Capítulo 1 - O pior dia da minha vida

1484 Words
(Max Pov) Eu tinha apenas quinze anos quando meu mundo mudou para sempre. Tudo aconteceu num piscar de olhos, um momento que eu nunca poderia desfazer, mas que desejo tanto poder desfazer. Começou tão clichê também... seria quase engraçado se não terminasse de forma tão trágica, mas era uma noite escura e tempestuosa. Eu havia acabado de ligar para o meu pai para me buscar na casa da minha amiga Nicole. Nós éramos amigas desde a escola primária e eu sempre a acompanhava até sua casa na maioria dos dias. Ela estava me ajudando com um projeto escolar para a feira de arte deste ano e estava posando como modelo para mim. Eu amava pintar e desenhar desde que me lembro... Meu pai me deu meu primeiro cavalete quando eu tinha dez anos e nunca parei desde então. Nicole estava deitada em sua cama mexendo no telefone enquanto ouvíamos música em seu laptop. Eu comecei a juntar meus materiais e olhei pela janela no exato momento em que um raio cortou o céu noturno, iluminando as árvores que nos cercavam. Washington era conhecido por suas tempestades de chuva no outono, mas aquele dia parecia muito mais pesado do que o normal. Vesti meu moletom antes de verificar meu telefone, um sentimento de inquietação surgiu em meu estômago enquanto mordia nervosamente o lábio. — Meu Deus, você viu o que o Skyler estava usando hoje... azul realmente é a cor dele, ele estava tão sexy. — Nicole falou animada, me fazendo revirar os olhos e soltar um riso de escárnio. — Eu pensei que você tinha dito que vermelho era a cor dele semana passada. — Lembrei a ela, fazendo com que ela largasse o telefone e me encarasse com uma expressão entediada. — Juro, às vezes parece que você nem é uma adolescente. Como você não é afetada pelo Skyler... como você consegue falar com ele sem cheirar a blusa dele pelo menos uma vez? — Ela resmungou, me fazendo rir enquanto jogava minha mochila sobre o ombro e pegava minha maleta de arte. — Porque isso é assustador, e além disso, ele não tem interesse em namorar uma aluna do primeiro ano, ele está completamente apaixonado pela Bethany. — expliquei, fazendo Nicole fazer bico. Bethany era a líder de torcida e uma veterana assim como Skyler. Eu e Skyler temos aula de arte juntos e ambos somos bastante apaixonados por isso, então acabamos nos tornando amigos, mas Nicole tem uma queda por ele desde o primeiro ano. Ela sempre me faz mencioná-la pelo menos uma vez em uma conversa quando falo com ele... ela jogou a cartada de sermos melhores amigas, então tenho que fazer isso. Antes que Nicole pudesse responder, meu telefone começou a vibrar e atendi rapidamente, o colocando no ouvido. — Oi, pai, você está aqui? — Perguntei animada, vendo que era meu pai ligando. — Sim, Maxie, se apresse antes que eu seja levado pela chuva aqui fora. — Meu pai brincou, ele sempre me chamou de Maxie desde que eu era bebê, era a nossa coisa especial. — Já estou indo. — Respondi antes de encerrar a ligação e olhar para Nicole com um sorriso. — Até amanhã na escola, não fique acordada até tarde stalkeando o i********: do Skyler! — Provoquei, desviando de um travesseiro que Nicole tentou jogar na minha cabeça enquanto eu não conseguia parar de rir descendo as escadas. "Ah, você não vai jantar aqui, Max?" Sra. Fisher perguntou enquanto eu descia as escadas. Linda Fisher, mãe de Nicole, era como uma segunda mãe para mim. Às vezes, ela até brincava com Nicole e comigo, dizendo que eu era sua verdadeira filha e que Nicole deve ter sido trocada na maternidade. Considerando que eu sou mais parecida com Linda e minha mãe é mais parecida com Nicole em termos de personalidade. Em aparência, sou a cara da minha mãe... exceto pelo cabelo loiro morango e olhos azuis que herdei do meu pai. Quanto ao rosto e corpo, sou igualzinha à minha mãe... então obrigada, mãe, pelas curvas... é ótimo ter quinze anos com um b***o tamanho C... é, digamos apenas que floresci no verão. — Não, tenho que ir para casa, meu pai fez lasanha. — Sorri e me despedi ao abrir a porta e correr para fora em direção à caminhonete azul do meu pai. Estava chovendo muito e eu não pude deixar de dar um grito enquanto corria, me jogando contra o caminhão antes de abri-lo e soltar uma gargalhada. — Você está parecendo um cachorro molhado. — Meu pai riu antes de bagunçar meu cabelo e depois rapidamente franzir a testa quando comecei a balançar meus fios de morango para trás e para frente, o deixando todo molhado. — Ok, ok, eu deveria ter te colocado no banco de trás como o Griffen. — Meu pai resmungou enquanto colocava o carro em marcha. Griffen era nosso golden retriever de três anos e meu pai geralmente o levava para todos os lugares conosco. Acho que Griffen não queria ir hoje. Sim, ele odeia chuva... é um verdadeiro divo se pararmos para pensar. — Coloque o cinto, garota. — Meu pai me lembrou enquanto eu esticava a mão para pegar o cinto e o colocava rapidamente. Olhei pela janela conforme a chuva aumentava ainda mais, essa era a pior tempestade que tínhamos até agora e não pude deixar de sentir um certo desconforto enquanto meu pai esticava o braço sobre o banco e apertava minha mão. Ele começou a mexer a cabeça de cima para baixo seguindo a música enquanto dirigíamos pela estrada sinuosa em direção à nossa casa.  Morávamos mais para os bosques, numa espécie de casa cabana. Meu pai amava a natureza e todos os animais selvagens, até mesmo acampávamos durante uma semana todo verão. É nossa viagem anual em família e meu pai planeja isso com um ano de antecedência, é o quanto ele ama isso. De repente, o carro deu um solavanco ligeiro, me fazendo suspirar enquanto olhava adiante... Eu nem conseguia ver a estrada, estava coberta de água e comecei a entrar em pânico. — Vamos devagar, a caminhonete consegue lidar com isso. — Meu pai acrescentou calmamente, tirando a mão da minha enquanto a colocava no volante. Tudo que eu podia fazer era balançar a cabeça... algo não parecia certo... Eu sentia isso no fundo do meu estômago, como uma sensação remexendo dentro de mim, tentando me avisar... e eu queria ter ouvido. Eu queria ter confiado nessa sensação porque, no momento seguinte, um cachorro branco correu para a estrada, fazendo meu pai virar a direção bruscamente. Tudo aconteceu num instante... o carro saiu da estrada. Eu gritei ao olhar para o meu pai, vendo sua expressão preocupada enquanto chamava meu nome. Então tudo ficou alto, um barulho estrondoso perfurou meus ouvidos e vidros quebrados voaram em nossa direção... tantos vidros. Senti uma dor aguda percorrendo meus braços e estômago. Minha cabeça latejava enquanto o mundo virava de ponta cabeça e então a escuridão... Da próxima vez que acordei, estava deitada ao lado de uma árvore, meu corpo fraco enquanto o cheiro de gasolina e cinzas enchia meus sentidos. Tentei me sentar, mas meus braços e pernas estavam paralisados, eu não conseguia me mover. — Pai… — murmurei, balançando a cabeça de um lado para o outro, tentando de tudo para chegar até ele. Eu precisava ter certeza de que ele estava bem... eu precisava encontrá-lo. — Ela está aqui! Eu a encontrei! — Uma voz masculina ecoava em minha cabeça, me fazendo gemer enquanto me esforçava para fazer algo, qualquer coisa... o que havia de errado comigo?! — Está tudo bem, oh Deus... Max... vai ficar tudo bem. —  Um amigo do meu pai, Clark, entrou em meu campo de visão, suas mãos me tocando com cuidado enquanto seus olhos se arregalavam e se enchiam de lágrimas. — Pai... onde... onde ele está? — murmurei, as palavras m*l audíveis enquanto tristeza preenchia a expressão de Clark. — Está, está tudo bem... a ambulância está chegando agora... vai ficar tudo bem, eu prometo, Max. —  Ele sussurrou suas mentiras me dando esperança... mas não, não havia esperança... nada jamais estaria bem novamente. Pois ele se foi... meu pai morreu naquele dia e, de alguma forma, eu sobrevivi. Como? Ninguém sabe... mas não pude deixar de pensar se eu não tivesse ido à casa da Nicole naquele dia... ou se eu tivesse passado a noite na casa dela... se tivéssemos esperado a tempestade passar, tudo poderia ter sido diferente... tudo seria tão diferente do que é agora.  Minha vida nunca mais seria a mesma, e tenho que conviver com as cicatrizes para provar isso... não apenas nos meus braços e estômago, mas também no meu coração... uma cicatriz que nunca vai cicatrizar. Uma cicatriz tão profunda que me mudou... depois daquele dia, eu nunca mais seria a mesma.
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