Após o almoço para surpresa de Samira, Marco ofereceu-se para lavar a louça. Da porta ela observava as suas costas largas curvadas sobre a pia, um avental xadrez no seu peito. Samira ri ao ver que a imponência de Marco não combinava com o clima leve da cozinha.
Ao ouvir a risada dela Marco se vira, suas mãos cheias de sabão, ele segurava um prato fazendo movimentos circulares com a pequena esponja.
_ Do que está rindo? - pergunta com a sobrancelha arqueada. Ele estava mais leve após se desculpar com ela, era como se um grande peso tivesse deixado os seus ombros, e ver o sorriso no seu rosto naquele momento tinha compensado o seu pedido de desculpas.
_ Você fica engraçado fazendo serviços domésticos. - diz ele entrando na cozinha e pegando um guardanapo na bancada, Samira vai até a louça que ele já havia lavado e começa a enxugá-las para guardar.
_ Sempre fiz esse tipo de serviço, - diz ele dando as costas a ela e voltando a lavar a louça. - Vovó sempre fez questão que eu aprendesse tudo, e os serviços domésticos sempre fizeram parte da minha vida.
As palavras dele deixam Samira surpresa, ela sempre via Marco de forma tão nobre que não imaginava que ele se daria ao trabalho de lavar o próprio prato. Ao que parecia ela estava errada, e enquanto ele lavava a louça de forma tranquila ela percebia que ele era bom naquilo, e muito cuidadoso também.
A forma que as mãos de Marco se moviam pela porcelana fazia Samira sentir um frio na barriga, ele tinha mãos grandes e para ela era uma surpresa que ele tive-se tanta delicadeza nos seus movimentos.
Num silêncio confortável eles terminam de lavar a louça, Marco ajuda Samira a guardar e juntos saem para a varanda onde os outros já estavam. Lú descansava numa espreguiçadeira com os olhos fechados, numa mesa no canto Carlos e Juliano jogavam cartas e pela cara que Juliano fazia Marco percebia que ele estava trapaceando.
_ Isso não faz sentido. - diz Carlos quando eles se aproximam, os olhos dele estavam fixos nas cartas na sua mão um vinco se formando na sua testa ao tentar entender as jogadas de Juliano.
_ Quer jogar Marco? - pergunta Juliano com um sorriso de canto.
_ Não jogo com você nem se me pagassem Juliano. - diz ele chamando a atenção de Carlos que desvia a sua atenção para Marco, os olhos dele se iluminam quando ele compreende.
_ Filho da mãe! Você está trapaceando! - diz jogando as cartas sobre a mesa.
_ Cada um, joga com as armas que tem. - diz Juliano dando de ombros.
Samira que observava tudo começa a rir, era impressionante o tamanho da cara de p*u de juliano, mesmo tendo sido pego ele não se importava.
_ Nunca mais jogo com você. - diz Carlos o fuzilando com os olhos.
_ Você é lento Carlos. - diz ele o provocando. Carlos apenas balança a cabeça, não adiantava discutir com ele.
_ O que acham de um passeio de lancha? - pergunta Carlos sorrindo. Ele percebe os olhos de Samira brilhar com a ideia.
_ Eu quero se não tiver problemas. - diz ela sorrindo para ele.
_ Não tem nenhum problema Samira, se tenho uma lancha é para usar. - diz dando uma piscadinha para ela.
Os olhos de Marco eram sombrios sobre os de Carlos, ele não tinha gostado nada daquilo, e pela forma que ele estava agindo perto de Samira, marco teria que ser cuidadoso, o seu amigo ao que parecia tinha entrado no jogo.
_ Será que a vovó vai querer ir? - pergunta Samira observando Lú de longe.
_ Vou perguntar, - diz Marco se afastando e indo até a sua avó, ele abaixa-se e toca o seu ombro com cuidado para não a acordar. - Avó.
_ O que foi querido. - diz ela virando-se para ele.
_ Vamos passear de lancha, você vem conosco?
_ Isso é coisa para vocês jovens, eu vou ficar aqui e tirar uma soneca. - diz ela o fazendo rir, Marco se levanta e dá um beijo na sua testa antes de se afastar. Lú era a pessoa mais importante na sua vida e ele faria de tudo para a ver confortável e bem.
Juntos eles entram no Jeep de Carlos e partem para o local onde a lancha estava ancorada. Samira observava a paisagem com interesse, os lugares por onde passavam era lindo e cheio de vida com várias construções imponentes.
Durante o percurso Samira percebia o quanto o mundo dela era diferente do deles, ali era um lugar onda as pessoas de classe alta esbanjavam a sua riqueza sem se importar com quem estivesse vendo, os vários carros de luxo que passavam por eles era uma prova clara disso.
De certa forma ela sentia-se um peixezinho fora d'agua, aquele não era seu mundo, mas a curiosidade falava mais auto, então ao menos uma vez na sua vida Samira escolhe aproveitar o momento e deixar as suas preocupações de lado.
Marco a ajuda a descer do carro com cuidado, e juntos eles seguem até onde a Lancha de Carlos estava ancorada. Samira olhava surpresa para o tamanho da lancha, ela era linda.
_ É linda. - diz Samira quando Carlos para ao seu lado.
_ Isso não é nada, precisa ver o meu iate, ele sim é bonito. - responde ele com simplicidade.
_ Vamos. - diz ajudando Samira a embarcar, ele coloca o colete no seu pescoço com cuidado.
Marco observava o amigo com olhos sombrios, mas Carlos não podia ver já que estava de costas para Marco. Vendo a expressão do seu amigo Juliano entra na frente de Carlos.
_ Eu prendo ela Carlos, você pode pilotar. - diz se virando para Samira, ele ajusta o cinto que havia no banco e se afasta permitindo que Marco se senta-se ao lado dela.
Pela expressão de Marco Juliano sabia que aquele seria um longo passeio.