Ansiando pela sua Luna

Capítulo 8 - Dizer Adeus

(Max)

Eu fiquei acordado a noite toda, virando na cama... Não podia acreditar que estávamos nos mudando hoje. Tudo estava acontecendo tão rápido e eu estava até ganhando uma maldita família da noite para o dia. 

Aparentemente, vou ter um meio-irmão e estou cheio de ansiedade. Para piorar as coisas, me senti horrível por ter que deixar o Mitchell... Eu sei que parece estranho, conheço o cara de verdade apenas por um dia, mas sinto como se estivesse deixando o único amigo que fiz desde que me mudei. 

Além disso, com todas as coisas de ontem e como ele segurou minha mão. Acho que pensei que poderia se transformar em algo mais. Mas isso pode estar mostrando o quão ingênua eu sou. Provavelmente, estou super-interpretando toda a situação e ele age assim com todos os amigos dele. Mas me senti triste por algum motivo.

Como nosso voo era só às 16h, me certifiquei de ajustar meu despertador para a hora da escola, para poder encontrar o Mitchell lá embaixo, já que não tinha o número dele e não queria que ele se atrasasse para a escola.

Eu rapidamente saí da cama e fui tomar meu banho, sentindo meu estômago se contorcer enquanto prendia meu cabelo úmido em um coque e vestia uma calça jeans clara e uma blusa de lã azul-marinho. Sim, não sei por que estou me arrumando melhor do que o habitual. Até coloquei um pouco da maquiagem da minha mãe..

Calcei rapidamente meus tênis pretos e desci as escadas, apenas deixando a porta destrancada, já que minha mãe estava em casa dormindo. Eu só estaria fora por alguns minutos de qualquer maneira.

Desci correndo os três lances de escadas e mordi meus lábios nervosamente enquanto me aproximava do local onde o Mitchell disse para nos encontrarmos. Talvez ele não estivesse lá... talvez tivesse esquecido. Ou talvez estivesse apenas sendo legal. Comecei a entrar numa espiral negativa enquanto respirava fundo e me preparava para a rejeição certa que agora eu esperava... tentando me convencer de que esse cara não queria nada com alguém como eu.

Então você pode imaginar como fiquei surpreso quando levantei o olhar e vi um Mitchell radiante acenando animadamente para mim. Não pude deixar de devolver aquele sorriso enquanto caminhava em sua direção, a cada passo meu coração acelerava ainda mais até que eu estivesse agora na frente dele.

— Bom dia, linda, pronta para ir? — Ele perguntou com sua voz profunda e aveludada, fazendo minhas pernas enfraquecerem enquanto eu o encarava em total choque. 

Ele realmente acabou de me chamar de linda? Nenhum cara já me chamou assim.. quer dizer, além do meu pai. Pelo menos não na minha frente. Ele realmente achava que eu era bonita?

— Alô, Max? Você está bem? — Ele disse enquanto se abaixava até a minha altura e aproximava o rosto do meu, a apenas alguns centímetros de distância. Um sorriso bonito se formou em seu rosto enquanto seus olhos de repente se voltaram para minhas costas, fazendo suas sobrancelhas se franzirem.

— Onde está sua mochila? Você esqueceu? —  Ele perguntou curioso, me trazendo de volta à realidade enquanto eu limpava a garganta e desviava o olhar. Seus olhos castanhos quentes eram quase intimidadores enquanto ele me olhava tão atentamente.

— Bem, é que.. hum.. você… — O que diabos está acontecendo comigo? Virei uma confusão enrolante enquanto Mitchell estendia as mãos, as descansando nos meus ombros, fazendo formigamentos percorrerem meu corpo. 

O que diabos foi isso?! Meus olhos se arregalaram com seu toque, enquanto eu o encarava. Ele também sentiu isso?

— Ei, você pode me contar qualquer coisa.. o que está errado, Max? — Ele soou preocupado enquanto começava a procurar em meu rosto agora vermelho enquanto eu brincava com a barra da minha blusa. Me sinto uma compelta i****a agora.. como, sim, eu era antissocial antes, mas isso é um nível totalmente novo de constrangimento que está saindo de mim. Mas a coisa estranha era, o toque de Mitchell parecia me acalmar imediatamente enquanto eu soltava um suspiro profundo e assentia com a cabeça. Limpando minha mente dessa névoa mental que parecia me atormentar, encontrei seu olhar mel mais uma vez.

— Desculpe, não vou para a escola hoje porque acho que estou me mudando. — Ri antes de levantar a mão e afastar uma mecha solta de cabelo cacheado dos meus olhos.

— Se mudando? O que você quer dizer? — Mitchell perguntou, sua voz soando levemente em pânico enquanto eu me mexia nervosamente.

— Bem, aparentemente minha mãe está noiva. Ela está saindo com esse cara há um mês ou algo assim. Ele mora em Nova York.. um cara gigante, eu juro, nem sei como eu não o vi.. — Murmurei a última parte, lembrando de como o Leon era enorme na minha frente. Ele era enorme!

— Espera... Nova York?! — Mitchell exclamou, ele parecia completamente desprevenido e isso realmente me surpreendeu. Ele soava tão chocado quanto eu estava na noite passada.

— Eu sei.. é realmente repentino.. mas honestamente, não via minha mãe tão feliz há muito tempo.. desde que tudo aconteceu. E eu estou acostumada a me mudar, então não se preocupe comigo, só me senti m*l porque você estava esperando aqui fora.. tipo, provavelmente só estava sendo legal ou algo assim e acho que não preciso fazer um grande drama sobre isso.. — Comecei a divagar, desejando poder parar.. por favor, pare com isso.

— Ei, Max.. está tudo bem.. se acalme. — Mitchell disse agora bem mais calmo, me fazendo sentir calma enquanto ele levantava e colocava aquela mecha selvagem de cabelo atrás da minha orelha. Fazendo mais formigamentos surgirem em minha bochecha enquanto borboletas invadiam meu estômago. — Me fale mais sobre esse cara.. — Ele disse, sua mão deslizando enquanto entrelaçava os dedos com os meus e me puxava em direção a uma pequena área externa em nosso prédio de apartamentos. Era difícil não olhar para sua mão grande envolvendo a minha. Sua pele bronzeada parecia tão macia e suave, que não pude deixar de deslizar meu polegar sobre a sua pele, explorando a sensação dele.

Juro que fiquei ali só olhando para as nossas mãos por uns bons cinco minutos, e Mitchell só me deixou. Será que isso também lhe fazia bem?

— Max, você se importa se eu perguntar o nome do cara? —  Ele sussurrou, me fazendo levantar o olhar, pois agora estava encarando seu rosto bonito.

— Leon... Não lembro o sobrenome dele... eu sei... isso é r**m. Não sou bom com nomes. — Eu admiti envergonhada.

— Merda... é claro. — Mitchell sussurrou para si mesmo antes de soltar um suspiro profundo e passar a mão livre pelos seus cabelos castanhos e azuis. — Isso vai parecer loucura... mas o sobrenome dele é Black? —  Ele perguntou cuidadosamente e, de repente, fiquei animado, sim, era isso! Como ele sabia?

— Sim! — Eu disse um pouco animada demais, fazendo Mitchell rolar a cabeça para trás, enquanto fechava os olhos como se estivesse tentando se acalmar.

— Ele é meu tio. — Ele soltou essa bomba, e eu caí na gargalhada, sem acreditar nas coincidências.

— Sério?! Não acredito! — Eu exclamei, vendo Mitchell balançar a cabeça tristemente, o que me fez franzir a testa.

— Isso... é uma coisa r**m? — Eu sussurrei, sentindo que Mitchell estava chateado com isso.

 —Não, meu tio é ótimo... é só… — Ele se interrompeu, olhando para as nossas mãos mais uma vez antes de se aproximar de mim. — Eu não quero que você vá. — Ele admitiu, me fazendo tremer os cílios enquanto tentava processar as palavras que ele disse. 

Ele não quer que eu vá? Será possível que ele também sinta isso?

— Eu sei... também não quero ir, mas sei que é isso que finalmente vai fazer minha mãe feliz... Eu... eu estraguei antes, não quero arruinar de novo para ela. — Eu sussurrei, me sentindo vulnerável ao expor meus verdadeiros sentimentos para esse estranho.

— Ei... vem aqui. Duvido que sua mãe pense assim... você não culpa a si mesmo pelo que aconteceu com seu pai, culpa? — Sua voz era séria enquanto ele soltava minha mão e me envolvia com seus braços, me puxando para perto de seu peito. 

Não pude deixar de enterrar minha cabeça nele, inalando seu cheiro de terra. Era tão reconfortante e me enchia de calor,me lembrando de casa... era por isso que parecia tão familiar... me lembrava daquela floresta que eu amava tanto.

— Se ele não tivesse me buscado na casa da minha amiga naquela noite, ele ainda estaria aqui. — Eu confessei, nunca realmente admiti isso para ninguém. Nunca quis colocar meu fardo em outra pessoa.

— Max... Eu não conhecia seu pai, mas pelo jeito que você fala dele, tenho a sensação de que ele te amava muito... isso dito, duvido que ele jamais colocaria a culpa em você pelo que aconteceu... não conheço toda a história, mas um pai amoroso buscando a filha na casa de uma amiga não é algo que causaria essa tragédia… — Suas palavras ecoaram de seu peito e foram direto para o meu coração, se infiltrando em mim enquanto lágrimas inevitáveis escorriam pelas minhas bochechas.

— Obrigada por dizer isso. — Eu disse engasgado, sentindo Mitchell me abraçar mais forte enquanto descansava o queixo no topo da minha cabeça. Por que eu me sentia tão confortável com esse cara? O que há de errado comigo?

— Você deveria ir, não quero que você se atrase. — Eu disse, limpando minhas lágrimas. Senti Mitchell recuar enquanto me olhava preocupado.

— Eu sei que isso vai parecer estranho... mas seria ok se trocássemos números? — Ele perguntou nervosamente, com a mão no bolso da frente procurando seu celular.

— Não é estranho. — Eu sorri antes de pegar seu celular e digitar meu número nele. Senti minhas bochechas esquentarem enquanto o salvava e passava o celular de volta para ele. 

O que diabos aconteceu comigo? Parece que estou agindo como uma verdadeira adolescente pela primeira vez na vida.

— Além disso, provavelmente vou te ver em breve. Visitava meu tio com frequência e agora que você mora lá, ainda poderemos nos ver. — Ele sorriu brilhantemente antes de escovar os dedos contra minha bochecha novamente.

— Mesmo?! Isso seria ótimo. — Eu admiti, sentindo uma espécie de esperança mais uma vez. Não sei por que, mas descobrir que Leon é tio do Mitchell torna tudo isso muito melhor... talvez morar em Nova York não seja tão ruim... e talvez meu novo meio-irmão seja tão incrível quanto o Mitchell, pela primeira vez em um tempo eu sinto esperança.