Ele nem te tocou

1035 Words
MORGANA FOSTER Uma dor fina agonizava em meu peito. Ouvir a palavra 'divórcio' saindo de sua boca doeu muito mais do que doeu lendo o arquivo. Senti meus olhos marejarem e olhei para baixo, piscando algumas vezes para me desfazer das lágrimas antes que elas caíssem ali mesmo. Porque eu havia me apaixonado por ele, se ele não me tratava com nenhum carinho? Não tinha amor ou afeto. Só um teatro de sorrisos nas visitas e reuniões importantes. Eu não pareceria triste com isso, havia prometido para mim mesma que ele não me veria chorando por causa dele. Não depois de todas as noites que dormiu fora com a "doce Elena". Uma revirada de olhos depois limpei a garganta e respondi: — Sei que vai estar tudo certo. — Eu suspirei e olhei para o lado, eu precisava ser forte. — Amanhã eu irei assiná-lo. Com licença, tenho que arrumar minhas coisas. Então levantei do sofá com um sorriso amargo e desdenhoso. Marchando em direção a cozinha Ryan ergueu a sobrancelha intrigado e pude sentir seu olhar me seguindo por todo o caminho. Eu sei que ele não esperava essa reação da minha parte, já que segundo ele esse casamento tinha sido armado por seu avô e eu. E aos seus olhos eu sempre seria aquela mulher aproveitadora e egoísta do passado. Mas ele m*l sabia que ela não se parecia nada com esta que estava em sua frente. Na ampla cozinha moderna, abri a geladeira buscando algo para comer. Minha barriga estava roncando e cozinhar também me distrairia. Peguei alguns morangos e sentei na banqueta em frente ao balcão que complementava a ilha. Brigando constantemente com minha mente para não chorar até que Ryan não estivesse em casa. Por que eu não me apaixonei por outra pessoa durante esses três anos de faculdade? Eu tive um namorado antes disso tudo, mas eu não me atreveria a propor nada a ele depois da forma que terminamos. Aquele homem só se casou comigo por pena. O que mais ele iria querer comigo? Tudo bem! Eu não era feia, tenho as feições arredondadas, grandes olhos castanhos, tinha longos cabelos negros que formavam cachos nas pontas e embora não fizesse exercícios meu corpo não estava m*l distribuído. Mesmo me considerando uma garota bonita, eu não me atrevia a comparar minha beleza com a de Elena. A mulher era a própria beleza esculpida. Tinha cabelos loiros e a pele branca e bem cuidada, olhos azuis. Magra e alta. Sempre que me encontrava, estava impecavelmente arrumada e era gentil. Pelo menos na frente de Ryan. Quando ficamos a sós, Elena sempre jogava indiretas e chegava a implorar que eu desse o divórcio a ele. Eu sempre a ignorei, não por estar confortável com a situação, mas por minhas mãos atadas. Então eu a evito como uma sarna. Num solavanco, fui tirada dos meus devaneios quando Ryan entrou na cozinha sem camisa. O queixo caiu e morango em minha mão também. O homem era realmente um semi Deus, qualquer um se sentiria facilmente atraído por ele. A calça preta marcava a cintura torneada e afunilada com oito gomos de músculos divididos, seu rosto sério combinava perfeitamente com o corpo malhado e esbelto, os cabelos negros ainda molhados do banho e uma camiseta jogada sobre o ombro deixavam a visão ainda mais sensual. Ele parou em frente a geladeira e pegou uma garrafa de água, percebendo estar sendo observado: — Algum problema? — Ele arqueou a sobrancelha e deu um gole na garrafa, fazendo seu pomo de Adão subir e descer. Aquele simples gesto aqueceu meu corpo e o calor subiu pelo meu pescoço. — Algum problema Senhorita Foster? — ele perguntou novamente se aproximando perigosamente demais. Meu coração começou a acelerar dentro do peito conforme ele se aproximava. Balançando a cabeça, respondi que não. Incapaz de falar algo que não fosse me envergonhar com todas as coisas indecentes que estavam passando na minha mente, nada pura. Conforme ele se aproxima do balcão meu corpo treme involuntariamente e pequenas correntes elétricas seguem me atravessando. Ele se encosta no balcão e estende a mão para pegar uma maçã no cesto, sem tirar os olhos dos meus. A visão do peito nu passando por mim e exalando o cheiro almiscarado do seu perfume caro. Fazendo aquele desejo de erguer as mãos e tocar seu peito me invadir. Aqueles malditos olhos azuis profundos me desconcentraram, instantaneamente meu rosto ruborizou, fechei os olhos e inalei novamente aquele perfume de d***o que ele usava. Pressionei os lábios e juntando a pouca força que tinha me afastei. — Tenho que ir! — disse enquanto saía, praticamente, correndo subindo as escadas na tentativa de fugir dessa situação. Eu pude ouvir quando ele deu uma risada e o farfalhar dele vestindo a camiseta. Eu estava tentada a olhar para trás. Só uma olhadinha. — pensei, mas balancei a cabeça e continuei andando até alcançar a escada e subir para o quarto. Na primeira porta eu encontrei um quarto decorado em tons cinza. Sob a cama não tem nada além de alguns travesseiros, duas mesinhas de cabeceira, abajures e uma cortina branca cobrindo a janela. Um tapete também ao pé da cama e duas portas. Observei o quarto atentamente. Tem um banheiro enorme na primeira porta e na outra um closet, as coisas de Ryan estão ali organizadas e exalando um cheiro magnífico. Logo prevejo que aqui não seria o meu quarto, mas olhando de canto, avistei as malas que trouxe mais cedo num canto. Olhei novamente para ter certeza que não estou vendo coisas. Eram as minhas malas. Ainda confusa, eu as arrastei para fora tentando achar outro quarto. O que não era difícil. A mansão provavelmente tinha uns cinco ou seis quartos. Vovô Burke sempre imaginou que nós teríamos vários filhos para encher a casa, isso nunca aconteceu. Ele sequer me olhava. Andei alguns minutos pelo corredor até achar a segunda porta, por sorte esse quarto estava vazio. Descansei um pouco na porta antes de entrar. Não era tão menor que o quarto anterior, também tinha uma suíte e um closet, a vista da pequena varanda dava para o jardim principal, que tornaria a vista muito bela pela manhã.
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