Os grunhidos de dor ecoavam pelo quarto e a mulher apertava os lençóis abaixo de si com uma força que chegava a rasga-los. Aquele parto estava sendo mais difícil do que pensara.
— Mais força Senhora.
Como ela estava irada, sua amada filha tão esperada estava nascendo, o que seria um dia de glória e celebrações havia se transformado em caos, uma chacina a sua volta.
A gritaria do lado de fora estava a desconcentrando. Como ousam invadir seu reino? sua filha escolhera uma péssima hora para vir ao mundo.
O choro infantil ecoo por todo quarto fazendo um sorriso se formar em seu rosto.
Ela era uma luz em meio a escuridão.
— Nasceu Senhora, e é linda. — a parteira pegou a pequena criança fazendo um breve procedimento de limpeza.
Depois de limpa a mulher embrulhou a menina em um manto entregando para a mãe que a pegou a olhando encantada.
Sua filha era perfeita.
— Olha a hora que você escolheu para nascer meu amor, não se preocupe a mamãe não vai deixar nenhum verme colocar as mãos em você. — sussurrou fazendo carinho nos pequenos fios de cabelos cor de rosa.
A porta foi aberta bruscamente e uma das suas guarda-costas mais leais entrou no quarto fazendo uma breve reverencia.
— Senhora Tsunade, elas são bruxas e estão lançando feitiços imunizando nossos poderes, muitas de nós já foram mortas e agora elas estão invadindo o palácio. — a mulher disse com a feição séria tentando esconder o pavor.
A expressão da loira se contorceu e ela se levantou da cama ignorando o incomodo que sentia pelo corpo. Estava exausta pelo parto demorado mas o que lhe causava incomodo estava se curando aos poucos sobre seus poderes de cura.
Se aproximou de sua grande sacada observando o caos formado em seu reino, tudo estava destruído e o fogo estava por toda parte.
As bruxas estava dominando tudo.
— Precisamos sair daqui imediatamente. — Shizune alertou.
— Não vou fugir Shizune, essas bruxas vão pagar caro por isso. — a loira rosnou engolindo a dor que sentia ao ver suas companheiras sendo mortas daquela forma.
Era jogo sujo, estavam sendo derrotadas sem terem chances de se defender já que seus poderes estavam sendo sugados.
— Sua vida e a da princesa correm perigo Senhora, se algo acontecer com vocês...acabou. — Shizune alertou tentando se manter calma.
Tsunade respirou fundo e entregou seu bebê para Shizune que a segurou temerosa, a loira pegou sua capa vermelha e a vestiu sem pressa.
— Vamos Shizune. — seguiu com passos firmes e confiantes para a saída do quarto com sua escudeira logo atrás.
Podia se ouvir os gritos de suas servas por todo palácio.
Como ela desejava matar aqueles que estavam trazendo sofrimento ao seu povo.
— Olha o que encontramos aqui.
As bruxas apareceram no corredor soltando risadas escandalosas. Tsunade apertou os olhos olhando fixamente para as inimigas que perdiam os sorrisos aos poucos.
A luz que iluminava o olhar da loira era hipnotizante e mortal.
— Se matem. — a rainha rosnou passando pelas inimigas que começaram a brigar entre si.
Ao chegarem no salão principal encontraram centenas de inimigas fazendo o caos em seu palácio.
E foi naquele momento que a rainha tomou a decisão mais dolorosa de sua vida.
— Shizune fuja pelos tuneis e leve minha filha para longe daqui, a deixe na cidade vizinha em algum lugar seguro e depois volte. — ordenou tirando o pingente que usava no pescoço.
— Mas Senhora. — a morena tentou protestar recebendo um olhar rigoroso da rainha.
— Esta tudo acabado Shizune é o fim das Portadoras, mas eu vou eliminar todos esses vermes até não sobrar nenhuma alma viva na terra. É perigoso demais para minha pequena aqui, se certifique de deixa-la com uma boa família. Quando ela despertar seus poderes eu irei traze-la de volta.
— Senhora.
— Um dia eu irei te busca minha filha, cresça feliz e seja uma mulher forte, você é o nosso futuro Sakura. — sussurrou as palavras dolorosamente colocando pingente no pescoço da menina deixando um beijo nas pequenas mãozinhas.
— Eu vou cumprir a missão de deixar a princesa segura e darei minha vida se for preciso. — a morena disse firme com lágrimas nos olhos.
— Eu confio em você Shizune, agora vá.
O último olhar foi dado e a morena saiu apressada ouvindo o estrondo que se formou atrás de si. Tsunade já havia começado, as bruxas iriam conhecer o poder da fúria de uma Portadora do Byakugou.
Elas se arrependeriam amargamente por toda aquela destruição.
Haviam túneis por baixo de todo reino, tuneis esses que levaram Shizune e a pequena princesa para fora da vila da grama em segurança.
A caminhada até a cidade vizinha foi longa, a morena teve que fazer algumas paradas para descansar e alimentar a bebê chorona.
Era como se ela sentisse o que estava acontecendo.
Shizune estava aos pedaços e a dor em seu peito a destruía por dentro, mas ela se manteria em pé, cumpriria aquela missão e voltaria o mais rápido possível para proteger sua rainha. Temia a perda de Tsunade mas sabia que a rainha não se entregava facilmente.
Ela era durona demais e ninguém era pário para ela.
Depois de mais alguns quilômetros andando a mulher apertou o manto sobre seu peito ao parar na entrada de Konoha. A vila da folha era território de uma matilha de lobos, uns dos mais temidos da região.
A alcateia Sharingan.
Mas os lobos não eram inimigos das Portadoras do Byakugou e Shizune soube que ali Sakura estaria segura, nenhum inimigo invadiria aquele território e ninguém descobriria que a princesa estava ali.
— Você ficará segura aqui princesa.
Caminhou pelas ruas desertas procurando o lugar ideal para deixar a pequena que se mexia em seu colo soltando alguns resmungos, foi então que avistou uma grande casa do outro lado da rua, tinha um imenso jardim e um cesto de roupas próximo a porta chamou sua atenção.
— Será aqui. — murmurou decidida caminhando em direção a casa.
Deixou a menina dentro do cesto de roupas e fez uma breve oração aos deuses pedindo proteção antes de partir.
— Seja feliz princesa.
(...)
A mulher fazia graça para o bebê em seus braços admirando sua beleza, era uma garotinha adorável.
A porta foi aberta e seu marido passou por ela com a postura séria de sempre, a morena se levantou com a menina nos braços e se aproximou do marido.
— Encontrou alguma coisa? — perguntou fazendo um leve carinho no rosto alvo da pequena.
— Não, quem quer que tenha deixado-a aqui já esta longe. — respondeu com os olhos fixos na menina.
— Olha como ela é adorável Fugaku. — a mulher sorriu mostrando a bebê ao marido.
— Eu sei o que você esta pensando mas nós nãos podemos ficar com ela. — o homem alertou.
Mikoto olhou para a menina com pena.
— Eu sei, mas ela já me encantou. — murmurou contrariada.
— É perigoso não podemos deixar uma humana crescer debaixo do nosso teto.
— E eu não posso deixa-la abandonada.
— É contra as regras Mikoto você sabe disso. — elevou o tom de voz lançando um olhar repreendedor para a mulher.
— Quem se importa com regras quando estamos falando de uma vida? — a mulher retrucou o desafiando.
O moreno soltou um suspiro cansado, sua mulher era uma grande cabeça dura.
A porta foi aberta e o filho do casal entrou em casa parando ao começar a se sentir estranho.
Era como se seu ar estivesse sido sugado e seu coração batia desgovernado em seu peito.
— O que esta acontecendo aqui? — perguntou fitando o embrulho nos braços de sua mãe.
Parecia que algo estava o puxando para perto.
— Olha querido deixaram essa bebê adorável em nossa porta. — a mulher sorriu se aproximando do filho.
E quando ele olhou aquela menininha nos braços de sua mãe sentiu uma explosão de sentimentos bom lhe invadir. Tudo a sua volta desapareceu quando ela abriu os olhinhos verdes e brilhantes o fitando com uma intensidade admirável .
E então aconteceu. Como se ele a conhecesse a vida inteira, um carinho especial cresceu em seu peito.
— Esse bebê é meu. — sussurrou tomando a menina dos braços da mãe.
A olhava admirado vendo a mesma soltar burburinhos desconexos balançando as mãozinhas em sua direção.
— Como assim seu? — a mulher olhou confusa para o filho.
— Não mãe...eu não sei, eu só sinto, é como se eu já a conhecesse. — as palavas saíram admiradas de sua boca enquanto olhava fascinado para a menina.
Ela era linda.
Mikoto estreitou os olhos e desviou o olhar para o marido que observava tudo em silêncio com uma expressão contorcida no rosto. A mulher observou por um tempo a forma que o filho fitava a menina e entendeu o que tinha acontecido.
— Não me diga que... — começou a dizer perdendo a fala.
Sasuke olhou para a mãe voltando a atenção para a bebê que havia pegado seu dedo o apertando deixando o mesmo encabulado.
— Ela é minha. — murmurou em transe.
— Você ta me dizendo que essa bebê é sua predestinada? — a mulher o olhava incrédula.
— Sim. — respondeu deixando os pais surpresos.
— Impossível ela é um bebê humano. — Fugaku protestou.
— Se é impossível ou não eu não sei, mas que ela é minha eu tenho certeza. — sorriu para a menina pegando o pingente de ouro em formato de coração pendurado no pescoço da mesma.
As letras eram escritas em boa forma.
SAKURA.
O silêncio reinou na casa e o casal se entreolhou conversando silenciosamente enquanto Sasuke estava entretido com a menina em seu colo.
— Bom uma regra pela outra, não pode impedir que ela fique conosco agora Fugaku. — Mikoto sorriu para o marido que balançou a cabeça.
— Deve haver algum m*l entendido. — ele disse meio confuso.
— Não há nenhum m*l entendido só é algo novo, a menina ficará conosco e será cuidada com muito amor e carinho. Ela não precisa saber quem nós somos, quando chegar a hora certa Sasuke revelará tudo a ela e quanto ao fato dela ser humana, Sasuke pode transforma-la e problema resolvido. — Mikoto disse certa olhando sugestivamente para Fugaku que assentiu em rendição.
Afinal, não tinha muito o que fazer em uma situação como essa. Não podia impedir seu filho ou qualquer outro m****o de sua matilha a se separar de sua predestinada.
— Agora me da meu bebê porque ela deve estar faminta. — Mikoto cantarolou.
— Ei. — Sasuke protestou quando a menina foi arrancada de seus braços.
— Não seja grudento, você vai amamentar ela? não, então desencosta que por enquanto ela é minha. — Mikoto brigou indo para cozinha com a menina enquanto fazia graça para ela.
Sasuke seguiu a mãe apressado deixando Fugaku sozinho perdido em seus devaneios. O homem andou pela sala fitando o cesto onde a garota fora deixada.
— Uma humana, como isso aconteceu?
Eles apenas não sabiam que de humana aquela menininha não tinha nada.
(...)
A alcatéia foi informada sobre a companheira do futuro Alpha, ouve uma grande discórdia de inicio mas ninguém poderia fazer nada a respeito, restando a aceitação. Todos juraram manter segredo e ser leais a garota. Uma humana cresceria entre eles e o cuidado tinha que ser redobrado, qualquer descuido e Sakura poderia descobrir o segredo por trás das pessoas a sua volta e isso causaria uma grande discórdia.
Alguns ainda se mantinham temerosos sobre a menina mas a medida em que o tempo foi se passando Sakura crescia conquistando a todos com sua graça e doçura. Todos admiravam a garota e davam o melhor por ela, eles eram uma grande família e Sakura não poderia se sentir mais amada.
Mikoto a criou como sua filha mas não escondeu a ela que a mesma era adotada, Sakura entendia e era grata por tudo que haviam feito por ela. Já Sasuke sempre estava por perto tentando agradar a garota a protegendo de tudo e todos, ela sentia um sentimento especial por ele, não sabia explicar o porque gostar tanto do moreno, só sentia que ele era muito mais que um irmão.
Mas a morte de Fugaku abalou tudo e todos, Sasuke foi nomeado o novo Líder da alcateia e suas atitudes assim como personalidade mudaram drasticamente. Ele se tornou um homem frio e fechado sempre tentando dar o seu melhor para ser um líder a altura de seu pai e honrar sua memória.
Também teve que se afastar de Sakura pois ela havia se tornado uma bela mulher e ele não conseguia conter o desejo forte que sentia pela garota, desejo qual se intensificava mais e mais a cada dia que se passava, chegava a ser assustador.
Tinha prometido que só contaria a verdade a ela quando a mesma completasse 18 anos, assim Sakura seria adulta o suficiente para lidar com as emoções fortes que lhe afetariam. Mas ficar a evitando só deixava a garota mais distante dele.
Sakura tentava entender os motivos de Sasuke ter a afastado, ele sempre esteve presente e faziam tudo juntos, mas agora eles não trocavam mais do que duas palavras por dia.
Ela sentia falta do moreno, mas tudo que podia fazer era ignorar e gastar seu tempo estudando e trabalhando na floricultura da mãe.
— Aqui esta Senhor, desejo melhoras para sua esposa. — entregou o buquê de rosas bancas para o homem que sorriu lhe entregando duas notas.
— Você é uma moça adorável.
— Obrigada e volte sempre. — ela acenou o vendo ir embora.
— Claro que ele vai voltar, com um sorriso desses ninguém resiste. — Mikoto passou pela garota segurando um arranjo de tulipas lhe dando uma piscadela.
Sakura riu balançando a cabeça.
— Concordo ninguém resiste a esse sorriso.
Ouviu uma voz bastante conhecida e se virou para a figura que entravessava as portas da floricultura. Ele tinha um caminhado despojado e vestia o casaco verde de sempre, os óculos escuros não saíam de seu rosto e os cabelos espetados apontando para todos os lados precisavam urgentemente ver um pente.
— Ta fazendo o que aqui Shino? — apoio os cotovelos no balcão olhando curiosa para o garoto que zanzava por entre as flores.
— Vim visitar a flor mais linda desse jardim.
— Ali estão as rosas mais bonitas. — a rosada apontou para a plantação de rosas vermelhas do outro lado da floricultura.
— Você sabe de que flor eu tô falando. Seu irmão não esta aqui está? — ele sorriu e logo olhou em volta alarmado.
Sakura perdeu o humor saindo de trás do balcão pegando o regador ao lado. Shino era o único amigo que tinha da escola, as garotas não andavam com ela pois eram muito invejosas e Shino era o único que não tinha medo da morte. Eles costumavam sair juntos e ele gostava de ir visita-la na floricultura, até Sasuke expulsar o garoto e ameaça-lo, o Aburame parou de ir a floricultura mas não deixou de andar com Sakura.
Ele realmente gostava dela, a garota era sua única amiga, e a única que não se envergonhava por andar com o filho de uma prostituta.
— Não se preocupe ele não vêm mais aqui. — Sakura respondeu ignorando o incomodo no peito ao se lembrar de Sasuke.
Eram naqueles momentos que ela sentia falta dos tempos de criança.
— Que bom, me sinto mais seguro agora, e então vamos dar uma volta hoje a noite? — esfregou as mãos em afobação.
— Pensei que você iria estudar para as provas hoje. — ela murmurou se concentrando em molhar as flores.
— Eu tô de boa qualquer coisa minha amigona aqui me da um ajudinha básica.
— Você só me usa. — Sakura revirou os olhos.
— Você sabe que eu te amo. — ele passou um braço sobre os ombros da rosada a abraçando.
— Tudo bem, vem me buscar as 7 não quero chegar tarde em casa. — avisou vendo Mikoto passar por eles atendendo o telefone em cima do balcão.
— Combinado. Quer ajuda ai?
— Não precisa.
— Ta legal eu já vou nessa, te vejo a noite florzinha. — bateram as mãos e ele acenou dando passos para trás fazendo uma dancinha estranha.
— Cuidado seu maluco. — Sakura balançou a cabeça o vendo se esbarrar em um jarro quase o derrubando.
— Foi m*l. — sorriu nervoso arrumando o jarro no lugar e correu para fora da floricultura deixando uma Sakura risonha para trás.
— Legal seu amigo voltar a te visitar, ele me parece ser um bom rapaz. — Mikoto se aproximo da garota.
— É ele é meio maluco mas é gente boa.
— É muito bonito da sua parte dar a uma chance de amizade a ele, sabe os rumores que são espalhados na cidade sobre a mãe dele, o garoto não têm amigos.
— Sabe mãe, eu odeio quando as pessoas julgam as outras como se fossem superiores, elas zombam mas por dentro são mais sujas que o chão que pisam. — cuspiu as palavras soltando um suspiro cansado.
— Eu sei, mas o mundo é assim querida, sempre foi e não irá mudar tão cedo. — Mikoto deu de ombros.
— É sonhar demais por um lugar sem discriminação? — a garota murmurou decepcionada.
— Não, mas enquanto sonha vamos trabalhar. Temos uma encomenda grande para uma festa amanhã e vamos arrecadar um bom dinheiro. — a mulher deu um tapinha no ombro da garota colocando seu avental azul.
— Festa? de quem? — perguntou curiosa.
— É o aniversário do filho do Xerife, a cidade toda vai estar lá então teremos que caprichar na decoração, e onde está Ino que não chegou até agora? — Mikoto olhou pela décima vez para a porta da floricultura frustrada.
— Deve estar na academia com os outros, eles vivem enfurnados lá, só eu que não posso. — Sakura resmungou.
A academia de luta Uchiha era o ponto de encontro da alcateia, lá era o lugar onde eles podiam se reunir para reuniões, treinar e ao mesmo tempo disfarçar ganhando dinheiro ao dar aulas de luta.
— Você não vai esquecer essa ideia de querer lutar não é?
— Claro, por que até Ino e Tenten podem ter aulas de luta e eu não? isso é egoísmo da parte de Sasuke. — disse revoltada.
— Sabe que ele não quer te ver machucada.
— Como se eu não soubesse me defender, mas quer saber? não quero falar disso, temos muito trabalho a fazer. — a garota murmurou amarrando os cabelos longos em um r**o de cavalo alto.
— É assim que se diz, pegue a tesoura temos muitos arranjos para fazer.