Letícia Santos
Fui para casa ainda pensando no que tinha acontecido, gostava muito das crianças e por isso optei pela área da educação infantil, eu acreditava que sendo professora poderia fazer a diferença na vida das crianças.
Após alguns minutos estaciono o meu carro na frente da minha casa, era uma casa simples em um bairro subúrbio daquela cidade, mas era um bairro calmo e bastante familiar pois sempre via as crianças brincando na rua e até mesmo passeando com seus cachorros.
Desço do meu carro e logo fui cumprimentada por Rebeca, que foi a sua mãe de leite, e ela era a única mãe que teve, já que não conheceu sua mãe biológica pois a mesma havia falecido no parto.
— Boa tarde minha filha, você chegou tarde hoje — ela fala
— Boa tarde mãe — beijo a cabeça dela em sinal de respeito — Eu tive que deixar um aluno em casa, o pai esqueceu de buscar ele
— Meu deus, mas que tipo de pai é esse ?
Letícia dá de ombros e juntas entraram na casa, Letícia morava sozinha desde que o seu pai faleceu após um ano que sua mãe havia falecido, e a senhora que era sua vizinha e estava sempre ali para lhe fazer companhia.
Letícia colocou suas coisas sobre a mesa da entrada e seguiu para a cozinha fazer um café, ela contou tudo sobre Matheus para a sua mãe e de como ele parecia triste e até mesmo deslocado entre as outras crianças.
A mulher se lamentou, Rebeca era uma mulher amorosa e bem gentil, e ela amava Letícia como se ela fosse filha do seu ventre assim como Christopher que era seu filho biológico.
— Bom querida eu preciso ir daqui a pouco o Christopher chega — ela fala olhando no relógio da parede e já passava das sete da noite — E tenho que fazer o jantar dele
Elas se despedem e logo Letícia estava sozinha novamente, e seus pensamentos estavam em como Matheus estaria, a mesma sai de seus pensamentos quando escuta o telefone tocar e sem nem olhar ela atende.
— Alô — ela fala prendendo o celular na bochecha e o ombro enquanto mexia na panela
— Como é que você ousa tirar o meu filho da escola ? — ela escuta uma voz masculina bem furiosa do outro lado da linha
— Ah senhor Augusto — ela fala e suspira tentando se acalmar — Bom eu tentei ligar para o senhor para avisar, liguei várias vezes mas nenhuma das minhas chamadas foram atendidas e iam direto para a caixa postal — O homem tenta falar mas Letícia continua — E na escola temos um horário, e a nossa aula termina às duas e meia e tenho certeza de que o senhor foi informado sobre isso
— Eu tive alguns problemas na empresa — Ele fala como se aquilo fosse uma justificativa plausível
— Olha não tem como eu adivinhar, uma vez que o senhor não atendeu as minhas chamadas não é mesmo ? E o seu filho foi entregue com todo o cuidado possível nas mãos dos seus empregados — Letícia fala com calma — O Matheus estava bem chateado e eu acredito que o senhor deveria falar com ele
Letícia esperou que o homem falasse alguma coisa mais ele ficou calado.
— Sr Augusto eu acredito que já estamos entendidos tenha uma boa noite e amanhã nos vemos — ela não espera a resposta dele e desliga a chamada
E como ele ousa querer satisfação alguma dela ? Sendo que quem tinha esquecido o filho era ele, e será que ele não percebia o quão arrogante ele era, Letícia desliga o fogão e percebeu que a fome tinha passado e a conversa com aquele homem prepotente tinha acabado com o seu apetite.
E pela primeira vez em bastante tempo ela se sentia realmente furiosa, ela não gostava daquele tipo de pessoa, a jovem sai da cozinha e foi para o seu quarto e quem sabe no dia seguinte ela estivesse menos brava com toda aquela situação e agisse civilizadamente com aquele homem.
Augusto Wang
O homem joga o seu aparelho em cima da mesa do escritório, e ele pode falar que aquela mulher era bastante ousada em pensar que poderia falar daquele jeito com ele.
— Filho — A mulher alta e magra trajava um vestido de seda entrou em seu escritório, a mesma tinha os fios castanhos e longos — O que houve ?
— Nada mãe — Ele fala
A mulher observou o filho e se aproximou do mesmo, Laura teve três filhos e ela conhecia cada um deles como a palma da sua mão, e ela sabia que seu filho mais novo não estava bem e a recente separação só piorou o humor do rapaz que já não era dos melhores.
— O Matheus chegou sozinho da escola — ela fala como se não soubesse
E como se o remorso por ter esquecido seu filho na escola não estaria se corroendo com aquilo, e se estivesse acontecido algo com ele ? E se não fosse aquela jovem professora que o tivesse levado em casa e sim alguém com a índole r**m ?
— Eu sei mãe, eu.... eu esqueci o meu próprio filho na escola — Augusto fala bem chateado consigo mesmo
— Querido.... — Ela fala tentando se aproximar mais Augusto se afasta
E a verdade era que ele não queria ser consolado, pois o que ele tinha feito não havia perdão.
— Eu nem consigo pensar direito mãe, a minha mente está em Lily
— Querido não há nada que possa ser feito, ela que escolheu ir embora — A mulher fala fria
— Mas eu não aceito que ela tenha preferido o amante do que o próprio filho — Augusto vocifera — Eu já sabia que ela não me amava mais, e desde que nós nos casamos ela mostrou a sua verdadeira face, mas o Matheus.... ele é tão pequeno e só tem cinco anos e sente falta dela
— Filho não pense nela ok, o Matheus irá ficar bem eu tenho certeza — ela fala apertando o braço do filho — Vem vamos até o quarto do seu filho, ele estava esperando por você
— Não mamãe, eu não quero ter que olhar para o meu filho depois de praticamente esquecer ele na escola
A mulher da um último olhar para Augusto antes de sair triste, o mesmo se sentou na cadeira e fechou os olhos desolado, o mesmo não sabia como agir, ele não sabia como explicar para o seu filho que a sua própria mãe o deixou para ir embora com o seu amante.
E o pior era que o amante era o seu próprio irmão, o seu tio Ricardo, mas ele não poderia falar aquilo para uma criança que já estava traumatizada o bastante, ele suspirou e tentou se acalmar, e no dia se desculparia com Matheus e com a professora atrevida, e ele não deixaria que Lily atrapalhasse a sua vida.
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Até o próximo capítulo