Depois da crise de choro Nina ficou sentada no mesmo lugar, tentava decidi o que era menos humilha@nte, fazer um teste de virgind@de ou exames pré-nupciais, o que significava fazer exames também de ISTs. Ela não sabia como agir, estava em um beco sem saída, se não realizasse nenhum dos dois exames seu pai acabaria mort0 e ela sem lar, sem renda e sem nenhuma profissão para sobreviver. Ela era inteligente, mas sabia que muitas vezes só a inteligência não bastava para viver com dignidade, ainda mais sendo mulher e perseguida pela máfia, sua vida seria um inferno. Sua inteligência definitivamente não a salvaria.
Sendo assim subiu ao quarto, vestiu um conjunto de calça e alfaiataria, prendeu os cabelos e desceu para a sala, precisava resolver essa situação logo, o casamento estava próximo e não podia se dá ao luxo de ser rejeitada, Nina sorriu entre as lágrimas, como se quisesse ser esposa dele, mas não tinha outra opção, não nesse momento, calçou o salto que estava próximo a porta e saiu, havia um segurança na porta, que por sinal era enorme também.
_ Vai sair senhora?
_ Vou, mas não precisa me acompanhar.
_ Desculpas, mas preciso ir com a senhora onde quer que a senhora vá, são ordens do meu chefe.
_ Não estou casada, pelo menos não ainda, é senhorita, e pode deixar que depois eu me entendo com o meu pai.
_ Seu pai não é meu chefe, desculpas, mas as ordens que recebi foram essa, inclusive a maneira que devo me portar a senhora, não como senhorita, mas como senhora, só posso permitir que saia se eu a acompanha-la.
Pensou em perguntar o nome do chefe dele, mas já era humilhante demais tudo que estava passando, ninguém mais precisava saber de sua vergonha, ia se casar e não sabia o nome de seu noivo, se contasse para pessoas de fora diriam que ela era louca e com toda razão.
Nina suspirou resignada, não podia lutar contra ele, o que lhe restava era obedecer, sendo assim entrou no carro que o segurança ofereceu e deu o endereço da clínica, nem se quer conhecia o lugar, mas precisava ir até lá gostando ou não daquilo tudo, era pela vida do seu pai, mas também pela sua, só esperava que depois do casamento não deseja@sse a m0rte. Sabia que algumas mulheres preferiam a morte ao continuar casadas, tanto que algumas cometiam suicídio pra fugir dos maridos, acabando assim com anos de violência física e estupros.
Quando chegou na clinica na recepção mesmo entregou seu documento para a recepcionista, ficou aliviada ao saber pela mesma que só existia funcionárias ali, nenhum homem por perto, a não ser seu segurança, passou pela consulta com as faces ruborizadas, nunca havia ficado tão exposta a outra pessoa assim, com a outra ginecologista foi somente a conversa e o implante. Realizou diversos exames e no fim não precisou pagar nada, tudo estava p**o.
Saiu da clínica que transbordava riqueza se sentindo intimamente invadida, nunca mais deseja@va passar por isso, era incômodo ser tocada por outra pessoa daquela forma, se sentou no carro e mais uma vez chorou, o segurança se notou seu desconforto não disse nada, mas também nada que alguém dissesse poderia melhorar seu estado de animo.
Quando chegou em casa seu pai ainda estava fora, e deu graças a deus por isso, não deseja@va um interrogatório, e tinha med0 de ataca-lo com palavras, sabia que as vezes atos eram feitos sem pensar nas consequências futuras, mas agora ela pagaria por aquele erro que o seu pai havia cometido, e estava realmente assusta@da, o homem que seria seu marido era controlador e ela iria parecer um ratinho assusta@do perto dele.
Subiu para o quarto, estava cansada mentalmente, sabia que mulheres faziam esse tipo de exame, para muitas era rotina, mas Nina havia se sentido tão m@l, que não sabia o que fazer com tal sentimento, nunca tinha se sentido tão humilha@da. Se ela ao mesmo já tivesse mantido relações seu@is com algum homem, entenderia a preocupação do seu futuro marido, também não gostaria de estar com alguém que tivesse mantido relações seu@is com várias parceiras, mas não era o caso dela, mesmo sendo um pensamento retrógado. Era demais para ela, nunca compreendeu como uma pessoa pode trocar de parceiro como quem troca de roupa. Nina imaginava que em seu casamento a p0or parte seria ter que manter ler@ções seu@is com o marido, sem amor, sem desej0, somente por obrigação ou para não ser agredida.
Achava que se mantivesse a calma conseguiria passar os últimos dias com paz e tranquilidade, mas o med0 começava a d.omina-la da raiz dos cabelos ao dedão de pé, se ao menos pudesse conversar com ele, saber que tipo de homem era, perguntar o que ele esperava dessa união. Gostaria de vê-lo antes do casamento e se possível sair pelo menos para um jantar. Mas nada disso foi possível e o med0 do desconhecido estava a deixando paranoica, até mesmo os barulhos noturnos a faziam se sobressaltar, parecia que seria at@cada a qualquer momento, assim muitas vezes acordava durante a madrugada e nem dormia mais.
Quando reuniu enfim forças para levantar da cama onde havia se refugiado se levantou e encontrou o pai na cozinha, ele preparava a janta. de repente Nina percebeu que não sabia cozinhar nem mesmo um ovo, teve aulas no convento, mas achava tão entediante que fugia sempre que podia. Quando não era possível fugir se juntava amiga a amiga de nome Ella que por sua vez era ótima na cozinha, Ella fazia tudo e ela só ficava fingindo participar.
_ Papai não sei cozinhar, nada.
_ No convento você não tinha aulas?
_ sim, mas eu sempre fugia ou arrumava alguma maneira de não cozinhar, estou com med0, talvez isso seja fundamental para que eu seja tratada bem. Estou com med0 papai, e se ele for realmente ru.im. O que irei fazer?
Seu pai a abraçou,
_ Eu sei que está, e eu também estou, nunca senti tanto med0 na minha vida, você é minha menininha, não queria a entregar assim. Mas não tenho saída, pode me perdoar, querida?
_ Está tudo bem, papai, sei que não fez por m@l, as vezes as coisas terminem bem e a gente ainda ria de toda essa situação.
_ Sim querida, fiz uma lasanha, que tal um pedaço com um suco de laranja?
_ Parece ótimo. Tem sobremesa?
_ Bolo de chocolate com sorvete.
Nina comeu, se concentrou no prato em sua frente e buscou acalmar seu coração, era a única coisa que podia fazer, seu destino estava traçado e não podia fugir dele.