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2075 Words
Era bem cedo quando eu acordei. Todos da casa ainda dormiam, tentei fazer o mínimo barulho possível, enquanto realizava minhas higienes pessoais.  Escovei meus dentes, lavei meu rosto e prendi meu cabelo. Voltei a dentar na cama e fiquei assistindo alguma bobeira na tv por quase uma hora, quando meu celular tocou. Era meu pai. - Bom dia filhota! - ele estava animado e eu não entendia o motivo daquilo. - Se arruma aí que você vem pra minha casa hoje. - Mas você falou com a mamãe? Não acabou o rodízio ainda. - falei depois de pausar a série para poder prestar atenção na chamada. - Relaxa que tá tudo resolvido! Eu e ela fomos jantar juntos ontem. - ele disse e eu conseguia escutar o som alto no fundo. - Vamos aproveitar o fim de semana juntos, porque vou viajar essa próxima semana pra Minas Gerais. - Outro evento de arte? - era comum ele fazer várias viagens assim. Seu trabalho te permitia conhecer vários outros lugares e culturas diferentes. - Aham. A crew toda vai - papai falou super empolgado e eu dei risada. - Vem logo pra cá que eu tô com saudades. - Tá bom pai. Vou arrumar minhas coisas rapidinho aqui e já vou. - me despedi dele e desliguei o celular. Bom pra que vocês entendam bem, eu sou a Julieta e tenho 19 aninhos. Meus pais são separados e se dão super bem como vocês viram aí. Eles até saem juntos pra jantar, como amigos. Eu coloquei uma música na tv, me levantei da cama e fui em direção ao banheiro, onde tomei um banho bem geladinho. Não levaria muitas coisas, então peguei apenas uma mochila, guardando algumas roupas e produtos de higiene pessoal lá dentro.  Depois disso, eu me arrumei, desci coma mochila que levaria para a casa do meu pai e acabei encontrando meu padrasto fazendo o café da manhã. Ele parecia animado. - Bom dia Tio Fábio. - peguei uma maçã na fruteira e me sentei no banquinho. - Vou passar o fim de semana com meu pai tá? - É sua mãe já me contou. - ele deu um beijo em minha testa e continuou com a mão na massa. Eu terminei de comer a maçã, peguei as chaves do meu carro e fui em direção a garagem. Entrei em meu carro e abri meu aplicativo de música para escutar algo. - Xamã? Quem é esse? - coloquei o artista recomendado no som e fui ouvindo suas músicas até a casa do meu pai. Quando cheguei lá, escutei o som alto e já deduzi que meu pai estaria desenhando. Ele é artista. Graffita muros, pinta quadros e essa coisa toda. - Oi pai! - falei bem alto para que ele escutasse. - Julieta minha filha! - ele veio me abraçar. - Então eu recebi um convite pra ir pintar um muro em um show de um cantor aí e resolvi te chamar. Faz tempo que nós não saímos juntos. - Sério? Que dá hora pai! - eu já estava pensando em que roupa usaria mais tarde. - Que horas começa o show? - Lá pelas sete da noite. - Ele sentou na mesa e começou a bolar um baseado. - Daqui a pouco pode ir se arrumar porque eu sei que você demora demais dona Julieta. Eu fui para meu quarto e resolvi fazer uma maquiagem para passar o tempo. Escutei mais um álbum daquele tal de Xamã enquanto me divertia com os pigmentos coloridos. Gostei do resultado e acabei tirando uma foto pra postar no i********:. Já eram seis e meia quando fiquei pronta. Fui até a sala e encontrei meu pai sentado no sofá, jogando videogame. - As vezes você parece uma criança. - eu falei olhando ele jogar. - Ih vai morrer pra bot? - dei risada e fui até a cozinha comer algo. - Vai cagar Julieta. - ele nem desgrudou os olhos da tela. Eu fiquei cantarolando enquanto assava umas coxinhas de frango para lanchar antes de sair. Eu que não iria passar fome em meio de rolê. Peguei um copo bem grande, enchi de gelo, coloquei duas rodelas de limão e despejei coca cola. Esperei meu lanche ficar pronto e me sentei na mesa para comer, enquanto via bobeiras no celular. Meu pai foi trocar de roupa, eu terminei de lanchar e comecei a trancar a casa para sairmos. Resolvemos ir de uber para poder beber lá. No caminho, fui observando a cidade e vendo como estava movimentada naquele sábado. Chegamos em uma casa de festas até que luxuosa. O lugar estava cheio e eu não fazia a mínima ideia de quem era o show. Meu pai chegou já conversando animadamente com algumas pessoas e eu fui o seguindo. Ele deixou suas tintas em uma salinha e fomos pegar algo para beber. Ele me levou para acompanhar o show de um vip do vip e eu me sentei em um sofá que dava uma boa visão do palco.  - Vou lá começar a pintar filha. - ele me deu um beijo na bochecha e foi trabalhar.  Um cara até que estiloso subiu ao palco e começou a cantar. A primeira música me passava uma leve impressão de conhecer, mas relevei. Quando chegou na segunda, eu reconheci que era o cantor que eu escutei a tarde toda. Cantei quase todas as que vieram em seguida e me diverti com o show . Depois do show do Xamã, tiveram mais alguns shows e eu continuei acompanhando, sem conhecer muitos dali. Minha bebida havia acabado e eu sentia um pouco de calor por ter me empolgado demais curtindo as músicas. Decidi ir encher meu copo no bar, que era fechado para o pessoal do vip.  Na hora que estava voltando para o sofá em que estava sentada, trombei em uma pessoa. - Desculpa! Nossa tô tão viajada. - Eu levantei o rosto e me deparei com o homem que estava se apresentando até agora pouco. - Você é o Xamã né? - Sou eu mesmo. Quer um autógrafo ou uma foto? - ele disse cheio de sí e eu não gostei daquilo. - Não obrigada viu. - continuei indo até meu lugar e ele me seguiu. - Nossa você é a primeira fã que não quer nada de mim. - Xamã bloqueou minha passagem e eu revirei meus olhos sem paciência. - Olha meu bem eu não sou sua fã. Tô aqui por causa do meu pai que tá pintando aquele mural ali. - apontei pra ele. - Então assim não venha cheio de sí falar comigo ok? - Ah então seu pai é o famoso Babu? Interessante. - ele disse sorrindo. - Bom agora eu vou dar uns autógrafos pras minhas fãs que estão me esperando. - Isso aí vai ganhar biscoito vai. - Eu voltei para meu lugar e terminei de curtir meu show. Meu pai terminou o painel e veio ficar o final do rolê comigo. Depois que acabou, o lugar continuou cheio e tocava algumas músicas eletrônicas. A galera que se apresentou parecia ter combinado de fazer uma festa e chamaram meu pai. Ele queria por tudo que eu fosse junto. - Acho que posso dar uma passadinha nessa tal festa. - ele ficou feliz e pegamos um uber até o local. A casa da festa era enorme e haviam  carros bem chiques na frente. - Onde você arranja esses amigos ricos papai? - perguntei rindo enquanto entrávamos no local. - Famoso Babu 78! - um moço bem estiloso e com uma garrafa de vinho na mão veio até nós. - Quanto tempo irmão. - E ai Teo! - ele cumprimentou amigo e os dois começaram uma conversa animada. - Já volto filha. Ótimo, agora eu estava sozinha em um lugar que não conhecia ninguém. Fiquei observando o movimento e me sentei em um sofá que havia ali. - Oi garota solitária. - Xamã, o homem do show, sentou ao meu lado com um copo na mão. - Agora quer um autógrafo? - ele perguntou em tom provocativo. - Não cansa de ser chato não moço? - eu revirei os olhos ao vê-lo. - Sentou aqui só pra me irritar. - Na verdade não. Vim perguntar o i********: do seu pai. As artes dele são muito f**a. - ele disse e depois bebeu um gole de sua bebida. - Pergunta pra ele então. - falei simples e me levantei, indo procurar algo para beber.  - Eita, não precisa dar patadas assim gatinha. - ele deu risada e me seguiu. - Vem que eu te levo até o bar. - Pode deixar que eu encontro sozinha. - na verdade estava completamente perdida naquele lugar.  O garoto segurou minha mão e me guiou pela casa, me levando até o local que eu desejava. - De nada senhorita. - ele me serviu um drink de morango e se sentou em um banquinho ali mesmo. - Obrigada. - dei um mínimo sorriso e me sentei em frente a ele.  - Curtiu meu show? - Xamã acendeu um cigarro e me observou. - Parecia estar bem animada. - Foi legal até. - falei e bebi meu drink. Olhei o horário no relógio e decidi que terminaria essa bebida para ir para casa. - Já quer ir embora? A festa ainda nem começou. - ele deu um sorriso curto. - Bora curtir. - Eu tô meio cansada na verdade. - falei olhando para o nada e brisando. A música estava bem alta e eu comecei a sentir um pouquinho de sono. Meus olhos estavam pesados e não consegui me segurar, soltei um bocejo. Terminei minha bebida e me levantei, pegando meu celular para pedir um uber. - Já vou indo. Obrigada pela companhia Xamã. - dei as costas para o garoto, sem esperar sua resposta e fui em direção a saída da casa. Depois avisaria meu pai que tinha indo embora mais cedo. Estava fazendo frio e as ruas estavam mais vazias. O carro chegou quando Xamã apareceu ali. - Ai o que você quer garoto? - ele abriu a porta do carro para mim e logo depois entrou também. - Você tá louco? - Eu não vou deixar uma princesa como você ir sozinha para casa. - ele disse e fechou a porta. Eu decidi não discutir com ele dentro do carro, então apenas aceitei. O caminho foi silencioso e ao chegar em casa, tive a oportunidade de surtar com Xamã. - Olha só eu não sei qual é a sua, mas pode ir pra sua casa já. - Eu peguei a chave da minha casa e abri a porta. - Sério cara para de ser s*******o. - Eu só queria ser educado e te acompanhar na volta pra casa poxa. - ele disse rindo e entrou na minha casa. - Ok você quer mais o quê? Um café? Uns biscoitos? - eu tirei meus sapatos e fui beber uma água. - Relaxa que eu tô só esperando meu amigo vir me buscar. - Xamã se sentou no sofá e começou a mexer no celular. - Até agora não sei seu nome né senhorita. - Vai ficar sem saber também. - sentei ao seu lado com uma garrafa de ice e minha caixinha. Comecei a bolar um e Xamã pareceu ficar animado. - Nossa nem sei seu nome e você já vai dividir um baseado comigo? Tô com moral mesmo né. - ele riu e eu revirei meus olhos. - Baixa a bola tá ô famosinho. - Eu liguei a TV, coloquei qualquer música e acendi o beck. Dei alguns tragos e passei para Xamã que riu. - Do que você tá rindo? - ele deu um trago, soltou a fumaça e me olhou. - É que você fica muito gata assim. - Eu mostrei dedo para ele que viajava com a fumaça. - Ah pode parar com essa sem vergonhice vai. - o celular dele tocou e ele disse que seu amigo havia chego. Nós dois fomos até a entrada da casa e ele se despediu de mim com um beijo na bochecha. - Tchau gata! - ele disse com um sorriso no rosto e eu apenas fiz uma cara de deboche. Entrei para minha casa aliviada por poder tirar minha roupa e percebi que o casaco do famosinho tinha ficado no sofá. Peguei a peça de roupa e não pude evitar sentir o cheiro gostoso daquele perfume bom.  
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