Johanna Ritter
Sempre fui uma pessoa que usou máscaras por anos. A minha vida sempre foi uma merda total e a casa dos meus pais era um completo inferno. Nunca tivemos paz. Eu nunca tive paz.
O meu pai era um homem ambicioso e só dava atenção a algo que pudesse lhe dar algo de volta. Como se fosse uma troca. Ele odiava ser pressionado, odiava ter problemas, odiava a casa e a rotina de ter que ser provedor do lar e mais ainda, ele parecia nos odiar. No caso, eu e a minha mãe.
Acho que ele nos odiava por sermos mulheres, porque ele sempre cobrou por filhos homens.
Vi a minha mãe morrer cedo depois de definhar em meio a escuridão e a dor. Enquanto isso, quando eu podia ao menos sair de casa, eu me tornava uma outra pessoa como forma de camuflar o que vivia dentro de casa. Foi uma versão melhor de mim? Jamais, mas, eu queria ter um pouco de poder nas mãos e mostrar ser forte.
Acho que peguei isso do meu pai e não tenho orgulho disso. Eu era uma pessoa arrogante na escola, vivia humilhando as pessoas, tentava ser o centro das atenções e nunca abaixava a cabeça. Não me orgulho isso! Mas ele era a minha única referência. Escolhi uma pessoa fixa para infernizar e eu jamais poderia imaginar que Mayla, era a minha irmã.
A pessoa que eu mais odiava era ela e hoje, eu a amo!
Ainda bem que hoje sabemos a verdade e temos tempo para recuperar.
A minha mãe sofreu muito e a cada sofrimento, ela se mostrou mais fraca e eu vi o meu pai se aproveitando isso. Vi como ele a pressionava psicologicamente, como exigia coisas absurdas e a ameaçava constantemente. Foi por isso que tentei ao máximo não mostrar fraqueza alguma e o único jeito para isso, seria fora de casa. Eu jamais poderia mostrar algum confronto a ele, até porque, ele poderia fazer algo pior comigo.
Se ele era r**m com a mulher com quem era casado, imagina com uma simples garota como eu era. Eu não era nada! Nunca houve um dia sequer que eu tenha sido questionada sobre o meu estado. Eu nunca fui do interesse dele. Nunca ouvi nada de bom dele. Nenhum elogio, nenhuma curiosidade, nunca tive nenhum afago, um abraço e muito menos um sorriso.
Eu sempre via apenas o semblante fechado que ia diretamente ao escritório se trancar.
Ele não cuidou de mim e muito menos do meu futuro. A sua morte repentina me deu uma enorme confusão e quando pisquei, já estava sob os “cuidados” do meu tio que sempre mostrou que eu era um fardo para ele. Vi bem a sua vontade de se livrar de mim, mas a culpa não era minha.
A culpa era do meu pai. Sempre foi dele!
Todas as decisões feitas por ele me fez ver literalmente o inferno. Senti na pele a dor que me fez ranger os dentes enquanto era violentada. Fagner, teve prazer naquilo. Não consigo esquecer os sons que liberava, dos apertos que em fez paralisar e depois, fui cuspida como um nada.
Aquela dor persiste até hoje e acredito que sempre irei sentir. Meu tio pensava ter arranjado a pessoa certa para mim e até eu pensei o mesmo. Fagner, foi um belo lobo em forma de cordeiro. Ele se achegou aos poucos, teve um bom papo, modos respeitáveis inicialmente, mostrou um mundo de flores para o nosso casamento e quando vi, estava envolvida.
Bom, até o momento de ele acabar com tudo!
Antes, eu tinha o meu pai como a pior pessoa que já existiu, mas Fagner se superou e assumiu o topo e ali, eu soube como seria os meus próximos anos sendo casada com ele. Eu seria torturada, violentada e humilhada todos os dias e ele fez questão de me ameaçar. Mas depois de sua morte, eu ainda me via condenada.
Que homem na máfia iria querer uma mulher já usada?
Isso me consumiu da forma mais angustiante e senti o gosto do desespero. O gosto amargo do abismo que fui colocada e foi quando me lembrei da minha mãe. Foi assim que ela morreu. Ela foi descendo o poço do desespero aos poucos e ao chegar ao centro do abismo em chamas, se deixou levar.
Eu não poderia ter o mesmo fim!
Ter sido levada pelo marido da minha irmã que eu não fazia ideia ter, foi o melhor momento da minha vida. Bom, até ter que me casar. Mayla, minha irmã, foi a pessoa que eu menos esperava me ajudar. Eu infernizei a vida dela no tempo de colégio e não fazia ideia de quem éramos.
Mais uma culpa do meu pai. Quer dizer, nosso pai.
Mayla, me recebeu e me acolheu. Me deu carinho, me deu espaço e me deu tempo. Porém, esse tempo acabou hoje.
Não posso recuar. Eu não tenho esse luxo e não sei como serão as próximas horas.
— Nervosa? — Mayla, me pergunta com uma certa preocupação em seu tom de voz.
— Muito! — Solto um suspiro sem conseguir disfarçar. — Eu não sei o que pensar e não tenho ideia de como será essa noite.
— Converse com ele e lembre-se de que ele não é o Fagner. É a sua chance de mudar a visão por completo. — Isso para mim não será nada fácil.
— O bom é que vamos morar perto e nos veremos bastante. — É a única coisa boa que consigo pensar. — E ..., o contrato de casamento me protege bastante também. — Isso é a pouca segurança que tenho.
Não confio totalmente porque sei o mundo em que vivemos.
— Você ficará bem e vamos garantir isso. — Mayla, fala em tom de promessa.
— Você tem o nosso apoio, Johanna! — Mabel, esposa do atual Don da Alemanha, toma a palavra. — Eu conversei bem com Julian, e ele me garantiu o melhor a você. Esses dias ainda você irá receber a sua herança como de direito e ele mesmo já adiantou toda a burocracia. Vai assinar tudo na hora que assinar a certidão de casamento e o seu marido não terá direitos sobre o que é seu. Julian, vai explicar bem tudo a você e vou estar lá com ele na hora. Garanto isso a você! — Confesso que isso me deixa muito surpresa.
— Obrigada! — Pronuncio tentando processar isso tudo.
Minha herança sobre os meus comandos e sem a intervenção de meu marido? Isso é novo!
Depois de toda a parte de produção, chega a hora de irmos e o nervoso aumenta. Chegando ao local. Sou levada para uma sala particular e os minutos passam voando. Logo estou diante de todos da organização e lá está ele.
Meu futuro marido, Ryder Drummont.