Anna
Deixei André e Preto na cozinha e vou pro meu quarto ficando quietinha como um gato, esperando a p***a do rato sair da toca.
Ou como uma boa e velha vizinha fofoqueira e evangélica.
Eu respirei fundo, me sentei no computador e fui estudar, coloquei o fone de ouvido e comecei a mexer com minha monografia.
Não sei quanto tempo fico ali estudando, me levanto para pegar um copo de água, quando me viro tomo um susto, André está deitado na minha cama mexendo no celular.
Ele olha pra mim e sorri
— Oi raposinha, demorou em
— O que você está fazendo aqui?
— Ué, eu vim te ver horas, vem cá, vem, seu neguinho tá cheio de saudade.
— Vai embora André.
— Não, poxa eu me arrisquei pulando o muro e a janela e você faz isso comigo.
— Novidade, você faz isso todas as noites tem um mês.
— Viu como me arrisco - Ele se levanta e me abraça — Oh minha raposinha, eu te quero tanto, te amo tanto.
— Me ama? Falou com Noah da gente ? Contou pra sua esposa ?
— Ela não é minha esposa e tipo, com Noah e questão de tempo.
— Questão de tempo André? Quanto tempo... Quer saber e como eu disse antes, só volta aqui quando se resolver.
— Cara.lho Raposa tô te dizendo e tu que eu quero. Ela não significa nada pra mim, nada, e só mãe dos meus filhos cara. Tipo e você que eu amo.
— Tô cansada do seu Papinho que é só enrolação, quando a palavra Kaô for pro dicionário sua cara vai tá lá.
Ele me segura e me beija, de início eu resisto, mas ele sabe que botão apertar e eu o beijo de volta.
Deus eu amo o André, eu amo um homem casado, aliás o homem casado, uma coisa que eu jamais imaginei na minha vida, e agora tô aqui, cai nas garras do Dedé
Minha mãe deve estar se remoendo no túmulo.
Eu não sei quando isso começou, mas ele começou a vir comer aqui por casa.
Começou a sorrir pra mim, e me mandar flores na faculdade.
Até o dia que ele me beijou.
E foi o melhor beijo da minha vida.
Não que eu tenha beijado muito, mas foi o melhor, eu me entreguei a ele...Porém agora... Eu quero, eu preciso que ele cumpra o que prometeu que largue tudo e fiquei comigo.
Andre foi embora já eram umas três da manhã, eu senti ele levantar e pular a janela...Merda!
Durmo mais um pouco e acordou para fazer o café, como sempre Preto chega um pouco antes das sete com pão quentinho.
— Bom dia Anna! Noah fala — trouxe o pão.
— Eu vou passar o café, quer tomar banho antes?
— Tenho um papo pra dar a você, vou jogar uma água na carcaça e já volto.
Assim que a água cai no pó café e sobe o valor meu estômago embrulha e eu esvazio o estômago na pia da cozinha.
Droga, isso não e hora de ter uma merda de um enjôo, limpo tudo correndo, jogo cloro na pia, antes de Preto voltar.
— Merda, merda, merda!
Preto sai do banheiro com a toalha nas costas, se senta e se serve de café
Eu tento acelerar para eu não ter que continuar cheirando café.
— Então o que você quer de mim.
— Eu conversei com Andrezinho ontem, Eu vou para o Rio.
Ahhhhhh mil vezes merda
— Mas não e perigoso.... A quelé cara ele pode lembrar de você é....
— Ele não vai lembrar, ele não deve lembrar da minha cara, e tipo, ele já me viu algumas vezes em reuniões, e não reconheceu.
— Pra mim. você e o mesmo Chokito magrelo como um varapau, e arrogante como se fosse um Happer
— Eu sou a cópia do 50 cents.
— Você e mais bonito - Agora eu tenho que ir pra faculdade
— Se tu quiser Anna, podia ir comigo, vai ser perigoso, porém você pode terminar sua especialização na federal do Rio.
— Mas... mas e meus irmãos?
— Deus, seus irmãos podem vir ou ficam aqui, porém lá tem a especialização que você quer, e tu pode ficar em uma casa ou em um apartamento perto da faculdade.
Quero que tu tenha a p***a de uma vida melhor que essa aqui.
— Okay, vou pensar, antes de fazer especialização tenho que passar na última prova da última matéria.
E estou revisando a monografia.
— Cê vai conseguir Caraí.
— Bom, vou pra faculdade, te acordo às seis, o que quer jantar.
— Arroz feijão bife e batata frita.
— Você só come isso, isso não dá sangue.
— Se você sabe que só como isso, pra que pergunta?
— Vou fazer salada, coma.
— E r**m em, Quem come mato e boi, aliás boi come mato e eu como boi, então se você e o que você come, o boi e mato então e saudável
— Preto, se o boi come mato e é mato, e se você come o boi, então você e boi não o mato.
— Hiiii Ah lá, tá espertinha é?
— É, deixa eu me arrumar pra ir para faculdade.
Saio de casa, e desço a rua, quando me viro, vejo uma cena que faz meu estômago revirar.
Andre e a esposa conversando perto do ponto de ônibus então escuto.
— Minha n**a, tira esse bico vai, já te disse, não existe outra mulher. Tu e a mulher da minha vida, tava na atividade pô, fazendo tudo pra levar o leite das crianças pra casa
Ela respondia sem fazer alarde:
— Só quero descobrir quem é a vagabund.a porque eu vou deixar ela nua na rua, e sem cabelo.
Vou dá uma surra nela de paulada, ela vai entender que não pode mexer com meu homem.
Ele a abraça e a beija da mesma forma que vem fazendo nos últimos meses.
Falando basicamente o que diz pra mim por todo esse tempo.
Eu estou paralisada, não consigo andar nem pra frente nem para trás.
Não consigo andar.
Ela fala algo pra ele e ele ri jogando a cabeça pra trás e ele me vê.
Nossos olhos se cruzam e ele a solta na mesma hora.
Eu corro e pego a primeira van que passa, sem nem saber para onde é.
Eu comecei a chorar, desci no meio do caminho, chamei um carro de aplicativo e fui para a faculdade, desligando o celular que já estava cheio de mensagens que não li
Fiz minhas provas, tirei 9, fechando minhas notas.
porém eu estava chorando.
Cheguei em casa, e fiz a janta dos meninos.
Comi, tranquei a janela do meu quarto e depois a porta, e fui pra sala estudar.
Preto acordou, jantou, meus irmãos foram para o curso e chegaram, e eu na sala, até que André começou a ligar.
Eu só respondi :
"Se continuar me ligando conto tudo ao Noah, me deixa em paz."
Andre não tinha medo de Noah, tinha amizade e respeito, ele sabia que Noah me via como sua irmã caçula.
Ele respondeu:
" Arrombei p***a a janela, tô aqui no seu quarto, abre a porta e deixa eu te explicar "
Eu desliguei o telefone, as mensagens continuaram chegando e eu desliguei o celular.
No dia seguinte fiz o café de Preto, depois abri a porta do quarto estava vazio e minha cama bagunçada.
Tomei banho, troquei de roupa. e disse a Noah que iria com ele ao Rio de janeiro.
Sai de casa fui pro comércio, comprei umas malas, um chip novo.
Eu ia pro Rio, eu ia viver uma vida nova eu e meu pequeno na minha barriga.