Capítulo Um

1227 Words
NARRADO POR ANASTÁCIA GIMENEZ O despertador toca e junto com o seu som estridente ouço batidas na porta me despertando, em um ato de extremo desespero pulo da cama com o cabelo todo bagunçado, sinto o sol que passa pela fresta da janela iluminar meu rosto. XXX - Menina, você vai se atrasar de novo! - Já acordei! (gritei para a dona Camila, quase implorando para ela parar de bater na porta) Olho para o maldito relógio e desligo o despertador, ainda meio sonolenta arrasto o meu corpo em direção ao banheiro. Depois de fazer minhas higiene e tomar um banho bem gelado eu volto para o meu quarto e visto o meu uniforme, depois de me olhar no espelho e me certificar que estou pronta saio do quarto e assim é abro a porta sinto o cheiro de café fresquinho feito pela preciosidade da minha vida. - Bom dia, dona Camila. (digo me aproximando dela e beijando sua bochecha) Se não fosse por essa mulher eu estaria morando nas ruas, não teria uma cama e muito menos um trabalho onde consigo nos sustentar sem problema algum. Camila - Bom dia olhos verdes, dormiu bem? - Muitíssimo bem. (respondo andando pela cozinha preparando meu café) Camila - Beatriz passará por aqui hoje? (perguntou adoçando o café) - Infelizmente não, hoje irei trabalhar de ônibus mesmo. Camila - Que pena. Bom a te aviso de ante mão que hoje não dormirei em casa. - Não que seja da minha conta. Mais para onde a senhorita vai? Camila - Mais é claro que é da sua conta Ana, te considero minha filha por isso vou te contar. - Eu também considero muito a senhora. Sabe que é como uma mãe pra mim. Camila - Irei dormir na casa de uma das minhas amigas, amanhã iremos para um cruzeiro. - Cruzeiro? Camila - Sim. - Ok! Bom, então divirta-se e juízo. Ela me olha com os olhos cerrados e preocupados, ela se aproxima de mim e pega as minhas mãos. Camila - Não queria te deixar sozinha aqui em casa. - Não estarei sozinha, terei a companhia dos meus livros. Camila - Se quiser você pode vir comigo. - Sabe que não posso, tenho o meu trabalho. Camila - Durma com casa de algum amigo então. - A senhora me conhece a anos, sabe que não durmo na casa de amigos. Camila - Vejo que estou lhe dando com uma mulher do tempo antigo. - Apenas gosto da minha boa e velha companhia, não tem nada melhor do que isso. Saio da conversa e encaro o relógio meus olhos se arregalam, em passos rápidos passo pela sala pego minha bolsa que sempre carrego para o trabalho e corro em direção a porta. - Deduzo que assim que eu chegar do trabalho não lhe encontrarei mais, certo? (pergunto antes de sair) Camila - Certíssima! Pode trazer um namorado se quiser. - Meu namorado é o meu trabalho. Camila - Boa resposta, ele te banca, né? - Exatamente! Ando com muita pressa pelas ruas, pelo horário o trânsito da cidade está completamente movimentado, me aproximo do ponto de ônibus e novamente encaro o relógio em meu pulso. Pela terceira vez essa semana vou chegar atrasada no trabalho e a culpa é totalmente do meu sono, afinal quando durmo parece que morro. Se passam alguns minutos quando o ônibus finalmente se aproxima, encaro o mesmo vendo que está super lotado o jeito é enfrentar ou ir a pé, ao meu ver a segunda opção está totalmente fora de cogitação. XXX - Está atrasada há vinte minutos! Meu chefe exclama com um olhar assustador, passo por ele ando pelo corredor até chegar na área dos funcionários. - Me desculpe, meu despertador não tocou. Sinto muito. XXX - Me poupe das suas desculpas, agora vai trabalhar! Rapidamente saio de suas vistas e vou para o armário onde guardo meus pertences, coloco meu avental e minhas luvas e sigo para o balcão, são apenas oito e meia da amanhã e a lanchonete já está lotada. Eu trabalho na lanchonete de uma arena de futebol, todos os dias esse lugar enche. Me surpreendo com a quantidade de pessoas que nos visitam e desfrutam desse esporte, principalmente os homens que é o que mais vejo por aqui. Aqui foi o único lugar onde arrumei trabalho era isso ou ser empregada doméstica, mais como não sou muito boa em afazeres de casa esse foi o melhor pra mim. Dona Camila me ajudou a encontrar esse trabalho, tudo o que eu tenho hoje devo a ela, foi ela quem me ajudou assim que eu saí do orfanato. Sim, eu cresci em um orfanato no norte de onde eu moro agora, era um orfanato simples vivíamos de caridades principalmente de pessoas ricas e conhecidas. Quando completei meus dezoito anos as cuidadoras me avisaram que era o meu momento de partir, assim que passei pelos grandes portões me vi sozinha em um mundo em que eu não conheço, sem emprego e sem dinheiro para se quer comprar comida, eu estou sozinha. Os primeiros dias foram muito difíceis pra mim, ninguém queria contratar uma garota suja, fedida e com os cabelos bagunçados, no dia em que conheci a dona Camila eu ajudei ela com as compras até sua casa. No mesmo momento ela simpatizou comigo, sem pensar ela me ofereceu um quarto em sua casa, quando ouvi a sua oferta vi dona Camila vedtida com roupas de anjo. Dona Camila é uma viúva de meia idade que não tem filhos e mora sozinha, ela foi enviada por Deus pra mim. . . XXX - Moça, você está anotando o meu pedido? - Sinto muito, o que disse? XXX - Perguntei se está anotando o meu pedido. (encaro uma adolescente) Após anotar o pedido da adolescente vejo a Beatriz se aproximar de mim, não demora muito pra ela perguntar pela sua companheira de bagunça. Beatriz - Como está a dona Camila? - Está bem, ela perguntou por você hoje. Beatriz - Ela não vive sem mim, acho que vou dar uma passada lá mais tarde para ver ela. - Vai perder o seu tempo. Não vai encontrar ela em casa, ela foi fazer um cruzeiro. Beatriz - Hum .... interessante! Então você está sozinha em casa? - Sim é pretendo continuar sozinha. Beatriz - E por que não? Podemos chamar alguns meninos e fazer uma noite de jogos. - Não estou afim, Bea. Prefiro aproveitar a ausência dela com os meus livros contemplando o silêncio. Beatriz - Está bem. Divirta-se com a solidão. - Obrigada, você não sabe o quanto é importante ouvir isso de você. (falo com a voz carregada de deboche) Encerramos nossa conversa e voltamos ao trabalho, voltei a anotar os pedidos dos clientes alguns são gentis e simpáticos outros são arrogantes e grosseiros com olhares maliciosos. Muitos me olham como um pedaço de carne, as cantadas são ridículas e frequentes. Eu sempre os ignoro embora muitos sejam insistentes na tentativa de conseguir o meu número, eu sempre procuro os tratar bem e não correspondo aos assédios. Assim que o expediente acabou volto pra casa de carona com a Beatriz, assim que cheguei me despedi dela e subi as escadas são seis e meia da noite e a minha única vontade é de tomar um banho e dormir a noite toda.
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