É difícil para mim falar sobre o que aconteceu, até na terapia. Nunca consegui me abrir com a psiquiatra e contar tudo, mas naquele dia estava disposta a falar, precisava por isso para fora ou iria enlouquecer. Pedi ao Jared que ficasse no carro. O trajeto do estacionamento até o consultório eu quis fazer sozinha. Claro que com celular na mão, para qualquer emergência. Quando entro na sala de espera do consultório, uma onda de alívio me invade, sinto-me segura ali dentro, sento-me e espero ser chamada. Dez minutos e a doutora Julia me chama, ela é uma senhora com cinquenta e poucos anos, cabelos brancos bem escovados e uma calma de dar inveja ao Buda. — Vamos, Eve. — Ela me chama com um sorriso acolhedor. Passo por ela e entro na sala, ela tranca a porta e vem até mim, sento-me em