A semana passou rápido. Quando chegou o dia de estar vestida como uma noiva, Luna estava arrependida. O sentimento por Dante ainda existia, mas uma fagulha de medo a incomodava. Ele não tinha nem mesmo ligado novamente. Na semana que se passou tinha visto a mãe dele. Andrea apareceu com uma espécie de álbum e a fez escolher diversas peças, calcinhas, sutiãs e camisolas. Luna escolheu aquilo que gostava, notou que a sogra não aprovou, mas felizmente ela não disse nada. Depois de tudo escolhido ela foi embora com a maneira espalhafatosa dela, mas em silêncio.
Luna respirou aliviada.
Mas nesse momento, sentada frente ao espelho não sentia nenhum alívio, pelo contrário. Dante já era firme na maneira de se portar e na fala, mas depois do acidente tudo piorou, o tom de voz dele se tornou mais firme ainda, como se uma raiva silenciosa tivesse surgido. E isso a deixava angustiada.
Ricardo bateu na porta, era hora de partir, ele sorriu de maneira confiante para ela, e ela se obrigou a retribuir.
_ Está linda
Luna vestia um vestido branco. Dante tinha pedido isso, na verdade tinha sido uma ordem, ele tinha tentado ser sutil, mas não havia funcionado.
Ela não se sentia realmente bonita, mas agradeceu ao irmão, já bastava um deles nervoso. Não queria que ele ficasse preocupado além do limite com ela, era hora de cuidar de sua vida, mesmo com medo.
Ela não conhecia a casa de Dante, mas ficou aliviada por ele não morar em um apartamento gelado. A casa dele, verdade era uma casa grande e cercada com um jardim. Havia seguranças pelos portões e alguns carros. Um juiz iria até lá realizar o casamento.
Luna entrou como se tivesse com o corpo anestesiado. A sensação de queda constate tinha se instaurado em seu íntiimo.
Descobriu Dante próximo a dois homens. Ele vestia terno e estava em pé, mas para isso usava um andador de aço, ele tinha ganhado uma pequena cicatriz na bochecha esquerda.
Luna se aproximou guiada por Ricardo, os homens se afastaram e Ricardo a soltou para que se aproximasse do noivo.
A cadeira de roda estava próxima, mesmo assim a imponência dele estava lá. A soberba também. Nada abalaria a confiança daquele homem.
_ Se aproxime Borboleta. Esperam pelo menos um beijo nosso.
Luna colocou os lábios levemente sobre os dele, foi leve como uma pluma e rápido como o vento, ela não desejava muito contato, ainda mais na frente de outras pessoas. Estava mais que nervosa.
Dante se sentou na cadeira, mesmo a usando pouco tempo, ele a manejava muito bem e com facilidade. Não parecia incomodado por usa-la.
O juiz não era romântico, e o casamento aconteceu de maneira rápida e fria. Luna se sentiu tristonha, tinha sonhado com um casamento na igreja e com uma festa bonita, mas teria que se contentar com aquilo. Na hora do beijo Ricardo e um amigo de nome Mateus, se posicionaram ao lado de Dante, cada amigo de um lado e deram apoio físico para ele ficar em pé. Uma foto foi tirada nesse momento, provavelmente estaria nos jornais logo pela manhã.
As pessoas achariam aquilo magnífico, mas o coração dela não conseguia se aquecer.
Era fim de tarde. E se reuniram no jardim da casa. Não era um jantar, mas uma espécie de lanche. O cardapio era simples, mas refinado. Quando Ricardo se despediu dela, Luna sentiu vontade de se agarrar a ele. Seu porto seguro estava partindo, ficaria a mercê de um homem que precisava de apoio para se mover, mas ainda assim era intimidador.
Quando os poucos convidados foram se despedindo, ela se sentiu ainda mais temerosa, não sabia com agir. Os olhos dele era presença constante na pele dela.
Luna se levantou, tinha alguns presentes para guardar. Eram em sua maioria coisas de cozinha e se guiou para lá. Tinha duas funcionárias terminando a limpeza.
_ Deseja algo? Senhora.
_ Não, só vim guardar esses presentes. Sou Luna.
_ Sabemos. Nós somos Jacinta e Laurinda. Estamos aqui para servi-la, senhora.
_ Não precisa me chamar de senhora.
_ É melhor. Senhor Dante não vai gostar que seja de outra forma. Precisamos ir.
_ Não dormem aqui?
_ Dormimos, mas hoje o senhor Dante ordenou que a casa ficasse sem nenhum funcionário.
Luna se sentiu gelar, parecia que o marido desejava ficar sozinho com ela. Desejou com todas as suas forças que ele fosse paciente, queria um marido que fosse bom com ela. Mas tinha a leve suspeita que Dante não conhecia muito de bondade.