Anna narrando:
Eu não conseguia nem pensar direito, minha mente tinha dado um nó, eu não tinha noção de onde eu estava, eu só sabia que era uma favela, eu só tentava entender como meu pai se meteu nisso, que dívida é essa?
Eu estava com medo, de cada lado tinha um homem armado dentro do carro e eu no meio deles, eu chorava apenas com lágrimas, mas nenhum som saia da minha boca, eles conversavam ao mesmo tempo e sorriam, era como se eu fosse invisível e nenhum deles notasse minha dor, meu desespero, estou em um ambiente totalmente diferente do que estou acostumada, não conheço essas pessoas, a única coisa que sei é que elas são perigosas e o que eu tenho certeza é que eu não devia estar aqui.
#: Ô desce aí pow!
O homem por nome de Tigre falou rude.
Eu desci e me abracei, estávamos em uma casa grande, bonita, com Jardim, e com mais homens armados por todos os lados.
Tigre: Vem.
Entramos na casa, tinha uma menina de cabelos pretos, aparentava ter mesma idade que eu.
#: Quem é ela?
Tigre: Não é da tua conta!
#: Grosso!
Continuei seguindo ele, até que parou em uma porta, ele abriu e deu espaço para mim entrar, eu entrei e ele entrou em seguida. Eu olhei em volta, era bem ajeitado e confortável, ele falou com voz grossa.
Tigre: Até seu pai resolver os bagulho tua casa é essa agora!
- Por quê você está fazendo isso?
Tigre: Seu pai me deve uma comédia ai, e você é a única garantia que eu tenho, então fica suave, eu vou te entregar inteira pra ele, assim que eu conseguir o que eu quero você volta pro seu pai.
Ele saiu batendo a porta, eu sentei no chão próxima aquela cama e chorei baixinho.
Milena narrando:
Vi o Rodrigo subir com uma menina, ela parecia está chorando, dava pra ver pelo rosto inchado e pelo nariz vermelho, logo o Rico apareceu.
Rico: e aí Milena suave?
- Oi! Quem é essa garota?
Rico: Kaô do teu irmão, quero nem me meter nisso.
- Tá de segredo comigo Henrique?
Rico: Não Pow, só que é um bagulho que seu irmão que tem contra pra ti.
Revirei os olhos, e o Rodrigo foi descendo as escadas.
- Não vai me contar que é essa menina?
Tigre: Não te quero de papo com ela está ligada, logo ela vai sair daqui, ela só passando uns dias, até o pai dela me pagar o que deve.
- Tá trabalhando com prostituição agora Rodrigo?
O Henrique deu uma gargalhada...
Rico: Está louco irmão, que viagem é essa da sua irmã?
Tigre: Chapada pivete! A firma é forte, nós não precisamos disso não, o 33 patrocina.
Rico: Tá ligado.
- Não vão me contar mesmo né?
Tigre: Senta aqui!
Eu me sentei ao lado dele e ele me contou toda história...
- Eu não acredito nisso Rodrigo, cara você não se põe no lugar das pessoas? Cara, coitada da garota, deve tá sofrendo, você não pensa que podia ser eu no lugar dela?
Tigre: Exatamente, se fosse você, ninguém teria pena, então f**a-se.
- Você não tem coração cara!
Tigre: Não fala o que tu não sabe, estou fazendo isso por nós, por nossa família!
- Cara a gente não pode construir nossa felicidade em cima da desgraça dos outros não Rodrigo, isso não é certo!
Tigre: Nessa vida Milena, nada é muito certo não, tu ainda é muito pirralha pra entende algumas coisas!
- Não sou não, eu entendo tudo!
Tigre: Então fica suave ai, que eu vou me ajeitar porque hoje tem baile!
Ele beijou minha testa e subiu as escadas...
Rico: Da um desconto pro cara, ele só tá pensando na liberdade do seu coroa! Não tá fácil não.
- Eu sei, mas é que eu sinto que cada vez o meu irmão tá se perdendo, tá ficando mais frio, mais calculista, só pensa nele.
Rico: Pow Milena falando assim parece que tu nem conhece tem irmão pow! Tudo que o cara faz é pelo bem da comunidade, mata fome de muita gente, trouxe paz, ajuda as ong daqui, ele não é perfeito, mas tem o lado bom dele também pow.
- Você e ele é tudo farinha do mesmo saco.
Rico: Se você diz! Mas eu vou nessa, vou pegar esse baile mais tarde! Se cuida gata!
- Ta bom!
Só esperei o Rodrigo sair e fui no quarto da menina.
Bate na porta, mas ela não respondeu, abrir a porta devagar e ela estava sentada no chão, abraçando os joelhos.
- Oi, meu nome é Milena, você tá legal?
Ela não respondeu nada...
- Olha eu sinto muito, eu não apoio essas coisa que meu irmão faz, mas as vezes ele não pensa!
Ela levantou a cabeça!
#: Eu sou Anna... Anna Luiza.
- É um prazer Anna, mesmo sendo em situação tão errada é um prazer.
Ela assentiu com a cabeça!
- Você não precisa ficar presa aqui, nesse quarto. Você quer conversar?
Anna: Desculpa, mas eu preciso ficar um pouco sozinha.
- Tudo bem, se precisar de algo, meu quarto é a terceira porta a esquerda.
Anna: Obrigada.
Fechei a porta devagar, coitada ela não parece bem.