O velho asqueroso

1082 Words
Caterina Gallo De todos os momentos da minha vida em que eu sofri nenhum se compara a este momento agora. Quando Enzo falou que ia me castigar eu pensei que ele tiraria novamente a TV a cabo ou me proibiria de usar o celular. Ou qualquer uma dessas coisas que os pais fazem para punir adolescentes rebeldes. Mas planejar um casamento sem meu consentimento? Qual é? Em que mundo ele acha que estamos vivendo? — Caterina... — ela começou, mas sua voz falhou. — Ele... ele arranjou um casamento para você. Eu congelei, o pavor tomando conta de mim. — O quê? — Enzo... ele disse que você vai se casar com Luigi Cavaglieri — ela disse, as lágrimas escorrendo pelo rosto. — Ele é um velho horrível, mas Enzo diz que é a única maneira de pagar as dívidas. Eu deixei minha bolsa cair no mesmo instante que as palavras dela atingiram meus ouvidos. Luigi Cavaglieri era conhecido por ser um homem repulsivo, c***l e traficante de pessoas. Ele era velho. Muito velho. Mais de 60 anos. A ideia de me casar com ele era insuportável e repulsiva. Eu desabei na cadeira, sentindo o desespero me sufocar. — Não mamãe…— eu murmurei — Não é possível! Como? Ele não pode! Ele pode? — Enzo está devendo muito dinheiro ao Luigi. Ele ameaçou a vida de Giana e... — Minha mãe estava chorando e meu coração quase saindo pela boca. Ela segurou minhas mãos, seus olhos cheios de dor e impotência. — Não, mamãe, não posso... não posso fazer isso — eu choraminguei. — Preciso achar um jeito de escapar. Tem que haver uma solução! Minhas lágrimas não puderam ser contidas. Eu só conseguia chorar desesperadamente com esse destino com o qual eu havia sido amaldiçoada. Nada estava bem desde que meu pai morreu e parecia que nunca ficaria bem enquanto eu tivesse a presença de outros homens na minha vida. Eu odiava me sentir impotente e principalmente odiava o fato de que eu não ia conseguir negar essa união porque a vida de Giana estava em risco — Eu sei, querida, eu sei. — mamãe me abraçou e eu cedi deitando minha cabeça no ombro dela — Isso é culpa minha. Vamos encontrar uma solução, eu prometo. Mas no fundo, eu sabia que nossas opções eram limitadas. Eu só podia rezar para que um milagre acontecesse e me livrasse desse destino horrível. O dia passou rápido. Quase como um borrão. Enzo trouxe um vestido para que eu experimentasse e estivesse apresentável para meu “futuro noivo”. A ideia desse casamento me causava náuseas. Eu queria morrer a ter que me casar com aquele velho asqueroso. Eu vesti o vestido branco que Enzo tinha escolhido para mim, sentindo como se estivesse me preparando para meu próprio funeral. O tecido era bonito e delicado, mas para mim, parecia um símbolo de minha prisão iminente. Eu me olhei no espelho, tentando controlar as lágrimas, mas foi impossível. A imagem da minha própria desolação me encarava de volta. Mamãe entrou no quarto, seus olhos inchados de tanto chorar. Ela tentou sorrir para mim, mas o sorriso morreu em seus lábios. — Você está linda, Caterina — ela disse, a voz trêmula. — Sei que isso não é o que você quer ouvir, mas... vamos encontrar uma saída. Eu balancei a cabeça, sentindo um nó se formar na minha garganta. — Como, mamãe? Como vamos escapar disso? Ele ameaçou a vida de Giana, ele... ele pode fazer qualquer coisa. — Precisamos de um plano — ela sussurrou, apertando minhas mãos. — Talvez possamos falar com alguém, encontrar ajuda. Antes que eu pudesse responder, a porta do quarto se abriu violentamente e Enzo entrou, seus olhos cheios de desdém. — Chega de choradeira. Luigi está aqui e quer vê-la. Venha logo, Caterina — ele ordenou, agarrando meu braço com força. Eu olhei para minha mãe, desesperada, mas ela apenas acenou com a cabeça, incentivando-me a seguir Enzo. Relutantemente, eu o segui pelo corredor até a sala de estar, onde Luigi já estava sentado, parecendo ainda mais repulsivo em seu terno caro. — Ah, Caterina, você está deslumbrante — ele disse, levantando-se e caminhando até mim. Seus olhos correram pelo meu corpo de maneira lasciva, fazendo meu estômago revirar. — Tenho certeza de que seremos muito felizes juntos. Eu forcei um sorriso, tentando esconder meu nojo. — Obrigada, senhor Cavaglieri. — Vamos, sentem-se todos — Enzo disse, indicando as cadeiras ao redor da mesa. — Precisamos discutir os detalhes do casamento. Eu me sentei, sentindo-me como uma marionete cujas cordas estavam sendo manipuladas por Enzo. Luigi continuava me olhando, e cada segundo que passava ao seu lado parecia uma eternidade. Ele parecia um predador me olhando como se pudesse me comer viva. — Caterina — Luigi começou, sua voz suave, mas cheia de intenções sinistras. — Quero que saiba que, apesar das circunstâncias, estou ansioso para construir uma vida com você. Eu mordi o lábio, tentando conter a náusea. — Eu... eu também estou ansiosa, senhor Cavaglieri — menti, me sentindo enjoada ao dizer essas palavras. Enzo parecia satisfeito com a minha submissão. Ele sorriu largamente. — Excelente! Minha dívida estará paga. Agora, quanto aos preparativos… Eu parei de ouvir, minha mente viajando para longe daquela sala, buscando desesperadamente uma solução. Eu precisava de um milagre, e rápido. Olhei para minha mãe, que estava sentada ao meu lado, apertando minhas mãos com força. Seus olhos estavam cheios de medo e culpa, mas também de determinação. — Caterina — ela sussurrou quando Enzo e Luigi começaram a discutir detalhes irrelevantes. — Vamos encontrar uma maneira. Eu prometo. Eu queria acreditar nela, mas o desespero era esmagador. Fechei os olhos, fazendo uma prece silenciosa para que algo, qualquer coisa, me salvasse desse destino horrível. Quando a reunião finalmente terminou, Luigi se aproximou de mim novamente, seu sorriso repulsivo ainda estampado no rosto. — Até logo, senhorita Gallo. m*l posso esperar para começar nossa vida juntos — ele disse, segurando minha mão e beijando-a de forma asquerosa. Eu me forcei a sorrir, mas assim que ele e Enzo saíram da sala, desabei no chão, soluçando. Mamãe me abraçou, tentando me consolar, mas nada poderia aliviar o pavor que tomava conta de mim. Eu estava presa em uma armadilha, e não conseguia ver nenhuma saída. Enquanto a noite chegava ao fim, tudo o que eu podia fazer era rezar para que um milagre acontecesse e me libertasse desse pesadelo.
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