Untitled 3

1628 Words
~ Na segunda feira, Piti chegou mais cedo que o normal. Não sabia como agir, na verdade. Ele levou o café de Chalis, arrumou a sala... respirava gelado e nem sabia porque, ate que escutou duas batidas na porta. Ele virou rápido ate ver Jae ali. - Bom dia Piti... Ele deu um sorriso contido - Bom dia Jae. - Achei que você viesse com o senhor Charles... - Tentamos manter as coisas profissionais aqui... pelo menos - disse segurando o encosto da cadeira a sua frente. Jae entrou na sala. Erro. Grande erro. - Ainda quero conversar com você. - Agora? - Piti perguntou com os olhos arregalado. - Não, claro que não - Jae se aproximou mais e Piti só conseguia olhar pra porta torcendo pro chefe se atrasar pela primeira vez. - Quero te levar pra jantar, pra gente conversar decentemente... porque não responde minhas mensagens? Piti respirou fundo - O que você ainda quer conversar comigo Jae? Você foi bem claro dois meses atrás... e bem claro aquele dia aqui na empresa...o que mudou? - Tudo mudou... O assistente riu - Que tudo? - Ora bom dia - A voz de Charles preencheu a sala e Piti fechou os olhos - To atrapalhando alguma coisa aqui? - ele disse se aproximando e passando pelos dois, jogando as chaves, o celular e a carteira na mesa, fazendo barulho. - Não, senhor Charles, o senhor Kim já estava de saida. - Piti disse olhando para Jae, que apenas assentiu,se virou e saiu da sala, fechando a porta. - SenhorCharles... - Se vai me trair pelo menos não faça isso na minha sala Piti. - ele falou de forma debochada mas dura, enquanto mexia no computador. - Eu não tava... - Piti fechou a cara - Porque sempre pensa o pior de mim? - Não to pensando o pior de você, é você que ta me usando pra voltar com o seu boy lixo, só te peço que não me faça de corno, só isso - ele ainda olhava pro computador. - Eu não to te fazendo de corno! - Piti chegou mais perto na mesa - Meu Deus senhor Charles, não pode me dar nenhum crédito? - Porque eu daria? Não confio em você. - a voz saiu magoada. Piti se apoiou na mesa - Olha pra mim. - ele pediu e Charles tirou o olhar do computador e olhou para ele, que respirou fundo - Me desculpe ter conversado com ele na sua sala, sei que não gosta dele, foi ele que entrou eu não chamei. Não vai se repetir. Não vou fazer você corno, pode confiar em mim nisso. Sei que não me conhece fora daqui, mas também não te conheço e já aceitei entrar no seu mundo fora da empresa, porque também não me da algum crédito? Seu café ta ai, vou fazer o que tenho que fazer na sala ao lado - disse pegando a pasta e saindo da sala. Charles bufou, sentindo algo estranho no coração. Pegou o celular e ligou para alguém que sabia que poderia desabafar, contar a verdade. Precisava contar pra alguém. ~ Jon morria de rir na tela do telefone - Ta me falando que ta namorando de mentira um cara pra ele fazer ciumes no ex mas quem ta morrendo de ciumes dele com o ex é você? - Ei! Eu não disse isso! - Charles protestou, um olho no celular outro na porta. - Mas ta na cara Cha! Agora, isso é orgulho ou tem algo mais? - Não tem nada disso não - Charles bufou contra o telefone. Jon riu de novo - Ok, eu vou ter que ir ai analisar. - Você não vai vir analisar nada, você ta nos estados unidos! - Cha, não te vejo falar de um cara desse jeito há anos!Desde aquele episódio com fogo que a gente não fala sobre... mas você ta diferente... você ta com ciumes sim! - Argh Jon, era pra você rir comigo, não me esclarecer as coisas! - Charles disse ao celular, desligando logo depois. Era possivel que estava realmente com ciumes do assistente? O episódio com fogo... tinha sido ha tanto tempo... ele olhou na janela, ao mesmo tempo que uma chuva começava a cair. Resolveu não falar com Piti pelo resto do dia. O problema foi que chegou no outro dia e ele não estava lá. Achou que era só um atraso...Mas perto do almoço ele viu que Piti realmente não viria. Ele não poderia estar bravo ainda, poderia? Resolveu mandar mensagem. "Piti, esta tudo bem?" Pensou e mandou outra: "Você não esta bravo comigo, esta?" As horas se passaram e nenhuma resposta. Ele começou a ficar preocupado, resolveu entrar no arquivo da empresa e pegar seu endereço, e quando era perto das 16horas foi ate la. Piti morava em um apartamento em uma área comum de Seul. Charles conseguiu entrar sem problemas, não tinha muito monitoramento ali. Subiu as escadas e parou na porta. Ele realmente ia fazer isso? E se estivesse com o ex ali? Ele respirou fundo e bateu. Nenhuma resposta. Bateu de novo e então ouviu passos vagarosos. A porta se abriu e um Piti descabelado surgiu, de pijama, envolto em uma coberta, com o nariz vermelho - S-senhor Charles? - Piti o que aconteceu? - Charles perguntou vendo a situação do assistente. Ele espirrou - Eu peguei a chuva de ontem, acabei acordando bal... dão consegui avisar... desculba... - Charles se aproximou, colocando a mão em sua testa - o que ta fazendo? - Vendo se ta com febre...entra, vou fazer uma sopa e um chá, e pedir uns remédios... parece que você só ficou deitado o dia inteiro. - Bas... - Piti tentou retrucar mas Charles o empurrou delicadamente pra dentro. - Mas nada, vamos entra... - ele disse então fechou a porta. ~ Piti estava emburrado no sofá, envolto no cobertor enquanto Charles tinha tirado o paletó preto e arregaçado as mangas da camisa ate os cotovelos. Era estranho vê-lo na sua cozinha. Era estranho vê-lo em seu apartamento. Porque ele estava ali afinal? - Já te falaram que você pergunta demais? - ele escutou seu chefe rir da cozinha. Ele tinha falado aqui em voz alta? - Sim, você disse em voz alta. - Charles falou de novo. Merda. Piti se levantou, deixando o cobertor e indo ate onde o chefe estava, - O que você ta fazendo? - Sopa - Charles respondeu enquanto cortava os legumes. - Não to com fome... - Mas tem que comer, você comeu alguma coisa hoje? - Piti negou - Viu. Agorinha os remédios chegam, e você precisa ta de estomago cheio pra tomar. - O que é isso no seu braço? - ele perguntou vendo uma cicatriz que saia pela camisa dobrada do chefe. Não chegava para baixo do cotovelo, mas tinha algumas marcas no antebraço. - É uma queimadura. - a voz de Charles parecia ter mudado, Piti não sabia, estava cansado demais para notar. A campainha tocou bem na hora - Deve ser os remédios, vou lá buscar, porque você não toma um banho enquanto isso? Piti fez careta mas foi ate o banheiro. Queimadura? Como alguém queima o braço? Ele tirou a roupa e ligou o chuveiro no quente. Colocou a mão pra testar, estava mesmo quente, como alguém aguentaria se queimar? Ele ouviu duas batidas na porta - Piti? Ta tudo bem ai? - Ta sim - respondeu e então resolveu tomar banho. Colocou outro pijama quentinho e resolveu ir pra cama, onde Charles trouxe a sopa. - Eu dão to com fome. - O olhar do chefe não era negociador, então ele apenas comeu. Não tudo, apenas metade, mas foi suficiente para Charles. Depois tomou os remedios que o chefe tinha comprado e logo sentiu o corpo dar uma amolecida. - Sabe, você dão é tão r**m quanto aparenta... - Não? - Charles perguntou rindo, sentado na cama enquanto olhava Piti deitado. - Dão... e é bonito... - Charles riu de novo - Seu sorriso é bonito também - fungou - e seu cabelo rosa também... você é bonito e a gente dão tem denhuba foto junto. - A gente tem que ter foto junto? - Ele perguntou, ainda sorrindo. - Sim, pras pessoas acreditarem eu tenho que ser o papel de parede do seu celular... - É uma regra? Achei que a gente não tivesse regras... - A gente tem essa agora... - disse com um bico. - Ta bom, quando você ficar melhor a gente tira uma foto juntos ok? - Piti assentiu e Charles se aproximou para tocar sua testa,mas o assistente pegou seu braço. - Como você se queimou? Charles suspirou - Fui salvar alguém. - Você é um super herói? - a voz dele perguntou, embolada. O chefe sorriu, abaixando a cabeça - Não. - Você é meu super herói - Piti disse baixinho, ainda segurando a mão de Charles, pegando no sono logo depois. O mais velho o olhou. Super herói... as nãos agarravam a sua como se dependesse dela pra viver, e seus pelos se arrepiaram porque foi a primeira vez que Piti o tocou voluntariamente, apesar de ser pelos efeitos dos remédios e que provavelmente não se lembraria no outro dia, aquele toque o deixou com o coração acelerado, como há muito não sentia. Foi dificil puxar a mão, desafazer a ligação, mas ele fez, o tocando na testa uma ultima vez apenas para ter certeza de que a febre tinha abrandado. Ligou o abajur, desligou a luz do quarto e deixou a porta aberta, depois foi para a sala, deitou no sofá e então fechou os olhos. Sonhou com o incêndio, mas dessa vez, era Piti que ele tinha que salvar. ~
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