Larissa
"Destino é sinônimo de sina, fado, sorte, futuro, fatalidade, fortuna, em muitos casos descreve um evento que está predestinado, muitas pessoas não acreditam que o destino existe."
"Alguns acreditam que o destino é uma força misteriosa que determina os acontecimentos na vida das pessoas, incluindo vidas passadas. De acordo com o Cristianismo, por exemplo, o destino não existe, e sim a vontade de Deus, que controla e determina os acontecimentos."
"As pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem."
Leio e releio as frases da minha referência de mãe, dona Malu era a cuidadora do lar em que eu morava, ela me ensinou tantas coisas, desde o dia que fui largada naquele lar, que eu tive o amor dela não só eu, mas todas as crianças que lá viviam, éramos a sua família, seus filhos de coração, isso até aquele maldito incêndio acabar com tudo e tirar da gente a pessoa que nos amava, nos dava carinho e amor, que cuidava e nos defendia de tudo, mas o destino foi c***l e nos tirou tudo.
Deixa eu me apresentar, sou Larissa hoje estou com quinze anos, mas fui para o lar de dona Malu com seis anos, até hoje eu não entendo porque meus tios me deixaram lá, eu não conheci meus pais, desde que me lembro morava na casa dos meus tios, mas um dia eu dormi lá e acordei nesse lar, com umas dez crianças e a dona Malu.
Foi difícil entender o que aconteceu a única coisa que ela me contava, que uma noite ela acordou com batidas fortes na porta e quando abriu um homem que ela não conhecia entrou em sua casa e me colocou no seu sofá e disse apenas, cuide dela, e saiu.
Eu nunca entendi porque meus tios fizeram isso, mesmo eu não sendo tratada com amor e carinho eu gostava de morar lá, mas enfim eles não me queriam e me descartaram como algo que não precisasse mais, foi difícil encarar essa realidade, mas eu não tinha outra opção, me adaptei a minha nova vida, pelo menos dona Malu tratava todos nós como filhos e mesmo não tendo muita fartura, não nos faltava nada, principalmente alegria, amor e muito carinho.
Durante esses nove anos que vivi na casa de dona Malu, foi os melhores, tenho boas lembranças, mas a vida parece que brinca com meu destino e me tirou o lugar que eu podia chamar de lar.
A casa que morávamos não era muito nova e tinha muitas coisas para arrumar, o dinheiro que dona Malu conseguia com as doações, com venda dos biscoitos que ela fazia, dava apenas para as despesas básicas da casa, nunca para uma reforma, e esse foi o problema que nos tirou o lar, um curto circuito iniciou e um incêndio a noite, dona Malu conseguiu nos acordar, eu, a Jessie, o Paul e a Manu que éramos os mais velhos ajudamos a pegar os menores, mas dona Malu não conseguiu sair rápido e quando os bombeiros conseguiu rresgata-la ela já havia inalado muita fumaça e não resistiu e nos deixou.
Agora estamos todos num lar de idosos, vamos ser realocados em novos lares, ainda não sabemos se vamos todos para o mesmo lugar ou se vamos para lugares diferentes, não temos mais nada, a única coisa que ainda consegui pegar da casa de dona Malu foi a minha pequena bolsa que eu tenho meu diário que gosto de escrever algumas frases que marcam meu dia, fora isso não tenho mais nada.
__ Larissa a gente vai morar junto né.
__ Não sei pequena, eu espero que sim.
Mel é uma pequena de seis anos, a mãe era usuária de drogas e antes de morrer deixou-a na casa da Dona Malu, ela estava com quatro anos, no comeco era ela bem rebelde e não obedecia ninguém, mas aos poucos ela foi confiando em mim e nesses dois anos que convivemos ela se tornou minha pequena princesa.
Agora estamos aqui, sem saber o que o destino nos reserva, eu sou a mais velha de todos, a Jessie e o Paul são irmãos, estão com doze anos, a Manu tem doze também, depois vem a Mel, o Lucas e Sophie com sete, o Thomas e a Bruna com seis e a nossa mascotinha Bel com quatro aninhos, somos uma familia quer dizer, éramos né já que agora não
sabemos como vai ficar, se vamos para o mesmo lugar ou não.
__ Larissa, a gente não não vai se separar né.
__ Não sei Jessie, aquela mulher não disse nada, só que tínhamos que esperar que logo eles iam falar com a gente, eu espero que mande a gente para o mesmo lugar.
__ Eu acho que isso não vai acontecer, somos de idades diferentes, os pequenos agora tem chance de encontrar uma familia para cuidar deles, agora a gente, com certeza vamos para um abrigo de pré adolescentes ate completar dezoito anos e termos que sair e nos virar sozinhos.
__ Ainda temos chance de alguma família nos querer Paul.
__ Tem nao, ninguém adota pré-adolescente, eles acham que somos problemas, preferem os pequenos, eu só não quero me separar de vocês, pelo menos podíamos ir para o mesmo lugar.
__ Vamos esperar e ver o que eles vai nos dizer, não vamos pensar no futuro ainda. Mas se caso a gente tiver que ir para abrigos diferentes, vocês tem que prometer, que vai cuidar uns dos outros sempre.
__ Tá Larissa a gente promete.
Tento acalmar a todos, mas sei que é quase certo que vamos nos separar, eu preciso deixar eles mais calmos e já com a ideia que mesmo que não estamos todos juntos, vamos cuidar de quem ficar com a gente.
Passamos dois dias nesse lar de idosos, e como eu previa os pequenos foram os primeiros a ir. Ficou apenas nós quatro, mas a assistente social ja havia me dito, que os meninos ja tinham um novo lar, iam hoje a tarde e eu ia amanhã para um abrigo em Seattle, foi o único lugar que eles acharam para mim, a tarde foi mais uma despedida, aos poucos perdi as únicas pessoas que tinham um pequeno laço familiar comigo, agora eu estava só, indo para um lugar desconhecido que eu não sei o que reserva para mim, só espero que o destino dessa vez não me pregue mais nenhuma peça e me faça consegui ser feliz nesse novo lugar para onde vou.