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2398 Words
Estendeu a mão com a palma para cima. “Chegou a hora de minha folga, mas, se precisarem de alguma coisa...” Ele lhe deu a chave do quarto e, olhando-a de uma maneira que a fez corar, galantemente curvou-se em reverência e fez sinal para que os dois ajudantes o acompanhassem. Kyoko e Tama observaram a partida de ambos com um olhar interessado até se perderem de vista. Kyoko então olhou de novo para a porta e tomou ar. Bem ali na porta leu a placa que dizia Kyoko Hogo. Tama deu um tapinha amigável no ombro da irmã. “Cuidado, desse jeito você pode apanhar uma mosca”. Kyoko cerrou os olhos enquanto apagava mentalmente o ponto que marcara para si própria. Pegando a chave, ela destravou a porta abrindo-a timidamente e olhando o interior. Tama arregalou os olhos e passou na frente dela. “Incrível!” “Esse quarto tem quase o mesmo tamanho de nossa casa”. Sua voz de assombro ecoou no ambiente. “Daria para você abrir uma danceteria barulhenta aqui”. “Você então aprova meu calabouço?” Kyoko tornou a marcar aquele seu ponto. ***** Duas horas mais tarde, bem depois dela ter agradecido Tama e dele ter ido embora, Kyoko estava arrumando suas coisas no armarinho do banheiro. Ela olhou de novo para a banheira que bastante grande para cinco pessoas. Dando um suspiro, ela imitou seu irmãozinho, “Incrível!” Ela podia sentir arrepios atrás do pescoço enquanto se perguntava se não havia um engano naquilo tudo. “É isso aí”, murmurou para si mesma. Alguém apareceria dali a um minuto para lhe mandar fazer as malas. Ela simplesmente sabia que devia estar no quarto errado. Kyoko saiu do banheiro e deu uma olhada no quarto. A cama era a maior que já tinha visto e, já estava toda arrumada, completa, com um edredom macio e tudo. O quarto era lindo com as cores roxas e azuis do tapete macio e da cama. Havia salpicos de vermelho escuro aqui e ali e um closet de roupas bastante grande para a gente se perder lá dentro.   lá  dentro Ela entrou na sala de estar onde tudo era n***o ou dourado e que tinha tudo que se poderia querer. A cozinha já tinha sido verificada. Tinha de tudo. Ela balançou a cabeça pela milésima vez. “Incrível!” Ela mordeu o lábio inferior pensando no que fazer. Era sábado de manhã e as aulas só começariam segunda-feira. “Bem, não posso me esconder aqui o dia inteiro”, murmurou para si mesma. Sentindo que estava bisbilhotando onde não devia, Kyoko foi para a porta, esticou o pescoço e deu uma olhadela no hall. Não vendo ninguém, saiu, fechou a porta, e caminhou de mansinho até a escada para descer. Novamente, teve a sensação de estar sendo espiada e sentiu um calafrio na espinha, mas continuou andando e não se atreveu a virar e olhar. “Ela pode me sentir”, pensou Kyou consigo mesmo. Talvez seus poderes não estivessem tão profundamente ocultos quanto ele temia. Ele soube o momento em que ela deixou o quarto ao inalar aquele aroma penetrante... saboreando-o. E a lembrança de seu perfume lhe lembrou outras coisas. “Logo, logo, sacerdotisa, vamos desvelar seus poderes novamente. Você pode escondê-los, mas não por muito tempo”. Encostado na parede do corredor, seus olhos dourados a seguiram até ela sumir de vista. ***** Kyoko respirou mais aliviada quando se encontrou no piso térreo. Ela reparou que agora estava entre pessoas de sua idade. Suspirando e sacudindo o último vestígio de estranheza que sentira no outro andar, Kyoko se perdeu em devaneios por mais um momento. Não suportava quando seus sentidos tomavam conta dela daquela forma. Algumas vezes, desejava não sentir absolutamente nada. Decidiu sair do devaneio enquanto olhava o enorme piso térreo do edifício. “Preciso de uma chave liga-desliga para essa coisa”, murmurou, ainda pensando sobre as estranhas vibrações que tinha sentido há apenas um momento. Deu uma olhada na biblioteca e olhou rapidamente para o outro lado. Decidiu então que queria primeiro saber mais sobre aquela área. Malhar tinha sido seu hábito desde muito cedo e sempre, e ela tencionava continuar assim. Durante os primeiros dois anos ela tinha tomado aulas de artes marciais variadas, e amou a liberdade de movimentos que lhe deu um corpo flexível. Cruzando as salas de recreação, ela notou que existiam áreas para vários tipos de exercícios físicos. Num dos ginásios maiores, ela viu pelo vidro da divisória. Não pode resistir e ficou observando. Duas pessoas pareciam estar praticando esgrima. O ruído do metal contra metal lhe fez levantar uma sobrancelha. Aproximando-se da porta da sala, ela entreouviu. “Você não está prestando atenção Suki.” O que estava vestido em preto replicou numa voz masculina provocadora batendo no ombro do outro e rindo. Kyoko não viu os rostos porque ambos usavam viseiras protetoras. “Shinbe!”, soou uma voz muito zangada, mas feminina. Então, sem nenhum aviso, a pessoa saltou para frente e deu-lhe um golpe na cabeça, aparentemente uma pancada com a copa da espada de esgrima. Kyoko ficou surpresa ao notar o longo cabelo castanho nas costas da garota enquanto ela partia para cima do outro espetando-lhe o dedo no peito com a expressão contorcida pela raiva. “É difícil lutar seriamente quando você é tão promíscuo”. Shinbe tirou sua viseira de proteção rindo abertamente. Levantou os braços como sinal de rendição e recuou. “Sinto muito Suki, mas ali estava, e sem sua proteção”. Sentindo uma onda de formigamento na pele, ele franziu o sobrolho e, lentamente, virou seu olhar de ametista para a garota em pé na porta: “Ah! Parece que temos uma visitante!” Kyoko observou como a garota chamada Suki corou e se afastou do oponente andando em sua direção com um largo sorriso. “Homens”, disse revirando os olhos antes de estender as mãos amigavelmente; “Oi, sou Suki, e esse pobre coitado é o Shinbe”, falou enquanto apontava para quem a acompanhava, ainda sorrindo. “Suki”, exclamou o jovem Shinbe. “Você me ofende!” Enfatizou a afirmativa colocando as mãos sobre o coração. Suki mostrou sua contrariedade: “Shinbe... se eu pudesse lhe ferir seu cérebro estaria vazando pelos ouvidos de tanta pancada que me forçou a lhe dar”. Shinbe fez um gesto expressivo com as sobrancelhas: ”Você sabe que eu amo a forma dura de você me amar”. “Daqui a um minuto lhe mostro o que é amor duro, mas não quero que a nova garota fique assustada”, replicou Suki. Kyoko já gostava dela, apertou sua mão com firmeza e ela sorriu. “Oi, sou Kyoko Hogo, mas me chame apenas de Kyoko”. Ela estendeu o olhar para o rapaz atrás de Suki. “Muito prazer em conhecê-los”. Alguma coisa nos olhos dele chamou a atenção de Kyoko. Tinham uma surpreendente cor ametista, eram de prender a respiração. Seus cabelos abrangiam um pouco mais que a largura dos ombros, eram muito negros e tinham destaques azuis. Lembrava-lhe aqueles cantores das bandas de rock do anos 80. Suki sorriu abertamente. “Hei, já me falaram de você. Sim, eu sabia que você chegaria hoje. Tinha intenção de a procurar daqui a um pouco para vermos as redondezas”. De repente ela ficou com o olhar tenso e virou-se para o lado, encarando Shinbe firmemente: ”Eu não faria isso se fosse você”. Kyoko virou-se e a encarou. Claro! A mão do rapaz parou no ar, quase tocando o traseiro de Suki, e ele sorria com um olhar radiante. Shinbe suspirou e baixou a mão: “Um dia vou descobrir como você sabe, mesmo quando não está olhando». Suki apenas resmungou: “Eu apenas sei, só isso!”. Dando a Kyoko um sorriso amigável, ela disse: “Venha comigo e eu troco num instante”. Ela segurou a mão de Kyoko enquanto saía pela porta. Kyoko deu uma olhada para Shinbe a tempo de vê-lo acenando em despedida. “Esses dois vão se divertir à beça”, pensou consigo mesma enquanto entrava no vestiário feminino. Suki já podia dizer que gostava de Kyoko e, por alguma razão, sentia que a conhecia mesmo antes de encontrá-la. “Kyoko, conte-me um pouco sobre você enquanto mudo de roupa”, disse ao ir para trás da divisória. Kyoko sentou-se no banco sentindo-se completamente à vontade com Suki. “Bem, vim de um lugar pequeno do outro lado da cidade. E por alguma razão, assim de repente, recebi uma carta dizendo que tinha direito a uma bolsa de estudos aqui”. Kyoko ouviu o OK de Suki, então continuou. “Realmente não entendi como tinha recebido uma bolsa de estudos sem ter apresentado um pedido antes”. Suki sentiu a pergunta na afirmativa, sorriu e esticou o pescoço para fora da divisória. “Não se preocupe com isso. Você chegou aqui como eu cheguei”. Ela sumiu por trás da divisória novamente enquanto dizia, “nunca pedi Bolsa alguma também”. Kyoko mostrou surpresa: “Mas por quê? Tem que haver um motivo; você sabe qual?” Suki surgiu, agora completamente mudada. Sentou-se para calçar os tênis. “Sim, foi o que eu imaginei. Bem, pelo menos em parte. O cara que é o dono dessa escola procura pessoas com... Suki pausou e balançando a cabeça completou com ”. Ela encolheu os ombros e acrescentou: “Pode ser que você tenha que se acostumar com muita coisa quando começar a conhecer as pessoas que vivem aqui”. Ela sorriu, sabendo que estava certa. Repentinamente, Suki ficou em pé e atirou um sapato no armário do vestiário, sorrindo maliciosamente satisfeita quando ouviu alguém praguejando baixinho do outro lado. Apanhando o sapato, ela sentou-se para calçá-lo. “E agora, qual é mesmo sua habilidade especial?» A respiração de Kyoko pareceu parar, enquanto seu raciocínio disparava. Não havia como alguém ali saber que ela era uma sacerdotisa. Ela fechou a cara para Suki culpadamente e desviando o olhar respondeu: “Nenhuma que eu saiba”. Suki levantou uma sobrancelha, mas encolheu os ombros sabendo que ela iria descobrir, mais cedo ou mais tarde. “Vamos embora. Shinbe, provavelmente, já está nos esperando”. Abriu a porta e, realmente, viu Shinbe que esperava perto o bastante para ter ouvido o que conversavam. Ele sorriu inocentemente, ao mesmo tempo que retrocedia. Suki fechou a porta atrás deles e apontou para o aviso nela afixado. “Shinbe, você não sabe ler? Aqui está dizendo Vestiário Feminino”. Ela o encarou firmemente. Shinbe encolheu os ombros: “Sim, e é por isso que estou aqui perto do aviso”. Ele escapou depressa quando ela lhe deu um tapa. “Suki...eu sou homem, preciso de carinho. Qual melhor modo de obtê-lo do que aprender como a mente feminina funciona?”. “Você pode pesquisar na biblioteca”, disse Suki entre dentes. dentro Shinbe forçou uma risada. “Caríssima Suki, todos os livros sobre a mente feminina na biblioteca...estão em branco”. Suki sorriu de volta: “isso é porque os autores daqueles livros são homens”. Arqueando a sobrancelha, Shinbe ficou mais perto: “Exatamente!” Planejo ser o primeiro a escrever um que faça sentido para os que têm testosterona” Suki disparou um olhar de desistência para Kyoko e baixou o olhar para ver as horas. “Hei, vocês estão com fome? Vamos primeiro ao restaurante dos estudantes comer alguma coisa”. Kyoko concordou. Ela tinha estado muito nervosa para se alimentar de manhã, mas, na companhia deles, ela se sentiu bem em casa e estava faminta. Shinbe, acenando com a mão, disse: “Senhoras primeiro!” Ele deu um grito quando Suki deu-lhe outra bordoada na cabeça. “Não fui tão lenta dessa vez, não é mesmo? Agora, vá na frente”, e Suki lhe deu um olhar acusador. Uma vez que Shinbe estava seguramente caminhando na frente, ela se debruçou sobre Kyoko com um sorriso forçado: “Lembre-se apenas de conservá-lo sempre na sua frente, a menos que queira ser apalpada”. Kyoko não se conteve. Disparou a rir e não parou até entrarem numa lanchonete interna ─ que para ela mais parecia uma sala de jantar. Seus olhos se arregalaram quando ela se aproximou de Suki. “Você sabe, todas as vezes que eu volto a este lugar, eu sinto que estou no lugar errado”. Shinbe levou-os até à mesa no fundo da sala. Suki e Kyoko deslizaram num banco enquanto Shinbe sentou-se do lado oposto, como se fosse o sujeito mais inocente do mundo. “Sabe, a gente leva muito tempo para se acostumar a este lugar”. Ele sorriu para Kyoko fazendo brilhar seus olhos ametistas. “Já estou aqui há um ano e ainda não me acostumei”. Suki deu uma cotovelada no ombro de Kyoko. “Ele chegou aqui do mesmo modo que eu e você. Um convite para vir quando quiser". Ela encolheu os ombros como se dissesse a Kyoko para apenas aceitar e aproveitar. Kyoko mostrou estar confusa com o olhar. “Não percebo. Por que alguém faria isso?” Shinbe fez sim com a cabeça, sabendo que alguém precisava lhe dizer a verdade. “Tenho algumas aptidões e Suki também". Ele encolheu os ombros e piscou para ela. “Todos aqui com bolsa de estudos também têm". Fez uma pausa procurando a palavra certa: “Somos prendados de uma maneira ou de outra”. Ele ergueu uma sobrancelha para Suki: “Você já contou para ela?” Suki fez que não rapidamente com a cabeça e virou-se para Kyoko querendo de repente mudar de assunto: “Hei, você quer um hambúrguer com fritas?” Kyoko concordou e Suki ficou de pé, como se para evitar a pergunta sobre bolsas de estudo gratuitas. “Espere aqui, volto logo, não se preocupe". “Para os que têm bolsas a alimentação é gratuita e eles a trazem até nós”. Suki foi fazer o pedido deixando-a sozinha com Shin
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