Bia
Quando eu era adolescente eu me apaixonei por um vizinho nosso, meu pai já sabia que eu me sentava no portão só pra olhar ele jogar futebol com os outros meninos. Mesmo assim eu achava que estava enganado meu pai e fingia estar olhando normalmente para o jogo de futebol.
_ Você gosta do Pedrinho?_ ele me perguntou enquanto lavava o carro
_ O que?_ soltei uma risada nervosa_ não pai, que isso.
Ele sorriu e se aproximou de mim que estava sentada em um branquinho agora suando de nervoso, com medo do meu pai brigar comigo.
_ Você pode até dizer que não, mas seus olhos não mentem_ ele sorriu e passou a mão molhada na minha cabeça
Meu pai voltou a lavar o carro e eu voltei a olhar o jogo, agora me perguntando se mais alguém havia percebido.
_Se não quiser que ele descubra, não olhe tanto pra ele_ gritou rindo da minha cara de vergonha
Meses depois descobri que meu pai estava certo, o Pedrinho sabia que eu gostava dele por que percebeu o jeito que eu olhava pra ele, meu pai tinha razão meu olhar não mentia.
Eu estava catando as coisas do chão no escritório do Christian e só pensava no rumo que as coisas estavam tomando, eu estava começando a perder o controle dos meus sentimentos. O clima na delegacia, a troca de olhares, aquilo não podia acontecer, estava decidida a me livrar daquele sentimento que começava a voltar. Estava tão distraída que não percebi o que ele estava fazendo no canto da sala, quando olhei pra ele eu só consegui pensar no meu olhar nada mentiroso. Ele não estava totalmente sem blusa, era uma regata colada no corpo totalmente sexy, uma coisa que eu não deveria ter visto, mas vi e parecia estar hipnotizada.
_Desculpa_ ele abriu um sorriso lindo_ eu tinha que trocar a blusa.
_Tudo bem... não é como se você estivesse nu_ respondi nervosa, eu não sabia pra onde olhar, não queria parecer que eu estava olhando para os braços musculosos dele.
Eu estava completamente perdida, desviei o olhar, mas ele continuava me encarando enquanto vestia a outra blusa. Fechou os botões e veio na minha direção com uma gravata na mão.
_Você sabe?_ esticou a mão com a gravata
O correto era eu dizer que não, mas meus lábios se mexeram num sim tão rápido que achei ter perdido o controle deles. Christian jogou a gravata em volta do pescoço e se aproximou de mim..
_ Desculpa o trabalho _ disse com um sorriso charmoso
Eu teria respondido alguma coisa, mas estava concentrada em terminar rapidamente o nó daquela gravata e me afastar dele. Estávamos perto demais, eu conseguia sentir o cheiro do perfume amadeirado e isso estava me levando a loucura.
_Quando aprendeu a fazer isso?_ ele perguntou percebendo que eu estava um pouco atrapalhada
Eu sabia dar um nó em uma gravata de olhos fechados, mas eu estava nervosa e o nervosismo me fazia tremer, e isso não me ajudava a terminar logo. Poucos minutos pareciam anos, tudo passando em câmera lenta, uma tortura.
_ Meu pai me ensinou uma vez quando eu tinha onze anos, ele dizia que o saber algo nunca era demais _ respondo focada no nó
_ E desde então você fica em casa treinando pra não esquecer _ brincou
_ Meu namorado era advogado, eu sempre fazia os nós das gravatas dele.
_ Você tem namorado?_ ele parecia surpreso
_ Meu ex na verdade _ sorri_ ele nunca acertava o nó._ falo terminando finalmente e me afasto na hora_ prontinho.
_ Obrigada _ Ele sorriu me olhando de uma forma que me deixou nervosa
_Só não se acostuma_ falo desviando o olhar
_Bia..._ ele se aproximou de mim, parecia querer dizer algo mas foi interrompido por alguém batendo na porta
Rapidamente né afastei nervosa, e voltei a arrumar algumas coisas na sala. A porta se abriu e uma mulher entrou, ela era elegante e mais velha.
_Mãe?_ ele disse surpreso_ o que está fazendo aqui?
_ A Laura me ligou, disse que você tinha sido preso_ ela disse balançando os braços mostrando suas pulseiras de diamantes _ mas você parece bem_ ela se sentou e tirou o enorme chapéu da cabeça.
_Eu não fui preso, eu só tive que ir na delegacia _ ele respondeu
_ Ela como sempre exagerada_ revirou os olhos
Ela não parecia ter percebido minha presença, então eu simplesmente fui andando devagar até a porta.
_E você mocinha?_ se virou pra mim
_ Ela é minha assistente_ Christian respondeu
_Prazer_ dou um sorriso sem graça
_ Você não me é estranha, eu já te vi em algum lugar?_ ela me encarou
_ Acho que não _ sorri
_ Bom... você me lembra alguém, só não sei quem.
_ Eu tenho um rosto normal.
_Não mesmo_ ela se aproximou de mim e pegou no meu rosto_ você é até bem bonita, não sei como a tal da Laura ainda não implicou com você.
_ Mãe.._ Christian tenta fazer a mãe fixar quieta
_ Você sabe não é?_ ela continuou falando comigo _aquela menina tem a áurea pesada
Nisso eu tinha que concordar, a tal da Laura tinha mesmo um ar pesado, ou eu só não gostava dela mesmo.
_Eu não sei..._ continuou _ eu costumo sentir as coisas, e por isso não gosto dela, mas meu filho insiste em namorar mulheres complicadas.
Não consegui evitar o pequeno sorriso que se formou nos meus lábios, já que ela tinha razão.
_ Hum... ele parece sensato_ respondo olhando pra ele segurando o riso
_ Parece não é?_ ele sorriu pra mim_ gostei de você, pode ser minha aliada?
_ É uma ótima proposta_ respondo
_ Então está combinado, você fica de olho nele pra mim_ brincou
_Ok , você já passou dos limires_ Christian disse_ Bia, você pode levar minha mãe até o elevador?
_ Esta expulsando a própria mãe _ela se virou pra ela fingindo estar ofendida _ de qualquer forma eu já ia embora mesmo_ ela pega o chapéu e o coloca novamente na cabeça como se fosse uma coroa _ já que você está bem, não tenho nada pra fazer aqui .
Ela se despediu do filho com dois beijos e então saímos da sala. Chamei o elevador pra ela e ficamos alguns segundos em silêncio até a porta se abrir.
_ Eu senti o clima_ ela disse antes de entrar no elevador_ Você gosta dele?_ me encarou
_O que?_ fico paralisada
Ela sorriu e entrou no elevador
_Se sim, você tem meu apoio_ ela disse sorrindo e antes que eu pudesse esclarecer algo, a porta do elevador se fechou
O que tinha acabado de acontecer? Ela nem me conhecia, e que papo era aquele de áurea? E a última questão era, estava tão óbvio assim?