Capítulo 3 - Inesperado

1670 Words
(Max Pov) Tenho que dizer que pode ter sido o melhor dia de escola que já tive desde que tudo aconteceu. Mitchell acabou conversando comigo durante todo o dia e mesmo que eu tenha ido para a biblioteca durante o intervalo do almoço, ele ainda sentou comigo na aula de história. Depois ele pediu para irmos juntos para casa. Parecia que eu estava fazendo um amigo...  um amigo de verdade desde que me mudei de Washington. Nós apenas atravessamos a rua juntos quando ele olhou para mim curiosamente e começou a andar para trás, mantendo os olhos em mim. Ele parecia fazer isso muitas vezes... isso me deixa muito nervoso. — Então, qual é a sua história, Max? O que te trouxe para o Colorado? — Ele perguntou curiosamente, sua pergunta foi brincalhona. Mas teve o efeito contrário do esperado. Meu estômago afundou e eu limpei minha garganta nervosamente antes de puxar meu moletom sobre as mãos e segurar o tecido firmemente. — Minha mãe queria uma mudança de cenário. — Expliquei, fazendo ele se virar novamente e caminhar ao meu lado. Ele parecia estar estudando minha expressão e não sei o que ele viu, mas ele balançou a cabeça e olhou de volta para onde estávamos indo. — Entendo. Você não precisa falar sobre isso se não quiser. Mas saiba que este é um lugar livre de julgamentos. Todos nós temos algum tipo de coisa que precisamos lidar. — Ele falou suavemente, me fazendo levantar a cabeça e olhar para ele agora. — Você também tem... coisas... com as quais precisa lidar? — Não tinha certeza do que me fez fazer essa pergunta... talvez eu simplesmente não quisesse ser a única vivendo assim. Talvez eu quisesse saber que alguém estava passando pelas mesmas coisas que eu... isso me faria normal, certo? — Oh sim, minha irmã mais velha... ela tem sido um problema ultimamente. Minha mãe está bastante abalada por causa disso... Ela, hum... minha irmã, ela está com problemas de abuso de substância. — Ele admitiu, me fazendo assentir pensativamente e olhar para ele. — Sinto muito, deve ser difícil passar por isso. — Ofereci, percebendo que ele também deve ter muitas coisas para lidar. — Ah, é o que é... eu simplesmente decidi ser otimista quanto a isso. Minha mãe se preocupa o suficiente pelos dois. — Ele riu, sorrindo brilhantemente antes de colocar as mãos nos bolsos. — Então, agora que você conhece as minhas coisas… — Ele parou de falar, e algo dentro de mim fez eu sentir que poderia confiar em Mitchell. Afinal, o que tenho a perder? Então eu respirei fundo, me preparando para contar meu segredo. — Bem, meu pai... nós sofremos um acidente de carro há alguns anos e ele não sobreviveu. — Falei baixinho... não sei por que sempre sentia que as pessoas pensariam m*l de mim quando eu dizia isso... eu não queria que achassem que eu estava procurando atenção ou algo assim, então não falo muito sobre isso. Mitchell parou abruptamente, puxando a manga do meu moletom ao olhar para mim com preocupação e remorso. — p**a merda, Max, desculpa... isso é horrível. Não queria ser intrometido... pensei que fosse apenas uma situação de divórcio ou algo assim… — Ele murmurou e eu não pude deixar de rir com isso. Veja só, era isso que eu deveria ter dito! Mas de novo... não consigo mentir para salvar minha vida. — Tudo bem... quer dizer... bom, não está tudo bem, mas está melhorando. — Isso não foi uma mentira... sinceramente, hoje foi o primeiro dia em que me senti um pouco melhor. Ficamos ali por um momento, olhando um para o outro, quando Mitchell de repente me puxou contra ele, fazendo meus olhos se arregalarem enquanto seus braços musculosos me envolviam apertado. — Desculpa... eu senti que nós dois precisávamos disso. — Ele sussurrou, me fazendo assentir com a cabeça enquanto ele continuava me segurando. Não sei o que era... mas o cheiro dele, o calor de seu toque, talvez os dois juntos me fizeram relaxar pela primeira vez em muito tempo enquanto eu soltava um suspiro profundo que parecia estar ali desde que tudo isso começou. Tive muitos abraços desde que tudo aconteceu, mas por algum motivo, esse... esse significava algo mais. Depois de nos afastarmos, ele olhou nos meus olhos e deu um sorriso torto, fazendo meu estômago se agitar enquanto apenas ficamos ali olhando um para o outro por um momento. — Vamos lá, vamos continuar. — Ele disse animadamente, estendendo o braço e me virando de lado enquanto o mantinha em volta do meu ombro e começava a andar. Era difícil não me tensionar quando sentia seu braço pressionado contra mim, o que me fez morder meu lábio nervosamente. — Sabe, aquele abraço tinha que estar na lista dos cinco melhores abraços que já tive na vida. — Ele disse brincalhão, me fazendo virar a cabeça e olhar para cima com os olhos arregalados. Ele devia ter quase um metro a mais do que eu, juro. — Você tem uma lista dos cinco melhores abraços? — Tentei não rir, mas um som escapou, me fazendo colocar a mão sobre a boca e ficar ainda mais vermelha. Mitchell começou a rir histericamente, parando por um momento enquanto jogava a cabeça para trás dramaticamente e segurava os lados, me fazendo revirar os olhos. — Ok, isso foi a coisa mais adorável que já ouvi... e sim, eu tenho uma lista dos cinco melhores abraços... e você acabou de entrar nela… — Ele piscou antes de me enlaçar novamente antes de continuarmos a caminhar para casa. Por que eu estava deixando esse cara ficar tão próximo de mim? Era estranho, para dizer o mínimo... talvez eu estivesse tão sozinho e desesperado por atenção que aceitaria qualquer coisa neste ponto... sim, isso pode ser parte disso. — Quem é o seu número um então? — Eu disse impulsivamente, me sentindo envergonhado por ter perguntado de repente. — Ah, fácil… Pato Donald da Disneylandia. — Ele respondeu como se nem fosse uma pergunta… o pato Donald... o maldito pato Donald era o número um dele. Eu apenas olhei para cima, piscando os olhos enquanto ele concordava com a cabeça, confirmando o que eu acabara de ouvir. — Acho que o nível não era tão alto para começar. — Eu murmurei, fazendo Mitchell soltar um grito dramático e parar novamente antes de agarrar meus ombros e olhar para baixo acusadoramente. — Você nunca foi à Disneylandia, não é? — Ele perguntou, estreitando os olhos para mim. — Uh... bem... não. — Eu admiti, sem ter certeza do porquê isso era importante. — Então eu vou deixar esse comentário passar. Como você não sabe… — Ele declarou antes de me puxar novamente. Conversamos o resto do caminho, com Mitchell me contando tudo sobre a Disneylândia e como eu realmente nunca vivi até que eu andasse em um daqueles brinquedos xícaras ou algo assim. Rimos e conversamos até eu finalmente chegar à minha porta. Aparentemente, ele morava em um prédio próximo. — Você me acompanha até a escola amanhã? — Ele perguntou, hesitando na minha porta enquanto eu olhava para trás para ele antes de colocar a chave na fechadura. — Uhh, sim, claro... se você quiser, é claro... se não, tudo bem, eu entendo completamente. — Comecei a tagarelar, fazendo Mitchell rir enquanto ele se aproximava antes de estender a mão e segurar minha mão, fazendo eu me encolher por algum motivo estranho. Nenhum cara nunca segurou minha mão antes.. — Max, foi muito bom passar o dia com você hoje… — Mitchell adicionou suavemente, fazendo eu concordar com a cabeça enquanto ele entrelaçava seus dedos nos meus, olhando para as nossas mãos entrelaçadas com um sorriso caloroso no rosto. — Eu vou te encontrar na porta da frente amanhã, está bem? Por volta do mesmo horário de hoje de manhã? — Ele perguntou e tudo que eu pude fazer foi concordar.  Eu não sei o que está acontecendo agora, mas meu coração está acelerado e eu sinto como se pudesse derreter aqui mesmo no chão. — Tchau Max. — Mitchell sussurrou antes de soltar minha mão e se afastar para sair sem se virar. — Não faça isso! Você vai cair nas escadas! — Eu o repreendi, fazendo ele sorrir felizmente enquanto soltava uma risada aveludada, fazendo meu estômago se revirar. — Já se preocupando comigo... m*l posso esperar para ver o que o amanhã trará. — Ele piscou antes de virar e correr pelas escadas. Eu tinha que sair daqui... eu estava prestes a explodir ou algo assim! Eu sentia meu peito apertado e meu estômago revirado... um sorriso bobo se formou no meu rosto e eu não sabia o que estava acontecendo. Abri a porta rapidamente e a fechei antes de trancá-la e bater minhas costas na madeira dura. Quem diabos era aquele cara e por que eu me sentia tão à vontade com ele? Eu rapidamente bati os pés no chão e girei antes de gritar animadamente, incapaz de conter esses sentimentos quando o som de alguém limpando a garganta me fez congelar no lugar. — Bom dia na escola? — Minha mãe perguntou curiosamente, fazendo eu dar um pulo quase tendo um ataque cardíaco. — Mãe, o que.. o que você está fazendo em casa? Eu pensei que você ia chegar tarde. — Eu gaguejei, arrumando meu moletom e tentando me recompor. — Bem, é que... tem algo que eu preciso te contar, Max. — Ela começou, mas antes que ela pudesse terminar, houve uma batida na porta e eu me virei para olhar com confusão. — Oh, deve ser ele, ele está adiantado. — Minha mãe murmurou, fazendo minha cabeça virar de volta para ela. — Ele? De quem você está falando? —  Por que eu tinha um pressentimento r**m sobre isso... quem minha mãe estava esperando? Por que ela estava agindo tão estranho? — Bem, Max, é sobre isso que eu queria conversar com você...
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