Comecei a andar pelas ruas sem rumo. Não sabia para onde estava indo, até que eu senti uma mão no meu pulso que me puxou para um beco sem saída. Não deu tempo de gritar, a pessoa tampou minha boca com sua mão forte e quente. Percebi que seus braços eram fortes também, mas não dava para ver seu rosto, o lugar estava escuro e a pessoa estava de capuz, então eu não sabia quem era.
- Shh! Eu vou te soltar, mas não grite.- Sua voz era grave e familiar. Concordei com a cabeça e ele me soltou.
- Olha!- Tentei não gritar, mas o meu instinto era esse.- Em primeiro lugar, quem você pensa que é pra me s********r desse jeito e em segundo, quem é você?!
Ele tirou o capuz e não é que a aparência dele também era familiar? Tinha cabelo escuro, olhos verdes, um corpo bem forte... 'Tá usando armadura? Parecia o convencido do Luky. Será que... Não pode ser... Eles são irmãos?
- Eu sou o Lukas.- Disse quebrando o silêncio.- Irmão do Luky, irmão gêmeo para ser mais exato. Eu acho que você já o conhece.- Agora fazia sentido. Pensei.
- Sim, já o conheço... Aquele convencido.- Sussurrei.
- O que? Eu não entendi a última parte.
- Nada não.- Fiquei aliviada por ele não ter escutado.- Eu sou a Evydia. Juro que não acredito que ele te mandou aqui só para fazer isso comigo. Que i****a! Por que ele mesmo não veio?- Disse indignada porque quase morri do coração.
- Ele não mandou que eu viesse aqui. Vim por conta própria.- Fiquei surpresa e um pouco confusa.- Ouvi ele falando sozinho sobre você e achei interessante. Eu queria ver se você é mesmo chata e qual seria sua resposta sobre a proposta do meu irmão.- Que?! Chata?! Não acredito! Reclamei para mim mesma.
- Como ele ousa me chamar assim!?- Disse revoltada.- Bom, não... Eu não sei qual é a minha resposta ainda.- Agora tudo parecia bem mais confuso. Pensei.
- Por que? O que você tem a perder indo com a gente?
- Tudo. Eu vou praticamente começar minha vida de novo.
- Mas isso não é bom? Pelo que eu vi você praticamente acabou de fazer uma tremenda burrada e que com certeza pode virar notícia.
- Notícia?! Isso não pode acontecer! Eu tenho que ir pra casa.- Disse super preocupada. - Tudo bem, mas pensa na proposta do meu irmão.- Assenti com a cabeça e sai correndo. - Se sim, nos entre aqui neste mesmo lugar amanhã ao entardecer!- Gritou enquanto eu corria para casa. Eu nem sabia por onde começar a pensar nos prós e nos contras de ir com eles.
Cheguei em casa, tomei um banho e coloquei meu pijama. Liguei a TV e estava passando um filme, não sabia o nome só sei que capotei de tanto sono.
Lukas
Depois da nossa conversa, voltei para casa por meio de um portal, estranho né? Por incrível que pareça eu moro na Cidade dos Mortos, um mundo abaixo do Olimpo que é onde ficam os "bambambans" dos deuses.
Meu pai? Ele é Hades, não que eu tenha muito orgulho dele por ser o pior dos deuses e o "Rei" da Cidade dos Mortos. Mas, de quem eu tenho orgulho mesmo é da minha mãe Atena, deusa da guerra e da sabedoria. Ela mora no Olimpo, nos ensinou tudo que sabemos... Eu, meu irmão Luky e a minha irmã. Eu não posso esquecer da minha irmã, ela é a caçula. Eu e o Luky somos dois anos mais velhos, ela tem 18 e a gente 20, não é muita diferença. Mesmo sendo nossa meia irmã, a gente a considera como nossa irmã por inteiro.
Quando cheguei em casa, fui falar com o Luky.
- E aí Luky. - Me joguei no sofá ao lado dele.
- E aí. Onde você 'tava?
- Ah, eu fui falar com a tal da "chata" que você tanto falou.- Ele imediatamente olhou para mim com uma cara horrível.- Aliás, o nome dela é Evydia. Um nome muito bonito por sinal...- Voltou a atenção para os livros de combate que estavam em cima da mesa de centro.
- Ih, 'tá a fim da garota. Quero dizer, chata. E eu não acho o nome dela tão bonito assim.
- Ah para com isso, é bonito sim. E também, como não estar a fim dela, ela é muito bonita.- Olhou para mim novamente com aquela mesma cara.
- Então tá.- Deu de ombros.- Se você 'tá dizendo...
- E aí seus manés! O que vocês estão fazendo?- Minha irmã disse chegando na sala e sentando no sofá, do outro lado do Luky.
- A gente 'tava falando da chata.- Luky respondeu.
- Ela não é chata.- Retruquei.- A gente estava falando da Evydia.
- Ah então esse é o nome dela. O que ela disse sobre a proposta?- Minha irmã perguntou curiosa.
- Até você sabe?!- Luky ficou indignado.
- Irmão, não fica emburradinho.- O provoquei.- Não, ela não respondeu.- Olhei para a mesma por de trás do Luky.- Mas falei para ela que se aceitasse que nos encontrasse ao entardecer num beco sem saída lá perto de onde ela mora.
- Hum... então quer dizer que você falou e viu ela.- Minha irmã afirmou.
- Sim e ela é muito bonita.
- Já está a fim da garota?- Ela indagou da mesma forma que o Luky.
- Eu falei a mesma coisa.- Disse não tirando a atenção dos livros.
- Nada a ver.- Respondi.
- Sei...- Os dois disseram em uníssono.
- Eu quero ir junto e sem retrucar.- Ela disse levantando do sofá.
- Pode ser.- Respondi.
- Tá bom, por mim tanto faz.- Disse Luky.
- Obrigada!- Falou animada e deu um beijo na minha bochecha e na do Luky.- Boa Noite!
- Boa Noite!- Respondemos.
Ela resolveu ir com a gente porque queria conhecer a Evydia. Ela não tinha amigas, praticamente só tem eu e o Luky. Mas também, o nosso pai não liga muito pra gente, só a nossa mãe, mas ela mora longe e é difícil vê-la.
Evydia
No dia seguinte acordei meio dia com o barulho da a******a do jornal.
Apresentadora- Hoje às três e doze da manhã uma explosão na praia fez com que as pessoas que estavam na festa de final de ano e que moravam ao redor do local ficassem muito assustados.
Apresentador- Conseguimos entrevistar uma moça que estava lá em meio à multidão.- Quem será essa moça? Perguntei a mim mesma.
Apresentadora- O nome dela é Liza Walker.- Logo a câmera mudou para cara dela.
- O que? A Liza?! Ela disse que não iria na festa porque tinha outro compromisso! Aí como eu sou trouxa, ela mentiu! Não vou nem falar mais com ela depois dessa.- Falei sozinha.
Repórter- Srta. Walker, o que você tem a dizer sobre a tal explosão?
Liza- Foi bem alta. Eu estava aqui na festa, me divertindo com os meus amigos, aí tomei um maior susto, porque fez um barulhão. Mas sabe... Eu vi uma pessoa saindo de lá.- Disse meio mole, pois com certeza ainda estava bêbada.
Repórter- Uma pessoa?
Liza- Sim, uma pessoa.
Repórter- Conseguiu ver quem era?
Liza- Infelizmente não.
Repórter- Tudo bem, muito obrigada.- A câmera focou somente no repórter.- Agora vamos falar com um dos bombeiros.- A câmera mudou novamente.- Oi senhor, você sabe exatamente o que ouve para provocar a explosão?- Ih ferrou. Pensei.
Bombeiro- Nós ainda não sabemos o que ou quem exatamente provocou a explosão. Mas lá dentro, dentro daquela cabana, havia um homem desacordado. Quando acordar, vai conseguir nos dizer quem...
Eu não conseguiria continuar ouvindo todas aquelas coisas. Desliguei a TV. Sentei na cama, coloquei a minha cabeça entre os meus joelhos e comecei a chorar. O que vou fazer agora? Comecei a pensar. Ele estava bêbado, mas com certeza deve lembrar que eu estava com ele naquela hora. O que vou fazer vivendo aqui? Como posso continuar aqui agora?
Enquanto meus pensamentos rolavam, resolvi sair da cama e arrumar as minhas malas. Não tinha muita coisa, então peguei uma mala média e uma pequena. Coloquei só o necessário e fui para o beco sem saída. Será que o Lukas estaria lá? Como ele saberia que estou lá?
Luky
Cara, tudo que a Evydia tem de bonita, ela tem de chata. Lindos olhos azuis, longos cabelos ruivos meio ondulados e aquele corpo... Seu rosto é muito bonito, mesmo quando está brava e sua voz é gostosa de se ouvir. Essa garota deixou uma confusão na minha cabeça.
Acordei onze e meia da manhã com o barulho dos roncos do meu irmão, ele ronca demais. Subi em cima da cama dele e comecei a empurrá-lo com o pé para tentar acordar ele.
- Acorda!!- Chamei.
- O que é?! Mais que caramba, não enche o saco!- Resmungou.
- Já são onze e meia!
- Qual o problema? Me deixa dormir.- Cobriu a cabeça com a coberta. Desci da cama e fiquei em pé ao lado dele.
- Hum... Então quer dizer que você foi dormir tarde pensando na chata?- Provoquei.
- Nada a ver, não enche!
- Tá bom o****o. Vou no banheiro que eu ganho mais.
- Tchau! Já vai tarde!
Aproveitei e tomei um banho. Depois fui para cozinha comer alguma coisa, e como sempre não tinha ninguém, provavelmente meu pai saiu pra fazer o que ele sempre faz e a minha irmã deve estar se arrumando toda pra conhecer a chata... Ou Evydia? Ah! Tanto faz.
Nós moramos na Cidade dos Mortos, é como se fosse uma cidade normal, mas escura, com bastante fogo e não muito segura.
- E aí mano. Como estou?- Minha irmã chegou na cozinha e nem deu bom dia.
- Bom dia pra você também Dona Ruby.- Falei sarcasticamente.- Esse short tá muito curto.
- Hahaha- Deu uma risada falsa.- Vai ficar assim. Eu não vou trocar.
- Tá resmungona.- Disse e ela mostrou a língua pra mim.
- Cadê o Lukas?- Perguntou enquanto pegava um copo d'água.
- 'Tá lá, dormindo. Ou melhor, roncando.
- Haha que engraçado.- Lukas disse entrando na cozinha. Outro com risada falsa.
- Uau, acordou a bela adormecida.- Provoquei
- Não começa.- Lukas pediu.
- Demorou tanto que já é meio dia.- Falei olhando para o relógio.
- Já vamos indo esperar ela. Já que você está agoniado com o horário. Deve ter certeza que ela estará lá.- Lukas indagou.
- Claro que ela vai.- Acho que falei com firmeza demais. Pensei.
- Então tá! Vamos!- Ruby disse já de saco cheio.
Quando chegamos no beco, ficamos esperando um tempão. Oh chata mais demorada em. Até parecia um casamento. Estávamos com certeza mais de vinte minutos esperando.
Evydia
Quando virei para entrar no beco sem saída, vi a donzela convencida do Luky, o Lukas, e uma garota de cabelos castanhos, olhos verdes e bem incorporada, quem será ela? Pensei.
- Nossa! Que demora! Até parecia um casamento e você a noiva.- Luky reclamou.
- Ah não começa!- Respondi irritada.