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2036 Words
Deixo o prédio que morei por três longos anos atrás de mim. Não está sendo fácil, na verdade está sendo sufocante, eu quero voltar e ficar, dizer que não me importo sobre o fato de ele não me amar, mas infelizmente eu me importo, eu tenho amor próprio, eu preciso me afastar. Ao chegar o saguão o porteiro olha-me estranho, o mesmo porteiro que conheço ao longo dos anos. – senhora Grey – ele cumprimenta-me e forço um sorriso – precisa de ajuda? – não, muito obrigado Thomas – provavelmente é a ultima vez que irei ve-lo. Vários taxis passam pela rua movimentada de Seattle, dou a mão para um, o mesmo para e entro colocando a mala de lado. – para onde senhorita? – o senhor de idade com boné pergunta-me. – para o banco, e a seguir para um hotel barato. ..................................................................................... Uma coisa que a muito tempo não mexia era na minha conta bancaria. Depois de casada Christian fez uma conta conjunta e a minha foi deixada de lado, mas agora preciso me virar sozinha, não quero o dinheiro dele. Minha conta tem exatamente vinte mil reais, nada comparado a conta conjunta que tinha milhões e milhões, mas agora eu vou precisar saber me virar. Pego um pouco de dinheiro e p**o um hotel baratinho, do qual vou ficar alguns dias até achar um apartamento barato, também preciso achar um trabalho. O quarto do hotel é muito simples, uma cama de solteiro no canto, um mini guarda-roupa e um minúsculo banheiro anexo. Deixo a mala no chão e coloco minha caixa de partituras na cama, mais a frente há uma pequena janelinha, abro-a e deixo o ar gelado entrar no quarto. A essa hora Christian provavelmente já acordou e viu a carta e o presente, queria poder saber o que ele está pensando, mas Christian sempre foi uma caixa muito bem fechada, ele não deixa-me ver através dele. Eu queria muito que Christian revisse seus sentimentos ao olhar para a carta, essa é uma ultima chance para mim e para ele, o mesmo pode assinar o divorcio, ou tentar esse casamento de um jeito diferente. Querendo ou não eu preciso muito de Christian, aprendi a conviver e ama-lo sem conseqüências, mas se ele quiser o divorcio.... eu vou ter que aprender a me virar sozinha. Eu vou perder muita coisa, vou perder o carinho da sua família, mas principalmente vou perde-lo. Meus olhos começam a acumular água rapidamente, passo as costas das minhas nos olhos em uma tentativa de dete-las, não quero chorar, já estou cansada de chorar, eu apenas quero ser feliz, eu preciso ser feliz. Mas por onde posso começar a achar a felicidade? Deixo de olhar a movimentação da rua e sento-me na cama olhando fixamente a parede branca, não há nada a ser feito, apenas preciso esperar sua resposta, e há duas resposta. Uma que pode me fazer feliz. E a outra pode me quebrar irremediavelmente. Mas minha mente sabe qual delas, e no final eu vou acabar sozinha sem ninguém para me consolar. ................................................................................................ Uma semana se passou e nenhuma resposta foi-me dada, eu estava com as esperanças acessas, talvez, apenas talvez Christian estivesse pensando no assunto, eu quero muito que ele esteja. No dia seguinte após ter chegado no hotel eu fui procurar trabalho, decidi passar no meu antigo trabalho para ver como as coisas estavam, senhor Black continua o mesmo, talvez um pouco mais velho, quando soube que eu estava atrás de trabalho ele contratou-me imediatamente. Passei a trabalhar das dez da manha até as quatro da tarde, o bom é que não é um horário r**m. Ensinar as crianças e adolescente a cantar distraia-me da minha dor, apenas quando no hotel eu deixa-me chafurdar nela. Vez ou outra eu decidia pegar o caderno e escrever algo, mas nem as minhas próprias musicas mais estavam ajudando-me amenizar minha dor, pois ela sempre diziam o quanto ser deixada doía. O famoso amor não correspondido. Mais uma semana se passou, uma demora eterna para o meu coração quebrado, será que Christian considerou o divorcio? .................................................................................. Uma tarde no meio de semana fui visitar um apartamento. Quarto e banheiro pequeno, cozinha anexa com a sala. Um apartamento do tamanho do quarto de casal em que dormia, estava barato então aceitei prontamente, não poderia deixar a oportunidade passar de deixar alguém aluga-lo. A mulher que mostrou-me o apartamento deu-me a chave e saiu fechando a porta atrás de si, comecei a andar observando o que teria que mudar quando meu celular toca. É um numero desconhecido que nunca vi, mas mesmo assim atendo. – alô? – bom tarde, estou falando com a senhora Grey? – sim. – sou Diogo Carter advogado de seu marido, seu marido aceitou o pedido de divorcio, mas antes de assinar vocês precisar rever os bens e o dinheiro, por isso preciso marcar uma audiência com a senhora e seu advogado. Uma apunhalada certeira agarrou meu coração e apertou dolorosamente, por um momento não responde, mas encontro minha voz, ela sai tão baixa que não sei se o homem atrás da linha ouviu. – vou ligar mais tarde. – o mais rápido possível senhora, boa tarde. Começo a respirar rapidamente, como se o ar do mundo estivesse acabando, meu peito dói, uma dor esmagadora. Encosto na parede atrás de mim e deixo-me cair no chão. Começo a chorar como se um medico dissesse que tenho um câncer maligno incurável e tenho apenas um mês de vida. Droga de amor. É uma bosta, é uma merda. Ele apenas trás sofrimento, dor, magoa, tristeza. Por que fui me apaixonar por Christian Grey? Por que? Vejo minhas lembranças felizes com ele se dissolvendo rapidamente na minha frente, não foi real, nada foi real. Christian realmente conseguiu fazer o que ninguém nunca fez. Ele matou a chance para que eu possa amar novamente e ser feliz. .................................................................................. Dor poderia ser meu nome do meio. Ela me acompanha na madrugada, ela se infiltra em meu sono tornando-o um pesadelo. Eu acordo com a dor, trabalho com a dor, vou para o novo apartamento com ela, e quando finalmente sento no sofá comprado na liquidação fico olhando fixamente para o nada, horas depois vou dormir, e tudo se repete novamente. Alem da dor também existe a raiva. A raiva de mim mesma, mas principalmente a raiva que tenho por Christian. São nesse momento que quebro copos na parede da cozinha, para depois pacientemente varrer tudo do chão. Eu nem ao menos tenho dinheiro para pagar um advogado, então pedi uma amiga da faculdade para fazer esse favor para mim, que assim que me estabilizar eu vou lhe pagar, Eva quis ser minha advogada de graça, talvez com pena de mim, mas não permiti. Na primeira audiência Eva disse que Christian compareceu, eu já decidi que tudo seria tratado por meio dela, não consigo e não quero encarar Christian. Está sendo discutidos que bens ficarão comigo como casas e dinheiro. Falei para Eva negar tudo, eu não quero nada que me lembre de Christian, não quero. Esse tem sido o problema pois ele quer dividir os bens e dar-me dinheiro, Eva falou que são milhões de dólares. Christian está fazendo isso por culpa, disso eu tenho certeza, mas ele não entende que eu não quero? Que eu não quero entrar em uma casa que já foi nossa e lembrar todos os nossos momentos ocorridos ali? Pelo jeito ele não entende pois continua insistindo. A única coisa que eu quero por direito é meu sobrenome de volta, e isso já esta em andamento. .................................................................................... Exatamente um mês depois eu passei a ser Anastácia Rose Steele. Christian cansou de insistir e concedeu o divorcio. Não estou levando nada do nosso casamento, nem mesmo as roupas. As únicas roupas que eu peguei aquele dia foi em que resolvi ir embora foi de quando me mudei a mais de três anos atrás. Em nenhuma das cinco audiências ocorridas em um mês eu compareci, tudo foi feito por meio de Eva, descobri nela uma grande amiga. Desde então não tenho visto mais Christian, não procurei sobre ele na internet, sua família provavelmente já deve estar sabendo pois sua mãe, Irma, Elliot , Mia e até mesmo seu pai não param de me ligar e mandar mensagens, mas não tenho cabeça agora, provavelmente vou começar a chorar na frente deles. Apenas mandei a mesma mensagem para todos dizendo que quando eu estiver melhor irei falar com eles. Mas ainda não estou melhor e não sei se um dia vou ficar. Ainda não falei com minha mãe ou meu pai, eu apenas quero me isolar no meu canto e ficar sozinha, tenho que pensar para saber o que irei fazer da minha vida. Mas uma decisão já foi tomada. Eu vou me mudar de Seattle, eu não quero ficar aqui e trombar de frente com Christian, e se ele estiver com uma mulher ira piorar mais ainda meu estado, ainda estou planejando para onde, mas quero uma cidade pequena rodeada pelo verde. Talvez em um ambiente desses eu possa me curar lentamente. Setembro chegou, ainda não estou bem mas estou conformada com a minha situação. Uma ligação a noite me fez desperta do meu transe de olhar para o teto. Pela primeira vez em semanas abri um sorriso. – oi Kate. – Ana amiga! Estou com saudades e estou em Seattle, fui no apartamento de Christian, mas foi falado pelo porteiro que você não mora mais lá, onde você está Ana? O que está acontecendo? – muitas coisas aconteceram Kate – engulo em seco e dou meu novo endereço e ela disse que está a caminho. ..................................................................................... Não sinto a necessidade chorar enquanto conto tudo o que aconteceu para Kate, eu contei pacientemente, ela me ouviu e ofereceu seu ombro amigo. – infelizmente Ana eu já sabia que iria dar nisso e te falei, mas você estava tão apaixonada. – infelizmente todos os sinais estavam na minha frente Kate, a musica, papai também disse que não iria dar certo, você disse, e eu apenas os ignorei, mas agora estou pagando por esses erros. – não fale assim Ana, você não fez nada de errado, amar não é um sentimento errado, pelo contrario, ele é maravilhoso, você apenas escolheu amar o homem errado. – dei tanto de mim para ele Kate, de tanto que esta sendo difícil pegar essas parte de volta, sinto que estou me sufocando aqui sozinha – digo com a voz embargada – tenho tentado esquece-lo, tentado preencher minha mente, minhas horas, mas nada adianta, quero me sentir bem Kate, mas não consigo. A loura olha para mim e abre um sorriso triste. – infelizmente esse sentimento não irá passar tão rápido Ana, você apenas precisa seguir com a sua vida que em breve tudo voltara ao normal, talvez não ao normal, mas você será capaz de ser você mesma, pois eu quero minha amiga de volta, não quero ver você assim tão triste. – sabe o que é engraçado? Assinamos o divorcio onde diz que a causa do nosso rompimento foi incompatibilidade, e no final realmente foi. Kate fica em silencio e deito minha cabeça em seu ombro. – mas foi melhor descobrir que ele não me ama agora do que descobrir anos depois, com certeza seria mil vezes pior – digo. – não importa os anos, sempre será difícil. – pois é – respondo. – você está trabalhando? – sim, no meu antigo emprego. – eu me lembro, mas também me lembro do seu sonho Ana. Um sonho que agora parece tão distante agora. – Ana você deu muito de sim para Christian, mas agora isso acabou, você deixou seu sonho de lado para ser uma boa esposa, e no final nem isso foi suficiente, eu apenas te peço uma coisa, vá atrás do seu sonho, você será muito bem sucedida, eu não tenho duvidas disso. Fico pensando no que Kate disse. – você é nova Ana, e esse sentimento r**m vai parar de doer, mas você precisa viver ao invés de fazer essa maldita rotina todo dia – sorrio. – eu vou fazer isso, você me ajuda? – claro Ana, sempre estarei aqui por você.
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