IV

1200 Words
Ao entrar no quarto Nina percebeu que nada havia sido mudado, seu guarda roupa e cama ainda estavam ali, seus antigos patins pendurados próximo a porta do banheiro e até mesmo seus livros da adolescência, seu pai havia mantido tudo no lugar. Mas havia trocado as cortinas, na cama um edredom aconchegante e florido, ela se sentou ali e por um momento teve a esperança de algo acontecer que impedisse o casamento, talvez ela pudesse ficar em casa e se refugiar naquele cômodo que cheirava a conforto e segurança. Foi até a estante e pegou um livro, era a história de dois garotos que se aventuravam na mata próximo a fazenda onde moravam, como consequência acabam se perdendo, mas vivendo desafios incríveis e encontrando até mesmo um eremita. Estava quase terminando a leitura quando seu pai bateu na porta. _Filha, o jantar está pronto, fiz aquela macarronada que você gosta. E tem seu suco de maçã também. Ele ainda se lembrava do que ela gostava de comer. Adorava aquele suco de maçã, batido sem açúcar e com muito gelo. Mesmo sem vontade se obrigou a descer as escadas, tinha pouco tempo ao lado de seu pai e não sabia quando e se o veria de novo. Por isso iria aproveitar os últimos momentos em que estava em casa. Depois do jantar conversaram um pouco e Nina notou que seu pai evitava a todo custo tocar no assunto do casamento para que ela não se entristecesse. Dormi mais uma vez foi difícil, e quando conseguiu teve pesadelos com um homem de rosto desconhecido. Acordou já passava das 9 da manhã, estava descendo a escada, mas foi parada por seu pai a parou. _ Temos visita filha. _ Quem é? _ Não sei ao certo, mas é alguém mandando pelo seu noivo. _ O que ele quer ? _ Falar com você. _E se eu não quiser falar com ele? Gostaria de ter pelo menos mais esses dias de paz, papai. _ Minha filha não estamos em condições de expulsar um m****o da organização de nossa casa, sinto muito. Nina terminou de descer as escadas apreensiva, porque o marido mandaria alguém na casa dela? Será se ele queria saber através do olhar de outra pessoa se ela era bonita o suficiente para se tornar sua esposa? Findado as escadas ela encontrou um homem alto, muito forte e com uma cicatriz na bochecha, sentiu calafrios no corpo todo, aquele homem inspirava medo e perigo. Parou olhando para ele. _ Você é a Nina, certo? _ Sou sim, e você quem é? Apesar de todos os esforços a voz dela tremia, se sentia intimidada com um homem daquele tamanho. _ Meu nome é Estefano. Essa é a única informação que posso fornecer. Você sabe quem me mandou até aqui, não sabe? _ Sei, mas não sei se quer o nome dele. _ Desculpa, não tenho autorização para fornecer tal informação. Trouxe um aparelho celular que ele enviou. O homem colocou o celular em cima da mesinha e foi embora, sem um minuto de hesitação e sem olhar para trás, na verdade suspeitava que ele não tinha realmente olhado para ela. Nina ficou ali impressionada com seu tamanho e fisionomia, o homem com nome de Estefano não era f**o apesar da cicatriz, mas não gostaria de estar casada com ele, se o seu marido fosse metade disso viveria assombrada, homens assim não eram maridos apaixonados ou complacentes Ficou tão assustada que precisou sentar no último degrau da escada para recuperar o controle sobre seu corpo. Suas pernas haviam ficado moles, se sentia fraca e vulnerável diante de alguém que ela nem mesmo sabia o primeiro nome. O aparelho celular era de última geração, nunca havia visto algo assim. Assim que o aparelho foi ligado duas mensagens chegaram. Com um número que mais parecia uma chave de números aleatórios. Nesse momento percebeu que o futuro marido tinha preparado tudo para que sua identificação só acontecesse no último momento, inegavelmente ele era um homem que dominava bem a tecnologia. A 1ª mensagem informava sobre a data do casamento, horário e que um dia antes alguém buscaria todas as malas de Nina para levar para casa dele. A 2ª mensagem informava que ela tinha exames pré-nupciais marcados para o próximo dia, primeiro ela pensou que tinha lido errado, mas depois ela entendeu que o crápula deseja se certificar que ela estava limpa, Nina nem se quer tinha beijado um homem, como ele ousava pensar que ela seria louca o suficiente para se entregar a alguém e ainda sem nenhum tipo de p******o. Nesse momento o medo se transformou em raiva. Ele a tinha tratado como uma p********a. Mas Nina se negava a aceitar isso, não iria realizar esses exames e quando ele ligasse com a sua petulância ela não se acovardaria diante de sua voz rouca e face desconhecida. Nina passou o dia com uma mistura de irritação e incredulidade, seu pai notou sua agitação, mas ela se recusou a falar sobre um assunto tão íntimo com ele. Já no outro dia Nina sabia que o telefone tocaria, homens da máfia não eram contrariados sem pelo menos um revide. Quando se preparava para almoçar sozinha, já que seu pai havia saído para um local até então desconhecido, seu estômago doeu de nervoso, mas obrigou-se a se acalmar, não iria fraquejar agora. Nina até perguntou para onde seu pai ia, mas ele disse que eram assuntos que não podia compartilhar nem mesmo com ela, sendo filha dele estava acostumada com isso, desde criança ele fazia essas saídas misteriosas. Assim que terminou a refeição seu telefone tocou, Nina respirou fundo e preparou seu coração para atender, não podia deixa-lo trata-la como uma qualquer, não agora, quando ainda nem estavam casados, se não as coisas seriam ainda piores. _ Sim. _ O que acha que está fazendo? Você tinha uma tarefa a cumprir, os exames eram para serem todos feitos. A rouquidão estava mais acentuada, mesmo sem o conhecer Nina podia presumir que ele estava com raiva, mas ela estava com raiva também e dizer isso a ele. _ Como se atreve a me propor algo assim, a sugerir que eu posso ter algo transmissível? _ Eu não disse isso menina, mas não conheço você e não sei em que tipos de aventura andou fazendo por ai. _ Como se atreve? Eu nem se quer beijei um homem em toda a minha vida, mesmo se houvesse não seria uma qualquer. Reinou o silêncio do outro lado da linha, por um momento pensou que ele havia desligado, mas logo escutou um suspiro pesado. _Eu quis ser prático, meus exames irão ser disponibilizado para você, e você tem duas opções, ou faz os exames nupciais ou me manda seu atestado de virgindade, caso contrário não te recebo como esposa, meu capo sabe dessa condição, se se negar a responsabilidade será sua e de seu pai, a terão que lidar com as consequências, agora preciso ir. E desligou, a deixando ali parada com lágrimas no olhos. Aquele homem era bárbaro, um verdadeiro troglodita por exigir algo assim. Nina sentou-se na cadeira e mais uma vez desde que soube do casamento deixou o pranto cair.
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