05. Sophia
Eu acordei e a minha cabeça tava rodando. Eu não vou beber nunca mais! Demorei um tempo pra conseguir levantar, mas fui no banheiro e tomei um banho já sentindo meu estômago doer demais, e eu odeio vomitar, p**a que me pariu. Eu saí do banho e vesti o pijama novamente, prendi o cabelo lá no alto e saí vuada pra cozinha.
Eu entrei e já senti o clima estranho. Já entrei direto caçando comida e meu pai morou no silêncio, eu tava sentindo que ia vir merda porque ele não é assim.Pronto, ele jogou e saiu fora. E não dá nem pra correr pro meu avô e nem minha vó, porque com certeza eles também devem estar chateados. Eu sei que eu errei, tenho certeza absoluta disso, mas na hora eu nem pensei em nada, só queria vir embora dormir.
Eu subi e fiquei no quarto da Liz deitada com ela conversando com os bofinhos da vida. Eu fico com o Filhão do Catarina, ele surtou ontem quando postei foto bebendo com o pessoal e mandou um monte de coisas, mas eu nem respondi, deixei surtando sozinho.
Meu pai vai b*******a neurose pra eu sair, mas eu vou assim mesmo. Eu tô proibida de dirigir, não de sair de casa. Mandei mensagem pra ele e ele sempre responde na hora.
~ início das mensagens ~
— Tá mais calmo?
— Quer resposta, mano? Fala comigo não.
— Posso me arrumar pra você mandar alguém me buscar? Tô sem carro...
— Hoje você não tem nada de interessante pra fazer com seus amigos não, né? Aí quer vir pra cima de mim.
— Ah, então tá. Vou mandar mensagem pros meus amigos então, beijos.
— Qual é, garota?????? Você marola muito com a cara de vagabundo, tá doida pra ficar careca.
— kkkkkkkk você e mais quantos SÓ PRA TENTAR me deixar careca?
— Se garante no papai, né?
— Não... No vovô também ;p
— Máximo respeito! Se arruma aí logo, quando acabar me avisa que mando um motorista aí te buscar.
— Beijos.
~ fim das mensagens ~
— Vou lá pro Catarina, quer ir? — eu disse olhando pra Liz
— Ai Sophia, vou nada. Meu pai já tá puto e eu não vou tirar ele mais do sério ainda. Você que é doida. — ela disse baixando o celular e me olhando
—Eu não vou ficar em casa final de semana não, duvido. — eu levanto e vou pro meu quarto me arrumar.
Chegando no meu quarto, peguei a toalha e fui direto pro banheiro. Tomei outro banho, dessa vez lavando a cabeça. Eu não aguentava mais o cheiro de álcool impregnado no meu cabelo. Depois do banho, me enrolei na toalha e fui pro armário. Peguei uma roupa bem confortável pra passar o final de semana na casa do Filhão. Botei um shortinho, uma blusa cropped e uma slide melissa.
Com a mochila em cima da cama, comecei a colocar algumas roupas. Peguei umas peças íntimas, shorts, camisetas e um vestido caso a gente fosse pro Baile. Também coloquei meu nécessaire com escova de dente, pasta, maquiagem básica e meu perfume favorito.
Quando eu estava toda arrumada e a mochila pronta, me olhei no espelho e sorri. Tava pronta pra sair desse clima pesado de casa e curtir meu final de semana. Mas, quando desci as escadas, o meu pai e minha mãe estavam na sala, eu respirei fundo e fui passando devagar.
Meu pai me parou no meio da sala, já com aquele olhar bravo.
— Onde você pensa que vai? — ele perguntou, cruzando os braços.
— Vou pra casa de uma amiga, pai. Passar o final de semana lá, já que não posso dirigir, né? — respondi, tentando manter a calma.
— Amiga, é? E você acha que eu sou i****a? Você não vai sair pra lugar nenhum! — ele falou, aumentando a voz.
— Eu vou de Uber, pai. Já falei, vou passar o final de semana na casa da minha amiga. — insisti, tentando me manter firme.
— Você não vai de jeito nenhum pra casa de ninguém! — ele gritou. — Você anda fazendo o que quer, a hora que quer, e já faz muito tempo. Hoje eu esgotei a última paciência que eu tinha com você.
— Mas, pai... — comecei, mas ele me interrompeu.
— Sobe pro seu quarto agora, Sophia! — ele ordenou, e eu sabia que discutir não ia adiantar.
Eu bufei, irritada.
— Isso é ridículo! Eu não sou criança, eu posso cuidar de mim mesma! — gritei, sentindo a raiva subir.
Minha mãe tentou intervir, mas meu pai foi mais firme.
— Você errou ontem e vai ter que arcar com as consequências. Some da minha frente, Sophia. — ele disse, cortando qualquer chance de discussão.
Eu virei de costas, frustrada, e subi as escadas com a mochila pendurada no ombro. Cheguei no meu quarto e joguei a mochila no chão, furiosa. Peguei o celular e mandei mensagem pro Filhão, explicando a situação. Ele ja tava puto por que eu sai ontem e ficou mais puto ainda.
~ início das mensagens ~
— Eu não acredito, Sophia. Você tá de s*******m comigo? — ele mandou, já soltando fogo.
— Calma aí, Renan. Eu não fiz nada demais. Só fui beber com o pessoal. — respondi, tentando aliviar.
— Só foi beber, né? E agora a gente que se fode por tua causa. — ele retrucou, claramente irritado.
— Eu não sabia que ia dar nisso tudo, pô! Nunca deu nisso — eu repliquei, me sentindo acuada.
— Sempre assim, né? Tu nunca sabe. Aí eu fico aqui esperando e nada. — ele rebateu, cada vez mais bravo.
— Não precisava ficar puto desse jeito, c*****o! — eu escrevi, já começando a me irritar também.
— Tu tá achando que eu sou palhaço? Eu tava contando com esse final de semana, p***a. Agora vou passar o final de semana sem mulher ? — ele respondeu.
— Eu também queria, mas meu pai não vai deixar, fazer o quê? — eu disse, tentando manter a calma.
— Sabe o que é, Sophia? Tu só pensa em ti. Faz o que quer e f**a-se o resto. — ele mandou, sem papas na língua.
— Não é bem assim, Renan. Eu só queria me divertir um pouco, qual o problema? — eu tentei justificar.
— O problema é que tu ferrou nossos planos. Tá me tirando, Sophia? Nós não ia pro baile p***a? — ele rebateu.
— E agora? O que tu quer que eu faça? — eu perguntei, sentindo a frustração crescer.
— Queria que tu pensasse um pouco antes de agir. Mas parece que isso é pedir demais. — ele respondeu, cheio de raiva.
— Já entendi, tá? Desculpa, p***a. — eu respondi, cansada da discussão.
— Desculpa não adianta nada agora, né? — ele mandou, com aquele tom sarcástico.
— Ah, vai se f***r, Renan. Tu também não ajuda. — eu rebati, sem paciência.
— Beleza, Sophia. Fica na tua aí ou então vai lá beber com seu pessoal. — ele respondeu, encerrando a conversa.
~ fim das mensagens ~
Eu joguei o celular na cama, bufando de raiva. f**a-se, vou ter que passar esse final de semana aqui mesmo. Não acredito que tudo deu errado assim. Só queria me divertir, e agora tô presa nessa casa, sem poder fazer nada. Eu fiquei jogada na cama por um tempo, tentando pensar em como sair dessa merda de situação. De repente, meu celular apitou com uma notificação. Era o status do Filhão. Não resisti e fui dar uma olhada.
Lá estava ele, todo arrumado, parecendo um verdadeiro malandro. Ele postou várias fotos e vídeos, se exibindo no baile da favela dele. Ele tava lá, rodeado de amigos, bebendo, fumando baseado e se divertindo pra c*****o. Cada foto, cada vídeo, me fazia sentir mais irritada. O Camarote cheio de mulher, isso é passar na minha cara?
— Ah, tá de s*******m, né? — murmurei, com o sangue fervendo.
Mas nunca na vida que eu ia tirar satisfação com macho, eu ia da pra outro hoje. Se ele queria me provocar, ia ver só. Pra sorte dele, tava rolando baile aqui no Salgueiro também, e eu não ia deixar essa passar por que quando se trata de vingança, pode jogar nos p****s da mamãe aqui. Levantei da cama com um objetivo: convencer meu pai a me deixar ir pro baile.
Fui até o quarto do meu pai, ele tava lá, se arrumando pra ir pro baile também. Cheguei devagar, com a cara mais inocente do mundo.
— Pai, posso falar com você rapidinho? — perguntei, entrando no quarto e olhei minha mãe toda lindona
— O que foi, Sophia? — ele respondeu, sem tirar os olhos do espelho e ajeitando os cordão de ouro dele
— Tava pensando... Já que tá rolando baile aqui e todas as minhas amigas e primas vão... Eu posso ir também? — falei, tentando soar convincente.
Ele parou o que tava fazendo e me olhou com aquela cara de quem não tava afim de papo.
— De jeito nenhum. Depois da merda que você fez ontem, ainda quer ir pro baile? Vai dormir que é melhor pra você. — ele disse, balançando a cabeça.
— Pai, por favor. Eu prometo que vou me comportar. E vou ficar o tempo todo com as meninas. — insisti, fazendo a melhor carinha de cachorro abandonado que eu conseguia.
— Eu já disse que não. Você e sua irmã vão ficar em casa hoje. — ele repetiu, voltando a se arrumar.
— Pai, por favor, eu não aguento mais ficar presa aqui, você me conheçe, sabe que eu não suporto me sentir presa, pelo amor de Deus — continuei, quase implorando.
Ele suspirou, parecia estar começando a ceder.
— Todas as minhas amigas e primas vão, pai. Eu não quero ficar sozinha aqui. — acrescentei, reforçando o argumento.
Ele olhou pra mim, pensativo, e finalmente disse:
— Tá bom, tranquilo. Mas, qualquer coisa que eu vê, vai voltar direto pra casa, todas duas — ele falou e respirou fundo terminando de botar os ouros dele e me olhou
— Ta bom, ta booooommm — falei feliz e abri um sorrisão, pulei em cima dele e abraçei pelo pescoço forte e senti ele me segurar só com um braço
— Hmmmmmm, osso pesa também em? — ele falou sorrindo e me soltou — Tchau — ele falou pra eu sair do quarto, me expulsando com talento.
Eu fui correndo pro quarto da Liz e acordei ela, que tava dormindo, mandei ela se arrumar pra gente ir pro baile que meu pai deixou. Ela levantou toda animada também, eu corri pro meu quarto e botei um look todo rosinha e um saltinho branco. Fiz cachos no meu cabelo, uma maquiagem babado e botei ate meus ouros, por que aqui em casa todo mundo tem ouro.
Eu sai do quarto e meus pais ja tinham ido, eu tava mexendo no telefone falando com as meninas quando gritei a Liz e a gente foi descendo as escadas e andando, procurei a chave do carro e mandei mensagem pro meu pai perguntando e ele simplismente falou " Vem apé, se quiser vir." Caraca, meu pai é m*l pra c*****o, mas eu não vou deitar meu amor. Chamamos o moto táxi e muntamos na moto indo pro baile.
Chegamos no baile e o primeiro homem que eu vi foi o Falcão, e ja senti a Liz apertar meu braço. Ele é louco pra ficar com ela, mas ela vive se fazendo de dificil cara, ele é um gato. Ela ao inves de aproveitar, fica nessa. Ele ficou parado olhando a gente passar, ele se perde na Liz, nao é possivel que ela não veja isso.