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Destinos Reservados

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intro-logo
Blurb

Millena, uma jovem de 22 anos teve uma infância nada agradável, sendo espancada pelo pai alcoólatra além de ver sua mãe sendo humilhada e apanhando todos os dias, ela decide que precisa acabar com todo aquele sofrimento e tirar a sua mãe das garras daquele maldito homem que se dizia seu pai, mas para ela, ele é apenas um monstro que as maltratava.

Sem conseguir um emprego decente o suficiente para tirar a sua mãe daquela vida de sofrimentos e poder sustentar as duas, Millena acaba procurando por uma vaga de balconista em uma das boates mais visadas na sua região, a boate "Anjos da Noite" o que ela não imaginava era que nesse momento sua vida não seria tão fácil como ela queria que fosse, mas o destino reservou algo especial e bonito para ela em meio às decepções.

Maurício Fernandes e vice presidente na construtora Collins e também melhor amigo de Ryan Collins, o presidente da empresa, sua vida se resume a pegação e curtição junto aos seus amigos, já há bastante tempo sem uma namorada fixa, sem se apegar emocionalmente a nenhuma mulher, Maurício se rende aos encantos de uma das melhores prostitutas da boate Anjos da Noite, será que essa relação tem futuro? Será que um amor verdadeiro pode surgir entre eles?

Essa história terá um final feliz? Esse casal tem alguma chance de conhecer o amor juntos? Venham comigo descobrir os destinos reservados.

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Capítulo 01 Millena
Hoje eu completo seis anos de casada e o meu marido resolveu me levar pra jantar fora para comemorarmos o nosso aniversário de casamento, como nós temos um plano mais quente para depois do jantar tivemos que pedir ajudar para os nossos amigos e padrinhos da nossa pequena Mellinda, Elisa e Ryan são loucos por ela e fazem todas as suas vontades, Mellinda por sua vez não quer mais sair da casa dos padrinhos por causa do priminho Lorenzo, esses dois parecem unha e cutícula não se desgrudam mais. Depois de deixar a nossa pequena com os padrinhos nós finalmente saímos de casa, perguntei para onde nós iríamos mas Maurício não quis me dizer nada, disse que seria uma surpresa e m*l sabe ele que eu também tenho uma surpresinha pra ele. Chegamos na marina onde temos um iate e eu fiquei surpresa por ele ter me trago justo para cá, eu imaginava um restaurante ou um hotel mas nunca o nosso iate. — Estou curiosa para saber o que estamos fazendo aqui meu amor. — Indago realmente curiosa e intrigada com tudo isso. — Você já vai descobrir o que estamos fazendo aqui meu amor, não seja tão curiosa pelo menos por hoje está bem? — Diz assim que saímos do carro e ele me puxa para um beijo caloroso. Andamos calmamente até o nosso iate e de longe não dá para ver nada, estava tudo muito escuro, mas de repente as luzes do nosso iate se ascendem e eu vejo um homem esperando por nós na entrada do mesmo. — Boa noite Sr. e Sra. Fernandes! Sejam bem vindos, hoje eu serei o seu condutor e espero que curtam o passeio. — Nos cumprimenta um senhor muito simpático nos dando passagem para entrar. — Boa noite Victor! E muito obrigado por deixar tudo exatamente como eu pedi. — Meu marido agradece o comandante antes de me encarar com um enorme sorriso no rosto. Caminhamos pelo enorme e luxuoso iate e a cada passo que eu dou eu ficou ainda mais ansiosa para ver a tal surpresa, e assim que entramos no iate vejo uma trilha de pétalas de rosas seguindo para a parte de trás do iate, sigo a trilha e me deparo com uma mesa repleta de pétalas de rosas espalhadas tanto sobre a mesa quanto pelo chão em volta dela, uma garrafa de champanhe no gelo e uma única rosa solitária em cima de cada prato, além de algumas velas acesas com protetores para o vento não apagá-las... Nos aproximamos da mesa e automaticamente os meus olhos começam a lacrimejar pela emoção de ver a surpresa que o meu amor preparou para mim, a mesa no centro do deck com a luz baixa sobre a mesa destacando as velas acesas, eu não sabia se chorava ou se sorria mas se tratando de mim, provavelmente estou fazendo as duas coisas, isso tudo está me lembrando o dia em que ele me pediu em namoro e foi tudo tão especial, tão romântico. — É tudo pra você minha loira, espero que goste porque eu ajudei a fazer tudo com muito carinho, só pra você. — Diz meu amor abraçando a minha cintura e eu me jogo em seus braços. — Eu te amo meu amor, Obrigada está tudo perfeito, você é perfeito minha vida. — Me emociono abraçada a ele e lhe dou um beijo apaixonado. — A sua sorte é que o meu batom e 24hs e não sai, ou você estaria com os lábios mais vermelhos que os meus. — Sussurro em seu ouvido e ele gargalha. — Sendo assim, acho que vou te beijar um pouquinho mais. — Diz já tomando a minha boca em um beijo intenso e só nos soltamos quando o ar nos falta. — Por Deus Maurício... Se controle meu amor nós ainda nem jantamos. — Sussurro no seu ouvido e me apoio nele para não cair, pois minhas pernas estão bambas de tão excitada que fiquei. — Por um momento eu havia me esquecido desse detalhe... Quando estou perto de você eu esqueço o resto do mundo, o tempo para e eu só vejo nos dois minha loira... Meu eterno amor. — Ele acaricia o meu rosto com carinho, me encarando com amor. Nos sentamos à mesa e logo aparece alguém para nos servir, Maurício nos serve as taças de champanhe e brindamos ao nosso amor, ao nosso casamento e a nossa família que amamos tanto, e por eu não poder ingerir bebidas alcoólicas eu coloco a taça de champanhe de volta na mesa e pego taça de água para beber, começamos a comer e está tudo delicioso, ou então é apenas o meu apetite que duplicou as últimas semanas. Maurício me admira e sorrir como no nosso primeiro encontro na boate, ali estava o sorriso que me ganhou já no nosso primeiro encontro e essas lembrança me faz sentir novamente aquele calor e aquelas sensações gostosas que só ele me faz sentir. No meio do nos jantar Maurício põe no centro da mesa uma caixinha de veludo vermelha, em formato de coração, ele apenas põe a caixinha ali mas não diz nada e a minha curiosidade não iria passar despercebida. — Que caixinha é essa meu amor? — Pergunto curiosa encarando aquela caixinha misteriosa. — É um presente. — Diz simples e objetivo. — Tudo bem, eu já entendi, você quer me deixar curiosa, nervosa, ansiosa e eufórica, acertei? — Questiono erguendo uma sobrancelha e ele apenas balança a cabeça, confirmando com aquele sorriso de canto que me derrete. — Tá legal! Pode parar com esse jogo porque você já conseguiu o que queria, está bem? Agora me diz logo o que é isso. — Retruco impaciente apontando para a caixinha e ele gargalha. — Você não tem jeito mesmo, não é minha loira? — Ele sorrir pegando a caixinha abrindo-a e colocando a na minha frente novamente. — É pra você meu amor, esse anel não é apenas um presente de casamento, esse anel está na família a anos, ele sempre passa para as gerações futuras... Com esse anel a minha avó se casou e com ele também se casou a minha mãe, ela acha mais que justo colocá-lo em seu dedo. — Diz se levantando do seu acento e se ajoelha ao meu lado. — Millena Andrade Fernandes! Você aceita se casar comigo pela segunda vez e assim renova os nosso votos de amor? Aceita mais uma vez confirmar que nascemos um para o outro? — Pergunta segurando a minha mão e deposita um beijo demorado nela. Eu fiquei sem ar não acreditando no que está acontecendo, o meu marido me pedindo em casamento novamente, mas dessa vez de um jeito ainda mais romântico. E como já previsto eu choro e sorrio até as palavras finalmente saírem da minha boca. — Sim...! Sim...! Eu aceito me casar de novo com você minha vida. — Respondo aos prantos e ele abre um sorriso lindo me enchendo de felicidade. Maurício se levanta me puxando para si, ele tira o anel da caixinha e o colocou no meu dedo. — Obrigado por mais uma vez me fazer o homem mais feliz do universo meu amor... Eu te amo e amo a família que nós construímos com tanto amor. — Ele me puxa pela cintura e logo me surpreende com a sua língua invadindo a minha boca sem aviso prévio, me beijando com paixão. — Mesmo com o passar dos anos... Você continua tão sedutor quanto antes Sr. Meu marido. — Digo com a voz sexy em seu ouvido e chupo o lóbulo da sua orelha o fazendo se arrepiar. — Acho melhor a gente deixar para comer a sobremesa em outro lugar, você não concorda? — Ele aperta a minha cintura e eu sorrio. — Claro que não meu amor, vamos terminar o nosso jantar porque eu ainda estou faminta. — Me solto dele me sentando novamente e ele me encara atravessado. — Prometo que você será devidamente castigada por isso, Sra. minha mulher! — Diz com o meu sorriso preferido e o meu corpo logo reage. Conversando brevemente e ele finalmente percebe que eu não havia tocado no meu champanhe quando ele enche novamente as taças. — O champanhe está divino, você não vai beber meu amor? — Pergunta confuso porque ele sabe o quanto eu adoro champanhe. — Tenho certeza que esse champanhe está dos deuses, mas eu não posso beber, são ordens médicas. — Mexo na taça olhando para ele por cima dos cílios vendo sua expressão de confusão. — Como assim ordens médicas? Você está doente? Está tudo bem com você meu amor? — Pergunta agora preocupado e eu fiquei com pena de deixar ele pensar isso. — Não meu amor, eu não estou doente, muito pelo contrário eu estou ótima, estou melhor do que nunca. — Falo com um sorriso largo no rosto e ele continua sem entender, "meu Deus como os homens são lentos para entender as coisas". — Eu não posso ingerir álcool meu amor porque a Mellinda vai ter um irmãozinho, ou seja, você vai ser papai de novo, eu estou esperando outro bebê meu amor. — Digo calmamente e Maurício vai ficando pálido, branco feito um papel, ele não diz nada apenas encara fixamente a minha barriga. — Meu amor você está bem? Fala alguma coisa por favor? — Pergunto preocupada segurando a sua mão e ele apenas abre um lindo sorriso antes de cair literalmente duro da cadeira. 7 anos antes ..... Me chamo Millena, tenho 22 anos e sou uma garota de programa, não estou nessa vida porque eu quis e sim porque precisei, não tive uma infância normal como as outras crianças mas tive o amor da minha amada mãezinha, apanhei a minha infância inteira e nem na minha adolescência eu tive paz, meu pai era um alcoólatra e chegava em casa bêbado todos os dias e agredia a mim e minha mãe, mesmo sem motivo algum, quando alguém me pergunta pelos meus pais eu apenas digo que só tenho mãe e não tenho pai, não entro muito em detalhes pra ninguém saber do pai miserável que eu tinha, prefiro ser apontada como uma prostituta do que como filha daquele monstro sem coração que um dia eu chamei de pai, não sei onde ele está e nem me interessa saber, não sei o que ele faz e muito menos se está vivo, nós fugimos dele e não temos interesse em ter notícias daquele homem. Aos 18 anos de idade eu já estava nas ruas correndo atrás de um trabalho que me ajudasse a me sustentar e sustentar a minha mãe, eu queria livrá-la de todo aquele sofrimento, ela não merecia passar por tudo aquilo, uma mulher carinhosa, amorosa e dedicada como ela não merecia ser maltratada pelo homem que ela sempre amou. Infelizmente eu não consegui o trabalho que eu tanto precisei e procurei, a única coisa que me restava era bater nas portas de uma casa noturna, não sou uma mulher feia, tenho uma boa aparência e tive certeza de que conseguiria um trabalho de balconista ou atendente ali dentro, e não deu outra, o dono da boate ficou encantado comigo e quando percebeu o meu desespero para conseguir um trabalho me contratou na mesma hora, mesmo eu não tendo experiência alguma, mas ele só fez isso porque já tinha planos pra mim, ele não me queria como uma simples balconista porque sabia que poderia lucrar muito mais comigo fazendo outro tipo de serviço. Depois de dois meses trabalhando como garçonete Raul percebeu o interesse dos clientes sobre mim, e não demorou muito para ele abrir o jogo comigo, ele sabia que eu não podia perder esse emprego e por isso me chantageou, ele disse que me anunciaria como uma das garotas de programa da casa e se eu não aceitasse eu estaria fora da boate, eu sabia que teria dificuldades para conseguir outro trabalho, e justo naquele momento a minha mãe estava em um estado de depressão forte por conta de tudo que passou com meu pai, e não pode parar com os tratamentos, e além disso os seus remédios são caros e estamos morando em uma pensão onde p**o um aluguel não muito caro, mas se eu perdesse o meu emprego provavelmente seríamos despejadas por falta de p*******o, e minha mãe não poderia passar por isso naquele momento. Me vi obrigada a aceitar as condições do Raul para não perder o emprego e no mesmo dia tive que começar a fazer programa, e por ser virgem meu primeiro cliente pagou ao Raul uma grande quantia em dinheiro só para tirar a minha virgindade, depois disso eu não me senti mais a mesma pessoa, eu me senti suja, me senti impregnada pelo suor daquele homem nojento em corpo, mas eu teria que me acostumar com isso se não quisesse perder o emprego, por sorte eu fiz amizade com algumas meninas da boate e me apeguei muita a Elisa, hoje nós somos mais que amigas, somos quase irmãs, quando eu cheguei aqui ela já estava e logo de cara nos tornamos amigas, e era ela quem me orientava e me aconselhava sobre o que fazer e o que não fazer. Todas nós aqui temos um nome de guerra e o meu e Safira, a minha melhor amiga é a Luna e ela é linda, chama muita atenção por onde passa e dança divinamente bem, as vezes eu tenho uma certa inveja dela mas é uma inveja boa, ela é uma das garotas mais procuradas da boate e só aparecem homens bons e cheios da grana pra ela, enquanto eu não tenho a mesma sorte, sou muito procurada também, mas pelos coroas e até que tem alguns coroas inteiros e bons para coçar o bolso na hora de pagar, não sou de dançar no palco como a Luna mas tem alguns clientes que até pagam a mais só pra mim dançar antes do programa, e é claro que eu não me recuso pois é um extra a mais no meu bolso, e apesar do Raul ficar com boa parte do nosso dinheiro até que dá para tirar uma grana boa pra me sustentar e sustentar a minha mãe e os seus tratamentos. Essa semana eu estou me sentindo um pouco sozinha sem a minha amiga aqui comigo, ela saiu com um cliente pra ficar três dias com ele fora do Rio e eu já estou com saudades, esses dias que ela está fora eu me atrevi a dançar algumas vezes junto com algumas das garotas e até que não fui tão m*l, consegui dois programas com dois gatinhos lindo que me deu até vontade de miar para eles, atendi o primeiro e depois atendi o segundo que pediu meu telefone pra marcar outro programa depois, fora da boate. A casa hoje está cheia como sempre, muitos novinhos circulando mas também tem muitos velhos me encarando aff! Acho que preciso tomar um banho de sal grosso pra ver se espanta um pouco desses velhos da minha cola. Ando pelo salão a procura da minha próxima vítima e a verônica vem me avisar que o Raul quer falar comigo, me direcionei até o seu escritório e entrei sem bater já que ele está me esperando, assim que entro vejo o seu cofre aberto e ali tem dinheiro o suficiente pra mim não precisar trabalhar nunca mais, mas como o dinheiro não é meu vou ter que continuar trabalhando, é o jeito. Raul fecha o seu cofre indo para sua mesa me analisando de cima abaixo. — Queria falar comigo Raul? Algum problema? — Pergunto me aproximando da sua mesa. — Problema nenhum minha querida, pelo contrário... Tenho um book-rosa pra você no final da noite então esteja pronta até as 23hs, o motorista do cliente vira te buscar. — Diz enquanto olha alguns papais. — Tudo bem, pode deixar comigo... Mas Raul! Amanhã eu vou precisar sair um pouquinho mais cedo, minha mãe está muito sozinha em casa e ela não está bem de saúde, eu não tenho ninguém pra ficar com ela. — Digo meio triste ao me lembrar da minha mãe. — Negativo Safira! Eu não posso te dispensar mais cedo, a Luna não está aqui e na ausência dela as minhas melhores garotas são você, verônica e a Paola, a casa está enchendo mais a cada dia e não tem como dispensar nenhuma de vocês mais cedo, ok? — Ele me encara sério e eu me seguro para não chorar de raiva. — Mas Raul eu preci... — O infeliz me interrompe antes que eu conclua a minha frase. — Não tem mais e nem meio mais Safira! Não vou te dispensar e ponto final! Agora voltei ao trabalho! — Esbraveja em um tom rude e eu tenho vontade de esganar esse cretino filho da mãe. — Tudo bem Raul... Como você quiser, com licença! — Digo já saindo do seu escritório rezando para cair um raio na cabeça desse monstro. Infeliz! Volto para o salão p**a de ódio por não poder ficar mais tempo com a mamãe amanhã, eu preciso arrumar alguém para ficar com ela mas isso seria mais um custo pra eu pagar, mas por outro lado a mamãe não iria mais ficar sozinha e a pessoa poderia me avisar sempre que ela não estiver bem. m*l dou uma volta pela boate e já aparece um cliente, ele vai acertar o p*******o com o Raul e volta rapidamente, até que o cliente não é feio e nem velho demais, da pro gasto. Depois do programa eu vou me preparar para o book-rosa, o m*l desses book-rosa é que nem sempre a gente sabe quem está nos esperando, e nem se vai ser um programa prazeroso ou doloroso, porque tem muitos clientes violentos e fora da boate nós não temos segurança nenhuma. Fui para o meu programa no horário combinado e me surpreendi ao descer do carro na frente de um dos hotéis mais luxuosos do Leblon, eu nunca tinha vindo nesse hotel mas, vamos lá, e seja o que Deus quiser. Até que o programa não foi tão r**m, pelo contrário, foi ótimo, o cliente era gatinho e foi bem generoso comigo, ele queria me dar um valor a mais só para beijar a minha boca mas eu não aceitei, eu, a Luna e algumas das outras meninas fizemos um acordo que nenhuma de nós beijaria os clientes, por mais que o sexo fosse bom não tem como se apaixonar se não rolar um beijo, "pelo menos é isso que nós pensamos", e o nosso lema é "t*****r sim, se apaixonar nunca". Como eu saí do hotel já muito tarde eu vou direto pra casa, estou preocupada com a mamãe tanto tempo sozinha, por mais que moramos em uma pensão os inquilinos não vão com a nossa cara, alguns deles suspeitam que eu seja garota de programa e o dono da pensão deixou bem claro que não quer esse tipo de gente lá, ele fala como se nós tivéssemos uma doença contagiosa "cretino". Minha mãe sabe o que eu faço, eu abri o jogo com ela e falei a verdade, afinal nós precisávamos de grana e eu não conseguia nenhum outro tipo de trabalho, minha mãe não tem condições de trabalhar fora então sobrou pra mim me virar sozinha, mas pela minha mãe eu faço tudo, ela é a minha vida e eu só tenho ela e mais ninguém, no começo ela me criticou e não quis aceitar o que eu faço, mas depois que ela viu que esse era o único dinheiro que entrava em casa e não tinha como conseguir de outro jeito, ela começou a aceitar aos poucos mas ainda diz que eu mereço coisa melhor, ela sempre diz o mesmo para Luna que tem um carinho muito grande pela minha mãe, e até a chama de tia, minha mãe conhece a história de vida da Luna e ficou horrorizada com tudo que ouviu, ela também não gosta de nos ouvir chamando uma a outra pelos nossos nomes de guerra, ela sempre nos repreende quando fazemos isso mas é apenas pela força do hábito. Chego na pensão onde moro e já está tudo escuro, o dono dessa pensão é tão pão duro que não deixa nem a luz da entrada acesa. Entro em casa e minha mãe já está dormindo e vez ou outra ouço ela tossir mas continua dormindo, eu não posso mais deixar minha mãe nessa situação, eu preciso arranjar um lugar melhor para morarmos e um trabalho descente pra mim, mas o fato de não ter a escolaridade concluída dificulta ainda mais as coisas. Na manhã seguinte quando acordo minha mãe já tinha se levantado, o cheirinho de café entra pelas minhas narinas me dando mais ânimo pra sair da cama, me levanto para fazer minha higiene pessoal e logo me sento a mesa ao lado da mamãe. — Toma logo o seu café filha, ou vai esfriar. — Me alerta séria olhando para o horizonte, já faz tempo que não vejo minha mãe sorrindo e isso já está me magoando por dentro. — A senhora está bem mamãe? Está precisando de alguma coisa? — Pergunto tomando o meu café e como um pedaço do bolo que ela havia posto pra mim. — Sim filha, eu estou bem não se preocupe. — Diz me encarando com carinho. — Como não vou me preocupar mamãe, você passa muito tempo sozinha e eu estou me sentindo culpada por isso. — Relato em um tom triste e ela pega a minha mão. — Já pedi pra você não se preocupar tanto comigo filha, se preocupe um pouquinho mais com você meu amor, você passa o dia todo dentro de casa comigo e a noite naquela boate, isso não é vida pra ninguém, nós já conversamos sobre isso, Millena. — Diz com um olhar de preocupação. — Eu sei mamãe, e como sempre você tem razão mas infelizmente nesse momento eu não posso mudar isso, eu preciso cuidar da senhora pra que a senhora melhore logo, aí sim poderei dar um jeito nisso... Mas mudando de assunto, como foi a sua noite de ontem? Quando eu cheguei você estava tossindo muito e isso me preocupou. — Pergunto analisando-a. — Não é nada demais filha, e só a garganta que está um pouco irritada, acho que vou ficar resfriada. — Diz enquanto ajeita os cabelos. — Se cuida direitinho ouviu mamãe? Por favor...? Olha, aqui está o dinheiro do aluguel e o dinheiro das suas sessões com o psicólogo, e amanhã eu te dou o dinheiro do mercado. — Digo entregando para ela uma quantia em dinheiro e como sempre ela reluta em pegar, mas pega. — Tudo bem minha filha, Obrigada. — Ela me dá um beijo no alto da cabeça e vai para o quarto. Termino de tomar o meu café e volto para o quarto também, vou dormir um pouco mais e descansar para trabalhar a noite.

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