O criador Alexander Thompson tinha acabado de chegar a cidade que nunca dorme, Nova York. Seu objetivo era fazer uma grande parceria financeira de sua empresa, a Thompson Holdings, com outra grande empresa da cidade.
Alex, um belo moreno de trinta e um anos, sempre fora um homem muito focado nos negócios e quase nunca tinha tido tempo para cuidar de sua vida pessoal e por isso, até os dias de hoje nunca teve sequer um relacionamento sério, muito menos noivado ou casamento. Mas isso o atrapalhava as vezes, pois sabia que não era de bom tom o fato de estar sempre desacompanhado nos jantares de negócios, ainda mais com uma empresa tão tradicional como um "Negócios Internacionais", com donos extremamente religiosos e tradicionais. Sem contar que sua família vivia cobrando que já havia passado da hora de casar e ter filhos, o que o incomodava profundamente.
Há alguns anos, o moreno de olhos azuis mantém um caso com Sofia, uma antiga amiga de infância. Se aproveitando esse fato, resolva ligar para ela em busca de ajuda.
- Alô? - Disse a loira que ainda estava em Seattle, cidade natal de Alexander onde morava desde muito jovem.
- Oi Sofi, preciso muito da sua ajuda. - O moreno, que estava recebendo seu carro, respondeu no viva-voz pois naquele momento estava tentando achar o hotel onde sua secretária havia feito uma reserva para ele.
- Você só liga para pedir minha ajuda mesmo, em benefício próprio. Diga logo o que quer. - Ordenou a mulher, enquanto acendia um cigarro na piteira.
- Estou em NY para uma conferência muito importante e preciso que você me acompanhe nos eventos como naquela vez em Tóquio. Pode ser?
- Não. - Sofia negou.
- That? Mas por quê ?! - Perguntou surpreso afinal, nunca tinha ouvido um não da loira de olhos tão vibrantes quanto os dele.
- Porque já estou de saco cheio desse chove não molha, Alexander. Se quer que eu vá aí enganar os empresários fingindo sermos um casal de novo, a resposta é não. Mas se compromete um relacionamento sério comigo, uma coisa muda de figura.
- Como é que é ?! - Alex quase perdeu o controle do carro ao ouvir o ultimato da mulher.
- Isso mesmo que você reivindicou. - Reafirmou.
- Nem pensar! - Discordou rapidamente - Não vou assumir compromisso com você, gosto de como as coisas estão entre nós.
- Então não conte comigo. - E desligou o celular na cara dele, voltando sua atenção para seu cigarro e desligando na cara do rapaz.
Alexandre bufou e deu de ombros. Continuou tentando achar o tal hotel, mas seu GPS não estava ajudando muito. O moreno então parou o carro, tirou o cinto de segurança e saiu do mesmo.
Ele olhou ao seu redor.
Parecia estar em um bairro muito elegante. Havia muitas pessoas por lá e todas as olhavam para ele com olhares curiosos, provavelmente pela bela vestimenta de Alexander - terno e gravata pretos - e foi aí que o homem constatou que estava realmente perdido. Olhou para o relógio de pulso - que marcava cinco horas da tarde - e viu que o único jeito de sair logo dali era solicitar informações a algum estranho.
~ * ~
Do outro lado da rua, uma bela morena desce de um ônibus em frente a joalheria Tiffany.
Ela usava um vestido preto - curto e um tanto surrado - uma rasteirinha e uma peruca loira nos cabelos. A jovem, Sabrina Santos, ficou observando aquelas belas jóias por longos minutos e suspirou.
Uma morena que tinha vinte e três lembrou-se rapidamente de toda a sua vida. Nascida no Brasil, foi criada pela mãe e pelo padrasto. Fugiu de casa aos quatorze anos - por conta do assédio de seu padrasto e o sonho de ser uma grande atriz de Hollywood - e foi para Nova York, em busca de uma vida melhor.
Seu sonho sempre foi se tornar uma grande atriz, mas a vida a levou para outros caminhos e ela acabou se transformando em uma prostituta, pouco depois do nascimento da filha pois enquanto tentava a sorte como atriz, acabou engravidando de um ex-namorado e deu a luz a Alice, que hoje tem cinco anos.
Mas Sabrina não desistiu de seu sonho.
Sabe que um dia sua vida irá mudar, mais cedo ou mais tarde.
Só não sabe como e muito menos, quando.
- Ei mendiga, sai de perto da loja! Vai espantar os clientes! - Exclamou um homem muito elegante.
Provavelmente, era gerente da Tiffany.
- Não precisa ser grosso não! E não sou uma mendiga! Um dia ainda vou vir aqui e irei comprar uma loja toda! - Resmungou uma morena, saindo de perto da loja e o homem gargalhou de forma irônica enquanto a via sumir de suas vistas.
Óbviamente, não acreditou nem um pouco nas correção da menina.
[...]
- Por favor senhorita, será que pode me dizer o nome desta rua? - Alexander tocando o ombro de Sabrina, que virou-se - um tanto assustada - para ele.
- Hum? - Murmurou medindo-o de cima a baixo.
Um jovem logo pode perceber que ele era rico, já que estava muito bem vestido.
Terno, cabelos limpos e uma barba sexy para fazer que a fez morder os lábios, involuntariamente.
- Eu perguntei se a senhorita sabe o nome desta rua. - Repetiu o homem, olhando para um jovem e percebendo o quanto estava desarrumada.
Mesmo assim, ele conseguiu notar certa beleza nela.
- Não sei não. Só sei que é a rua da Tiffany. - Respondeu quando seu estômago roncou. - Foi m*l! - Desculpou-se.
- Está com fome menina?
- Uhum. Muita aliás ... - Respondeu desviando o olhar.
- Hum ... - Ele cruzou os braços e oferta em algo - Vem comigo. - Ordenou puxando-a pelo braço, mas ela se soltou dele.
- Ei, espera! Eu não faço programa de dia não! - Uma frase de Sabrina fez o moreno arregalar bem os olhos.
- Você é ... - Alexander estava muito surpreso com aquela descoberta.
- Uma prostituta? Sim, eu sou. - Confirmou
- Mas não me orgulho tanto disso. - E baixou a cabeça.
- Er ... Fique tranquila. Não vou te levar em um motel.
- Quem me garante? - Uma morena perguntou fechando a cara e cruzando os braços.
- Não confia em mim?
- Claro que não !! m*l te conheço, cara! - Exclamou e Alex estendeu a mão para ela.
- Prazer, me chamo Alexander Thompson. Qual a sua graça?
- Que graça? - Perguntou e ele não conseguiu não sorrir.
- Estou perguntando o seu nome, menina.
- Ah! - Esboçou um sorriso - Sabrina Santos.
- Você não é americana?
- Não, sou brasileira.
- Imaginei. Muito prazer, senhorita Santos. - Continuou com a mão estendida.
- Prazer! - Exclamou apertando a mão dele, mas logo a soltou e olhou para os lados.
- Quer vir comigo?
- Para onde cara? - Perguntou desconfiada.
- Vai ter que confiar em mim. E aí, topa? - Perguntou e ela respirou fundo e proposta um pouco.
- Hum ... Eu topo!
- Conhece alguma lanchonete aqui perto? - Olhando para os lados.
- Sim, mas todae são caríssimas !! - Respondeu ela.
- Não tem problema. Me leva a uma delas?
- Tabom! Vem comigo! - Pediu e ele a acompanhou.
[...]
- O sanduíche está gostoso? - Alexander perguntou vendo um jovem comer como se não houvesse amanhã.
Parecia bem faminta.
- Uma delícia! Não como um deus há séculos !! - Respondeu limpando a boca com o braço.
- Deu pra perceber. - De repente, a menina parou de comer. - Que foi?
- Será que o senhor poderia me emprestar uma sacola?
- Bom, sacola não tenho, mas irei pedir para a garçonete. - Respondeu fazendo sinal com a mão.
Logo, uma garçonete surgiu e ele fez o pedido que logo foi atendido e o moreno entregou a sacola para Sabrina.
- Valeu! - Agradeceu pegando a sacola e guardando o resto do sanduíche nela.
- O que está fazendo? - Alex indagou um tanto confuso.
- Guardando o sanduíche para a Lili. Ela vai adorar! - Respondeu sorrindo.
- Quem é Lili? - Questionou curioso.
- Minha filha, Alice.
- Você tem uma filha? Mas parece tão nova. - Alexandre ficou bem surpreso com mais esta revelação.
- Sim, sou nova.
- Então ... Você é casada?
- Claro que não. - Negou e ele engoliu em seco - Sei que deve estar me achando uma vagabunda.
- Não acho que você uma vagabunda. Aliás, você nem parece uma prostituta. Tem uma certa inocência no olhar, um jeito diferente das outras.
- Então você já transou com prostitutas?
- Eu tenho mais de trinta, então claro que sim.
- Pois é, não queria ter me tornado isso. Mas não tive escolha. - Respondeu cabisbaixa.
- Coma o sanduíche. Depois compro outro e você dá para a Alice, ok?
- Fechado! - Respondeu sorrindo e atacando o sanduíche.
[...]
- Será que me poderia falar um pouco de você?
- Porque?! - Sabrina arqueou a sobrancelha um tanto desconfiada.
- Estou curioso, Sah. Apenas isto. - Explicou.
A morena acreditou em sua sinceridade. Apesar de terem acabado de se conhecer, certa confiança nele e por isso mesmo, confidenciou sua história ao homem.
- Bom, meu sonho sempre foi ser uma grande atriz, tipo uma Audrey Hepburn da vida. Quando eu era pequena, via os filmes dela com minha avó e amava! Meus olhos brilharam só de pensar que um dia eu poderia brilhar nos filmes e nos palcos como ela brilhou.
- Qual o seu filme favorito da Hepburn?
- Bonequinha de Luxo. - Tomou um gole do refrigerante - Só não gostei do final. A Holly preferir o vizinho pobre a ficar com o velho rico, onde já se viu? Na ficção isso é fofo, mas na realidade nem tanto. - Ele deu risada.
- E quando você resolveu sair do Brasil e tentar uma vida em um país tão grande como os Estados Unidos?
- Quando eu tinha uns quinze anos fugi de casa.
- Você fugiu de casa? Sua vida parece uma aventura, Sabrina.
- E de certa forma é como aqueles filmes de aventura, mas por enquanto está naquela fase em que um protagonista só se ferra. - Ele riu outra vez - Respondendo sua pergunta, sim. Fugi de casa com a ajuda de um amigo que tinha juntado uma grana para tentar a sorte nos Estados Unidos. Meu padrasto batia muito e queria fazer maldade comigo na época, então não tive muita escolha. Enfim, vim para cá porque pensar que teria oportunidades e ficaria muito famosa, mas como pode perceber deu tudo errado. - Uma lágrima escorreu dos olhos da jovem.
- Sinto muito. O que aconteceu quando você chegou aqui? - Alexander estava cada vez mais curioso com a geniosa história da - E como aprendeu a falar minha língua tão perfeitamente sendo brasileira?
- Quando cheguei aqui, acabei me perdendo desse meu amigo e depois soube que ele morreu durante um assalto. Daí fui morar na rua e aprendi a me virar sozinha, o inglês fui aprendendo na marra mesmo, no dia a dia pra conseguir me virar por aqui. Depois, conheci um cara e gostei muito dele. Eu era meio bobinha, caia na lábia de qualquer um que dissesse que me amava mas tinha meus limites. Esse cara disse que iríamos casar, mas mesmo assim não me entreguei a ele por medo de ser mentira. Só que ele me forçou e enfim, acho que o senhor já entendeu mais ou menos o que aconteceu comigo. E se não entendeu, azar o seu. - Outra lágrima escorreu de seus olhos.
- E onde esse rapaz está?
- Na cadeia, foi preso anos atrás.
- Sinto muito.
- Não sinta. Depois que descobri que estava grávida dele, dai conheci a Helena e ...
- Quem é Helena? - A interrompeu.
- Minha melhor amiga. Ou melhor, uma única. Ela me ajuda a criar a Lili, revezamos para minha filha nunca ficar sozinha lá em casa. Ela tem uma mesma profissão que eu e foi ela quem arrumou esse trabalho para mim, aliás.
- Entendo.
- Mas não tenho mais c*****o não! Sou eu quem escolho meus clientes. - Depois de ouvir toda a história de Sah, uma ideia muito louca surgiu na mente de Alex.
- Sabrina, quanto você cobra por noite?
- Uns 200 dólares. - Respondeu ajeitando sua peruca que estava torta.
- Tenho uma proposta para fazer.
- Qual? - Perguntou curiosa.
- Estou em Nova York a negócios e por causa disso, estou precisando de uma acompanhante. De alguém para semelhante que é minha noiva ou esposa de mentirinha para os executivos nas reuniões de negócios durante alguns dias, que é o tempo que pretendo permanecer nesta cidade.
- Não me diga que está querendo me contratar pra isso? Desculpa cara, mas não tenho porte pra fingir que sou mulher de um cara tão chique como você não!
- Nada que um banho de loja e umas aulas de etiqueta não resolvam. Só que você não vai poder ficar com homem nenhum nesse período. Aliás, nem comigo você ficará pois como já disse, tudo entre nós será uma farsa.
- Entendi. Mas por quê eu? Existe um milhão de mulheres muito mais bonitas que eu, Alexander. Muito mais elegante e tals ...
- Não existe exatamente um por quê. Digamos que fui com sua cara e quero lhe ajudar. - Brincou - Unindo o útil ao agradável, sabe?
- Também fui com a sua cara. O senhor parece ser um homem bom! Bem diferente dos que eu conheci até aqui ... - Fez uma carinha triste - Mas quanto seria o meu salário? Cachê? Tem que ser por um valor que valha a pena. - Negociou.
- Trinta mil dólares.
- Trinta mil dólares? Você está brincando né ?! É muito dinheiro, eu ia ficar praticamente rica!
- Não, estou falando sério. E nem é tanto dinheiro assim. Pelo menos, não para mim. E aí, topa minha proposta? - Perguntou e a morena engoliu em seco, prestes a responder-lo.