- Ele normalmente se apresenta como B. Não fala o nome dele. Só vi em quase dois anos ele levar duas mulheres para o quarto privativo: Você, e uma moça bem quando comecei a trabalhar lá. Que nunca mais vi. Ele é mais do tipo que assiste, sabe? Participa de… digamos, momentos em grupo, mas na grande maioria das vezes fica no canto observando. - Eu estava intrigada.
- Mas porquê disso?
- Gata, as teorias são várias. Que ele teve o coração partido por aquela moça. Ou que ele é voyeur mesmo, e prefere participar só quando um grupo o atrai. Ou até que é gay.
- Ele não é nem um pouco gay.
- Seria um absurdo ele ser gay mesmo.
- Você ouviu o que eu acabei de te contar? Ele pode até ser bi. Mas gay, eu asseguro que ele não é.
- Que seja. Não sabemos o real motivo. Mas uma coisa é real, você é especial. Pensando bem, você lembra a moça. Só o cabelo é diferente.
- Então será que ele me usou para lembrar dela? - Fiquei enciumada e chateada.
- Querida, com base aonde vocês estavam, você acha mesmo que é uma boa ficar se sentindo usada?
- Não, você tem razão. - Se fosse em outra circunstância, talvez pudéssemos até nos conhecer, e se ele fosse um cara legal?
- Uma coisa que você precisa entender deste mundo é que você não pode se apegar a nada e a ninguém.
- Eu não vou voltar lá. - Eu afirmei isso tantas vezes para mim mesma que estava acreditando já.
- Isso é uma reação natural da primeira vez. Quando alguém não vai mais voltar, normalmente a pessoa não dura 5 minutos lá dentro, e você ficou horas.
- Estou dizendo, foi demais pra mim. - Ela sorriu e refletiu um minuto.
- Se eu te dissesse que ele vai lá hoje de novo, e quer ver você, você realmente não voltaria?
- Não. - A resposta estava na ponta da minha lingua. - Eu realmente fiquei assustada como eu me comportei.
- Você se libertou das algemas que são a sua vida. Afinal, o luxo, o dinheiro, o status, tudo isso - Ela abriu os braços, demonstrando o meu quarto. - Realmente te faz feliz?
- Eu sou feliz Jéssica. - Vesti a máscara de boa menina imediatamente.
- Se isso é sinônimo de ser feliz. Se você realmente não entende o que pode realizar, os prazeres que pode ter… Não acredito em você. É isso. Você mente bem, cresceu mentindo.
- Eu não estou mentindo. - Fiquei ofendida com a acusação dela, mesmo sabendo que ela tinha razão.
- Bem, de qualquer forma, você pode falar o que quiser, eu vi o quão a vontade você ficou. Como seus olhos brilharam quando você entendeu onde estava. E se quer se enganar, sem problemas.
- Porque você acha que me conhece? - Ela gargalhou alto agora. Colocou a mão na cintura e apontou para mim.
- Eu vi essa princesinha crescer. Você sendo julgada e moldada as vontades da sua mãe. Eu não te julgo, nem imagino como você suporta. E sinto muito, pela vida que você leva.
- Eu gostaria de parar com essa conversa agora.
- Ok. Dito isso, vamos falar sobre o Marco.
- Não tem mais o que falar.
- Ahhh tem. Você teria concluído, se o Jonas não tivesse ligado? - Pensei sobre isso um pouco. Provavelmente teria ido até o fim. Estava completamente envolvida naquele momento.
- Acho que sim. Eu realmente estava afim. - Admitir isso em voz alta foi vergonhoso, e em seguida me senti livre novamente, como se estivesse em queda livre. Foi impossível conter um sorriso.
- EU SABIA!!!!! - Jéssica gritou, chegando bem perto de mim. E depois caiu na gargalhada.
Joguei o corpo todo para trás, assustada com a explosão de emoções dela.
- Com isso, sou obrigada a passar o recado que tenho para você. - Ela ria sem parar.
- Como assim? Que recado. - Ela me entregou um papel.
“Espero que volte em breve.”
Eu li umas 10 vezes até entender que era um recado dele. Uma letra forte como os braços que me jogaram na cama. Olhei para ela, sentindo meu rosto ficar vermelho imediatamente. Ela nem piscava esperando a minha reação.
- Esse recado… porque você não falou antes?
- Ah, você estava aí toda tímida, cheia de estou feliz e não voltarei lá. Achei que não era necessário.
- Você é idiot4? - Ela voltou a rir.
- Você realmente é uma gracinha brava. Então, com o recado deixo claro, que o dia que quiser ir, eu te levo. Ou se não quiser ir comigo, não tem problema. Sua entrada está autorizada. Afinal os seguranças já te conhecem como a minha garota.
- Isso é sério, eles acham que eu sou sua namorada? - Coloquei as mãos no rosto, envergonhada.
- Não. Eles acham que fazemos sex0. Eu não namoro. - Ela levantou animada e rebolando. - Agora vou te deixar com os seus pensamentos e o bilhete do Marco. Vê se dá pra ele, afinal todas as mulheres que já passaram por aquele lugar quiseram essa oportunidade e só você pode ter.
- Jéssica, não acho que será possível.
- Só pense nisso, tá? E se não quiser trans4r com ele, tudo bem. Só não descarte completamente a oportunidade que a vida está te dando de ser livre com o seu corpo e seu prazer. Existem outros lugares que você pode ir. Eu vou com você se quiser. Adoraria ter outras experiências.
- Ok. Vou pensar. Mas não garanto…
- Só pense. Imagine o que você pode sentir se libertando da prisão que é sua vida.
- Eu vou me casar. Eu estou presa para sempre. - Era a verdade. Meu futuro estava condenado a isso.
- Pelo menos você curte trans4r com ele. Poderia ser bem pior. Convida ele pra ir com você. Pode aquecer o casamento. - Ela abaixou antes da almofada que eu joguei nela acertar, bateu na parede.
- Ele não pode sonhar com algo assim. Nem por um segundo. Ele destruiria a minha família.
- Ele é um otári0. E deveria agradecer ao universo poder comer você.
- Eu sinto muito prazer.
- Mas pode sentir muito mais. Bom café. - Ela fechou a porta quando saiu. E levou com ela o pouco de sanidade que eu ainda tinha.