Camila narrando.
Eu não podia acreditar que o meu destino seria dessa forma, eu iria ser leiloada, eu não, a minha virgindade seria para homens ricos e sedentos por poder. Era uma vergonha sem tamanho estar nessa situação, vestindo essa roupa humilhante e exibindo o meu corpo para pessoas que eu nunca vi na vida e pior, seria obrigada a ir com quem me comprasse.
Eu estava sendo anunciada mais uma vez como mercadoria, curvas perfeitas, cabelos longos, olhos claros e mexicana, olha que belos adjetivos me arrumaram.
Poderia apostar que ninguém se interessaria por mim até ouvir a quantia exorbitante que um homem ofereceu por mim. Ele não era como os outros, era novo, beirando os 30 anos, talvez, bonito, alto e por baixo daquele terno preto eu poderia imaginar o seu abdome bem definido.
Pronto, estava vendida e certamente iria ser levada para bem longe de tudo, da minha antiga casa, dessa tortura toda, mas, o que me espera depois? O que me leva a pensar que eu estaria livre realmente de todo o perigo? Não faz sentido, nada faz...
— Vamos menina... — Um homem me empurrava. — Precisa trocar de roupa, o senhor a quer vestida adequadamente para viajar.
— Eu tenho escolha? — Respondi grosseira e o empurrei de volta.
Uma coisa era certa, agora que eu estava vendida, eles não iriam poder me bater, muito menos me entregar faltando um pedaço, então pode ser a minha hora de aproveitar um pouco e fazer esse infeliz sentir dor.
O homem que me trouxe para cá apareceu e viu toda a cena, ele me pegou pelo cabelo para que eu parasse de empurrar o capanga dele, mas eu cuspi na cara dele e consegui acertar um tapa no seu rosto, fazendo um pequeno corte devido ao anel que estava no meu dedo.
— Sua vadia... — Ele puxou ainda mais forte o meu cabelo e eu choraminguei. — Eu vou te ensinar como deve tratar alguém como eu...
— Solta ela! — Ecoou uma voz atrás de nós. — Estou pagando muito dinheiro e quero ela inteira.
— Essa v***a precisa aprender a respeitar. — Ele respondeu com raiva.
— Deixe que eu a ensino. — O homem respondeu me pegando pelo braço, mas não foi forte, foi até gentil. — Por aqui já finalizamos, vou pegar as coisas dela e então o seu dinheiro será entregue.
— Como quiser! — Ele deu de ombros e saiu, batendo o pé.
Eu fiquei olhando para o homem, eu nem sequer sabia o seu nome, mas através do seu toque ele não parecia uma pessoa r**m. Esperei que ele falasse algo, mas não, ele apenas me levou para fora daquele lugar e me deu um sobretudo para vestir, antes que entrássemos em um jatinho.
— Para onde vai me levar? — Eu perguntei depois de longos minutos sentados, um de frente para o outro.
— Espanha! — A sua voz rouca dominou todo o ambiente. — Está aqui para se casar comigo!
— Casar? — Eu sorri fraco. — Não sou uma mercadoria e muito menos o seu troféu.
— Não estou dando uma escolha, garota mimada. — Ele deu de ombros. — Será tudo um contrato, se casará, me dará um herdeiro em um ano e então você estará livre.
— Então precisa de uma barriga de aluguel? — Ergui uma sobrancelha.
— Será o que eu mandar.
— Posso fazer as minhas exigências, então? — Eu cruzei os braços e ele me olhou. — Ajude uma amiga que está trancada aí... Ela é uma ótima pessoa e foi traficada, liberta ela, por favor?
— Já gastei dinheiro demais contigo, não sujo as minhas mãos com uma p**a. — Ele negou. — Eu sei bem como isso funciona.
— Monstro! — Eu respondi com raiva e ele me ignorou, apenas se serviu com um whisky e esperou que o jatinho decolasse.
Horas depois...
A viagem foi bastante cansativa, eu cochilei a maior parte do tempo, era melhor do que ouvir as barbaridades que eles estavam conversando. Pelo que me parecia, o pouco que eu ouvi eles eram de alguma máfia, uma chamada Cosa Nostra... eu já tinha ouvido falar na TV, mas não imaginei que um dia eu iria me casar com o herdeiro dela.
Nós chegamos numa casa incrivelmente linda, era enorme, toda murada e com muita segurança, os carros dentro da garagem eram de luxo, ao abrir a porta, me deparei com uma sala tão grande que com certeza era maior que a casa que eu morava.
— Vem... vou te mostrar o seu quarto. — Ele falou andando em direção a uma grande escada. — A propósito, o meu nome é Dario e o meu papa Alejandro.
— Que desprazer. — Eu revirei os meus olhos.
Subimos as escadas e no fim do corredor ele me mostrou o meu quarto, o dele ficava em frente. Dário disse que iria mandar trazer roupas novas para mim, que a futura esposa dele deveria andar bem arrumada e que teria que ser bem educada.
Ele não imagina o quanto eu sou educada, tem até uma auréola de anjo sobre a minha cabeça.
Aqui eles não podem me fazer m*l porque precisam de mim e eles me compraram, certamente não gastariam dinheiro a toa, o que me restava era tentar engolir até eu conseguir me livrar disso aqui.
Se eles me obrigarem a me casar, eu irei, mas não vou facilitar para nenhum, nem para o filho e muito menos para o velho, eu iria viver ao meu modo e um dia eu iria retornar ao México e fazer aqueles canalhas pagar por tudo, por cada menina que eles mataram, por cada tráfico humano, cada maldade feita com aquelas que não tiveram escolha.
Eu entrei no quarto e tranquei a porta, me deitei naquela cama imensa e senti o lençol de seda tocar a minha pele, que coisa incrível, eu acabei adormecendo em meio a tanto conforto e por um momento eu me senti livre daquele inferno.