Este livro será um pouco diferente de todos os outros, espero que gostem. Boa leitura.
Ano de 1971, a rica e tradicional família Blanco passava por uma grande crise financeira, Ramon Blanco e Bernardet Blanco, enxergavam no casamento de sua filha Amanda, com o herdeiro da família Brian, a solução para sairem da ruina, garantir o futuro da filha com um casamento promissor, a fim de perpetuar a continuidade de sua família e sobrenome em uma linhagem rica e poderosa, embora a preocupação com a filha denota se preocupação por parte dos pais, não deixava de ter uma carga de materialismo e egoísmo camuflado em preocupação, Amanda no entanto, pensava de uma forma diferente em relação ao que os pais anseiam por ela.
— Icaro! Meu pais insistem que eu me case com aquele rapaz, por causa do sobrenome e da fortuna deles, mas eu não quero! Tenho certeza que se eu falar com eles, se eu falar que é com você que eu quero ficar! Eles hão de me ouvir! Diz Amanda.
— Amanda Meu amor, olha para mim! Sou um simples jardineiro! Olha para você! Uma moça linda, branca e estudada! Seus pais jamais apoiarão nós dois! Vamos fugir! Vamos fugir e sermos felizes bem longe daqui! Propõe Ícaro.
— Fugir! ? Não Ícaro! Hoje Rômulo e o pai dele vem oficializar o pedido de casamento, claro que eu vou me manifestar contra , afinal se eu falar com ele, tenho certeza que o rapaz irá entender, bem como meu pai... E depois que a poeira passar... Então falo a verdade! Que não posso casar com outro homem, porque meu coração já pertence a você! Diz Amanda para Ícaro que permanece incomodado...
Ícaro não vê as coisas com aquela visão simplista e emocional de Amanda, ele tinha certeza, por mais que os pai de Amanda fossem bons e compreensivos, eles não permitiriam que a filha deixasse um bom partido para casar com um pobre coitado...
De repente um grito corta o ar...
— Amanda! ? Amanda ! Filha! Cadê você ? Era o chamado de Bernardett, a mãe de Amanda.
— Icaro! Preciso ir! Minha mãe está me chamando! Nos vemos à noite, quando todos forem dormir, deixarei a janela do meu quarto aberta como de costume... Tchau! Diz Amanda se despedindo com um doce sorriso de seu amado.
Amanda sai correndo e logo se depara com sua mãe, quase esbarrando nela...
— Filha! Cuidado! Onde estava ? Peraí... Não diga! Estava no jardim! Amanda, você tem passado tempo demais no jardim de casa, e desconfio que seu interesse não são nas flores e sim no nosso jardineiro... Filha seu pai tem planejado um futuro para você ao lado de um bom Rapaz, Rômulo é um bom partido, rico, bonito, educado... Diz Bernardet.
— Mãe! Você sabe que não se pode forçar alguém a casar sem amor! Isso não pode ser! Diz Amanda.
— Amor? Filha? Somos de uma posição social muito alta, tem ideia do que seria da reputação da família Blanco, caso nossa única herdeira se casasse com um... Nossa! Diz Bernardet.
— Complete mamãe! Com um Jardineiro ? Com um pobre? Um n***o ? Diz Amanda.
— Não coloque palavras na minha boca Amanda! Eu não falei nada disso, apenas penso no melhor para você! Só isso! Agora vá para casa, seu pai está quase chegando, ele quer ter uma conversa conosco, não faço ideia de sobre o que seja... Anda menina! Diz a mãe.
Amanda vai para dentro de casa, Bernardett percebe Icaro às observando de longe... Ela se dirige até o rapaz...
— Dona Bernadete! Boa tarde! Como pode ver, as margaridas estão muito bonitas, tenho feito o melhor que posso... Diz ele.
— Sim Ícaro, tem feito um grande trabalho, mas tenho uma observação a lhe fazer... Não é o diminuindo, nem o discriminando, mas... Afaste-se de Amanda, ela é um outro nível de pessoa, logo estará noiva e...
— Eu sei meu lugar senhora, não se preocupe quanto a isso, jamais faltei com respeito a senhorita Amanda... Diz ele.
— Eu não sou cega garoto, eu percebo as coisas acontecendo de longe, contudo, quando Ramon perceber isso, ele não tem a mesma sensatez que eu... Só estou avisando... Diz ela se retirando.
Ramon era arrogante e grosso com os funcionários, racista e materialista, tratava as pessoas de acordo com o que ostentavam possuir.
— Pra mim, está claro! Tenho certeza que ou fugimos, ou nunca ficaremos juntos! Um n***o,pobre como eu, jamais serei aceito com a filha deles... Diz Ícaro para si mesmo.
Ramon chega em casa, parecia impaciente, estressado, algo o parecia incomodar.
— Bernadett ? Amanda? Onde estão ? Chama ele.
Amanda ao ouvir a voz do pai, vai ao seu encontro lhe cumprimentar, como de costume, em seguida Bernardett também chega ao ouvir a voz do marido, vendo que ele também tinha chegado.
— Pai! O senhor chegue cedo do trabalho!
— Minha filha! Que bom você está em casa! Onde está sua mãe ? Pergunta.
— Cá estou querido! Nossa veio cedo hoje! Achei que viria no horário de costume... Diz Bernardet.
Ramon respira fundo, sua expressão não era muito boa...
— Bom, sentem as duas, tenho uma coisa muito importante para contar a vocês... é uma coisa que envolve nossa família, nosso futuro, e várias outras coisas, coisas das quais , espero contar principalmente com sua colaboração filha... Diz Ramon.
— Comigo ? Afinal de que se trata pai? Pergunta Amanda curiosa.
Ramon convida a filha e a esposa para irem até a biblioeca da casa, um pequeno escritório na verdade, onde ele poderia fechar a porta e conversar mais a vontade sobre o assunto em questão, Ramon manda que elas entrem e verifica se nenhum empregado estava por perto.
— Ramon! Por favor! Nos diga logo que tem de tão urgente, todo este suspense ... Céus!
Ele tosse, sentando-se em uma cadeira atrás da mesa e começa.
— Bem... O filho de meu amigo Barcellos, chegou ao Brasil ontem a tarde, Barcelos e eu gostariamos que Amanda e Rômulo se conhecessem,pudessem noivar , se casar... E...
Nesse momento Amanda interrompe o Pai, lançando sua opinião sincera sobre o assunto e disposta a expressar para o pai seus verdadeiros sentimentos por Ícaro, o jovem jardineiro da casa, era um absurdo um casamento arranjado...
— Pai! Como vou me casar com um rapaz que sequer conheço ? Creio que para haver um compromisso deve haver amor! Sentimentos de um pelo outro, Imagino que o rapaz pense como eu! Afinal de contas ele nunca me viu, eu nunca o vi... E...
— Filha! Você é linda! Tem uma beleza única! Duvido que Rômulo não caia de amores por você, quando a ver... Diz Ramon.
— Pai! Que absurdo! Me sinto uma mercadoria! Um objeto... Até parece que o senhor quer me negociar, ou algo do tipo! Diz ela...
Nesse momento, Ramon perde a paciência com a filha , ele bate na mesa, falando alterado...
— Chega! Eu já dei minha palavra! Amanda! Você vai conhecer Rômulo, o casamento já está praticamente acertado entre mim e Barcellos... Você precisa filha! Precisa fazer que Rômulo queira se casar, que ele se apaixone por você! Nossa família depende disso! Nossa empresa, nossa fábrica de tecelagem está falida! Não temos dinheiro para pagar fornecedores, Barcellos me fez vários empréstimos que não terei como pagar... A não ser que você seja minha filha.. Aceite ser esposa de Rômulo ! Eu e sua mãe, fizemos vários sacrifícios por você, para lhe dar uma boa educação, lhe dar sempre o melhor.. Agora, é sua vez de nos retribuir! Diz Ramon.
Amanda fica em choque sem acreditar na barbaridade que ouvia de seu pai... Ela sentia-se um objeto... Uma coisa que podia ser negociada, emprestada, penhorada, sentia-se tudo, menos uma filha...