Capítulo 5 - Valentina

2387 Words
Valentina . Depois de correr um pouco atrás do Bento eu desisti, não gosto de correr eu odeio correr, prefiro correr se for a cavalo, do resto não pra que, melhor caminha bem devagar. Sento no sofá e fico de olho na Carla, a vaca vai trabalhar lá em casa tô pensando... acho que vou passar superbonder na touca que ela usa para fazer a comida, vai grudar todos os cabelos e pra sair vai ser bem engraçado. _ Princesa cadê o Emanuel? — me viro vendo a tia Manuela descer as escadas e vir em minha direção com um sorriso largo no rosto enquanto tio Isaque arruma o cinto da calça, será que eles não percebem que já estão velhos para fazer essas coisas não. _ Foi para o quarto, acho que foi chamar a Kate. _ Chama ele lá pra mim, estou com pressa para levar a documentação. — abro um sorriso pensando "pressa né, até minutos atras não, era pressa não" Subo até o quarto do meu primo e entro sem bater, saber que é errado eu sei, mas já é costume todo mundo faz isso na família, e pego meu primo quase engolindo a Kate em um beijo. _ Primo... eita desculpa. — ele para de beijar ela e fica me olhando e eu acabo sorrindo, é tão bom ver os dois juntos de novo. _ O que você quer aqui Valentina? — sua voz sai irritada, mas nem ligo. _ Eu vim te chamar, porque a tia Manuela saiu do ninho de amor deles. _ Vou indo morena e toma cuidado, não confia nessa maluca em. — eu maluca fala sério, acho que sou a mais correta de todos eles, meu primo passa por mim e dá um peteleco na minha testa e eu fico num ódio, mas Emanuel é o primo mais gente boa da família. A Kate entra no banheiro e eu fico escorada na porta a esperando, não demora muito ela sai vestida com uma calça legging, eu nem uso esses, trem apertado no corpo, pra que isso gente. _ Aonde vai assim? — já pergunto com medo da resposta. _ Vamos correr Valentina. — abro a boca sem acreditar, correr sério correr, pra que isso. _ Eu odeio correr. E o primo pediu para ficar em casa. — vou apelar para meu primo vai se cola né. _ Eu gosto. E preciso correr me faz bem. — não foi dessa vez que apelar para meu primo deu certo, o vida... _ Disso eu sei você sempre gostou de exercícios, já eu tenho preguiça. _ Anda vamos logo antes que o Caio ou a Samanta acordem. — bem que eles podia acordar né. _ Então você e meu primo... — levanto as sobrancelhas as mexendo rápido e ela começa a rir, é tão bom ver o sorriso dela outra vez. _ Estamos namorando. — acabo sorrindo e batendo palmas, animada. _ Aí que top a tia Manuela vai ficar muito feliz, todos nós torcíamos por vocês claro. Meu primo deve tá nas nuvens porque você disse sim, ele sempre quis. _ Agente nunca namorou Valentina? — mordo os lábios, ansiosa antes de falar. _ Olha de verdade na frente de todo mundo não, vocês ficavam escondido sem compromisso, mas todo mundo sabia. Até que você decidiu terminar tudo que nem tinha começado, digamos assim. — sou sincera e ela faz uma carinha triste, acho que fui sincera demais. _ E porque eu quis terminar? — pronto agora que eu comecei a falar tenho de continuar. _ Porque você tinha medo da família não aprovar. Você foi quase criada pela tia Manuela desde os dez, onze anos. Então você não falava o que sentia por ele, mas sempre soubemos, era lindo o amor de vocês e olha que eu era apenas uma criança quando percebi que tinha coisa entre vocês dois. _ Devia ser difícil né. _ Era sim, Emanuel sofreu muito quando você foi embora para tenta esquecer ele, mas aí você voltou e bom fizeram a Samanta, pena que você foi embora de novo, e nem vimos você direito com o barrigão eu mesma nem vi você grávida. — falei triste, pois eu queria ter visto. _ Nossa relação é complicada? _ Não. Sempre foi clara, feito água, agora é só você aceitar o amor do meu primo que tudo vai dar certo. Ele te ama muito e não se esqueça disso nunca, joga essas dúvidas pro alto e aceita o amor dele, vocês merecem ser felizes, não aguento mais ver ele atrás de você e você fugindo. Qualquer hora dessa ele vai desistir e abandonar tudo, tô te avisando Kate. — falo logo para ver se entra na cabeça desmemoriada dela. _ Não vou. Vou tentar fazer as coisas certas dessa vez, e como todos já sabem eu não preciso ter medo né? _ Não mesmo. Na verdade, estamos é ansiosos para vocês se acertarem de vez. — pelo, o que conheço da tia Manuela vai rolar uma festança enorme quando acontece. Vamos até à cozinha para ela tomar o café e vejo a cara de bosta da Carla para a Kate, é bom mesmo manter essa daí bem longe do meu primo, eu bem sei que ela tava doida para dar uns, pega no meu primo, já pego até meu irmão e agora quer o Emanuel, mas não vai mesmo. Vamos à sala e a Kate pergunta para minhas primas se alguém quer ir com ela e eu rezando mentalmente para alguma, falar sim, eu vou, e me liberta desse martírio, mas não deram a desculpa das crianças, só que eu sei que isso se chama preguiça e ainda é pior que a minha. _ Bom somos só nois duas Valentina. — ela fala sorrindo e eu tento me animar, mas não dá. _ O que eu fiz para merecer isso. — penso alto e ela ri da minha situação. Ela me mostra como faz o alongamento e eu até tento, mas estou de short jeans e de bota de cano baixo, não é uma boa opção para correr, mas fazer o que. Ela começa a ir na minha frente e eu tento acompanhar, mas sinto minha respiração falha e meu coração pulando, pra que isso gente correr não é bom não, não para mim. _ Eu vou morrer se continuar correndo assim. — digo ofegante. _ Para com isso Valentina não tem nem dez minutos. _ E vamos correr quanto tempo? — acho que vou colocar os bofes pra fora, socorro. _ Meia hora. — paro na mesma hora, colocando as mãos no joelho, sério meia hora que isso ela quer me matar, respiro fundo e estico o dedo em sua direção. _ Você tá maluca. Meia hora eu já morri sem ar, pra que isso. _ Por que é saudável. Fazer exercícios faz bem. _ Pra quem? — a olho indignada e ela sorri de volta. _ Para o nosso corpo Valentina. Larga disso e vamos continuar. — bufo de raiva, mas sem opção eu continuo correndo. Claro que eu ainda reclamo, não é algo que eu goste e só estou fazendo por causa dela, mas aí me aparece no meio do pasto aquela criatura, a cavalo, até aqui ele me persegue que sina, arrumo meu corpo para não parecer tão deplorável com a minha situação de quase morta, ele se aproxima e tira o chapéu sorrindo para falar comigo e mesmo com um ódio mortal do Daniel não posso negar que ele tem um sorriso bonito. _ Bom dia. Tá acontecendo algo Val, você tá correndo isso é milagre, ou alguém vai morrer ou vai chover prego. — filho de uma égua, eu tô quieta na minha e ele vem procurar enguiço comigo e ainda abre o sorriso esperando a minha resposta. _ Não te interessa o que tô fazendo peste. Nem sabia que você tava aqui. Veio fazer o que sendo que seu lugar é lá em Goiás e não aqui? — falo sobre andar nos pastos a cavalo, o trabalho dele é lá em Goiás e não aqui, só quando chama para mexer com o gado, mas esse não é o caso, já que aqui ele é convidado hoje, e não tem de trabalhar, em vez de tá quieto não, ainda consegue vir me atormenta. _ Que isso criança olha a educação. Eu vim com meu pai para a festinha da dona Kate. — acho que ele é burro né, só pode claro que eu sei que ele veio para a festinha, até me segurou para não cair, Daniel tem hora que é mais sínico que eu, pois ele sabe muito bem do que tô falando e se fingi de b***a, mas de b***a não tem nada não. _ Não finja que não me viu lá Val, eu sei que me viu. _ Em primeiro lugar não sou criança, em segundo lugar não, eu não te vi ontem porque tinha coisas mais importantes para fazer. — como convencer a tia Manuela a levar a Carla para minha casa, a Carlinha eu quero atormenta a sua vida. _ Mas é mintirosa mesmo. — ele sorri e eu fico com muita raiva, ele sabe como eu odeio quando ele fala assim, só para me lembrar das vezes que eu falava errado. _ É mentirosa e não mintirosa Daniel. E para de me chamar de Val eu não te dei ESSA i********e e nem somos amigos. — não mais. Cruzo os braços acima do peito e arqueio a sobrancelha, ele sabe que estou irritada. _ Tudo bem criança, quer que eu te chame de patroa é! Mas não vou, porque não é minha patroa e sim sua tia. Bom o porquê tá correndo afinal? — o encaro com raiva, mas é muito atrevido essa peste mesmo, não vou conta pode me perguntar o dia todo e eu não vou contar, ainda fica me olhando e sorrindo apoiando os cotovelos no pescoço do cavalo para se inclinar na minha direção. _ Estamos fazendo exercícios, eu gosto de correr de manhã. — olho para Kate sem acreditar que ela disse, não era para falar. _ Só a senhora para fazer esse milagre. — a Daniel não procura enguiço comigo não que tô de boa. _ Não me chame de senhora, eu não estou velha. — Kate fala envergonhada. _ Que isso senhora. Não é por tá velha não, é por respeito, já que a senhora é mulher do filho do patrão. — eu vou esganar o Daniel com essa língua grande. _ Cala a boca Daniel. Não é pra tá falando essas coisas pra ela. Não vê que ela fica confusa, tem de ir devagar. — digo e ele me encara, depois a cumprimenta com a cabeça, o bicho b***a mesmo. _ Desculpa senhora. Mas é respeito, todos aqui e em Goiás, sabe que temos de respeitar a senhora. É como filha para os patrões e todo mundo sabe. — agora melhoro um pouco. _ Obrigada Daniel. Eu já entendi, ou melhor estou começando a entender. Mas não sou mulher do Emanuel. _ Vixi nem desmemoriada muda. Ops desculpa senhora pensei alto. — eu vou matar essa peste _ Vaza daqui Daniel, não vê que tá atrapalhando. _ Vão pra onde quero saber se o patrão pergunta? — ai que saco ele não sai do pé, é pior que chulé. _ Vou levar a Kate para a lagoa, ela sempre gostou de ficar lá. — digo logo, porque ele não vai desistir, ele é assim quanto mais você n**a alguma coisa, mais ele fica no pé enchendo o saco. _ Toma cuidado em Val, e senhora não confia nessa criança não ela é uma peste. — abro a boca sem acreditar que ele usou o apelido que dei nele, para se referir a mim. _ Peste é você que vem de outra cidade para me encher o saco Daniel, vai te embora anda. — bato na anca do cavalo que sai correndo, Daniel segura o chapéu e começa a sorrir, bem que ele podia cair de b***a no chão. _ Ele parece ser legal. — Kate fala e eu reviro os olhos, legal eu sei. _ É. — respondo sem ânimo nenhum. Continuamos aquele martírio de correr mais alguns minutos até que chegamos na lagoa, mas que depressa eu tirei meu short e minha blusa, ficando só de calcinha e sutiã, meu corpo não tem muita carne não, só a b***a que isso eu tenho ainda bem, mas meus p****s são pequenos. A água estava uma delícia e a Kate entrou comigo, tava tudo legal até ela subir em uma pedra e pular, eu entrei em desespero vendo ela se afundar, tentei a puxar, mas não conseguia, então Emanuel apareceu do nada e a tirou da água me ajudando, depois dele fazer respiração boca a boca e ela cuspir a água que engoliu ele a pega no colo a colocando dentro do carro. _ Eu quero ir com você Emanuel, eu quero ficar perto dela. — ele me encara nervoso, e quando ele fica nervoso é tenso demais, ele fecha a porta do carro e segura em meu braço com força, mas não o suficiente para me machucar, por mais raiva que ele esteja Emanuel nunca machucaria alguém da família. _ Vai para casa Valentina, eu disse para você não sair de casa com ela e você me desobedeceu se acontecer alguma coisa a culpa vai ser sua e não vou te perdoar, então vai para a casa agora e larga de ser essa teimosa que você é. — pode não machucar fisicamente, mas no psicológico isso ele faz e faz bem. _ katerine queria correr primo. Ela gosta de correr, e chamou as outras mulheres para vir com ela, mas elas não vieram só eu que vim. Não achei que trazer ela para a lagoa ia trazer problemas afinal ela queria conhecer a fazenda, e você não pode a prender. — ele solta meu braço respirando fundo. _ Tudo bem, mas vai para casa agora, eu vou levar ela para o hospital vá avisar os outros. Ele nem espera eu responder e sai correndo cantando pneu, e agora eu tô mais lascada ainda, terei de voltar correndo de novo e dessa vez nem posso reclamar.
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