Capítulo 6

730 Words
• Kamilly • Encarei bem aquele cara ali na minha frente, e nem se quer respondi naquele momento. Na minha cabeça só rodava as lembranças daquela noite, assim que meu olhar bateu nesse cara. Eu lembrava dele agora. Sabia que tinha transado com ele numa cabine de banheiro na festa que fui na zona norte. Pior coisa que fiz!. Eu nem se quer sei o nome dele, mano, só sei que é o pai do meu filho. Kamilly: É o seu direito de pai assumir esssa criança. - murmurei, suspirando alto. - Tô ligado, tô ligado. - passou a mão no rosto. - Eu vou assumir a cria ai, só não manda o papo pra ninguém ainda. Kamilly: Por que? Preciso contar para os meus pais... - Espera um tempo ai, na boa mermo. Vou ter que resolver umas paradas ai, e depois disso a gente conversa com esse povo, e eu assumo a cria pra todos. Balancei a cabeça confirmando, mesmo querendo gritar pra ele ir conversar com meus pais agora. - Bora dar uma volta? - me olhou. Kamilly: Tá maluco? Nem se quer sei teu nome. Vai que é um doido ai...- sorri de lado, e ele fez careta. - Nunca faria m*l algum pra tu, Kamilly. E meu nome é Caíque, mas o vulgo é CK. Parei legal, encarando ele séria. Como ele sabia meu nome? Juro que não me lembro de ter falado meu nome a ele, sério mesmo. Kamilly: Como sabe meu nome? CK: Tu me contou naquele dia lá. Eu nem disse mais nada, só fiquei olhando pra ele, e tentando saber se aquilo era verdade ou não. CK: Tu vai ou não, filha? Só pra conversar sobre a cria ai, sem maldade. Quando ele disse isso, segurei a risada assim que lembrei da minha mãe falando que quando um homem fala que quer conversar "sem maldade", é que tem muita maldade envolvida sim!. Por experiência própria ela disse. Kamilly: Sem maldade mesmo né? - cerrei os olhos, olhando pra ele, que sorriu de lado. CK: Claro, pô. Acabei indo com ele sei lá pra onde, dentro do seu carro, os dois em silêncio. Estava até com receio de sair com ele, mas lembrei que estava com uma arma na bolsa, que eu tinha trazido, justamente pra guardar a arma. Paramos numa lanchonete perto do centro, e saímos do carro. Eu, ainda em silêncio, entrei na lanchonete primeiro que ele, e me sentei numa mesa que estava vazia no fundo. Caíque se sentou na minha frente, e ficou me olhando, calado também. Quando pensei em dizer algo, uma mulher um pouco mais velha que eu, parou na nossa mesa com um caderninho em mãos. - O que desejam? Kamilly: Então, eu quero dois x-saladas, com um coca e mais uma porção de batata frita. - falei, olhando o cardápio na parede. - E o senhor? CK: Aqui vende maconha? Não consegui conter a risada, e comecei a rir ali sozinha, enquanto a atendente ficou toda sem graça. - Não vendemos drogas ilícitas aqui. CK: Trás só uma cerveja mermo. A menina saiu, ainda sem graça, e eu neguei com a cabeça olhando pra ele, que ainda me encarava sério. Kamilly: Você acha que eles vendem maconha em todos os lugares, é? CK: Da onde eu vim sim, ia nas lanchonetes da favela e eles vendiam maconha, e até cocaína. Fiz careta lembrando da vez que cheirei cocaína. Foi o horrivel, sério mesmo. Foi a primeira e a última vez!. Kamilly: E você veio da onde? Que favela? CK: Da Brasilândia, aqui em São Paulo mermo. - desviou o olhar de mim, para o lado. Eu meio que senti que ele estava mentindo, mas deixei isso quieto, ficando calada novamente. CK: A cria tá bem? Kamilly: Sim, fui fazer ultrassom ontem, e estava tudo bem. - suspirei, sorrindo de lado. CK: E o s**o já sabe? Kamilly: Ainda está muito cedo pra saber, acho que só no quinto ou no sexto mês pra conseguir ver. CK: Jaé. Mas ai, pô, vou ir na próxima ultrassom, tá ligada? Quando é? Kamilly: Dia 5 do mês que vem, as oito da manhã. Eu faço o pré natal em uma clínica na Vila Mariana. Ele balançou a cabeça, e nossos pedidos chegaram. Comi tudo ali, calada e ele só ficou bebendo a cerveja, mexendo no celular. ******
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