os poucos clientes que já lá estavam. - Bom dia! Ele sorriu. - Bom dia Senhor.  O que deseja? - Bem senhorita Letícia.....Ele leu o nome na plaquinha presa ao uniforme dela. Eu gostaria de tomar um delicioso pequeno - almoço. O que me recomenda? - Bem! Posso recomendar o pão de presunto com recheio de mel e um delicioso café português. - Parece óptimo. - Obrigada Senhor.  Sente por favor que alguém já vai atendê - lo. - Obrigado. E por favor me chame de Júlio. Está bem? Nada de senhor. - Está bem. Júlio. Ele sentou e Letícia correu para a cozinha. - Leti? O que houve filha?....Dona Dulce que estava de volta à cozinha ficou preocupada. - Bom dia vó Dulce. Desculpa se assustei a senhora, mas é que acaba de entrar aqui o homem mais lindo do mundo. - Que exagero menina. É apenas um homem. - Não avó. Ele é lindo demais. Quase morri. - Leti. O que ele pediu?....Anaíse perguntou não ligando muito as palavras da amiga. - Bem! O prato especial da casa. 10 minutos depois, Anaíse foi pessoalmente levar o pedido de Júlio. Ele estava a ler o cardápio quando ela se aproximou, sorriu e disse: - Bom dia senhor. Seja bem vindo á pastelaria "Kailane". Sou a dona...Anaíse Miranda. Ele levantou os olhos e os seus olhares se encontraram. Então sorriu e respondeu: - Bom dia senhora Anaíse.  Muito obrigado por essa recepção. - Nada por isso. Fique á vontade.... Ela disse e se retirou. Júlio observou Anaíse se afastar. Ela era jovem e linda. Seu jeito educado e sério o deixou bem disposto. Ele terminou de comer, pagou a conta e saiu. - Amiga! Acho que ele gostou de você...- Letícia falou quando fazia a sua pausa para o café. - Tá maluca Leti? - Não. Mas eu sei que você merece ser feliz amiga. Não desista do amor. - Eu desisti do amor pelos homens há 9 anos. Meu único amor é a minha filha. - Mamã. Mamã! - Olá princesa. Já terminou de comer? - Já sim. Posso ir ver televisão? - Primeiro vai escovar os dentes e arrumar a tua mochila. Amanhã tens escola. Eu subo daqui a pouco para te ajudar. - Sim mamã. - Ela está cada dia mais linda. Ana. - Eu sei. É o meu orgulho. - Alguma vez tiveste notícias do.....Caio? - Não. E espero que continue assim. Podemos voltar ao trabalho? Por Favor. Letícia voltou para o seu lugar e Dona Dulce regressou para preparar o almoço. Apesar de ser uma pastelaria, havia uma parte que parecia um pequeno restaurante, e ficava cheio a partir do meio- dia. - Vó. Eu vou subir para ajudar a Kailane. A senhora pode terminar o almoço? Por favor. - Claro filha. Vá ajuda - lá. Anaíse subiu e observou a filha pondo o seu material na mochila. Kailane estava uma linda menina. Era forte, independente, determinada e muito inteligente. Nunca perguntou pelo pai, e Anaíse temia pela chegada desse dia. Não queria que a filha sofresse, mas também não sabia como lhe dizer a verdade sobre o pai. Afinal chegaria o dia de dizer a verdade, e este era o momento de decidir o que devia ou não ser dito a uma menina de 9 anos. A pequena conhecia apenas a família da mãe e a amava imenso.  Não fazia perguntas nem cobranças, mas Dona Dulce já tinha alertado a sua neta, e pediu que quando chegasse o momento, o melhor a fazer era dizer a verdade sem omissões. Mesmo sendo apenas uma menina de 9 anos, ela compreendia algumas coisas, e com certeza gostaria de saber porque não tinha um pai ao seu lado como as outras meninas da sua idade. Será que Anaíse vai estar preparada para dar resposta as perguntas que sua filha vai fazer?
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