O presente do boy

1097 Words
VERÔNICA No outro dia… Quando a Marília chegou em casa, eu estava deitada no sofá com uma bolsa de gelo na minha cabeça, pois ela doía muito. Não sei se isso funciona, mas foi à loucura que me veio à cabeça, então eu fiz. Ainda tento entender como foi que eu tive a coragem de fazer tudo que fiz ontem. Faz tempo que eu não fico com um cara e muito menos o trago para a minha casa e ainda transo com ele. Foi a maior loucura que eu fiz esses últimos dias... meses... ou até anos. Ela tentou entrar no silêncio, na pontinha dos pés, mas não serviu de nada, já que eu ouvi quando seu sapatinho caiu no chão e quando a fechadura abriu. — Aonde vai, vagabunda? — levantei a cabeça sorrindo e ela parou de caminhar na calada e virou para mim. Ela estava acabada. Com uma cara de ressaca terrível. — Marília, que p***a foi essa? Você foi atropelada por um caminhão?! — Você já se olhou no espelho, Verônica? — ela me encarou, estreitando os olhos. — Você está com chupão enorme no pescoço. Dá para ver daqui. Dei um salto do sofá e corri para o primeiro espelho que vi. No reflexo eu estava com uma mancha enorme roxa no pescoço. — FILHO DA p**a! — gritei logo que fiquei desesperada. Não tive coragem de me olhar no espelho ainda hoje. Eu sei que estou acabada, então preferi não derrubar minha autoestima me enxergando dessa forma. Agora que vi a minha situação, ainda mais com esse tipo de brinde, me sinto pior ainda. — Verônica, o que você andou aprontando? — Marília estava perplexa com o meu estado, mas carregava um sorriso orgulhoso nos lábios. Para não falar em detalhes simplesmente resumi. — Provavelmente a mesma coisa que você. Ela deixou seu queixo cair. — Morta feat. Enterrada. Amiga, você saiu mesmo do zero?! — Não só sai do zero, eu acho que pulei para o 100. p**a que pariu. — analisei o meu pescoço. — O boy me deixou toda roxa. — O sexo foi selvagem. — Mary concluiu com uma carinha de orgulho. — Me diz que ele dormiu aqui. Ele tá por aqui agora? — ela saiu pela casa, procurando nos cômodos pelo rapaz. — Não, sua louca! Ele foi embora logo depois que a bagaceira rolou. — fiquei lembrando de tudo o que aconteceu. — Como eu vou tirar essa mancha do meu pescoço? — me perguntei. — Ai, amiga... isso daí só se esconde com muito pó e base, porque já é tarde demais para fazer as técnicas que todo mundo faz, com a colher e o gelo, mas talvez o gelo ainda funcione... Você pretende sair hoje? — Hoje não. Hoje é sábado. Vou ficar em casa e bem escondida, porque eu não quero que ninguém veja esta marca. Ainda bem que não é dia de semana. Não precisarei trabalhar. Meu celular tocou e eu corri para atender. Era um número que não estava registrado na minha agenda, então logo pensei que foi o boy que causou o desastre do meu pescoço. Já atendi estressada. — Como você pôde deixar uma marca dessa em mim?! — questionei indignada, porém rindo junto com a Marília. — Não sei o que você está falando, Senhorita Veruska, mas vou ignorar. Preciso de você pra ontem aqui na empresa. Só pode ser trote. — O que? Quem é você? — perguntei confusa. — Quem mais poderia ser? Dr. Ricardo. É um pesadelo. Me belisquei tentando acordar. Droga. Doeu, mas não acordei! — Por que você tá me ligando no sábado? — perguntei impaciente. — Você é minha secretária independente de horário de trabalho ou não e eu preciso de você para ontem. "Maldito" — xinguei em pensamento e afastei telefone de perto do ouvido, para revirar os olhos e dar alguns pulos, tapando o alto-falante para que ele não ouvisse. — Quem é? — Marília perguntou confusa. Tentei falar em mudo que era o i****a do meu chefe e ela bateu a mão na testa e depois saiu rastejando para o sofá. Que filho da p**a! E o meu fim de semana! Como ele se acha no direito de me chamar para trabalhar quando é o meu dia de descanso?! Quem ele acha que é? — Você não é a joia rara das secretárias? Mexeu na minha ferida. — Ok, chefe. Estarei aí em algumas horas. — Mais rápido. — OK. Estarei aí em alguns minutos. — desliguei o telefone. — Filho da p**a do c*****o! Me chamando para trabalhar no sábado! No meu dia de ressaca! No dia que eu levei um chupão enorme no pescoço! Como vou trabalhar desse jeito, Marília?! O que ele acha que vai fazer no sábado, sendo que ninguém está na empresa além dos seguranças?! Esse cara é louco. Só pode ser louco! — saí para o meu quarto pisando firme, desgovernada. Estou putassa com esse homem. Eu só quero saber o trabalho que ele tem para mim. [•••] Me arrumei como de costume e empurrei tudo quanto foi base nesse pescoço meu, também deixei os cabelos soltos para esconder. Tudo que foi possível. Uma blusa com gola alta, que amarrei com laço bem na garganta e fiquei parecendo uma palhaça, mas enfim, cobriu o tal chupão. Peguei um busão e fui parar lá na empresa. O lugar estava as moscas. Só tinha o segurança e eu não entendi ainda o que o chefe veio fazer aqui. Perguntei ao segurança se o chefe estava no prédio e ele falou que estava lá dentro. Peguei o elevador e subir na imensidão do silêncio que havia no prédio. Chegando no andar de sempre, não havia ninguém. Eu poderia pensar que isso tudo é um trote, porque é bem a cara daquele narcisista, mas como ele gosta de ficar com a porta fechada... passei direto para sala e entrei no escritório dele. O encontrei debruçado na janela, observando a cidade, como no dia anterior, mas ele estava sem blazer, somente com a calça social e a camisa. — Cheguei. — simplesmente avisei. Ele se virou para mim. — Boa tarde, também, senhorita Valesca. Eu não acredito que ele vai errar meu nome toda vez... — “Verônica”, boa tarde. O que você quer? — dei um sorriso reto. — “O Senhor quer”. — ele me corrigiu. — Hoje é o aniversário da minha namorada e eu quero que você me ajude a comprar um presente. Namorada?!
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