Ele (Marcos)
— Então, acho que vocês devem saber o que é ménage — disse Ricardo depois de olhar para a minha esposa. Houve uma pausa dramática e, então, eu juro por Deus, eu me lembro de ter visto o safado morder os lábios antes de beber um pouco mais do vinho que dormia em sua taça. Com a garganta molhada, ele continuou: — Foi mais ou menos assim que Ana Beatriz e eu nos separamos.
— Você levou aquela ninfeta pra um ménage? — minha mulher perguntou.
— Se um vizinho ouve isso me denuncia pra polícia — Balançou a cabeça e riu. — Ela já tinha vinte e três. Quase vinte e quatro.
— Só pouco mais de uma década de diferença de idade — disse Aline olhando para mim.
— Explica isso direito — me dirigi ao meu primo olhando para a minha taça vazia.
— Acabou o seu? Tem mais lá dentro, vou pe…
— Não, não — Aline interrompeu. — Termina de me contar essa história. Anda. Tô curiosa.
Ricardo sorriu sem mostrar os dentes.
— Tá ficando frio, vocês não acham? — desconversou ele. Acompanhamos o olhar de nosso anfitrião. A vista era de tirar o fôlego, mesmo à noite. A praia, o céu estrelado, velhinhos caminhando pela orla com seus cachorros, casais adolescentes apaixonados se beijando aqui e ali.
— É o vento — minha esposa resmungou.
— Pra sala, então? — Ricardo estendeu o braço em direção à porta chique de correr a alguns passos de nós.
Depois de abrir a segunda taça de vinho da noite (ainda era cedo), Ricardo sentou-se em sua poltrona marrom, bem chique, e Aline e eu nos sentamos de frente para ele no sofá escuro de três lugares. A decoração rústica da casa de praia dava um ar cinematográfico, o que torna tudo mais atrativo e divertido agora, contando como tudo aconteceu.
O lustre de luz amarela deixava o local bem aconchegante, e os quadros da parede o complementavam de uma maneira chique - eu me senti dentro de um filme Hollywoodiano dos anos 60, e aposto que Aline também, já que sempre amou extravagâncias no geral. Ela é assim, exagerada em absolutamente tudo. Para ela não existe meio termo, ou é oito ou oitenta, como dizem. Se ela bebe, ela bebe pra valer. Quando fuma, dois maços nunca são o suficiente. Sexo? Bom, não é à toa que eu costumo dividi-la com outros homens. Nem é uma vergonha assumir que não dou conta de Aline, pois tenho certeza que nenhum homem daria. Sem exageros.
— Então, vocês fizeram um ménage e… — Aline disse logo após de degustar o aperitivo estranho que Ricardo resolveu servir antes do jantar. Não me lembro do nome, mas o gosto era horroroso. Apesar disso, ela fez “hmmm” depois da mastigada, claro. Fez a fina.
— Ah, sim, verdade, o ménage. Essa palavra é meio constrangedora, não acham?
Peguei o aperitivo de cor alaranjada pela ponta do palito espetado em seu centro e o encarei friamente, fingindo estar super interessado naquela comida r**m. Só para não gargalhar na cara do meu primo, claro. Ele não fazia ideia de quem éramos. De quem Aline era. Pelo amor de Deus.
— Você tá me enrolando — Aline riu para ele, e eu a encarei firme. Ela estava sendo totalmente indiscreta, isso porque só estávamos na segunda garrafa de vinho dividida para três pessoas.
— Não, não… É que não tem muito o que contar. Ela meio que descobriu que não é monogâmica depois disso. Queria também ficar com outros caras. Uma mulher pra apimentar a relação? Tudo bem. Agora, um cara? Por quê? O meu… — Fez uma pausa para rir, depois acabou bebericando um pouco de sua taça. — Eu não sou suficiente?
— Então além de ser careta, você é machista? — Aline deixou a taça sobre a mesa de centro (grande, de madeira, chique como todos os cômodos da casa) entre nós e Ricardo.
— Pode me chamar de machista. Mas você tem que entender que eu não queria outra mulher. Eu sou homem à moda antiga, entendeu? Uma mulher é o suficiente.
Aline não conteve o riso. Nem eu.
— Homem à moda antiga é o que tem uma esposa e uma amante, no mínimo.
— Nem todos os homens são assim, amor — retruquei. — Ou você acha que eu tenho amante por aí?
— Nem todos os homens — Aline, entre gargalhadas, repetiu minha frase com uma entonação infantil. — Gente, essa é o quê? A minha terceira taça? Que vinho é esse, meu Deus?
— Ah, é um nacional mesmo. 2005. Os meus vinhos mais especiais ficam na minha casa, me desculpem. Mas esse tá longe de ser r**m. Gosto bastante.
— Eu diria que é o melhor vinho que já tomei em toda minha vida — Aline disse, rindo, e Ricardo balançou a cabeça.
— É muito bom mesmo — disse olhando para Aline esperando que ela pudesse ler a minha mente e parasse com aquele teatro barato e exagerado.
Quando Ricardo estava prestes a falar, Murilo surgiu na sala de fones de ouvidos sobre os ombros e o cabelo desgranhado, destoando totalmente de toda a elegância do local. Adolescentes… Só saem do quarto quando estão com fome. Sempre assim.
Apesar de ter prometido preparar um jantar especial para nós, Ricardo acabou se cansando por ter sido um anfitrião muito atencioso para os seus convidados pobres e muito curiosos, por isso acabou decidindo nos levar para jantar fora em nossa primeira noite em Arraial do Cabo.
Aline ficou decepcionada com o restaurante escolhido por Ricardo. Foi a primeira vez naquele dia inteiro que eu me senti saindo de uma telona de cinema e indo parar diretamente numa tela de 29 polegadas em uma novela qualquer da Record. O lugar era longe de ser pobre, mas também estava longe de ser à altura do meu primo.
Uma pizzaria. Era de um amigo dele, e ele quis prestigiá-lo e nos apresentar a ele. Ricardo também disse que às vezes sente vontade de comer algo mais simples, sem ser aquelas comidas fru-fru de gente rica que ele certamente era obrigado a comer na maior parte do tempo.
A pizza era gostosa. Foi difícil manter a elegância, já que em casa eu como no guardanapo mesmo. Murilo quase nos fez passar vergonha tentando cortar a borda da pizza (o pedaço quase fugiu do prato), mas no final deu tudo certo. Nosso filho novo, o pequeno Ábner, comeu pouquinho, como sempre. Minha mãe sempre reclama sobre como ele está magro toda vez que a visitamos.
...
Quase duas da manhã. Já de volta ao casarão de Ricardo Ricaço, Aline estava com as pernas tremendo, um cigarro preso entre dois dedos da mão direita e a mão deslizando por dentro do meu short.
— O quarto dele é bem aqui do lado — comentei. À essa altura, eu já estava começando a ficar duro.
— Não. Não vai rolar. Vai ser difícil. Ele é todo cheio de não me toque. Não sei.
— Eu tava falando da gente — disse, e ela olhou para mim, rindo. Levou o cigarro à boca. — Fazer barulho na primeira noite aqui. Vai pegar m*l.
— Ou ele vai ficar e******o e bater aqui na porta, pedir pra participar — disse Aline depois de tirar o cigarro da boca outra vez.
— Engraçadinha. Quer dizer, essa coisa do ménage até que me pegou de surpresa. Eu achava que ele era mais santinho.
— t*****r com duas mulheres? Até um pastor faria isso — Minha esposa fechou o punho de sua mão esquerda quando percebeu que agora já estava definitivamente duro.
— Faz sentido… Sei lá. Tô meio sem graça. Ele é meu primo.
— De vigésimo grau — Aline revirou os olhos e começou a me masturbar com mais força. Sem largar a mão esquerda da mim, ela se esticou até a mesa de cabeceira ao seu lado para afundar o cigarro terminado no cinzeiro.
— p***a, amor — disse quando ela se virou novamente para mim, aumentando a velocidade do movimento de sua mão. — Calma.
— Eu tô nervosa. — Minha esposa virou o corpo rapidamente e sentou-se em cima de mim. — Já consigo imaginar nós três bem aqui, nessa cama.
— Você ouviu o homem. Infelimente, não somos um casal lésbico.
— Ele não vai resistir. Todo mundo que tem a oportunidade quer dar pra você. É ou não é? — ela disse rebolando sobre o meu p*u enquanto enfiava dois dedos em minha boca.
— Amor — disse depois de tirar os dedos dela da minha boca. — p***a, p**a gosto de cigarro. Gosto de esgoto.
— Ih, pronto, foi contaminado pelo ricaço almofadinha — debochou ela, rindo.
— Tu quer acordar o ricaço almofadinha, né? — disse, pegando-a pela nuca, movendo seu corpo rapidamente para debaixo do meu.
Depois de beijá-la, segurei os dois pulsos de Aline sobre sua cabeça, do jeito que ela gosta, antes de começar a meter.