PRÓLOGO
ATENÇÃO, SE TRATA DE UMA CONTINUAÇÃO. PARA ENTENDER, RECOMENDO QUE LEIAM HEDIONDO E PERIGOSO.
IRON
TEMPOS DEPOIS…
Existe um inferno dentro de mim que nunca terá paz. Eu me ajoelhava sob o vento calmo ao pé de uma árvore verde, onde à beira de sua raiz havia três túmulos. Meu pai, minha mãe e Jhon. Ele deve estar me odiando já que coloquei o corpo do lado de nossos pais, uma vez que o filho da p**a os matou sem nem pensar duas vezes.
Eu pendurava sua gloriosa medalha de honra, as quais ele esfregou na minha fuça o quão ele era bom. Mas, sabe o que vai acontecer? Meus pais devem estar nos esperando do outro lado, disposto a dar uma fodida coça nos dois, porque entRe eu e John não existe diferença nenhuma.
Ele é um cuzão morto, eu sou um cuzão vivo. Nenhum de nós somos bons.
— Senhor Prime. — Eu olhei para trás, a loira de óculos e de meia idade sorriu um tanto fraco. — Desculpe incomodar, é que a nova babá chegou.
Ela se virou quieta, eu voltei a refletir meus infernos olhando a cruz de bordas metálicas e mirei os nomes nas lápides de gravura. Levantei, olhei a casa à um certo ponto distante e podia jurar que todo o meu passado passava por mim como um maldito pesar…
Eu via Sore gritando no caminho, pegando o ônibus pro colégio, minha mãe gritando com John e eu fazendo as malas para entrar no exército. Eu via meu pai trabalhando, o jantar com os vizinhos e o trabalho cansativo da fazendo nas marcas de seu rosto. E eu achei que ia voltar pra esse lugar com a minha filha e com a Érina.
Grande merda fodida…
Subi as escadas da porta, atravessei as duas entradas e me deparei na sala com uma gostosa de p****s grandes, b***a cheia e jeans colado. Ela estava abaixada brincando Pray, que chupava seus dedinhos e chacoalhava um chocalho pára tentar chamar atenção do bebê. Leslie se colocOu ao meu lado, sorriu com os traços da meia idade em seu rosto e apontou a mulher.
— Senhor Prime, essa é Diana. Ela veio se apresentar como a nova babá.
A menina se endireitou, arrumou a blusa curta e tentou não focar na cicatriz em meu rosto, os traços rígidos do tempo e desviou o olhar por um breve momento. Passado seu desconforto, ela ajustou a franja atras da orelha e sorriu.
— Muito boa tarde, senhor Prime. Eu sou a nova babá.
— Cai fora da minha casa. — ela piscou, olhou para Leslie como se a governanta pudesse fazer alguma coisa e voltou a olhar pra mim — Quem te mandou aqui?
— Ah, eu vi a vaga no itinerário do jornal e…
— Ótimo, pode cair fora. A vaga não é sua.
— Mas o senhor nem fez uma entrevista e…
— f**a-se. Cai fora. — resmunguei, virei as costas, ouvi a menina ir reclamar alguma coisa com Leslie e depois sair pisando duro, desgostosa com a p***a da situação. — Colocou a vaga no jornal da cidade? — Questionei, assim que Leslie adentrou a cozinha e me viu pegando um copo de água.
— Tem total descrição, não passa de uma opção comum como qualquer outra, senhor Prime. — se justificou, o que me fez olhá-la — A menina era boa moça, tem responsabilidade.
— Se continuar mentindo pra mim, Leslie, tem uma vala no subsolo difícil de achar. — Leslie se calou, uma vez que ela já conhecia as regras da irmandade. — Eu comi aquela v***a na semana passada, e estava com um quilo de álcool impregnado no sangue.
Leslie respirou fundo e limpou as mãos no avental.
— Senhor Prime, o senhor me paga muito bem, mas eu estou com muito trabalho para se dar conta sozinha. O senhor não deixa ninguém de fora entrar, e toda moça que aparece aqui acaba colocando um defeito.
— Pode sair se quiser, Leslie. — Ela se calou, bati o copo na pia e a olhei duro. — É a minha filha, eu sou pai e pior ainda, o patrão.
Ela suspirou cansada, fez uma negativa. Pray começou a chorar, eu fui até o depósito térmico da mamadeira, peguei o pote de dentro e um jogo de fralda de boca que ficava ao lado, em cima do balcão de mármore e me retirei. Peguei Pray no colo, subi com ela pro quarto e fechei a porta. Sozinho dei à ela a mamadeira, esperei ela arrotar, limpei sua fralda e fiquei com ela no colo enquanto ela resmungava acordada e alternava seu nervosismo chupando os dedos.
Eu olhei a janela, a vista do velho pôr do sol e sentei na poltrona de descanso, de uma casa ainda em reforma.
— Estamos sozinhos, Pray. Sozinhos. — Eu acho que ela entendeu, porque ela começou a chorar.
(...)
TEMPOS DEPOIS…
Eu consertava um trator no galpão da garagem, precisava mexer no motor velho tentando fazer com que essa jossa pegasse o mínimo. O trabalho continuava dobrado, e fingir que eu andava na lei era a p***a de um saco. Leslie seguia reclamando, Pray continuava mamando e chorando e eu seguia a vida de campo fodido e sozinho.
— O jantar está servido, Senhor Prime.
Eu olhei para fora, o sol ainda não se pôs e Leslie me deu de ombros. Ela tinha de cozinhar quando não precisava estar dando atenção para Pray e sim, a mulher estava se matando sozinha. Deixei os panos sujos de graxa do lado, subi para casa e vi que Pray estava num momento de calmaria, o que me permitiu tomar um banho rápido.
Quando desci a menina chorava, Leslie a segurava no colo e eu fui pegá-la. Ela reclamou que a menina podia estar ficando doente, estava muito enjoada, chorou demais e parecia quente. Ela tinha impaciência em seu tom, mas ainda prestativa nas informações. Tirou sua bolsa, pegou um avental e se dirigiu até a porta, vendo meu prato de comida esfriando sobre a mesa, e Pray ficou chorando em meus braços junto com a casa vazia.
— Não está castigando a mãe da menina, senhor Prime. Está castigando a si mesmo.
Ela fechou a porta, não esperou uma resposta e sozinho eu sentei na cadeira, olhei o prato de comida e depois os pulmões de Pray berrar com toda força. Eu olhei para o telefone, sabendo que eu só precisava ligar. Eu sabia onde ela estava e com quem ela estava. Eu só precisava ligar…
Olhei para Pray chorando, senti o pesar das palavras de Leslie e como um maldito cuzão, peguei a p***a do telefone. Disquei aquela merda, coloquei o aparelho no ouvido e ouvi chamar. Camou uma vez, chamou duas, chamou três… Eu olhei o relógio, ouvi a Pray chorar e sabia que tinha uma diferença de fuso horário. E quando pensei em desligar, atenderam.
— Alô? — Era a voz do fodido ruivo. Era a voz de Dom. Ela estava com ele. Sore não ia mentir pra mim quando me deixou o número dela, mas ele atendeu. E como um fodido desiludido, de novo, eu nem mesmo consegui falar. — Iron…? — Ele ouviu o choro da Pray, e eu não desliguei o telefone só apertei o aparelho na minha mão e amassei aquela merda, me sentindo um filho da p**a fraco…
Soltei os cacos na mão, ouvi Pray aumentar o choro, deixei minha comida fria na mesa, peguei a bolsa de emergência e fui pro carro. Ela precisava de um médico, não de uma v***a fodida que trepa com malditos ruivos enquanto o filho da p**a aqui brinca de sentimentalista apaixonado.
(...)
— Senhor Prime! — Leslie abriu a porta pra mim enquanto eu adentrava com Pray dormindo no bebê conforto. Minha cara não era das melhores, mas ela imediatamente entendeu o que houve. — Como ela está? O que ela tem?
— Infecção por… — eu tentei lembrar o que a médica falou.
— Infecção por bactéria. — Ela pegou o bebê conforto de minhas mãos e viu a canseira em meu rosto. — Por isso o cocô mole e as febres. Ela anda conseguindo pegar as coisas e põe tudo na boca… O senhor está muito cansado. Pode ir tomar um banho se quiser, o café fica pronto em poucos minutos.
Eu deixei as chaves sobre a mesa, tirei a receita médica do bolso jeans e olhei a escada enquanto Leslie se colocava à beirada da pia e Pray permanecia dormindo no bebê conforto.
— Senhor Prime, o que houve com o telefone? — perguntou olhando para trás, enquanto eu deixava o pacote de remédios sobre a mesa.
— Nada. — respondi impaciente.
— Nada? — ela franziu o cenho.
— Exatamente, não aconteceu nada. — respondi um tanto mais seco e subi as escadas enquanto Leslie supunha suas conclusões.
Tirei a roupa, entrei no chuveiro e fechei os olhos, descansando. E eu não conseguia simplesmente tirar da minha cabeça Dom atendendo o telefone e as palavras de Leslie.
“Não está castigando a mãe da menina, senhor Prime. Está castigando a si mesmo”
— f**a-se. Eu quero aquela c****a longe. — resmunguei para mim mesmo, espumando ódio e ciúme.