Alba
Pra minha felicidade as férias de verão estavam quase chegando, finalmente eu teria um pouco de paz.
Depois de simplesmente não ter aparecido na festa que Josué deu em sua casa, ele nunca mais olhou em minha direção. Eu até tentei dar um bom dia certa vez, mas ele nem respondeu. Não sabia que a presença em uma festa faria tanta diferença na minha vida. Ao menos as meninas esqueceram que eu existo então estou tendo um pouco mais de paz e tranquilidade, por um lado é bom ser invisível.
Olhei meu reflexo na tela do celular que m*l uso com medo de virar uma refém das redes sociais, realmente dá pra entender o porque dizem que sou sem sal. É só comparar as meninas comigo. Enquanto elas usam decotes e maquiagens pesadas eu vou de cara lavada e roupas discretas. Enquanto elas ficam com o rosto vermelho após beijarem horrores pelos cantos do colégio eu fico um pimentão enquanto leio alguma cena hot em um livro. É, cada um com seus interesses. Eu acho que tem idade pra tudo, sei lá. Eu ainda não me sinto pronta pra beijar ninguém e nem perder a *virgindade. Eu leio tantos romances que fico imaginando coisas, acho que vou me guardar até encontrar meu ‘’príncipe encantado’’.
Quero ter o *prazer e a oportunidade de conhecer alguém que me faça suspirar de alegria, que me faça sorrir com os olhos ao vê-lo depois de um dia cansativo, que me faça feliz até o dia da minha *morte.
Dramática? Sim, eu sei que sou, mas quem não deseja um romance de conto de fadas?
Terminei a prova pensativa, ansiosa. Será que vai demorar muito para que eu conheça a pessoa certa? Bom, acho que isso vou descobrir somente após os dezoito, até lá serei refém da minha família. Podia ser pior, disso eu sei. Sei que tem famílias horríveis por aí. A história da nossa Capo representa muita coisa, todas as atrocidades que podem acontecer.. tudo é terrivelmente pior lá fora, mas pra minha sorte nossa organização é a mais respeitosa, a melhor quando se trata das mulheres.
Entreguei a prova primeiro, como sempre, organizei minhas coisas e saí da sala. Mandei uma mensagem para Wilson e sentei em uma mesa de pedra que tem no pátio da escola. Abri novamente meu livro e voltei a entrar no meu mundo imaginário. Pouco tempo depois Wilson respondeu que estava na frente me aguardando. Levantei e andei ainda com o livro na mão. Distraída como sempre esbarrei em alguém que não exitou em me dar um empurrão digno de uma luta livre. Fiquei esparramada no chão e em choque com o susto.
_ Olha por onde anda, esquisita.
Disse Josué, extremamente irritado. Roberta estava enlaçada a ele e ria da minha cara. Onde está o menino doce que me convidou pra uma festa a pouco tempo atrás? Pois então, não sei.
Eu não disse uma palavra. Me levantei e saí andando até o carro. Só na hora de abrir a porta percebi que a palma da minha mão estava ralada.
_ Droga..
Falei enquanto sentava no banco.
_ O que houve?
Perguntou Wilson com a testa franzida.
_ Nada, eu caí enquanto caminhava e lia ao mesmo tempo.
Menti e logo abaixei a cabeça observando meu machucado. Wilson preferiu o silêncio, ele anda meio esquisito nos últimos dias, parece meio nervoso.
_ Wil, você tá bem ?
Perguntei pra ele enquanto parávamos no sinal. Ele respirou fundo, demorou um pouco pra responder.
_ Sim, pode ficar tranquila.
_ Humm.
Chegando em casa tentei disfarçar e subir pro quarto, mas mãe é mãe né?
_ Alba Ramirez, o que é isso??
Perguntou ela observando de longe a minha mão.
_ Eu cai..
_ Como ?
_ Estava lendo enquanto caminhava, desculpa mamãe..
_ Você não tem que pedir desculpas pra mim, você precisa se cuidar, isso sim!
Caminhei até ela. Depois de limpar e fazer um curativo finalmente ela me liberou pra subir ao meu quarto. Tomei um banho com uma sacola na mão pra não molhar o curativo e finalmente sentei na minha cama.
Fiquei pensativa, Josué fez isso por que ? No fim das contas, mesmo não sendo da organização ele já nasceu com o caráter duvidoso. Espero que ele seja o último homem assim a passar pela minha vida.