Depois da 5 dose eu já tinha contado toda a história da minha vida para a Jéssica. Eu não sentia muito arrependimento disso. Afinal, eu não queria mais ser a marionete nas mãos da minha mãe. Muito menos nas escolhas para o meu futuro.
- Agora, além de precisar casar com ele, eu transei com ele. Eu sou muito burra.
- Gata, era a sua opção número 1. O que você faria depois de casar com ele? E se fosse rulm?
- Eu queria que tivesse sido rulm. Mas eu g0zei muito. Ele foi maravilhoso. Só que ele é um cuzã0.
- Ele é mesmo.
- Você fala com muita convicção, você o conhece?
Ela se manteve em silêncio, refletindo.
- Eu não queria conhecer, mas, eu conheço. Ele se apresentou faz uns dois anos, lá na sua casa. Eu não sabia que vocês namoravam, eu juro.
- O que ele te prometeu? - Jéssica riu alto. Gargalhou até o ar faltar.
- O engraçado é que ele não me prometeu nada. Mas prometeu tudo.
- Não entendi.
- Ele me encontrou lendo no jardim dos fundos, porque você sabe que a Dona Eva não nos deixa circular pela casa. Mas eu odeio ficar presa, então fujo para lá. Ele sentou, se apresentou apenas como Jonas e começou a comentar sobre o livro que eu estava lendo. Conversamos por horas, e depois ele me beijou. - Ela respirou fundo, com cara de decepção. - Eu me apaixonei completamente por ele, fiquei esperando ele aparecer por semanas seguidas, mas ele nunca apareceu. Um dia, precisei ajudar a minha mãe na cozinha, e a Dona Eva estava falando sobre o casamento de vocês pelo telefone com alguém. Eu juro que não queria ouvir, mas sua mãe já tinha. - Ela fez um sinal de quem bebe algo com a mão. - Você sabe.
- Sei, fique tranquila.
- Bem, daí ela falou “Quando a Emily e o Jonas se casarem tudo isso vai mudar.” Então eu soube que o meu Jonas, que eu fiquei sonhando semanas, era na verdade o seu Jonas. E depois perguntei para a minha mãe e ela me contou da relação de anos de vocês. Então eu realmente sinto muito, por beijar o seu namorado. Eu não sabia que ele era seu namorado, ou namorado de alguém.
Foi o máximo de tempo que eu ouvi a Jéssica falar na vida. Ela também foi ferida por ele.
- Sinto muito que ele tenha te magoado.
- Isso é passado, faz quase dois anos já. Eu realmente superei. Mas, e você?
- O que tem eu?
- Gata, eu troquei uns beijos com ele e fiquei presa nele meses. Você deu pra ele, perdeu a virgindade. Como está se sentindo?
- Honestamente, me sinto bem. Agora eu to brava com a mensagem dele. Ele poderia ter deixado para falar com um pouco mais de classe pessoalmente. Ou não ter dito nada. Eu sei qual a natureza da nossa relação.
- Você fala muito bonito. Tenho amigos que iriam amar só te ouvir. - O garçom trouxe mais duas doses e bebemos imediatamente.
- Eu não gosto dele. Pelo menos eu não quero gostar. E eu falo normal. - Eu ri. Estava me sentindo livre como nunca antes.
- Você fala como uma moça de classe. Com palavras difíceis. Tudo o que você fala parece cor-de-rosa.
Rimos juntas do que ela disse e eu percebi que fiz bem em dar uma chance para a Jéssica, ela era uma pessoa muito legal. Verdadeira, sem medo de ser julgada pelo que ela fazia ou dizia.
- Eu achei que você ia me levar em um puteiro. Mas aqui é bem tranquilo. - Falei olhando ao redor. Tinha bastante gente, a maioria casais.
- Você queria ter ido em um puteiro? - Ela perguntou rindo.
- Nunca fui em um. Então não sei dizer. Mas fiquei curiosa.
- Bem, não te trouxe em um puteiro, mas se quiser ver putari@ de perto, está no lugar certo.
Olhei em volta, parecia um lugar normal. Nada demais.
- Cade a putari@? - Eu perguntei, agora muito mais curiosa.
- Bem. Temos algumas coisas para combinar antes. Primeira: Você não precisa fazer nada se não quiser. - Acenei com a cabeça. - Segunda: Se quiser fazer alguma coisa, é só chegar. - Não entendi muito bem, mas acenei mesmo assim. - E terceira: Caso queira ir embora, suba e me espere aqui. Te encontrarei logo. Combinado?
- Não preciso fazer nada. Só chegar. E esperar aqui. - Eu estava bêbada mas consciente.
- Cadu, marca na minha conta, acerto quando subir. - Cadu era o garçom, eu acabei de descobrir.
Ela me pegou pela mão e assumiu uma postura sensual que eu não tinha percebido antes. Senti meu corpo reagir e procurei lutar contra aquilo por puro instinto. Ela tinha um corpo lindo, e rebolava com segurança enquanto caminhava na direção de uma escada.
Lembrei do beijo. Eu gostei do beijo. Foi rápido demais, mas eu gostei.
Será que ela estava me levando para algum lugar reservado? E eu estava indo sem nem pensar. Senti minha buc3ta reagir a ideia de trans4r com ela. Ela me chuparia como o Jonas fez? Eu conseguiria chupar ela? Poucos segundos se passaram e eu resolvi que viveria aquela experiência, não importa o quão assustada eu estava. Trans4ria com ela. Isso não fazia de mim lésbica, certo?
Descemos a escada até o final, paramos em uma porta com dois seguranças, armados.
- Jé, achei que não veria você hoje. - Jéssica abraçou o segurança, como velhos amigos. Eu me mantive quieta.
- Eu estava conversando lá em cima. Agora o show vai começar.
- A casa está cheia. - Ele respondeu.
- Você está pronta? - Eu não estava entendendo nada. Pronta?
- Estarei pronta quando você me falar onde estamos. - Eu percebi agora que não era algo privado, só nós duas, envolvia mais pessoas. A casa estava cheia, ele disse.
- Lembre-se: Abra a sua mente. Se envolva e se sentir algum desconforto, iremos embora na mesma hora.
- Combinado.
- Aproveitem a noite meninas. - Ele abriu a porta e eu prendi o ar. A visão acendeu o meu corpo intensamente como eu nunca tinha sentido. Nem quando transei com o Jonas. O que eu estava vendo estava longe de tudo o que eu imaginei até aqui.