Querido Jughead,
Nos tornamos meio que Bonnie e Clyde, só que não exatamente do crime, nos tornamos Bonnie e Clyde que combatiam o crime, dois investigadores da pesada, acho que somos como Lily Rush e Eddie Saccardo, investigando mortes e tentando fazer de Riverdale um lugar mais seguro.
Depois que invadimos o quarto do Jason no velório dele, encontramos a vovó Rose e aprontamos várias para investigar a morte dele, descobrimos que Polly e Jason eram noivos, que Polly estava grávida, acho que fizemos muitas coisas até chegarmos a um casal, até chegarmos ao nosso tão esperado primeiro beijo.
Antes de chegarmos ao nosso primeiro beijo, me lembro de ter observado você trabalhando comigo no jornal algumas vezes.
Você era diferente, o que me chamava a atenção.
O Bad boy do lado sul, inteligente, escritor, drive-in e você era tão esforçado que me chamou atenção, me fez parar para admirar você enquanto escrevia concentrado no seu computador.
Acho que foi uma das cenas mais lindas que já vi, o jeito como você olhava atencioso e se dedicava ao caso, como você se focava naquilo.
Você me pegou te observando e apenas sorriu para o chão, tentando voltar a se concentrar em escrever a história.
Estávamos caminhando em uma direção, acho que na direção em que começavamos a construir nossa história aos poucos.
Após visitar as irmãs da santa misericórdia, fiquei abatida e senti raiva dos meus pais, não aguentava ficar dentro de casa, olhar para eles, fazer refeições na mesma mesa que eles e você sabia disso, por isso tentou aliviar meus dias.
Lá estava você em uma manhã, me surpreendendo, batendo na minha janela com um sorriso cheio de compaixão.
Abri minha janela, sorrindo ao te ver ali, em cima de uma escada apenas para fazer da minha manhã, uma manhã mais alegre e cheia de vida.

- E aí, Julieta, a enfermeira está de folga?- Brincou, me fazendo rir da referência a Romeu e Julieta.- Ainda não pintou essas paredes de amarelo?
Dei espaço para ele entrar, me afastando da janela.
- Meus pais são loucos, ele são loucos.- Falei sentindo meus olhos quererem marejarem, queimando por conta da lágrimas.
- Os pais são todos loucos.- Comentou, tentando me acalmar.
E eu te falei tudo, todos os problemas, tudo o que naquele momento me magoava e você ficou ali, me olhando, apenas me deixando desabafar.
- Isso me fez pensar que talvez eu seja louca como eles, como todos eles.- Conclui meu desabafo, tentando segurar o choro.
Suas mãos foram até meus ombros, delicadamente os agarrando com carinho.
- E aí? Somos loucos também!- Tentou me animar, comparando sua loucura com a da minha família.- Não somos nossos pais, Betty.
Assenti, pensativa.
- Eu...- Começou, mas logo parou.
- O que...- Perguntei confusa, tentando compreender.
Seus olhos me analisavam, olhando para meus lábios e logo em seguida para meus olhos.
Sua mão foi depositada no meu rosto e então você me beijou.
Naquele meu momento de loucura, Jughead Jones me beijou no meu quarto, enquanto eu desabafava com ele e para mim foi a melhor coisa que aconteceu.
Suas mãos no meu rosto, delicadamente me trazendo para mais perto e juntando nossos lábios.
E nós nos beijamos, como se não tivéssemos problemas, aqueles segundos pareceram horas e foi como se todos os problemas sumissem, como se nós tornassemos um, nos tornamos nós dois contra o mundo...
Foi a melhor coisa que aconteceu naquele dia, naquele ano e provavelmente na minha vida toda, pois foi assim que nós dois demos o primeiro passo para nossa relação.