Nally Guiliarte.
A noite está estrelada, e os meus ouvidos são abençoados pelo chiar do meu carro ao concluir mais uma volta na pista de corridas, com sucesso, o que me faz relaxar e abrandar na velocidade que estava usando e irradiava adrenalina por todo o meu corpo.
- Boa… - eu falo orgulhosa de mim mesma indo estacionar, e saindo do carro recebendo aplausos das pessoas entrando na pista.
Eu retiro o capacete da minha cabeça animada, atirando-o para o assento e balançando as chaves para o Connor, enquanto o motorista que eu estava competindo chega.
- Quites? - eu o questiono e ele sorri pegando as chaves que eu atirei na sua direção.
- Talvez eu tenha subestimada você, mocinha. - ele diz e eu olho bem nos seus olhos.
- Um grande erro da sua parte. - eu falo e olho para o carro dele e bato no capô do carro dele. - Aqui está o seu carro, são e salvo, e um bonzão perdedor que respirou a fumaça que eu deixei atrás. - eu falo, fazendo o povo aqui rir e se exaltar.
- Oh! - eles exclamam rindo.
- Não é bom que seja tão afrontosa quando só teve sorte. - o perdedor diz vindo até nós e eu apenas sorrio o encarando.
- Humn… - eu balbucio alinhando os meus lábios num sorriso. - Então você deve ter um azar de outro mundo. - eu sugiro e ele revira os olhos.
- Eu espero que não me incomodem mais. - eu falo e eles se entreolham.
- O que acha de começar a apostar do nosso lado, você ganharia muito dinheiro. - o Connor sugere e eu sorrio.
- Aí está o seu carro. - eu simplesmente digo e caminho para fora dali.
Oh…
- Isso soube bem… - eu falo comigo mesma chegando ao estacionamento onde está o meu carrinho.
Skrrrt…
- p***a! - eu berro assustada quando um carro preto para bem na minha frente vindo a alta velocidade dentro do estacionamento, quase me atropelando.
- Você está maluco? - eu questiono para basicamente ninguém, porque o carro tem vidros fumados e eu não consigo ver quem está lá dentro.
O carro fica aqui mais uns segundos e ninguém sai, simplesmente acelera daqui, me ignorando depois de simplesmente ter parado na minha frente.
Eu franzo a minha testa confusa e atordoada.
Isso foi estranho.
- Idiotas… - eu balbucio destrancando o meu carro com as chaves, e entrando nele acelerando para fora dali logo em seguida, com a minha mente mais aliviada, o que eu precisava era um pouco de distração.
E eu obtive.
As ruas estão literalmente vazias, são três da manhã, e chegar ao meu apartamento foi bem tranquilo sem nenhum trânsito.
Estacionei o meu carro, e subi as escadas até ao meu apartamento que moro com a Marlen, a minha melhor amiga, já que o elevador avariou pela quinquagésima vez.
Chego na porta e com cautela eu enfio as chaves na fechadura, para não fazer barulho e entro na ponta dos pés fechando a porta e aproveitando para a trancar, e estava tranquila até repentinamente as luzes serem acesas, me fazendo saltar.
- Onde você estava, Nally? - a Marlen questiona e o meu coração simplesmente bombardeia de susto.
- Céus! - eu exclamo com a mão no meu peito assustada. - O que você está fazendo acordada? - eu questiono assustada.
- O que VOCÊ está fazendo acordada? - ela questiona e eu suspiro terminando de trancar a porta. - São três da manhã Nally? Onde você estava? - ela questiona.
- Eu saí para espairecer a cabeça, nada demais. - eu a respondo calmamente e ela suspira revirando os olhos.
- Você tem apenas duas horas para dormir, esqueceu que tem trabalho amanhã, e você terá um novo chefe? - ela questiona e eu atiro as minhas chaves na cômoda.
- Claro que não. - eu a respondo me lançando no sofá.
- Parece que sim, já que você saiu a essa hora da madrugada. - ela diz me repreendendo. - O neto do seu ex-chefe entrará em ação e pode despedir funcionários, chegar tarde não irá passar nenhuma boa impressão. - ela diz e eu fecho os olhos.
- Eu sei, eu só estava querendo espairecer. - eu falo. - Eu já cheguei e amanhã eu vou trabalhar, acabou. - eu falo e eu posso sentir ela me encarar.
- Você saiu de carro. - ela diz e eu abro os meus olhos.
- Saí. - eu respondo-a.
- Para onde foi que você foi? - ela questiona.
- Dar umas voltas, Marlen. - eu lhe digo. - Porquê você está me questionando como se fosse a minha mãe? - eu a questiono e ela arregala os olhos dando os ombros de forma sarcástica.
- Não sei, talvez porque você seja irresponsável e eu mais responsável que você. - olha ela.
- Eu não sou irresponsável coisa nenhuma. - eu falo me levantando com ela para irmos para os nossos quartos.
- Oh, diz a rapariga que sai sozinha de carro em plena madrugada quando trabalha cedo, e no trabalho pode haver restituição de funcionários. - ela diz irônica e eu reviro os meus olhos sorrindo.
- E se algum abestalhado encontrasse você na rua? - ela questiona enquanto eu retiro a minha jaqueta, e os meus sapatos.
- Eu estou aqui, não estou? - questiono-a.
- Você sabe o susto que eu levei quando eu notei que você não estava aqui, sua maluca? - ela questiona enquanto eu bocejo.
- Eu imagino já que você não para de me interrogar. - eu falo e ela se atira na cama.
- Eu estava preocupada com você sua i****a, a cidade anda muito violenta, sabia? - ela questiona e eu sorrio com a preocupação dela.
- Sabe que eu amo você? - eu a questiono e ela sorri.
- Claro que sei, imagine não me amar? - ela questiona convencida, e eu atiro o urso de pelúcia aqui para a cara dela, fazendo a rir.
- Coloque o pijama logo e venha dormir, eu estou morrendo de cansaço. - ela diz e é o que eu faço também exausta.
Amanhã será um grande dia.
Ela se deita, e eu termino de me vestir, faço a minha higiene o**l, e podia ir dormir no meu quarto, mas ficar com ela anima mais.
Adormeci no mesmo instante em que encostei a cama dessa vez.
Ao menos dessa vez eu não sofri para adormecer.
- Nally… - eu escuto uma voz ao fundo atrapalhando o meu bom sono.
- NALLY! - os meus tímpanos literalmente vibram com o grito da doida da Marlen.
- Caramba, Marlen… - eu balbucio sonolenta e irritada, porque a mulher está literalmente me chacoalhando sem piedade. - Eu estou cansada. - eu falo puxando o cobertor e ele é retirado de mim brutalmente.
- p***a… - eu balbucio abrindo os meus olhos a contragosto.
- Você vai se atrasar, garota. - ela diz me chacoalhando, falando com uma escova de dentes na boca. - O seu alarme tocou pela quinquagésima vez, levanta! - ela diz me puxando e eu me sento a contragosto.
- Eu já estou acordada… - eu falo m*l conseguindo manter os meus olhos abertos.
- Levanta logo! - ela grita saindo do quarto e eu suspiro lutando contra a vontade de me deitar novamente, e vou para o banheiro com os olhos fechados retirando a minha roupa no corredor.
Faço a minha higiene o**l, com os olhos fechados, e entro no polibã onde tomo um banho rápido.
- Se apresse! - escuto a Marlen gritar, e eu suspiro.
- Estou saindo. - eu falo me enrolando na toalha e saio correndo para o meu quarto sentindo o cheiro do café.
Que fominha.
Eu passo a loção corporal rápido, rapidinho, visto a minha roupa interior, e pego as primeiras peças sociais que eu eu encontrei apressada.
Calças de alfaiataria preta, uma blusa simples branca, e um blazer por cima.
Calço os meus saltos, jogo uns brincos e simplesmente penteio no meu cabelo apressada.
- O que você ainda está fazendo? - a Marlen questiona entrando no quarto, já pronta com o café dela na mão.
- Me vestindo, ué. - eu lhe digo e ela me encara.
- Eu falei que você se atrasaria, você tem literalmente quinze minutos para chegar a empresa ou se atrasará. - ela diz se encostando cómoda enquanto eu coloco uns brincos ao menos.
- Eu já estou pronta. - eu falo.
- Não passou maquiagem e nem perfume. - ela aponta e eu a encaro frustada.
- Você mesma disse que eu estou atrasada e está me cobrando usar perfume e maquiagem? - eu a questiono indo pegar a minha bolsa.
- Claro, o seu novo chefe é o neto, o herdeiro dessas empresas multinacionais, pelo que eu pesquisei por você, ele não é apenas bilionário, mas é jovem e um pedaço, e você não vai chegar lá de cara lavada. - ela fala passando perfume em mim.
- Esqueça, maquiagem não é um requisito para o trabalho, e eu estou esfomeada. - eu lhe digo saindo do quarto caminhando até a cozinha.
- Eu preparei uma sandes para você e aqui está o seu café, coma no carro. - ela diz me entregando e eu a dou um abraço e um beijo.
- Eu amo você, obrigada! - eu agradeço-lhe e ela sorri.
- Claro que ama. - ela diz, enquanto eu me embolo pegando as coisas e pegando as minhas chaves também.
- Você não vem comigo? - eu a questiono caminhando para a porta.
- Não, porque primeiro você está atrasada e segundo, o Roberto vem me buscar. - ela diz coradinha e eu sorrio a olhando de cima para baixo.
- Oh, por isso está mais gata que o habitual. - eu falo e ela ri.
- Para de fazer graça e vá. - ela diz e eu suspiro.
- Tchau! - eu lhe digo.
- Tchau, boa sorte! - ela diz e eu mando um beijo no ar descendo as escadas apressada até ao estacionamento.
- Ai, eu vou chegar atrasada. - eu balbucio comigo abrindo o carro apressada.
Eu não escutei esse alarme, como é possível?
Eu coloco o carro a trabalhar e acelero para lá, bem, se dependesse da minha velocidade eu teria chegado faz tempo, mas todo mundo está indo trabalhar agora e as estradas estão lotadas.
- Oh… - eu balbucio sentindo o meu carro parar de responder no meio da estrada. - Cara, não faz isso comigo agora, não… - eu balbucio sabendo que o meu pobre e velho carro está prestes a me deixar na mão no meio da estrada.
E foi o que ele fez.
- Que d***a… - eu balbucio com ele simplesmente avariando no meio da rua. - Cara, eu falei gentilmente com você. - eu falo incrédula que ele me fez isso.
Ao menos eu manejei em encostar o carro.
Saio frustrada, eu estou no meio da autoestrada, e vou até ao capô com carros passando a alta velocidade e eu abro sentindo o ar quente daqui de dentro.
- Você tinha mesmo de avariar agora. - eu falo fixando o capô, sujo as minhas mãos verificando tudo o que posso e está tudo ótimo, isso é um problema mecânico.
Mas eu tenho dinheiro para mecânico?
Não.
Eu tenho tempo?
Também não.
- O que está acontecendo? - um senhor trajado formalmente questiona se aproximando.
- O meu carro avariou. - eu falo levando o meu olhar para ele. - Ele costuma fazer isso às vezes, mas eu não consigo ver nenhum problema. - eu comento. - Eu acho que o problema não é para os meus olhos. - eu falo e ele sorri.
- Você parece atrasada. - ele diz porque sim, eu me importo com o meu trabalho e não quero estar atrasada e eu estou claramente nervosa.
- Eu estou. - eu falo vendo ele observar a caixa do meu carro.
- Você tem seguro? - ele questiona.
- Apenas contra terceiros. - eu o respondo.
- Eu tenho um mecânico ótimo. - ele fala e eu olho para trás vendo o carro luxuoso dele parado atrás do meu.
Ele é uma boa pessoa, ou eu devo ficar extremamente desconfiada.
- Eu não acho que eu esteja no patamar de usar o mesmo mecânico que o senhor. - eu falo e ele sorri.
- Me conceda apenas o seu número de celular, deixe o carro aqui, e me conceda o nome da sua empresa que lá iremos deixar o seu carro. - ele diz e eu o encaro atordoada.
- Eu não entendo. - eu falo. - Porque está fazendo isso, como eu posso confiar em você? - eu questiono e ele sorri.
- Desconfiada. - ele diz e eu arqueio a minha sobrancelha. - Leve todos os seus documentos, eu estou apenas querendo ajudá-la, de graça e de boa vontade. - ele diz e eu suspiro fundo, olhando para a hora, para os carros, e para o meu avariado.
Se ele quer o arranjar de graça.
- Certo. - eu falo. - Muito obrigada. - eu o agradeço e ele assente me entregando o seu celular onde eu aponto o meu número de celular e o nome da empresa que todo o mundo conhece, e o entrego.
- Eu informarei quando o carro chegar. - ele diz e eu assinto retirando os documentos importantes de dentro e a minha bolsa.
- Muito obrigada novamente, senhor. - eu o agradeço apressada, e ele assente sorrindo aparentemente já chamando o mecânico.
- Por nada. - ele diz enquanto o táxi que eu estava chamando para.
Que eu não esteja a fazer nenhuma bobagem.
Eu tirei foto da placa do carro dele às escondidas, claro.
- Adeus. - eu despeço entrando no carro e ele assente com a cabeça.
- Para a Vertex Corporation, por favor. - eu digo e ele acelera para fora dali.
- Tudo o que eu menos tenho é dinheiro para gastar com táxi. - eu murmuro pensando no quanto eu vou gastar por causa disso.
- Falou comigo, senhorita? - boa eu falei isso em voz alta.
- Não, estou apenas pensando. - eu o respondo abrindo a minha bolsa buscando panos umedecidos para limpar as minhas mãos que ficaram sujas antes que eu suje a minha blusa e para além de atrasada eu chegue lá desfigurada.
Cheguei, exatamente onze minutos atrasada.
- Aqui, obrigada. - eu falo entregando o moço o dinheiro dele já saindo apressada.
- Que d***a… - eu balbucio frustrada vendo toda uma configuração diferente em frente desse enorme, grandioso e moderno prédio.
Bolas, bolas, bolas…
- O crachá senhorita. - seguranças novos, muito bem.
Eu suspiro fundo vasculhando a minha bolsa e quando encontro os mostro e assim eles permitem a minha humilde entrada.
- Eu não entendo porque eles têm de pedir por um crachá quando literalmente eu tenho de escanear ele aqui, para passar. - eu falo fazendo a identificação antes de entrar.
Tem poucas pessoas aqui…
O que está acontecendo?
- Onde estão todos? - eu questiono para an Ana, a minha amiga e recepcionista que me olha com os olhos arregalados.
- Primeiro, você está atrasada e segundo, estão todos concentrados no hall principalmente, o neto… céus, como o homem é lindo. - ela diz corando e eu reviro os olhos por ela estar pensando nisso agora.
- Ele está se apresentando para os funcionários, e bem, é melhor você correr, porque eu só estou aqui por ser a recepcionista. - ela diz e eu suspiro já andando para lá.
- Ai… - eu balbucio indo para lá com um frio na barriga.
Eu chego na sala e já vou entrando, a sala toda está cheia, e nem são todos os funcionários aqui, todos eles estavam calados e concentrados, até a minha pessoa chegar com os saltos batendo no chão e atraindo toda a atenção.
Boa…
Eu caminho para o fundo num lugar vago, achando que eles me ignorariam, sem ousar olhar para onde todos estão olhando.
- Por favor, nos agracie com a sua presença e se sente cá em frente. - uma voz potente, máscula, estranhamente sedutora soa de forma sarcástica pela sala inteira, aumentando o frio na minha barriga e fazendo o meu coração acelerar.
Eu me viro rígida, e sinceramente, eu não sei de quem eu estava à espera de ver, mas com certeza não era um modelo ator de Hollywood.
Ao menos é com isso que o homem que os meus olhos vêm se parece, alto, com a face mais máscula e bonita que eu já vi, os olhos azuis mais penetrantes e intensos que já penetraram os meus, e os cabelos dele são escuros o que faz uma ótima contradição com o seu olhar, e o jeito que as suas roupas valorizam o corpaço que deve ter debaixo desses trajes não está escrito, e mais do que isso, ele se parece muito com uma pessoa que eu odiava e simplesmente mudou de país.
O meu rosto queima e eu para estupefacta.
- Depois de termos tido a amabilidade de aguardar a sua tão tardia chegada, irá permanecer aí parada como uma estátua, senhorita? - ah!
O meu rosto queima, enquanto ele sorri com a sua provocação e os outros também, claro que adoraram ele, olha o senso de humor do homem de vinte e poucos anos?
Que i****a!
- Não. - eu falo forçando um sorriso. - Eu vou me sentar. - eu falo caminhando para o lugar que ele apontou sob o olhar de todos.
Sento-me sob o olhar intenso dele.
- Me diga, qual é o seu nome? - ele questiona e claro, eu me lembro dele e ele não se lembra da minha existência.
- Nally Guiliarte. - eu respondo-o e ele assente.
- Humn, você era a secretária do meu avô. - ele afirma e oh, ao menos ele é informado. - Mas não será a minha ou funcionária dessa empresa se não cumprir com os horários. - a maneira com a qual gelei é insana.
- Não irá se repetir. - eu digo e ele me encara por uns segundos e depois simplesmente esquece da minha existência como se não tivesse me esculachado na frente de todos, e continuasse a falar seja lá o que ele falou, porque eu não fiquei atenta a nada.
Era tudo o que me faltava.