⇝ Capítulo 1
⇝ OLÍVIA
Quando se nasce em uma família como a minha, você aprende que o mundo gira sim em torno de você. O que você come, o que usa, onde vai e principalmente: o que você faz.
Eu cresci com todas as câmaras sendo giradas em minha direção, todos os sorrisos os elogios. Tudo girava em torno de mim e eu estava bem com isso, estava sinceramente feliz, e talvez por isso, eu me apaixonei pela carreira de modelo.
Moda, alta costura, fotos, capas e claro: as festas.
Eu amava cada detalhe e amava ainda mais, o fato dos meus pais me apoiarem e incentivarem.
Como tínhamos várias agências de modelos, eu me tornei o rosto do lugar aos 6 anos, e cresci no meio. Claro, nada me foi dado de mãos beijadas, — eu tive que me esforçar e me dedicar para me manter ali, mas haviam dias como hoje, e estilistas como essa bendita de hoje, que me faziam questionar a minha própria sanidade em escolher um trabalho como esse.
Ela viu defeito em cada respirada que eu dei, e fez questão de reclamar de ABSOLUTAMENTE tudo, — mas eu era proficional, eu estava acima disso.
— Liv? Querida, eu preciso que você ouse mais! — O fotógrafo disse, já obviamente desesperado, e eu nem podia julgar o coitado.
— Ela é travada, — aquela ruiva de quinta, resmungou e eu quis pular na jugular dela.
Travada?
Eu ia mostrar pra ela, quem era travada!
Aquela doida, não fazia ideia de com quem ela estava se metendo.
Eu era uma Harrington! Eu tinha orgulho!
— Olha aqui, sua-...
Eu abri a boca para falar, mas o fotógrafo me cortou do nada.
— Liv, meu amor! Assim, adorei, olha pra direita, — ele disse clicando como um louco, — agora levante o braço, isso!
Fiz exatamente o que ele mandava, mas uma parte de mim? Queria tirar aquelas roupas rasgadas, que aquela mocreia tinha me dado para modelar, — e enfiá-la na garganta daquela azeda. Mas por algum milagre divino, ela não surtou depois disso, e dois look’s depois, estávamos finalmente chegando ao fim daquele pesadelo.
— Apenas aguente mais um pouco, — o fotógrafo me pediu e eu me forcei a sorrir de canto, um sorriso tão forçado que fez meu maxilar doer.
— Vou tentar, — eu disse sendo sincera, mas bem quando me posicionei na porcaria do cenário, aquela bruaca se aproximou e batendo em meu braço que estava indo se posicionar exatamente como o fotógrafo me pediu, ela começou a gritar.
— Qual a drog@ do seu problema? Vomitou tanto que não consegue entender o básico? A minha marca fala de atitude! Atitude garota! Sua idiot@! Pare de olhar pro nada! Olhe para ele, como se ele fosse o patriarcado que você quer destruir! AS PESSOAS PRECISAM SENTIR A EMOÇÃO! — Ela disse, gritando comigo, e sinceramente? Foi a gota d’agua.
Quem ela pensava que era para falar assim comigo? Com uma modelo? Se essa put@ tinha a ousadia de falar assim comigo, que era conhecida e o rosto da agência, como ela andava tratando as outras modelos?
— Você tem ideia de com quem está falando? — Eu perguntei partindo pra cima daquelazinha e ela riu. Ela riu na minha cara.
— De uma modelo de quinta! Uma qualquerzinha que jura que vai ser a próxima top model americana! — Ela cuspiu aquelas palavras na minha cara e eu surtei.
— Escuta aqui sua oxigenada! Você realmente acha que pode tratar as pessoas assim? Você nem mesmo é boa no que faz! — Eu joguei, rasgando a porcaria do “vestido” que eu usava, que se resumia a retalhos de uma camisa, que ia até a minha coxa, — isso? Nem pode ser chamado de roupa.
— SUA LOUCA!
— Louca? — Gargalhei, — você não viu nada. Eu vou destruir a porr@ da sua vida e qualquer chance que você já teve de entrar no mundo da moda.
Falei e jogando o cabelo para trás, saí daquele lugar, de sutiã e calcinha, usando os saltos da coleção de inverno da Chanel e a drog@ do sobretudo do fotógrafo. Eu não precisava me trocar e nem precisava ser consolada. Eu só precisava de Christopher, de um abraço e dele me consolando ao dizer que tudo ficaria bem.
Nós dois estávamos noivos a quase 2 anos, e eu sabia que ele e o pai dele, não pretendiam me deixar naquele trabalho de modelo; e que o único motivo para eu ainda estar ali, era porque ambos respeitavam os meus desejos, — mas depois de dias como esses, como hoje, eu me perguntava se a melhor coisa, não seria apenas aceitar que eu não precisava de nada disso.
Eu não podia fazer mais como parte da agência? Como noiva de Christopher Reed?
Talvez eu só estivesse cansada demais para pensar.
— Srtª. Harrington? — O meu motorista me chamou, parecendo preocupado e eu funguei.
— Apenas dirija. Me leve para o apartamento do Christopher. — Falei e ele suspirou, subindo a portinha que nos dividia na limusine, dirigindo para longe dali.
Quando chegamos ao prédio de Christopher, eu desci, retocando minha maquiagem e com um sorriso de canto, entrei no elevador. Eu não tinha avisado ele que viria dessa vez, e sabia que surpresas nem sempre eram boas, mas pensei que uma surpresa de sua noiva não seria m@l vista, — ao menos… até abrir a porta do apartamento e me deparar com a porr@ de uma garota de quatro no sofá branco que eu escolhi.
Ela gemia e gritava o nome de Christopher, enquanto ele metia dentro dela, sem o menor pudor.
Deus.
Isso estava mesma acontecendo? Não. Não podia ser.
Não
Não tinha como Christopher, o meu Christopher…
— Ah! ASSIM! MAIS FUNDO! — A mulher que tinha a cara agora afundada no sofá, gritou e eu senti meu estômago embrulhar, quando o meu noivo, bateu na bund@ dela, e meteu tão fundo, que pareceu gozar.
Merda.
Eu estava… sendo traída.
— Como… você pode? — Perguntei, meu corpo inteiro tremendo, meus olhos cheios de lágrimas que eu não queria derramar.
Christopher virou o rosto em minha direção e por um momento, pareceu surpreso.
— Olivia?
— Seu canalha… como você pode me trair? — Eu repeti a pergunta, querendo jogar meus saltos, e todos os objetos da casa, na cabeça dele.
— Liv… você não deveria estar aqui! — Ele falou, como se eu fosse a pessoa errada em toda essa merd@ de situação.
— Como é que é?
— Liv…
— Liv é o c@ralho, Christopher! — Gritei revoltada, enquanto a garota do sofá, sorria, de forma cínica.
— Josh… você vai demorar muito? — Ela perguntou com a voz manhosa e eu encarei Christopher sentindo a minha garganta se fechar.
— Essa nem é a porr@ da primeira vez, é?
Ele suspirou.
— Olivia… a culpa é sua, — ele disse com a maior cara lavada, — se você não perdesse tanto tempo nesse trabalho de modelo, e essa coisa de virgindade. Sabe como é, eu não precisaria me aliviar com outras, se você já tivesse liberado.
Isso era real?
Ele estava, me culpando?
Eu estava… ouvindo certo?