A Babá

Capítulo 5

Pov. Bia

Já era noite quando percebi que havia esquecido meu celular na casa dos Hatanm's. Eu sou muito burra. E agora? Como eu vou pegá-lo de volta? Como se esse fosse o meu maior problema...

Eu não sei em que acreditar. Quando era pequena tive que sair do país por causa da condição financeira dos meus pais. Eles não tinham dinheiro nem para me alimentar.

Vivi neste meio período na casa da minha avó. Ela praticamente me criou, mesmo sendo apenas 7 anos, foi como se eu tivesse realmente um pai e uma mãe que ligassem para mim. E também esqueci da maior parte da minha infância aqui. Meus amigos, parentes. Por isso não consigo acreditar que ele era Lucas, meu amigo de infância.

Fora do país eu passei por uma fase de esquecimento, para não sofrer pela saudades das pessoas que ficaram para trás. Eu sei que pode parecer triste, ou m*****o, mas para mim era difícil lembrar dos meus amigos que ficaram aqui.

Principalmente o Lucas, que eu apelidei de Lulu(contra a v*****e dele). Éramos muito, muito grudados. Sempre que meus pais atrasavam eu sentava na escadaria do colégio e esperava, e ele sentava ao meu lado e perguntava:

" De novo...?" Eu assentia com a cabeça.

" Hoje quem vem me buscar é o meu pai, ele sempre demora, então eu posso ficar aqui por um tempo"- ele dizia olhando a rua- Ele se sentava do meu lado na escadaria e colocava a própria mochila no colo e eu deitava minha cabeça sobre a mesma. E sempre era assim quando meus pais me esqueciam ou quando quem iria buscá-lo era o pai, ou seja quase sempre. E a história do primeiro beijo... eu preciso mesmo contar?

Isso foi no inverno. Antes da minha viagem e estava nevando. Eu não queria ir pois sabia que meus amigos não iriam comigo. Eu estava indo ao meu último dia de aula naquele colégio e o único que sabia que eu iria embora era o Lucas.

" Você vai ter que ir embora mesmo? "- ele me perguntava-

"Sim. Amanhã mesmo eu vou para casa da minha avó" - eu dizia-

" E eu? Você vai me abandona? "- ele fazia uma carinha emburrada-

"Minha mãe falou que eu tenho que ir." Eu abaixei minha cabeça.

" Esse é o nosso último dia aqui?"

" Uhum"

" Sem nem uma festa de despedida? "- ele diz ajeitando a luva azul em sua mão-

" Que tal eu te dar um presente. Aí quando eu voltar eu posso te encontrar"- Eu digo-

" Legal. Mas o que te dar de presente...?"

" Aqui. Eu ganhei esse presente da minha avó ano passado. " Eu entreguei um colar com um pingente de 3 corações.

"Eu não tenho nada que posso te dar"

"Não tem problema."

" Espera... "

Foi neste momento que ele colocou uma das mãos em cada lado do meu rosto e o puxou encostando nossos lábios. Lembro que no momento meu rosto ficou completamente vermelho então eu coloquei as minhas mãos para esconder minhas bochechas rosadas.

"Você está com febre ou você está envergonhada? Seu rosto está mais rosa que sua luva" - ele disse rindo

" Ei! Eu estou bem."

Na hora os nossos pais chegaram para nos buscar. Foi uma choradeira só. Eu fiquei muito m*l depois daquilo. E aqui estou eu. Trancada no meu quarto pensando no passado e sem comer nada desde de o almoço. E agora mesmo que não vou conseguir comer nada. Meu estômago está embrulhado. Minha mãe como chegou mais cedo do trabalho veio aqui perguntar se eu estava bem.

{...}

No dia seguinte acordo atrasada. Me arrumo rápido, pego uma fruta e saio. Consigo chegar ao colégio antes do sinal bater. Sigo para minha sala e sento no meu lugar. E professor inicia a aula chata de sempre.

Depois de praticamente dormir a aula toda, sou liberada para o intervalo. Saio e encontro minhas melhores amigas, Mia e Lucy.

- Oi- eu digo me aproximando-

- Bia. Que saudade.-Lucy diz e me abraça-

- Ela você abraça, né? - disse Mia emburrada-

- Para de ser chata. - eu digo abraçando a mesma-

- Então...- iniciou Mia-

- Lá vem...- eu reclamo revirando olhos-

- Quem foi que atendeu seu celular ontem?- ela pergunta com um olhar malicioso-

- Foi só o Lucas, mesmo. - eu respondo -

- Por que ele atendeu seu celular? - Lucy pergunta-

- Provavelmente Mia já lhe contou toda a história do dia anterior. Então.... eu não sei o que falar. - Eu simplesmente me viro e saio andando-

- Ei! Volta aqui! - eu ouço a voz de Mia me gritando-

- Para de gritar eu estou com dor de cabeça. - Eu digo me sentando em um banco-

-Você está bem, Bia? -Lucy diz sentando-se ao meu lado-

- Agora que você falou... Você está pálida, amiga.- disse Mia sentando do meu lado também é coloca a mão na minha testa-

- Não estou, não. - eu digo e tiro a mão dela-

- Você está brava?- Lucy pergunta divertida-

- Sim.- Eu respondo-

- Com o que? - Mia pergunta-

- Adivinha com quem deve estar meu celular? - eu digo-

- Com ele...?- Mia pergunta-

- Exato. E eu não sei como pegar de volta.

- Pede a ele. - Disse Lucy dando de ombros-

- Você é tão inteligente. Só que não. Ele provavelmente não vai me devolver.

- Tenta- disse Lucy apontando para Lucas que estava em um canto sem o seu g***o-

- Pede pra mim? - eu pergunto para as duas-

As duas negam.

- Que ótimas melhores amigas eu tenho. Não sei o que seria de mim sem vocês. - digo sarcástica-

- Nós também não sabemos. - elas dizem uníssono e me levantam- Agora vai.

Eu me aproximo do local onde ele está e o chamo baixo.

- Lucas?- eu o chamo- Ei - eu o cutuco-

- Ah?- ele se vira para mim- Oi, Bianca.

- Oi. Eu quero meu celular de volta.

- Bom dia, para você também.

- Para de me enrolar -eu digo cruzando os braços-

- É impressionante como você e a Camila são parecidas.- ele revira os olhos- Mas o que você quer?

- Eu quero meu celular- Digo estendendo a mão-

- Você acredita? - ele pergunta-

- Pouco importa se eu acredito no que você falou ou não. Isso não irá mudar nada. Agora eu quero o meu celular de volta.

- Quando você acreditar em mim eu te devolvo- ele diz-

- Por que você quer tanto que eu acredite em você? - eu pergunto-

- Por que? Você praticamente me abandonou. E falou que não iria esquecer de mim. E quando voltou... Você nem me reconheceu.

- Para de ser infantil. Era chato de mais quando você ficava carente de repente.

- Então você acredita? - ele pergunta-

- Na verdade não. Para ter certeza eu quero o meu colar de volta. E de brinde junto com ele o meu celular. E eu acho bem você não ter mexido no meu telefone.- eu digo séria-

- Sobre isso...- ele coloca a mão na cabeça-

- Eu vou ignorar.

- Calma aí. Você está pálida?- ele pergunta analisando meu rosto-

- Por que está todo mundo falando a mesma coisa? - eu falo para mim mesma- Não eu estou bem.

- Mas...

- Quero meu celular de volta.

- Não está comigo agora.

-Fala sério...- eu reviro os olhos- Caso meu celular não esteja com você quando eu for cuidar dos seu irmãos, você é um homem morto. Ouviu?

- Correção. Você dá mais medo que a Camila.

(N/A: Fiz alterações no tempo da história. Ao invés dela ir para o colégio no 6° ano, ela foi no 9°. Desculpe a confusão)

Depois da aula eu saio e vou direto pra casa. Hoje meus pais deram o "Ar da graça" de chegar cedo. Então prefiro evitá- los

- Oi, filha. - meu pai diz assistindo TV-

- Oi. - digo curta-

Eu vou pro meu quarto e depois de tomar banho e colocar uma roupa eu saio rápido, assim os evitando. Posso parecer infantil, ou até mesmo má, porém eu ainda estou triste e depois que eu voltei ninguém mais tocou neste assunto.

Depois de chegar na mansão eu encontro Arthur na sala com Alfred.

- Boa tarde Alfred- eu digo sorrindo-

- Bom dia senhorita Bia. O pequeno já almoçou hoje.

- Tão cedo? - eu pergunto-

- Sim. O irmão dele o alimentou.

"Eu vou m***r o Lucas", era o único pensamento que vinha a minha cabeça.

- Senhorita, se me permite,- ele disse - Você parece cansada. Está tudo bem?

- Sim. Eu estou bem, impressão sua. - digo sorrindo- A alguns dias atrás você disse que a Camila e o Erick hoje irão fazer uma passeio da escola?

- Sim. E a Melissa vai ficar na casa de uma amiginha. -ele respondeu. -

- Então hoje é só eu e você Arthur. - digo pegando-o no colo-

- Hoje é o meu dia de folga. Adeus. Caso precise de algo pode ligar para minha casa o número está no mural de notas na cozinha.

- Boa folga. - digo- Não se preocupe. Adeus.

Eu fico brincando com Arthur, mas ele logo se cansa e começa a dormir.

- É hoje tá complicado pra mim. Até você, pequeno? - eu digo olhando o bebê dormindo em meu colo. -

O levo até o seu quarto é o coloco no berço. Ia começar a mexe no meu celular, só que lembrei... ele não está comigo.

Droga! Eu penso.

Eu ando relutante até o quarto de Lucas. Bato na porta.

- Pode entrar. - ele diz do outro lado-

- Eu não vou entrar aí.

- Bianca? - ele abre a porta.- Pensei que você não vinha hoje, por isso já dei comida para o Arthur.

- Temos pendências para resolver. Cadê meu celular?

- Não sei.

- É sério. Sem jogos desta vez me devolve.

- Jogos? Eu?- ele disse encostado na parede de frente para mim-

- Hoje eu não tô bem. Senti dor de cabeça o dia todo, tô passando m*l e não é TPM. Então para de brincadeira.

- Eu sabia que você estava m*l. Mas você não queria admitir.

- Sério? Qual a sua próxima visão Buda. Você é personificação da Raven agora?

- Engraçadinha. Você está sem comer a quanto tempo? - ele pergunta-

- Não é da sua conta.- respondo grossa-

- Fala logo. Se não eu não vou devolver seu celular e muito menos seu colar.

- Acho que... desde o café da manhã de ontem. Acho que foi a minha última refeição. - digo pensativa-

- Você quer morre? - ele pergunta sério-

- O que? - eu digo confusa-

- Você quer morrer? - ele pergunta pausadamente- Você está a mais de 24 horas sem comer nada? Ou você é doida ou você é masoquista.

- Ei! Se eu estou sem comer é por culpa sua. Só eu me aproximar de você que parece que tudo a minha volta vira confusão. Você fica me confundindo o tempo todo e não me deixa raciocinar direito! Me faz perder o apetite. A cada dia você quer me confundir mais e mais e...- eu percebo o que eu estou dizendo eu me calo e abaixo a cabeça-

- E...? Vai continua. - ele diz sorrindo-

- E-eu vou embora. Essa conversa está me deixando com dor de cabeça. Com licença. - eu me viro-

- Mas você ainda tem que cuidar do Arthur, certo?- ele diz entrando na minha frente. -

- Então eu... eu... Vou ficar lá em baixo. Dá licença.

Eu me desvio dele. Desço as escadas correndo, mas bem no último degrau sinto uma forte tontura e depois disso tudo se torna perto.

Pov. Lucas

Depois de confundir mais a cabeça da Bianca ela desce as escadas. Eu a sigo, mas no último degrau ela de repente para de correr e coloca uma das mãos na cabeça. E do nada o corpo dela cai no chão.

Corro e fico ao lado do corpo caído dela.

- Bia? Bianca? - eu repito tentando acordá-la-

Ela não reagia. Eu checo sua respiração e sua pulsação. Sua respiração era lenta e seu pulso quase imperceptível. Eu passo um meu braço por de baixo do joelhos dela e o outro pela suas costas e a ergo a levando até o sofá.

- d***a! Por que não acorda?

Eu lembro que o número do Alfred está no quadro de notas e ligo para ele.

Ligação On

- Alfred?

- Alô. Senhor Lucas? O que houve?

- A Bianca desmaiou na escada e eu não sei o que fazer ela não acorda, sua respiração está lenta e seu pulso está fraco. - eu digo desesperado-

- Se acalme. Eu vou voltar para mansão. Veja se ela não teve algum ferimento na cabeça e não deixe o corpo dela reto. Coloque um tavesseiro e mantenha a cabeça dela elevada. Eu estou voltando.

- Ok.

Ligação Off

Eu faço o que me foi instruído, mas fico mais tranquilo ao ver que ela não tinha nenhum ferimento na cabeça. Continuo tentando acordá-la, sem sucesso fico sentado do seu lado acariciando sua cabeça.

Pouco tempo depois a porta se abre. Alfred entra e vê a situação dela.

- Ela pode até não ter adquirido nenhum ferimento grave, mas ainda sim preciso ligar para ambulância.

Tempo depois uma ambulância chega e a leva para o hospital, Alfred vai na ambulância e liga para os pais dela. Eu tenho que ficar aqui. Não posso deixar o meu irmão sozinho e também não posso levá-lo até o hospital, crianças da idade dela não iria dar muito certo.

{...}

Quase duas horas depois e a única notícia que eu recebo é que ela estava sendo atendida. Camila e Erick já haviam chego da excursão e Mel acabou de chegar da casa da amiguinha.

- Lu, cadê a Bia? - ela me perguntou-

- A Bia...? - eu enrolo para arranjar uma desculpa- Ela tirou dois dias de folga.- eu digo-

- Dois dias? É muito tempo.- ela diz fazendo biquinho-

- Eu sei. Mas o tempo passa rapidinho.- eu digo me agachando perto dela-

- Mas ainda sim vai demora- ela abaixa a cabeça- Quem vai me dar um beijinho na testa quando eu dormir?

- Olha, eu não sou a Bia. Mas se você quiser eu posso fazer isso.

- Não vai ser a mesma coisa, mas tudo bem- ela sobe as escadas de cabeça baixa-

- É Lucas, agora parece que está 2 a 0 para a Bia. - disse Camila olhando para mim- Fala a verdade! Por que a Bia não está aqui? - ela disse olhando em meus olhos e com os braços cruzados-

- Eu já disse ela vai ter folga de 2 dias- digo me sentando no sofá- Além do mais, se algo tivesse acontecido eu nunca te diria nada.

- O celular dela ainda está com você?- ela perguntar-

- Parece que alguém já se apegou...- eu digo- Senta aqui- digo me referindo a um espaço vazio do sofá- O que aconteceu de verdade com a Bia, foi que ela está doente e ela até veio hoje, mas teve que ir para o hospital. Eu tive que ficar cuidando do Arthur e não sei até agora como ela está. Alfred não atende o celular e eu não tentei ligar para os pais dela pelo telefone dela, seria estranho...

- Mas até agora ninguém ligou? - Camila disse -

- A Bia tá duente Lu?- disse Mel na escada-

- Hum? - eu me viro e vejo Mel já com os olhos marejados e o nariz fungando- Ela... ela só vai ficar um tempo em casa. Depois ela volta. - eu digo me levantando e pegando a pequena no colo- Acho que ela não iria gostar de te ver chorando, né?

- Não sei. Ela não está aqui para me dizer isso...- ela diz entre soluços-

- Olha. A Bia pode não estar aqui, mas eu estou e sou seu irmão. Não precisa chorar. Tem o Arthur, o Erick, a Camila e eu. O que você acha?

- Parece bom, mas a Bia vai voltar depois? - ela disse baixo-

- Sim. Aí ela vai cuidar de você de dos seus irmãos, então vamos combinar. Eu vou ficar com você enquanto a Bia não volta tá?

- Tá. - ela diz me abraçando. -

- 2 a 1 - disse Camila gesticulando-

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Nenhum dos métodos citados nesse capítulo foram pesquisados, em caso de ajudar alguém que desmaiou, por favor, façam os primeiros socorros ou busque ajuda!