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661 Words
Passaram duas horas desde quando ele foi embora. Nem deu sinal de vida e aquilo começou a perturbar minha cabeça. Decidi ligar pra ele só por garantia. Liguei duas, três, quatro vezes e sempre dava caixa postal. Comecei a ficar preocupada de verdade. Logo me lembrei que no papelzinho tinha o endereço dele. Resolvi ir só pra ver se estava tudo bem. Sai de casa de pijama e crocs mesmo. Nem pretendia sair do carro. Coloquei o endereço no GPS e seu condomínio não era tão longe do da minha mãe. Acho que entendi porque ele vinha aqui me atormentar todo dia. Era pertinho até. Eu estacionei o carro na frente da sua casa e fui correndo tocar a campainha. Adivinha quem abriu a porta com um largo sorriso estampado no rosto? Exatamente Xamã. - Você me deixou preocupada. - dei um t**a de leve em seu braço. - Não queria me atender. - Então a senhorita se preocupa comigo? Temos uma evolução né! - ele abriu caminho para que eu entrasse em sua casa. - Entra! Agora podemos aproveitar o dia de cinema! - Eu já disse que não vou ficar aqui. - Me virei indo até meu carro e Xamã segurou meu braço. - Mas vai arrancar pedaço você ficar e curtir uns filmes? Bora fumar um baseado e comer até conseguir sair rolando por aí. - ele sorriu e meus olhos brilharam quando falou em comida. - Comprei uns salgadinhos e tem uns 6 litros de coca cola aí. Hm e tem uns docinhos tipo aqueles de festa sabe? - Tá eu fico. Mas só até as seis. - olhei em meu celular a hora. - E sem palhaçada pra cima de mim. Não me deixa estressada. - Pode deixar senhora. - ele fingiu ser soldado, pagando continência e eu dei risada. Fomos juntos até a cozinha e pegamos muita comida. Ele me mostrou sua casa brevemente e fomos até um corredor onde tinha uma grande porta preta. Xamã abriu e me deixou entrar primeiro. Era uma enorme sala de cinema. Tinha até um bar ali. - Uau seu decorador tá de parabéns em senhor! - coloquei os pacotes de Cheetos em cima do balcão e me joguei em um dos enormes sofás. - E ai vamos assistir o quê? - Escolhe aí. - ele abriu o frigobar, tirou uma garrafinha ice e guardou as cocas. - Toma aqui ô Lilieta. - Para. - falei com uma voz manhosa e cruzei meus braços fingindo estar brava. - Odeio esse apelido e minha mãe insiste em me chamar assim. - Xamã sentou ao meu lado e me entregou o controle da TV. - Vamos assistir assim nasce uma estrela. Esse filme é muito bom. - Nunca vi. - Eu fiz uma cara de indignação e coloquei o filme. Ele pegou um controle e apagou as luzes da sala apertando um botãozinho. - Você vai gostar. O filme acabou e eu soluçava horrores. Sempre chorava com aquele filme. Xamã riu de eu chorando e escolheu o próximo filme. Era de ação e tinha muita morte. No final eu chorei de novo e ele riu ainda mais de mim. - Cara você tá chorando por causa de um filme desses? Julieta meu Deus. - ele ria e eu só sabia soluçar de tanto chorar. - P-para de rir s-seu chato. - Eu chorei mais ainda e levantei dali indo lavar meu rosto. Voltei e sentei no sofá já com sono. - Acho que já vou pra casa. Bocejei, sentido o sono indo consumir meu corpo aos poucos e fazendo meus olho se teimarem em fechar. Acabei deitando minha cabeça no encosto do sofá e Xamã me puxou para me aconchegar em seu peitoral. Eu estava muito cansada, me sentia levinha e deitar aninhada a ele era muito bom.     Xamã começou a fazer carinho em meu cabelo e cantarolar uma musica bem baixinho, o que me fez de fato adormecer por completo.
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