Capítulo 6 - Visitantes na noite

1580 Words
Fui despertada de repente por um barulho alto em algum lugar da casa. Sentei na cama, olhando ao redor do meu quarto enquanto a escuridão o envolvia. Lá fora estava completamente escuro agora e devo ter dormido por horas. Tentei controlar minha respiração, ouvindo qualquer coisa enquanto Calypso falava, me assustando. "Talvez tente chamar seu pai, veja se ele também ouviu." Balancei a cabeça, tentando me acalmar enquanto o chamava rapidamente. "Pai, você está acordado?" Minha voz foi baixa e suave, caso ele estivesse dormindo. "Mila, esconda-se agora!" Sua voz saiu desesperada e tensa, fazendo meu estômago afundar. "O que está acontecendo?!" O pânico me dominou quando senti o ar ao meu redor ficar denso como se houvesse alguém ali. Devagar, tirei meu cobertor, cheirando o ar quando um cheiro forte parecido com esgoto me atingiu. Alguém mais estava ali... no meu quarto. Meu coração afundou e senti o pelo de Calypso se arrepiar. Dois olhos vermelhos brilhantes começaram a se erguer no fim da minha cama, me congelando no lugar. "Nós temos observado você, lobinho. Ah sim, nós temos...", uma voz grave e rouca disse, fazendo meu estômago afundar. Quem quer que fosse, devia ser o que eu sentia nos últimos dias. "É quem estava nos observando." Eu disse, surpresa, para Calypso, tentando manter a calma. "Apenas fique calma, precisamos sair deste quarto." Empurrei meu medo para o lado, tentando esconder qualquer sinal dele. Sabendo que quem quer que fosse poderia cheirá-lo em mim. "Quem é você?", perguntei firmemente, mantendo minha voz firme enquanto falava. "Pequeno lobo corajoso, de fato muito corajoso", a voz disse, dando um passo em minha direção enquanto a forma de um homem grande aparecia diante de mim. Suas roupas estavam sujas e fediam horrivelmente, seu cabelo escuro e comprido estava preso em um r**o de cavalo, sua pele era bronzeada e seu queixo era marcado. Eu diria que ele era bonito, mas um olhar em seus olhos e eu soube que aquele homem era puro m*l. Seus olhos brilhavam vermelhos, seus dentes eram afiados e seus caninos se destacavam, tingidos de vermelho. Logo percebi que ele tinha uma grande cicatriz descendo pelo lado do rosto até o pescoço. Um renegado... isso tinha que ser os renegados dos quais meu pai falava. Como ele nos encontrou aqui? Como se o homem pudesse ler minha mente, ele falou grosseiramente. "Eu pude sentir seu cheiro, seu lindo e doce cheiro, chegando em minha direção, sussurrando para que eu o reclamasse." Sua voz era ameaçadora e sombria enquanto dava mais um passo adiante. "Aquele homem, ele te escondeu, algo tão precioso, ele não quer que ninguém o tenha." Suas palavras não faziam sentido, mas antes que eu percebesse, já estava sentada ereta, meus punhos cerrados enquanto me preparava para correr. "Onde ele está?" Sussurrei, o medo me consumindo, por favor, deusa, proteja meu pai. "Oh, ele está sendo cuidado." Ele sorriu maliciosamente, isso era o suficiente, eu não ia ficar aqui sentada enquanto algo acontecia com meu pai. Eu precisava agir agora. Pulei, surpreendendo o homem enquanto me lançava para a porta. Ele estava bem atrás de mim e eu rapidamente joguei minha perna para trás, acertando um chute forte em seu estômago, o deixando sem ar. Abri a porta enquanto o homem tentava recuperar o fôlego. Ouvi um tumulto acontecendo enquanto corria para a porta do meu pai. A porta tinha sido arrancada de suas dobradiças e o que vi lá dentro fez meu estômago afundar. Dois homens estavam em cima da cama, segurando meu pai enquanto ele rosnava com raiva, seus olhos ficando pretos quando me viu. "Mila, corra!", ele gritou, a raiva tomando conta dele. De jeito nenhum eu sairia correndo. Olhei ao redor, encontrando o poker de ferro para a lareira enquanto o pegava rapidamente e entrava no quarto. Eu sabia que o outro homem iria vir atrás de mim a qualquer segundo. Se eu pudesse apenas libertar meu pai, nós poderíamos correr juntos. Girei a barra de ferro, cortando o braço de um dos homens e ele gritou, soltando meu pai. "Sua v***a!" O homem rugiu com raiva. Meu pai agiu rápido, socando o homem no rosto e chutando o outro que estava em cima dele. Ele deu um salto para frente, se transformando instantaneamente em Lucius enquanto atacava os homens, arrancando limpo o braço de um deles enquanto ele gritava. Meus olhos se arregalaram, tentando me manter focada enquanto meu pai atacava o outro, seus gritos e gemidos enchendo o quarto. "Devemos nos transformar também?" Pensei rapidamente, me perguntando se era uma boa ideia. "Não, vai levar muito tempo, não podemos arriscar." Balancei a cabeça, segurando firmemente o poker de ferro enquanto esperava a chegada do outro homem. "Pequena loba, venha brincar." O homem de antes me provocou, eu podia ouvir que ele estava do lado de fora agora. Mas ele estava sozinho? Ou havia mais homens? Olhei para os corpos caídos no chão. Lucius caminhou na minha direção, rosnando protetoramente enquanto olhava para fora. "O grande lobo mau não me assusta." O homem gritou, deixando meu pai ainda mais irritado. "Fique." Lucius rosnou enquanto se comunicava comigo. Segurei os pelos dele, o abraçando com força. Isso não parecia certo, por que ele chamaria meu pai para fora sabendo que ele acabara de matar dois de seus homens? "Pai, por favor, por favor, não saia daí, é uma armadilha, tem que ser." Sussurrei apressadamente, Calypso estava agitada em minha mente, a ansiedade tomando conta de nós enquanto temíamos o que nos esperava do lado de fora. Lucius rosnou, continuando a se aproximar enquanto eu mordia o lábio nervosamente. Ele passou pela porta com dificuldade, era tão grande que eu não sabia como ele conseguia ficar dentro da casa. Segurei o poker com mais força, me aproximando enquanto meu pai olhava para trás, balançando a cabeça como advertência. Eu só deveria esperar aqui dentro? 'Se o ouvirmos chorar, então iremos ajudar.' Calypso disse calmamente, sua voz sendo minha âncora. Eu não sabia o que faria sem ela. Olhando para baixo, percebi agora que estava apenas de roupa íntima e uma camiseta longa. Corri para a cômoda do meu pai, encontrei um par de suas calças de moletom e as coloquei rapidamente, amarrando-as em volta da minha cintura enquanto elas se acumulavam ao redor das minhas pernas. 'Melhor do que nada.' Pensei, sentindo o aceno de aprovação de Calypso. Olhei para baixo, vendo aqueles dois homens deitados lá, sem vida. Eu estava grato pela noite escura, porque sabia que se os visse mais claramente, seria algo que assombraria o resto da minha vida. Nesse exato momento, um uivo ensurdecedor soou lá fora, fazendo meu estômago afundar. Então, pelo menos mais quatro uivos ecoaram em resposta. 'Mila, saia pela porta dos fundos agora, corra, corra o mais rápido que puder. Você precisa se transformar agora!' Meu pai se conectou a mim e o medo me consumiu, fazendo um gemido escapar dos meus lábios. 'Eu não posso te deixar, por favor, pai, por favor.' Meu coração afundou, e me senti m*l enquanto agachava lentamente, tentando deixar Calypso assumir o controle, mas não consegui, não consegui limpar minha mente. 'Vá agora! Eu vou te encontrar, eu prometo.' Ele disse pela última vez enquanto ouvia rosnados e grunhidos do lado de fora. 'Saia pela janela, Mila, agora.' Calypso gritou, trazendo-me de volta à realidade enquanto olhava para o fundo do quarto. Corri apressadamente para a janela, percebendo que nem sequer tinha sapatos para usar. Agora que eu era uma loba, deveria estar tudo bem, meu corpo pode me aquecer por um tempo. Pelo menos até meu pai me encontrar. Abri a janela apressadamente, puxando-a bruscamente e sentindo o ar fresco da noite passar por mim. Rosnados e grunhidos ecoaram por toda a floresta escura, sabia que meu pai devia estar travando uma boa luta. Ele precisava vencer, ele tinha que vencer. Pulei para fora da janela e assim que pousei, ouvi aquela voz dentro da casa mais uma vez. "Lobinha, onde você está? Quero que conheça sua nova matilha." Ele rosnou e eu fui embora, não podia deixar ele saber onde eu estava. Corri rapidamente pelo quintal. Os sons de um lobo chorando desapareceram lentamente enquanto continuava a correr. Para onde eu iria? Como encontraria meu caminho de volta? Quem eram esses homens mesmo? "Pai, você está bem?" Conectei-me apressadamente, precisava saber, não podia deixá-lo assim. Parecia errado, tudo isso era tão errado. Se ele não respondesse, eu ia virar as costas. "Sim, só restam dois, não pare de jeito nenhum, eu irei te encontrar." Alívio preencheu tanto eu quanto Calypso, ele estava bem, ele ainda estava bem. Sua conexão soou mais distante, então eu sabia que não seria capaz de contatá-lo em breve até dar a volta. Continuei correndo, desviando entre árvores e sobre troncos. Minhas pernas começaram a queimar enquanto mantinha meus joelhos alto, correndo pela neve densa. 'Mais a frente há um rio, e podemos esconder nosso cheiro lá.' Calypso rapidamente me apontou, enquanto eu virava à direita. De repente, do nada, eu o senti, aquele homem malvado do meu quarto. Os pelos na parte de trás do meu pescoço se arrepiaram, sabia que ele estava se aproximando a cada segundo. "Lobinha, te encontrei." Ele sussurrou enquanto de repente se lançou ao meu lado, me derrubando no chão, fazendo-me bater violentamente. Ouvi um estalo alto vindo do meu ombro enquanto eu gritava, sentindo uma dor aguda em mim. Oh deusa.. o que vou fazer agora?
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