cap 01 Quem é você
Alice narrando:
Após meia hora de viagem pelas longas
estradas de asfalto, eu finalmente
estava chegando ao meu novo lar, a
favela.
Meus pais e eu, saímos bem cedo de
casa. O sol ainda nem havia nascido,
e eu já estava com os meus pertences
guardados no porta malas do carro,
Super nervosa.
Eu preferia estar indo sozinha, mas
meus pais fizeram questão de me
acompanhar, mesmo sendo contra
meu emprego.
Me acabo de me formar na faculdade
de pedagogia. Foram alguns longos
anos de muita preparo e noites
sem dormir, e me tornei excelente
profissional que sou hoje. Agora é
hora de repassar esse conhecimento
adquirido ao longo desses anos.
Aceitei o desafio proposto por um
professor, amigo meu, de dar aulas em
uma comunidade carente.
Todos que me conhecem sabiam que
eu estava me formando, para levar
conhecimento aos mais necessitados, e
não por dinheiro.
Meu professor, conhecendo minha
históriae família, também sabia disso.
Assim que a vaga na comunidade
surgiu, fui a primeira pessoa em quem
ele pensou para Ocupar o cargo.
Aceitei de imediato, porém quando
comuniquei à minha família da
decisão, eles ficaram chocados e
preocupados, temendo pela minha
segurança, pois havia muitos relatos
de violência na TV relacionados a
comunidade(Balas perdidas, troca de
tiros, etc.)
Eu sabia que tinha que ir, mais que
tudo, eu queria ir. Alguma coisa dentro
de mim me atraía para lá.
Sempre quis fazer algo importante
pelas pessoas que carentes, e outra,
não importa o que dizem sobre a
favela, eu jamais não acreditei em
tudo que ouvia e via na TV.
Eu me via como uma típica menina
decidida, corajosa, pulso firme, que
sabia bem o que queria, e estava
na hora das pessoas me ver assim
tambémn. Não como uma patricinha
mimada, e sim uma mulher corajosa
decidida a mudar o mundo, ou parte
dele.
Bem eu achava que era isso...
***
Desci do carro, sentindo o vento
quente soprando os meus cabelos, o sol
já brilhava linda e calorosamente
céu. E para me ajudar, meu pai havia
estacionado em frete a escola.
Eu estava tão empolgada que já fui até
o bagageiro retirar minhas malas.
-Filha tenha cuidado Alice, qualquer
coisa que precisar pode nos ligar
que viemos rapidamente.
Minha mãe desce do carro vindo
mim juntamente com meu pai, ela para
na minha frente, segura meus ombros,
respira fundo enquanto mne olha, e
deposita um beijo na minha testa, era
nítida as suas preocupações.
- Está bem mãe, prometo - Eu tento
acalma-lá. Para evitar o chororô, me
despeço deles com um abraço fortee
longo - Vou sentir saudades.
- Aí meu bebê - minha mãe se afasta
alisando meu rosto - Meu coração fica
tão apertado de deixar você aqui.
Querida, está na hora da nossa
bebê trilhar o próprio caminho -
meu pai me dá um longo beijo na testa
e se afasta - Agora vamos, porque se
não chego atrasado na empresa.
Mamãe me abraça outra vez, em
seguida entra no carro Com meu pai e
se vai.
Meus pais eram tudo para mim, os
melhores pais do mundo, nunca
me deixaram faltar nada. Tão
preocupados, dedicados e sempre
prontos para me apoiar, apesar de não
concordarem com algumas de minhas
escolhas.
Fiquei parada ali de costas para aquela
escola observando eles e partirem,
confesso que senti um friozinho na
barriga, medo por saber que agora eu
estava sozinha.
Em seguida como coração apertado
por vê-los ir tão preocupados, comecei
a puxar minhas malas de rodinhas
para dentro da gigantesca e pichada
escola de muros brancos e vermelhos
todos desenhados ou rabiscados
mesmo. E ali tive a certeza que
começava mais um capítulo da minha
vida.
Me dirigir até a recepção de onde vi
uma moça morena, cabelos longos e
alisados, com algumas luzes loiras,
ela estava sentada em frente ao
computador, parecia muito e entediada
digitando algo.
Olá, bom dia! - comprimento com leve sorriso no rosto.
- Bom dia! O que você quer? Se for
para fazer matrícula, te adianto,
estamos esgotados - Disse a mulher
mascando seu chiclete sem ao menos
olhar para mim.
- Não é matrícula. Eu sou a nova
professora da classe infantil - dou
um sorriso forçado - Prazer, me
chamo Alice - Estendo minha mão
para cumprimentá-la.
- Ah! Sim - Ela me olha da cabeça aos
pés se recusando apertar minha mẫo.
Constrangida eu rapidamente recolho
a mão. Minha primeira impressão
sobre a garota não é das melhores.
Jesus que garota estranha"
- Eu estava mesmo esperando
por você, me dê um segundo, Vou
chamar alguém para ficar aqui e
vou te levar para o seu barraco.
Se levanta caminhando até uma sala
próxima, chamando por alguém que
não compreendo o nome.
- Qual o seu nome mesmo?-
Perguntei, ela me olha da cabeça aos
pés novamente.
- Gosto de ser chamada de Jojo, mas
para você é Jaqueline - pega algumas
chaves em cima de sua mesa branca,
e vai saindo me forçando a segui-la.
Saímos juntas do local para irmos
onde, segundo ela seria meu novo lar.
Eu seguir arrastando aquelas malas
enormes atrás dela, e a garota nem
se deu o trabalho de pedir alguém
para me ajudar ou se ofereceu.
Ela simplesmente ignorou meu
sofrimento.
Subimos por alguns minutos varias
ruas em forma de escadas. Eu já estava
ofegante, fazia tempo que eu não
praticava um exercício fisico, e aquilo
estava sendo um enorme desafio.
Passamos por diversos becos sinistros
cheios de caras estranhos armados
com rádios nas mãos, e de tanto subir
escadas as rodinhas da minha mala
aquela altura nem existia mais.
De repente após tantos sobe e desce,
Jojo parou em frente uma casinha
chapiscada com cimento por fora,
acho que era uma espécie de reb0co de
parede, com telhado de termite, aquilo
mais parecia um barraco do que uma
Casa.
Jaqueline colocou a chave na maçaneta
e abriu a casa.
- Aqui é seu castelo princesa - Disse
ela parada com a porta aberta.
- Tão pequeno - Eu entro observando
o interior da casa - mais dá para me
acomodar - o lugar tinha três
Cômodos, uma sala conjugada com
cozinha, um quarto e um banheiro
minúsculo.
Na pequena sala que era dividida
da cozinha por um balcão, tỉnha um
sofá velho de courino cor nude, uma
mesinha de centro de vidro temperado
com armação de ferro branca.
Na cozinha um fogão azul de 4 bocas,
um armário branco e uma antiga
geladeira cor bege e do lado uma pia
branca com uma torneira preta. Já no
quarto ma cama de ferro vermelha
com colchão de espuma fino que mal
dava 2 dedos de altura, e uma cômoda
de pó branca pequena.
"Deus como alguém sobrevive nessas
condições"
-Se preferir temos a suíte luxo - Ela
Cruza os braços revirando os olhos
ao perceber como eu observava
atentamente o local - hoje às 13 horas
na escola Alice, agora são 9 horas,
ou seja, você ainda tem algum
tempo para se preparar, e vê se não
atrasa - ela me lança mais um olhar
de deboche e se vai. Eu finalmente
estava livre da megera.
"Mas que garota chata"
Fiquei aborrecida com a atitude de
Jaqueline, para falar a verdade, não
estava costumada a ser tratada desse
jeito pelas pessoas, mas absorvi, afinal
não seria bom fazer inimigos logo no
primeiro dia aqui.
A casa era um lugar minúsculo e
cheirava a mofo e tinha algumas
aranhas, talvez porque estava muito
tempo fechada? Não sei, o que eu sabia
era que aquele lugar precisava de um
toque de glamour.
Eu nunca havia limpado uma casa
na vida e aquele local tinha poeirae
aranhas para todos os lados, eu não via
a hora daquilo ficar pronto para uso.
Sem demora desfiz minhas malas e
vesti algo confortável, peguei meu
celular e abri meu aplicativo do
YouTube, em um tutorial que instruía
Como organizar uma casa.
"Sim, eu não sei limpar casa, ate porque nunca precisei"
Duas horas depois:
A casa estava limnpa e agradável,
após de ter passado medos terríveis
enquanto as aranhas caiam sobre mim,
o bicho asqueroSo.
Até que não foi tão difícil, eu admito,
tinha alguns produtos de limpeza no
banheiro, não sei quem trouxe, mas eu
utilizei todos para deixar o ambiente
habitável.
Arrumei a cama e a cOzinha com
alguns enxovais que eu havia trazido
de casa e tudo estava muito organizado
e cheirando a pinho sol. Ainda bem
que minha mãe insistiu para eu tra:
essas coisas de casa, parece que ela
adivinhou que seria algo útil.
Sentei no sofá respirando fundo,
estava completamente descabelada,
definitivamente suja de poeira e exausta
, mas com uma sensação maravilhosa de dever cumprido, fui fechando levemente meus olhos sentindo o cheirinho do ambiente
limpo adentrando minhas narinas e
me relaxando completamente.
Alguns segundos depois, já quase cochilando, fui pega de surpresa, alguém estava a me puxar brutalmente pelo braço, forçando eu a abrir os olhos e levantar.
-Quem é você? . . .